Rhaegar estava novamente com seu exército atravessando o Tridente a fim de chegar até os Lannisters. Onde ele e Tywin haviam definido o ponto para unirem suas forças e derrotarem Robert Baratheon. Tudo deu errado quando o Rebelde estava fazendo a mesma travessia para chegar até o seus aliados Arryn e Tullys. Foi então que sem um segundo para pensar a batalha final daquela rebelião havia começado.
Podia se lembrar de como todos os seus homens estavam amedrontados com a batalha, e Rhaegar gritou palavras de incentivo enquanto seus homens e os homens de Robert marchavam lentamente para a batalha. O Targaryen adorava cantar e sempre gostava de ouvir as baladas sobre as grandes batalhas da sua família cantadas pelos bardos, porém isso não era uma música. Os homens se empurravam atrás dele, alguns choravam porque tinham medo de morrer, outros gritavam insultos aos rebeldes, mas não por valentia e sim por embriaguez. O cheiro forte de fezes e urina era horrível muitos homens faziam suas necessidades de tanto medo. Claro que na hora dos cânticos, eles todos se tornaram guerreiros brilhantes, bravos e nobres, enfrentando um inimigo sanguinário que queria beber cerveja nos crânios dos derrotados e iriam estuprar todo o reino. Porém no fundo Rhaegar sabia que se tratava de uma batalha em que os homens que tomasse coragem mais rápido venceriam.
Seus fiéis guardas estavam ali ao seu lado, Sor Gerold Hightower, Barristan Selmy, Lewis Martell e Jonothor Darry, todos os membros da Guarda Real que haviam lhe acompanhado para a batalha. Também junto com ele estavam todo o exército de Dorne e da Campina, que haviam honrado o chamado do príncipe para a guerra. Com exceção dos dorneses, que se sentiam um pouco desmotivados pelo fato de Aeris II ter praticamente obrigado que entrassem na luta, pois se não o fizesse, Elia Martell - a esposa de Rhaegar naquela época - seria morta por causa da traição destes. Doran Martell acatou o chamado do Rei, porém em seu lugar ele indicou o próprio Lewis para comandar as tropas de Dorne, com seu irmão Oberyn como segundo em comando. Mace Tyrell também não estava presente, este havia delegado parte do seu exército para marchar contra Ponta da Tempestade e mandou o outro exército sendo controlado por Randyl Tarly. Metade das tropas de Kingslanding havia sido chamada também, com o resto ajudando a proteger a capital.
Era todo esse exército que marchava para enfrentar as forças combinadas de Robert e Hooster Tully. Rhaegar sabia que eles tinham mais vantagem pelo fato de metade do exército de Robert estar tendo que atravessar pelas Gêmeas. E como sabia muito bem a respeito do Lorde de lá, o homem havia recebido bastante dinheiro do rei para que segurasse a travessia dos aliados do Rebelde o máximo que pudesse. Sendo assim, eram somente aqueles homens que tinham para lutar em ambos os lados.
Rhaegar sabia exatamente como tudo aquilo iria terminar, então deixou que os pensamentos em seu sonho fluírem. Trombetas soaram, guerreiros mais corajosos ou mais bêbados avançavam a frente correndo para seus inimigos as delegações de arqueiros em ambos os lados então se posicionaram mais a frente e então o céu ficou escuro pela saraivada de flechas que o cobria. Ao aterrissarem no chão o caos começou a reinar nos que estavam no chão, os mais ágeis conseguiram defender-se com seus escudos, mas dezenas de homens de ambos os lados jaziam no chão mortos, morimbundos ou furiosos, tentando arrancar as flechas em seus corpos antes que as próximas saraivadas chegassem.
O caminho se tornava mais desesperador, porque para que um exército chegasse até o outro, teriam que passar pelo Ramo Verde, que embora fosse possível a passagem, ainda assim era reduzia muito a mobilidade dos guerreiros que tentassem atravessar. Por tempo suficiente para que fossem abatidos por arqueiros. Mesmo assim, os homens de ambos os lados continuavam a avançar sem parar. Rhaegar se sentia inquieto ao ver bons homens se sacrificando por sua causa. Olhou então para seus fiéis cavaleiros, todos lhe olhavam com seriedade e honra a fim de lhe garantir que o seguiriam para onde quer que fosse.
O príncipe então levantou a sua espada bem alto, assim todos os seus soldados poderiam ver aquele sinal. Aquilo indicava que o ataque principal iria começar. Homens começaram a cantar sobre guerras vencidas pelos seus suseranos em tempos antigos, podia ouvir principalmente os homens de Kingslanding atrás dele falando sobre Harrenhal e em como aqueles que desafiaram o Conquistador pereceram. Rhaegar desce sua espada apontando para frente e em seguida incita seu cavalo a avançar para a batalha. Todos os homens avançaram junto seguindo seu exemplo, gritando em fúria e se tornando uma só voz. Via Sor Barristan e Gerold mais atrás dele tentando lhe acompanhar com seus escudos já se posicionando.
Defenderam uma saraivada de flechas com os escudos enquanto avançava bradando sobre o massacre. Em como Balerion o Terror Negro havia derretido o castelo com todos dentro. Naquele momento, com sua armadura negra, Rhaegar era o Terror Negro. Não pensava mais em Lyanna, ou em seu pai louco em Kingslanding, agora era somente guerra.
Metade do destacamento de Robert respondeu o avanço das tropas do Targaryen correndo em sua direção. Guerreiros enfurecidos avançando sabendo que era vencer ou morrer naquela batalha. Lewis Martell se afasta do grupo de Rhaegar com seu cavalo espumando pela boca, e todo o exército dornês o segue para atingir aquele grupo de homens. Enquanto isso, o resto avançava para tropas do Rebelde, onde já conseguiam ver o Baratheon na frente dos homens, por causa da sua composição enorme e forte, com um elmo com chifres de cervo presos. O homem era monstruoso, e Rhaegar admitia sentir medo de enfrentá-lo. Tinha ouvido muitas histórias de como ele era impiedoso nas batalhas, antes do príncipe ter decidido entrar na guerra. Quando seus homens começaram a atravessar o rio, é que viram o inimigo dar a ordem para avançarem também.
Uma enxurrada de cavalos relinchando enquanto ambas as tropas se encontravam no Ramo verde. O primeiro encontro havia sido desesperador, homens chocando escudo contra escudo enquanto alguns cavalos empinavam com medo. Lanças eram jogadas e atingiam homens que já despencavam das montarias mortos. Rhaegar já estava lutando em meio aos seus guerreiros, com sua espada toda cravejada de Rubis ele golpeava cada homem que ousasse chegar perto, haviam os que nem sequer tinham essa chance, pois Barristan e Gerold matavam homens como um açougueiro cortava carne.
O Touro Branco desceu de seu garanhão em algum momento e com seu enorme escudo ele matava qualquer um que tentasse a sorte. Havia usado-o para acertar o rosto de um guerreiro Tully que despencou com o nariz e o maxilar deformados, mais dois homens tentavam cercar Gerold, mas Barristan aparece nessa hora e corta vários guerreiros de uma só vez. Ele ainda usava uma lança de ferro junto com sua espada, e o modo como o Ousado lutava apenas com os pés mantendo-o firme no cavalo era assustador. Mais guerreiros das suas tropas já estavam no riacho batalha, homens a cavalo tentavam cercar e desfazer paredes de escudos desesperadas que tentavam se formar, enquanto lanceiros tentavam acertar os cavalos para se desvencilhar do massacre. Espadachins já estavam se golpeando em todos os lados. Vários homens jaziam mortos no chão e Rhaegar via que as águas já se tornando vermelhas por causa do sangue, embora toda a batalha se desenrolasse com ferocidade, poucos eram os homens que iam enfrentar o Targaryen. Foi então que no meio do vau ele viu Robert descendo do seu enorme garanhão gritando de raiva com seu martelo de batalha enorme. Sor Darry se destacou a frente para enfrentar o homem, Rhaegar queria dizer para não fazer isso, mas o cavaleiro já estava correndo em seu cavalo de forma desenfreada.
Viu Robert girar com seu martelo enorme como se fosse feito de madeira, desviando do frenesi de Sor Darry. Em seguida o Rebelde desfere um golpe aterrador na barriga do animal que lança um longo relincho e joga o cavaleiro de suas costas que cai direto no vau. O homem já cai praticamente morto, se retorcendo algumas vezes, e o cavalo parece imitar o mesmo movimento. Até que Robert acerta cada um dos dois com uma martelada final e encerrando o seu sofrimento.
- Não! - Rhaegar grita ao ver o martelo destroçando o peito de sor Jonothor Darry que morre sem ao menos dar um último grito de dor. Olhou para o Rebelde com fúria começando a brotar em seu peito, mais um homem havia morrido porque o Baratheon não aceitava que Lyanna não o queria.
- Me enfrente seu estuprador maldito! - rugiu Robert brandindo o martelo na direção do Targaryen. - Para de se proteger atrás dos seus Guardas Reais e venha me enfrentar como homem.
Talvez tenha sido a morte de Jonothor Darry bem na sua frente, ou só o fato de ter sido acusado de estuprar a mulher que ele amava, mas Rhaegar desceu do cavalo com apenas um pulo. Robert rugiu em fúria avançando na sua direção, e o príncipe respondeu o com um brado de sua espada e seu escudo se preparando para o combate.
- Meu príncipe não faça isso! - gritou sor Barristan tentando chegar até eles, mas fora cercado por vários homens do Baratheon.
Rhaegar não podia recuar diante daquele homem. Ele era o amor de Lyanna, e se Robert não podia aceitar isso, a espada iria acabar com seu coração partido. Os dois chegam na parte mais rasa do vau e começam a se degladiar. Robert tenta matar o Targaryen em um único golpe, mas se ele era muito forte, o outro era muito ágil. Rhaegar se desviou para o lado e enquanto o inimigo tentava girar para lhe acertar uma martelada, este golpea a parte de trás da panturrilha dele. O Rebelde ruge enquanto sangue caia na água, nem sequer parecia ter feito algum dano no homem, só havia o deixado com mais raiva.
- Estuprador, onde está a Lyanna? - ele gritou enquanto tentava acertar um martelada no peito de Rhaegar, que desviou novamente e tentava golpear com a espada que ricocheteou na armadura do homem. - Me diga onde ela está Rhaegar, ou eu juro que vou matar cada verme maldito Targaryen! - Robert continuava a golpeá-lo incessantemente com seu martelo e Rhaegar desviava e tentava lhe cortar novamente, mas era uma batalha sempre destinada ao empate.
- Eu não a estuprei Robert, Lyanna está comigo por amor! - Rhaegar conseguiu gritar para o adversário enquanto desviava com seu escudo uma martelada indo em seu rosto. Sentiu seu braço quase quebrar pelo poder do impacto, mas conseguiu acertar uma pequena fresta na lateral do Baratheon, que novamente parece nem sentir.
- Mentira! Você é um estuprador e louco cruel, como aquele velho demônio que senta no trono! - O som do martelo ribombando no chão do vau parecia quase um trovão pedras se soltaram do chão acertaram a armadura de ambos.
Os guerreiros de ambos os lados pareciam aceitar que era melhor observar a batalha ao invés de tentar intervir para qualquer um dos lados. Robert e Rhaegar continuaram lutando, mas dessa vez estavam calados. Cada golpe era traçado mentalmente em milésimos de segundos. Um martelo passou por pouco pelo ombro do Targaryen, enquanto o Baratheon usava a armadura ou o martelo para golpear as espadadas. Dois golpes foram parados usando as manoplas da armadura do Rebelde, que revidou tentando lhe acertar uma martelada na cabeça, que Rhaegar conseguiu desviar quase se jogando no chão.
O Targaryen tentou acertar uma espada no rosto de Robert,mas ele a segurou com a mão. Sangue escorria até mesmo com a proteção da armadura enquanto o Rebelde apertava com mais força a espada, com um chute no escudo de Rhaegar ele consegue arrancar a arma e a joga no riacho. Robert avança brandindo seu martelo com fúria, enquanto a única coisa que o príncipe pode tentar fazer é se defender. Uma martelada atinge com tanta força o escudo que Rhaegar é obrigado a largá-lo enquanto tomba no meio do vau. Ele percebe que de repente tudo se silencia, sentia muita dor por causa dos ferimentos e não conseguia se levantar até recuperar o fôlego.
Robert dá um grito de vitória enquanto prepara seu machado para acertar o peito da armadura de Rhaegar todo incrustado de rubis para formar um dragão vermelho. Esse deveria ser o momento que Sor Gerold bloqueia o golpe e iria empurrar o Rebelde para trás, enquanto o Targaryen iria se levantar e pegar uma espada caída próxima dele. Desferir um golpe no chifre do elmo de Robert que o partiria deixado a galhada de cervo cair no meio do vau, onde hoje se chama vau do Chifre Quebrado. No entanto, nesse sonho de Rhaegar nunca acontecia isso. O martelo descia em seu peito, o fazendo gritar de agonia ao sentir seu peito ser dilacerado e sua costelas se partirem penetrando em seus órgãos, ele sobrevive ao primeiro golpe o suficiente para ver o martelo lhe acertar mais uma vez fazendo os rubis da armadura se soltarem e se espalharem no riacho.
Rhaegar acordou sentindo seu corpo completamente empapado de suor após receber a segunda martelada. Sentia o seu coração em disparada, como ele tivesse parado de bater no momento que fora golpeado e somente agora que o rei acordou que voltara a bater novamente. O seu quarto ainda estava escuro, o que tudo indicava era que provavelmente tinha acordado na madrugada. Este não foi o primeiro sonho assim que Rhaegar tivera, na verdade, desde a batalha no Tridente, ele sonhava sempre com essa cena, ao invés de ganhar a batalha ele levava a martelada final de Robert em seu peito.
- Teve o Episódio de novo, meu amor? - ouviu a voz de Lyanna sussurrar em seu ouvido cheia de preocupação. Era assim que eles chamavam esse sonho de Rhaegar - de o Episódio. Onde por mais que rei tentasse, o Rebelde sempre explodia o seu peito com uma martelada. - Minha nossa Rhaegar, você está todo suado, vou pegar alguma roupa nova para que você se trocar.
O rei podia ver a silhueta de sua esposa se levantar e andar até o enorme guarda roupa que tinham no quarto. Uma enorme cabeça de dragão pairava sobre o guarda-roupa, Rhaegar não se lembrava de qual dragão pertencia a caveira, já há havia muito tempo que esquecera todas as lendas de sua família. Lembrava-se apenas da caveira de Balerio, até mesmo morto o Terror Negro trazia medo para aqueles que olhavam-na. E Rhaegar a havia colocado acima do trono ferro, de modo que todos que fossem lhe dirigir a palavra sentando ali soubessem o motivo dele ser o rei.
- Eles parecem piorar cada vez mais. - o Rhaegar fala ao ver Lyanna voltando para a cama dos dois carregando um roupão para o marido. - A dor e o cheiro, toda vez que eu sonho com isso. Elas parecem muito mais reais, já não sei mais o que fazer.
Enquanto Rhaegar se despe de suas vestes sujas começa a pensar em como esse sonho o irritava. Sabia muito bem que o evento quase se tornou uma realidade, ele queria deixar sor Gerold, o homem que o salvou na batalha junto com Lyanna na Torre da Alegria, porém tanto a Stark, quanto Arthur Dayne - outro homem que queria ir para batalha com Rhaegar insistiram que o príncipe na época precisa muito mais de proteção do que a esposa gravida. Mesmo relutante, Rhaegar aceitou o que eles sugeriram. Por sua vez aquilo o salvou da sua morte. Ele sabia que sor Gerold Hightower não aparecia para lhe ajudar porque o homem desaparecia no meio do sonho.
- As vezes acho que é o destino me dizendo que eu deveria ter morrido naquele dia - comenta quando termina de por o roupão e se vira para a cama. Parada levantada na cama estava Lyanna o observando, agora que ele tinha se acostumado com a escuridão, conseguia ver a expressão zangada que a sua mulher lhe fazia.
- E por acaso o destino queria me pôr na cama de Robert Baratheon? - ela falou se aproximando de Rhaegar e parando na sua frente. Estava alguns centímetros maior que ele por causa da elevação da cama e do colchão e ele estava com os pés no chão. Nesse momento o rei viu como sua rainha estava pairando como se Lyanna fosse uma força da natureza indomável, o que Rhaegar sabia que ela era. - Acaso você acha que eu seria feliz sendo esposa de um brigão e bêbado, com inúmeros bastardos enquanto ele me exibia como um troféu?
Lyanna era linda, Rhaegar sempre pensou isso. Muito podiam tentar dizer o contrário dela. Que tinha uma beleza típica dos nortenhos, mas ele não achava isso. Beleza vai muito além de pele e como um artista e apaixonado por música, o rei sempre soube que Lyanna era uma poesia pura. Com seu olhar lupino de Stark e seu jeito selvagem, ela podia se levantar como uma rainha guerreira como Nymeria.
- Meu amor, isso nunca passaria na cabeça - disse conseguindo rir para ela, mesmo sem saber se conseguiria enxergá-lo. - Você vestiria uma armadura e chamaria Robert Baratheon para um julgamento por combate só para não ter que se casar com ele.
Imaginar a cena de Lyanna em uma armadura e guerreando contra alguém que era quase duas vezes o seu tamanho fez os dois rirem. Principalmente porque haviam se conhecido exatamente nessas circunstâncias. Rhaegar a havia visto afugentar vários garotos que tentavam bater em Howland Reed, desde aquele dia ele havia visto que Lyanna não era uma mulher como as outras. Neste exato momento, para provar que não era mesmo, Rhaegar sentiu sua esposa cair da cama direto em seus braços. Ele a envolve com força e então a beija com ternura. Mesmo com os anos tendo passado, Lyanna ainda era a mesma mulher, nem mesmo Kingslanding havia conseguido domar seu espírito.
- Essa foi a terceira vez essa semana que você teve o Episódio. - ela comenta agora séria e se desvencilhando de seu abraço. - Deveríamos chamar o Meistre Aemon para lhe dar alguma infusão para o seu sono não acha? Você tem estado muito estressado com todos os eventos que aconteceram nos últimos dias.
Era verdade, havia sido demasiadamente exaustivo para Rhaegar ter todos aqueles senhores dos Sete Reinos juntos para falar sobre casamentos e trivialidade. A última vez que o rei os havia reunido assim foi para julgar metade do reino por traição para a coroa.
- Tenho certeza que aquele velho cego vai me dar alguma infusão rala para me deixar apenas sonolento e dizer que só vou parar de ter o sonho quando vencer meu inimigo. - Rhaegar comenta mal-humorado.
De fato, eles já haviam tentando vários meistres para tentarem resolver o assunto, porém o rei tinha certeza que o que acontecia com ele era algo sobrenatural. Foi então que decidiu romper com o voto de Aemon Targaryen com a Patrulha da Noite. Fora preciso várias cartas para Jeor Mormont aceitar o que o rei lhe solicitava e mandar também cerca de 200 voluntários para a patrulha da noite, claramente mais da metade destes eram de homens que deviam vestir o negro ou vestir o laço da forca.
Para sua decepção, Aemon já estava cego e mal conseguia andar. Sabia que ele era o homem mais velho de Westeros e só pelo fato de ter conseguido atravessar todo o caminho até Kingslanding vivo o tornava um homem extremamente forte. E pelas histórias que contavam, eram o Targaryen mais honroso que Rhaegar já havia conhecido. Porém o velho não lhe deu nenhuma resposta convincente sobre seu problema, após dias de conversa, ele havia lhe dito que o que Rhaegar sofria era de uma visão de um passado que podia ter acontecido e que o único jeito de acabar com os sonhos seria matando o homem que lhe causava estes.
- Acredita mesmo que se matar o Robert você vai parar de ter esse problema? - Lyanna pergunta e Rhaegar sente-se um pouco enciumado por ela ter se referido ao Baratheon que era seu ex-noivo pelo primeiro nome.
- Sinceramente, eu não sei. Não estou disposto a atravessar o Mar de Essos para caçar uma companhia de mercenários, ainda mais a Companhia Dourada. - Pois ela fora fundada pelos Blackfires, uma ramificação da família Targaryen que conspirou para tomar o trono por um século, até que todos tivessem sido mortos. - Tenho planos mais importantes para pensar do que derrotar um homem como Robert Baratheon.
- Como por exemplo, o casamento dos seus filhos? - ela pergunta sabendo que Rhaegar deveria falar logo com Daenerys qual era sua resposta para Jaeherys a respeito do seu pedido de casamento para ela. - Estou me referindo ao casamento de Aegon que será daqui há três meses claro. - comenta rindo, a fim de que ele percebesse que só fizera isso por provocação.
- Mace concordou em dividir os preços da festa, ele irá mandar uma comitiva com a filha no mês que vem para começarem os preparativos para a festa. - Rhaegar comenta e também sorri. - Também irei falar com Dany e Jon se eles desejam mesmo começar um noivado, embora eu achasse que seria melhor que ele entrasse para a Guarda Real e Dany se casasse com algum senhor das Grandes Casas que não fosse virar um Lorde delas, assim ele podia assumir que seus filhos com ela continuariam sendo Targaryens.
- E deixar os dois sendo infelizes quando Jon foi o fruto de um amor que nunca deveria ter acontecido? - as palavras foram duras para Rhaegar, mas sentiu que precisava ouvi-las. - Se Jon e Dany se amam, devem se casar. Nós sabemos que ele jamais pretendeu sentar no trono.
Mas metade dos Sete Reinos acha que ele deveria. Pensou Rhaegar e se sentiu triste, pois tinha visto que o homem livre que ele foi havia se perdido. Agora ele tinha que compactuar com os jogos do reino para deixar Westeros em melhores mãos possíveis para um dia deixar de ser rei.
- Tem razão, eu não estou dando aos dois o benefício de serem felizes.
- E tem o caso da Rhaenys, o que fará com ela? - Lyanna gostava da filha de Elia, até o ponto que Rhaegar podia perceber, mas neste momento sua voz saiu com um tom de acusação. Eles dois haviam concordado em deixar os filhos de Rhaegar escolherem com quem queriam se casar, porém Rhaenys já tinha vinte dias do seu nome. Enquanto seus irmãos mais novos, com dezoito e dezessete já estavam pretendendo se casar, a filha mais velha insistia que ainda não havia achado o homem certo.
- Tenho plena consciência que vou ter que falar com ela sobre isso assim que o casamento de Aegon acontecer. - comentou enfim se sentindo um pouco pressionado. Não se importava que a esposa lhe desse opiniões a respeito sobre os jogos e em como agir, principalmente depois da Batalha do Tridente. - Quero dar uma última tentativa para ela, afinal, no baile de casamento ela pode acabar se interessando por algum dos pretendentes. Sor Jaime quem sabe? - logo após sugerir o casamento da filha com o Lannister ele estremeceu. Tivera que ter bastante calma no dia que o homem derrubou Aegon do cavalo só para afrontar o rei. Sor Arthur se ofereceu para falar com o antigo pupilo naquele dia e garantiu que um episódio como aquele não se repetiria.
- Poderia sugerir para ela se casar com Lorde Renly? - Lyanna sugere percebendo seu desconforto. - Afinal, Lorde Stannis não teve sorte em possuir herdeiros, seria prudente que pudéssemos acabar de vez com o desconforto entre a sua família e a família Baratheon. Uma união matrimonial poderia resolver.
- Seria bastante interessante, você falou com uma verdadeira Rainha de Westeros. - comentou achando engraçado o modo que sua esposa estava querendo ajudar com o Jogo dos Tronos.
- Não vivi por dezessete anos em Kingslanding e não aprendi alguma coisa com suas conversas com Tywin. - Lyanna comenta se deitando novamente e espreguiçando-se.
- Sim, mas com Tywin doente e fora de situação também precisaria providenciar um novo Mão do Rei. - Era outra coisa que dava dor de cabeça a Rhaegar, e ele preferia deixar que o velho amigo pudesse descansar e passar seus últimos dias em suas terras. - por acaso minha sábia esposa teria alguma sugestão? - comentou de forma zombeteira.
Lyanna apenas meneou a cabeça em negação, o que provava que a dificuldade de achar um homem para ficar a altura de seu antigo Mão do Rei seria uma tarefa quase impossível. Rhaegar temia ter que pedir a sugestão diretamente para Tywin Lannister, embora alguns homens como Stannis Baratheon, Mace Tyrell ou até mesmo Jon Arryn pudessem lhe ser bastante úteis também.
- Sinceramente, eu gostaria que as obras para reformar o Palácio de Solarestival já estivessem concluídas. - comentou por fim se deitando novamente ao lado da esposa. - Pelos planos que vi os arquitetos me mostrando, ele será magnífico.
- Você ainda não me disse o porquê de ter querido restaurar aquele local em ruínas. - Lyanna agora se encostou no peito do marido, e ele podia sentir o cheiro de rosas vindo do cabelo negro dela.
- Porque eu quero abdicar da coroa daqui há alguns anos, e se eu fizer isso precisarei ter algum lugar para que possamos morar assim que Aegon assumir. - falou despretensiosamente, e se espantou quando em um único movimento a esposa de posicionou por cima de seu corpo a fim de ficarem se olhando cara a cara. Com os olhos cinza da mulher lhe penetrando profundamente e seu lábios rosados mal conseguindo conter um espanto bom em seu rosto.
- Está falando sério? Vai abrir mão da coroa depois de todos esses anos? - ela finalmente conseguiu falar.
- Meu amor, eu nunca desejei governar até morrer. Nós dois não nascemos para viver nessa vida de cortejos e bajulações. - Rhaegar sentiu uma chama de esperança no peito ao pensar na liberdade vindoura. - Já demos dezessete anos de nossas vidas para Westeros. Daqui há três anos após ver que Aegon é apto para sentar-se no trono, eu planejo deixá-lo a cargo do reino, enquanto nós iremos para Solarestival e aproveitarmos nossa vida como queríamos.
Lembrou-se da Torre da Alegria, era uma felicidade egoísta lembrar daquele lugar onde ele e Lyanna foram muito felizes, mas ao mesmo tempo fizeram o Reino inteiro cair em desgraça. Talvez este tenha sido o motivo de terem aguentado tanto tempo em Kingslanding, os dois se sentiam obrigados a restaurarem o reino que ajudaram a destruir.
- E quanto aos nossos filhos? - Lyanna perguntou e Rhaegar sentiu uma pontada no peito. Ela jamais havia conseguido engravidar novamente após o parto de Jon, segundo as parteiras, seu útero tinha murchado devido as dores do parto e estresse. Mais uma coisa que Robert havia lhe tirado, mas o Dragão tem Três cabeças. O pensamento brotou sozinho em sua mente, Rhaegar sempre fora supersticioso o suficiente para saber que aquilo só podia ser um sinal, seja qual for o papel que os três filhos irão desempenhar, ele irá ser grandioso. - me refiro a Aegon e Rhaenys, desculpe, você sabe que eu me apeguei aos seus filhos com Elia. - Rhaegar a viu se entristecer um pouco e seus olhos marejaram um pouco.
Ele então a envolveu nos seus braços a fazendo encostar-se em seu corpo. Sentia a pele macia e os seios roçando contra seu peito, em seguida a beijou calorosamente, sentimento que foi aumentando entre os dois até estarem quase sem fôlego. Havia muito tempo que não se permitiam deixar a chama da paixão arder tão calorosamente como estavam deixando agora. Os beijos se tornavam mais quentes enquanto Lyanna puxava a corda que prendia o roupão ao corpo de Rhaegar, na mesma hora o primeiro clarão de luz começou a entrar por uma janela dos quartos. O rei em muito tempo começou a sentir-se feliz como havia sido naquela torre há anos atrás.
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