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História Drácula - Era uma Vez um Pesadelo


Escrita por: pcychokill

Notas do Autor


Olá pessoal!

Eu demorei um pouco mais dessa vez, me desculpem. Sinto que estou recuperando a minha motivação de escrever, ainda mais pelos comentários maravilhosos que recebo e venho recebendo, sou muito agradecida por isso. Obrigada por me ajudarem com a insegurança, essa fic é meu amor e as vezes tenho medo de deixá-la confusa ou muito insana, então agradeço muito quem me apoia.

Esse capítulo tá um pouco curto, mas no próximo tem bastante coisa que estou ansiosa pra explorar. No final descobrirão!

Capítulo 15 - Era uma Vez um Pesadelo


 

“Estamos presos no meio da noite

Poder antigo vai atacar

Sinta o fogo

Agora corra para os braços dele

Deixe seu abrigo para trás.”

(Epica – Once Upon A Nightmare)

 

 Um forte odor – até então, irreconhecível para mim – invadiu minhas narinas assim que abri a porta. Seu interior tão inundado pela escuridão quanto o mais profundo abismo durante a noite, meu olhos se forçavam a distinguir qualquer coisa ali dentro, e mesmo com a ajuda da iluminação vinda da tocha, ainda era uma missão dificultosa. Dada as circunstâncias, deveria estar na parte mais baixa do castelo. Desisti de obter alguma esperança de achar uma janela ou um resquício de luz além das chamas que carregava. Creio que nem mesmo durante o sol do mais ardente do verão conseguiria penetrar aquelas paredes velhas e asquerosas que me cercavam.

 Havia um sopro gélido e minha nuca e eu não soube dizer se era alguma entidade sobrenatural ou apenas meu medo a me causar arrepios, mas decidi optar pela segunda opção.

 Afastei as mãos trêmulas da maçaneta e levei uma delas em direção ao rosto, cobrindo o nariz a fim de amenizar um pouco aquele cheiro que impregnava meu olfato. Não era fétido como os cadáveres que presenciei, mas possuía algo igualmente medonho.

 Coloquei a tocha a frente do meu corpo e dei alguns passos cautelosos adentro do misterioso recinto. Felizmente, o solo abaixo de mim era de pedra e não parecia estar escorregadio, o que me deixou aliviado. Conforme continuei a caminhar, fui reconhecendo algumas formas ao longe. O local parecia ser bem amplo, e por alguns momentos, achei não ter absolutamente nada ali dentro e tudo isso ser um fruto da minha imaginação paranoica.

 A frente, consegui enxergar uma espécie de estante, como aquelas de livros na biblioteca, tão altas e largas que cobriam toda a extensão da parede de fundo. Porém, ela estava abarrotada de cilindros, soube que eram objetos de vidro por conta da luz ser refletida de forma sombria, as chamas bruxeando e dando a impressão de ter dezenas de olhares sobre mim. Ignorei essa parte, já que, aparentemente, eu estava sozinho.

 Curioso, aproximei-me mais um pouco, pude ver que os tais cilindros tinham um composto líquido em seus interiores, mas não consegui identificá-los dali. Dei mais alguns passos, e quando estava numa proximidade que me permitia uma visão mais ampla, senti meus pés se chocarem com força em algo duro e pesado, que ia até a altura de meus joelhos. Antes que pudesse me segurar, acabei por desequilibrar e cair sobre o que parecia ser uma grande mesa, deixando a tocha rolar pelo chão. Meu peito havia batido com força contra aquela superfície estranha e rapidamente apalpei abaixo de mim, sentindo a textura de uma madeira lisa. Um pouco mais aliviado por não ter sido uma queda feia, estiquei o braço, apanhando novamente a tocha. Porém, assim que iluminei onde estava, dei um salto violento para trás, batendo com o quadril no chão de pedra enquanto me arrastava para longe.

 Havia tropeçado em cima de um caixão, e não apenas um caixão comum e empoeirado, este parecia ser bem cuidado e importante.

 O vento gélido tornou-se mais intenso em minha nuca enquanto minha mente confundia as sombras escuras com silhuetas de pessoas, deixando-me ainda mais apavorado. Continuei a arrastar-me para trás até que me choquei contra a parede, sentindo o coração a socar meu peito devido ao desespero crescente. Partes expostas da minha pele coçavam, como se sentisse algo a roçar pelas mesmas, o que me fez começar a me debater freneticamente e derrubar novamente a tocha no chão.

 — Isso é tudo um sonho, tudo sonho, é tudo sonho… – murmurava enquanto fechava os olhos e agarrava os fios do meu cabelo em busca de calma.

 Respirei profundamente por algumas vezes enquanto continuava a concentrar-me de que tudo aquilo era apenas um truque da minha mente. Foquei em pensar em outras coisas até que consegui fazer minha respiração normalizar, embora as mãos continuassem trêmulas e tencionadas em meus cabelos. Tentei desfazer um pouco o aperto, sentindo os dedos ficando dormentes e deixei que os mesmos deslizassem até meus joelhos dobrados a minha frente.

 Subitamente, o sopro gélido desapareceu, assim como a sensação de ser observado. Agora só restava o frio da noite e aquele cheiro forte que eu ainda não havia distinguido, mas agora começava a ser estranhamente familiar. Senti o calor das chamas na tocha a me aquecerem, dando um pouco de conforto que precisava para soltar um longo suspiro e espantar as traições e peças que meu cérebro estava a me pregar.

 No momento que senti-me mais focado, um estrondo agudo ecoou por todo ambiente, me fazendo dar outro salto, dessa vez, apanhando a tocha de forma desajeitada e me colocando de pé. Um grito ficou preso em minha garganta enquanto eu via alguns cacos de vidro espalhados pelo chão, tais brilhavam como estrelas no céu, tornando mais fáceis de desviar. Próximo ao caixão e a estante, um líquido espesso e escuro escorria, formando uma poça ali. O odor se intensificou mais do que antes e eu soube que havia encontrado a origem dele.

 Antes que eu pudesse cogitar a ideia de me aproximar para verificar, um filete escorria lentamente em minha direção, o que era estranho, já que o cilindro tinha caído a uma boa distância. Segurei a tocha acima de meus pés enquanto cerrava os olhos vendo o filete me acercando.

 Uma dedução fez com que um frio subisse em minha barriga, causando-me uma ânsia no estômago. Embora não tivesse a confirmação, eu sabia do que se tratava aquele líquido. E quando a coloração avermelhada foi iluminada, minha cabeça girou, numa sensação horrível de tontura que me fez cambalear um pouco antes de apertar uma mão sobre minha boca e, sem hesitar, sair correndo para longe daquele lugar com aqueles cilindros preenchidos de sangue.

 Instintivamente, consegui encontrar o caminho de volta, correndo aos tropeços e ofegando até que consegui retornar ao corredor onde ficava a biblioteca. Meu corpo se prendia num misto de frio e calor, o que fazia uma agonia perpassar por meus braços e gotículas de suor frio escorrendo pela minha testa, grudando alguns fios de cabelo na região.

 Mas o que foi aquilo?! Eu não parecia preso num sonho, continuava ali, sentindo-me mais desperto do que nunca. Perguntas fervilhavam em minha mente, causando uma ardência em minhas têmporas, o que me obrigou a ceder os joelhos ao chão e afastar a tocha, que agora me incomodava com aquele cheiro de fogo queimando. Sentia-me como um enfermo de febre delirante e cogitei que talvez estivesse, de fato, doente e isso explicaria tudo que vem acontecendo.

 Mas eu sabia que a resposta não seria tão fácil.

 Ouvi passos apressados vindos em minha direção e, logo, braços finos me envolveram num abraço reconfortante me deixando saber exatamente quem estava ali comigo. Agarrei a cintura de Yoongi e afundei os dedos no tecido de suas roupas enquanto inalava seu perfume adocicado, apoiando a testa em seu peito.

 — O que houve?! – sua voz era carregada de aflição.

 Afastei-me de si para poder lhe fitar nos olhos escuros que eu tanto amava. Seus dedos pálidos foram em direção a minha testa, afastando os fios dali e pousando a palma sobre a mesma, checando a minha temperatura.

 — Estou enlouquecendo gradativamente, Yoongi. – respondi o deixando ainda mais preocupado – Eu não compreendo esses tormentos. – minha voz saia arrastada, como quem fala durante o sono.

 — Venha. – ajudou-me a levantar – Irei levá-lo a um lugar seguro.

 

↫ ✤ ↬

 

O caminho até o tal local que Yoongi me guiava foi traçado em silêncio, não um desconfortável, era apenas o moreno respeitando meu tempo. O mesmo sabia que eu não conseguiria falar muito ali, precisava me acalmar primeiro e tirar aquela sensação torturante de agonia que parecia se prender em cada músculo de meu corpo.

 Encontramos alguns guardas durante o percurso, os quais foram avisados para chamar pelo rei na torre leste caso ocorresse outro ataque. Fiquei a me perguntar o que poderia ter nessa tal torre e por quê ele só estava me mostrando agora.

 Quando terminamos de subir uma escada circular, me deparei com uma porta arredondada de madeira clara e entalhada com desenhos que lembravam as raízes de uma árvore nascendo. Meu marido deu-me um sorriso caloroso antes de abrir e dar espaço para que eu entrasse na tal torre leste. E assim que um aroma de ar fresco me veio, o inspirei profundamente, fechando os olhos e deixando que a brisa noturna aliviasse meus temores.

 Tornei a abrir os olhos e encontrei uma área circular, o chão de pedra acinzentada e paredes cobertas de trepadeiras com pequenas flores brancas, tão pequenas, que pareciam apenas brotinhos. No canto direito, uma abertura que reconheci sendo a janela pela qual a brisa entrava. Logo abaixo da mesma, estavam algumas almofadas postas desorganizadamente por cima de um tecido que me lembrava veludo. Era como uma cama improvisada, exceto que não teria a maciez como a de uma nos aposentos reais, mas ainda aparentava ser mais aconchegante e segura.

 Caminhei até que a luz pálida do luar estivesse sobre mim e admirei o quanto era ainda mais bonita de perto. O céu parecia tão próximo visto daquela janela, como se pudesse tocá-lo apenas esticando os braços. Abaixo, o reino tão minúsculo quanto observar formigas trabalhando. Era uma visão formidável e com um toque sutil de magia.

 — Sente-se comigo. – convidou Yoongi me estendendo a mão, a qual rapidamente aceitei, juntando-me ao mesmo acima das múltiplas almofadas de diversos tons de vermelho.

 Apoiei os cotovelos sobre o parapeito da janela e me permiti contemplar o horizonte escuro enquanto deixava a brisa refrescar meu corpo. Soltei um longo suspiro.

 — Criei esse lugar como um refúgio para quando precisasse espairecer. – comentou o moreno me imitando e se apoiando sobre o parapeito ao meu lado. Seu rosto visto de perfil era perfeitamente alinhado e o deixava aparentando ter mais idade que realmente tinha.

 — É lindo. – dei um sorriso rápido enquanto mirava a lua brilhando intensamente sobre nós.

 Contei-lhe sobre o ocorrido na misteriosa sala nos porões do castelo. Prestava total atenção em cada palavra, suas feições sérias, sem julgamentos sobre minha sanidade, e era isso que amava tanto no moreno. Ele ouvia o que eu tinha a dizer e analisava com cautela a situação antes de dar a sua opinião.

 — Quando seu irmão chegar, o chame com seu marido para conversarmos a sós sobre o assunto. Não conte a mais ninguém sobre isso, exceto Hoseok, mantenha sua confiança apenas aos mais próximos. – aconselhou.

 — Eu nunca pensei que fosse passar por tais situações. – passei as mãos sobre o cabelo, puxando os fios para trás e depois levando as pontas para um lado do corpo – É como estar dentro de um conto tenebroso.

 — Se arrepende de estar aqui? – sua pergunta me pegou desprevenido, mas logo virei o rosto em sua direção, sustentando nosso olhar. Era evidente o sentimento de culpa em sua voz.

 — Não. – prontamente respondi enquanto pousava os dedos sobre sua bochecha – Yoongi, o que quer que esteja a acontecer comigo não é por conta do nosso casamento ou do trono. Esses pesadelos estão a me alertar de algo dentro de mim, algo que eu sempre soube que estava errado, mas apenas ignorava. E aqui é onde devo estar. – acrescentei – Onde eu também quero estar. – deixei claro vendo a culpa em seus traços desvanecendo.

 O moreno colocou sua mão sobre a minha, entrelaçando nossos dedos e, em seguida, depositando um beijo sobre os mesmos.

 — Não queria que tivesse tanto peso sobre os ombros, Taehyung. – permaneceu a segurar minha mão.

 — Estamos defendendo pessoas. É uma grande honra que poucos assumem. – repuxei meus lábios num sorriso de canto.

 — Seu altruísmo é inquestionável. Mas não ignore suas próprias necessidades em nome dos outros. – atentei-me ao que dizia – Não podemos prestar ajuda se estamos quebrados.

 Ele tinha razão. Eu sabia disso, mas sempre fui a pessoa que prestava ajuda em qualquer situação, mesmo que isso me machucasse. Era difícil aprender a colocar minhas necessidades acima, ainda mais com um reino a proteger. Sentia-me responsável por tantas vidas que a minha acabava sendo a qual menos dava atenção.

 — Só se quebram aqueles que estão sozinhos. – respondi – E eu não estou. Mesmo que foque apenas em ajudar os outros, sei que terão pessoas focadas em me ajudar.

 — É um belo pensamento. – desviou o olhar para a lua parecendo refletir sobre.

 Lembrei-me de o pai de Yoongi morreu precocemente e que o mesmo precisou se cuidar sozinho e aprender a controlar suas emoções desde muito novo. Um rei não poderia depender de alguém, assim ele havia me dito que aprendeu com sua família, a qual não parecia ter sido tão amorosa quanto a minha.

 — Como conseguiu se manter até aqui? – embora tenha sido implícito, mas ele entendeu o que quis dizer. Trouxe seus olhos novamente em minha direção, tão amenos, e ainda assim, tão cheios de conflitos.

 — Melancolia. – franzi o cenho diante de sua resposta, sem entender bem o que significava naquele contexto.

 — Tristeza? – indaguei e ele deu um sorriso carinhoso.

 — Melancolia é aceitar a tristeza, abraçá-la como parte de sua vida. De certa forma, é abandonar a busca da felicidade plena e utópica, compreendendo que os momentos não podem ser perfeitos, eles apenas podem ser vividos. Eu aceitei que ser rei seria difícil e cheio de desafios, e que a tristeza e as tragédias me acompanhariam, então, optei por abraçá-las em vez de fugir.

 Por um longo tempo, apenas fiquei a fitá-lo enquanto repassava o que havia dito em minha mente. Eu sempre busquei por uma palavra certa a descrevê-lo, aquele olhar sábio de alguém que viveu mais do que diz sua idade, as expressões firmes, e ao mesmo tempo, aconchegantes. Ele tinha uma aura melancólica, exatamente como dizia, de alguém que acolheu sua tristeza como uma velha amiga, sem deixar que a mesma o consumisse.

 E, no fundo, sabia que compartilhava do mesmo sentimento.

 

↫ ✤ ↬

 

Os primeiros raios de sol entravam timidamente através dos vidros imensos das janelas na sala do trono. Era evidente que ninguém naquele reino havia pregado seus olhos durante a terrível noite que acabou de se encerrar, todos estavam abatidos e nem mesmo o café da manhã parecia apetitoso. Não tinha fome nenhuma e suspeito que não era o único que era incapaz de ingerir alguma coisa.

 Guardas se enfileiravam ordenadamente ao nosso redor, as armaduras refletindo a luz fraca do sol da manhã. Chegava a ser irônico um dia tão bonito e uma situação devastadora, era como se o próprio sol estivesse a sentir piedade de nós e tentava transmitir algo acolhedor.

 Nos reunimos em um círculo em pé, Yoongi havia dito que se sentia mais confortável em discutir o assunto daquela forma, sabia que ele não gostava de demonstrar superioridade quando se tratava de seu próprio povo.

 — Isso foi claramente uma armadilha. – dizia Hoseok com os olhos fundos de quem desconhecia o descanso – Tudo que vem acontecendo é parte de um plano arquitetado com destreza e frieza.

 — Desisti de acreditar em coincidências faz um longo tempo. – foi a vez de Yoongi – Sabemos que quando se trata de guerra por poder as pessoas cruzam qualquer limite. – suspirou enquanto pousava os dedos sobre os lábios num ato reflexivo – Nosso inimigo aparenta ser muito bom nisso, além de, provavelmente, ser desprovido de qualquer empatia. Temos que nos preparar a altura.

 — Como se enfrenta alguém tão cruel? – indagou Jimin que estava a abraçar o próprio corpo enquanto tinha uma expressão de incredulidade.

 — Pensando como ele. – a resposta de Yoongi pegou a todos de surpresa, inclusive eu.

 — Como se consegue isso? – foi a vez de Hoseok que também estava incrédulo com a capacidade de nosso inimigo.

 — Não precisa ser como ele. – falei atraindo a atenção dos demais – Precisa apenas entendê-lo. Conheça seu inimigo assim como conhece a si mesmo. – lembrei dessa citação que creio ter ouvido quando era criança, porém não me recordava com exatidão, apenas sei que aquela frase sempre esteve presente em minha cabeça.

 Antes que a reunião continuasse, ouvimos as portas sendo abertas e Hyejin entrando ao lado de meu irmão e Namjoon, que correram em minha direção assim que me viram. O abraço de Seokjin era apertado e podia ouvi-lo fungando em meu ombro, denunciando que tinha chorado antes. Sua preocupação era realmente alarmante, já que, era a primeira vez que o via ignorar qualquer regra de formalidade.

 — Que loucura é essa? – indagou quando se afastou, porém, mantendo suas mãos entrelaçadas as minhas.

 Fitei meu irmão com pesar. Ele sempre aparentou ser tão sensível e tão inocente, provavelmente nunca tinha presenciado uma tragédia antes e sua expressão apavorada denunciava isso. Podia sentir seu senso de proteção de forma palpável. Namjoon pousou uma mão sobre seu braço, o que Seokjin entendeu que aquele não era o momento, o fazendo afastar-se de mim e se encaixar na roda como o restante.

 Hyejin havia contado a minha família sobre os recentes eventos durante o percurso, não tornando necessária uma explicação. Então, Yoongi prosseguiu com a reunião.

 — Três cidadãos locais assassinados e o bispo e sua guarda. – dizia ainda apoiando os dedos sobre seu queixo – Sabemos que o segundo foi com a intenção de declarar uma guerra até nós, mas e os primeiros?

 — Medo. – prontamente respondi. Não eram todos ali que sabiam sobre meus pesadelos recorrentes, mas por esse fato, eu era o mais próximo de compreender o inimigo, afinal, ele parecia gostar de se comunicar comigo – Uma população assustada é facilmente manipulável.

 Podia ver o olhar orgulhoso de Namjoon sobre mim e dei um rápido sorriso de canto ao mesmo. O mais velho sempre me dizia que eu era mais capaz e esperto do que realmente sentia e que, em breve, descobriria isso. Naquele tempo, jamais imaginei que conseguiria lidar com tanto em tão pouco tempo, realmente, parece um dom que estava inato até então. Mas, algo me dizia que Namjoon sabia mais do que dizia e aquele suposto dom tivesse outra explicação, a qual eu, certamente, não gostaria.

 — Matar crianças é o modo mais efetivo de se alcançar isso. – refletiu Hoseok cerrando os punhos ao lado do corpo – E qual seria seu próximo passo?

 — Dividir e conquistar. – a voz de Namjoon se fez presente – Os assassinatos deixaram um conflito entre a população, venho ouvindo rumores que questionam a capacidade do reino. Quem quer que esteja atacando-nos, sabia que uma tragédia fariam as pessoas começarem a duvidar.

 — Roma. – interveio Hyejin – Soube que uma das missões de sua igreja é purificar lugares com o que chamam de demônios, no caso, quando ocorrem assassinatos não resolvidos. O inimigo sabia que eles usariam esses fatos contra nós.

 — Sim. – assentiu Yoongi – Sabiam que se viessem com alguma cura milagrosa, mesmo que falsa, conquistariam o apoio dos mais desesperados.

 — Então nosso inimigo é romano, certo? – deduziu Seokjin, mas recebendo uma negativa de seu marido, o que surpreendeu a todos, menos Yoongi.

 — Roma é apenas um peão no tabuleiro, assim como nós. – afirmou Yoongi recebendo uma confirmação silenciosa por parte de Namjoon.

 — Qual o propósito disso tudo? – indagou Jimin, e por um momento, todos ficaram em silêncio. Parte por conta de realmente não saber, mas outra parte por ter que manter segredos que o reino nem imaginava serem reais.

 — É o que descobriremos. – e assim, Yoongi finalizou a reunião, antes deixando as contramedidas de segurança e vigilância, que ficaram por conta da supervisão de Hoseok e Hyejin.

 Segui com meu marido e minha família em direção a biblioteca para podermos abordar o assunto sobre meus recentes pesadelos e tentar questionar sobre o que pareciam esconder de mim. O que quer que seja, era mais do que o momento certo para revelar-me. Não poderia ficar tateando na escuridão e correndo riscos dos quais nem faço ideia da dimensão.

 — Suponho que tenha recebido os livros. – disse meu cunhado assim que fechamos as portas – Eles lhe foram uteis?

 — Não muito. – respondi sinceramente – Eu preciso de informações sobre nossos parentes. – rapidamente a expressão de Seokjin ficou mais pálida e o mesmo desviou o olhar, claramente nervoso com o assunto.

 — Escutem. – Yoongi apoiou as palmas sobre a mesa abaixo de nós – Eu sei como é ter que manter um segredo em nome do bem maior. – Seokjin permanecia encarando qualquer ponto que não fossemos nós – Mas agora isso está trazendo um perigo terrível a quem amam.

 — Preciso saber o que estou enfrentando. – supliquei com o olhar e observei o casal ponderar e fazer uma conversa silenciosa enquanto se encaravam por um momento. Não faziam esforço nenhum para desmentir que estavam realmente escondendo alguma coisa e isso me deixou esperançoso que tudo se resolveria imediatamente.

 Finalmente, ambos me fitaram com atenção e meu coração disparava em ansiedade pela verdade estar tão próxima. Enchi o peito em expectativa.

 — Não podemos lhe contar. – ouvir aquilo foi como mergulhar em água fria – Fizemos a promessa de somente revelar no momento certo. – explicou Namjoon.

 — Estão a brincar comigo, certo? – soltei um riso nervoso sem acreditar no que estava escutando – Admitem que escondem algo e, ainda sim, se recusam a me contar?! – senti meu tom de voz de elevando.

 — Tae, – Seokjin apoiou-se sobre a mesa e a expressão pesarosa – preciso que confie em mim, certo? Nunca faríamos algo para lhe machucar.

 — Não tenho tanta certeza disso. – vi meu irmão entreabrir os lábios parecendo indignado com as minhas palavras, mas eu não me importava. Naquele momento eu era quem estava no maior direito de estar frustrado e, antes que acabasse por dizer algo que me arrependeria, optei por sair da biblioteca em passos largos e pesados, tentando descontar tudo que sentia no chão.

 Sabia que estava sendo muito duro com minha família, mas eu não conseguia entender qual motivo eles teriam para esconder tanta coisa de mim e deixar que descubra tudo sozinho de uma forma nada agradável. Não deviam ter me preparado para isso? Ou ao menos me alertado que aconteceria? Mas simplesmente esconder dessa forma, eu não compreendia como isso poderia me ser benéfico. Sempre achei que deveria temer os desconhecidos, tive tanto receio em depositar minha confiança em Yoongi e descobrir algo sombrio, mas esse tempo todo, meu irmão, a pessoa que mais confiei na vida, que escondia as coisas de mim.

 Então eu não sou normal, certo? Talvez nem fosse, de fato, irmão de Seokjin, o que explicaria a aflição em me revelar a verdade. E se eles não eram minha família real, quem seriam? Não consigo organizar meus pensamentos e as teorias se sobrepõe uma a outra aumentando minha frustração e me fazendo sentir ainda mais tolo por nunca ter desconfiado de alguma coisa. Deveria saber, nenhuma pessoa comum não possui, ao menos, uma lembrança da infância, ou não possui parentes em nenhum canto. Nunca vi mais ninguém do meu clã além de meu irmão e seu marido, nem mesmo registros ou histórias, eram como fantasmas.

 Mas por que não consigo me lembrar de nada?! Parece que minha vida começou num dia qualquer quando acordei em minha antiga cama, apenas isso. Não havia mais nada antes, como se eu nem tivesse existido até aquele momento.

 Tive uma súbita vontade de retornar a biblioteca e questionar furiosamente aos dois sobre a verdade, mas não podia. Por mais que estivesse com raiva agora, ainda não conseguiria ser agressivo com meu irmão, infelizmente, ele sempre foi uma pessoa muito amorosa comigo e isso me fazia pesar bem os prós e contras.

 — Taehyung? – Yoongi tocou meu ombro com cautela e eu virei-me em sua direção.

 — Você também esconde coisas de mim? – disparei sem hesitar, logo me arrependendo. Não era muito bom em controlar explosões de raiva e por isso procurava ser o mais sensato possível diante de dificuldades – Me desculpe. – pedi encostando-me a parede do corredor.

 — Está tudo bem. – afagou meus cabelos – Escute, – fitei seus olhos escuros – acho que conheço alguém que pode te ajudar. – rapidamente senti a expectativa crescendo em mim novamente – Mas vamos precisar da ajuda de Hyejin.

 — Isso não deve ser difícil de conseguir. – por mais que tivesse certas dúvidas agora, mas Hyejin tem sido alguém de confiança até então.

 — Espere até o próximo amanhecer. Teremos que sair sem sermos vistos ou corremos a chance de ser seguidos. – aquilo me deixou intrigado.

 — Onde iremos? – indaguei franzindo a testa.

 — Irei levá-lo até o bosque.


Notas Finais


E aí? Gostaram?

No próximo irei apresentar as pessoas que vivem no tão famoso bosque e mais algumas coisas legais. E quanto ao que Seokjin e Namjoon escondem, posso afirmar que é o segredo chave da história, então vai demorar mais um pouco pra revelar, fiquem atentos e mandem teorias, eu amo ler cada uma delas!

Elyndor é um nome élfico, para fãs, assim como eu, de O Senhor dos Anéis, achei que seria algo interessante de se compartilhar. Quanto ao significado, irei revelar na fic.

Obrigada por ler até aqui! E para quem gostou do termo de melancolia, peguei a referência enquanto lia teorias sobre o filme Donnie Darko, é algo bem mais complexo, mas espero que a minha síntese tenha ficado boa <3


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