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História Dragão de Má Fé - Drarry - O caminho para a rebelião


Escrita por: All_Blue

Notas do Autor


Olá, meus amados seres mágicos, como estão??❤️❤️^^
Hora de mais um capítulo. Boa leituraa~~

Capítulo 10 - O caminho para a rebelião


Fanfic / Fanfiction Dragão de Má Fé - Drarry - O caminho para a rebelião

Leo Portman on

Fui me deixando levar pelo desconhecido, que parecia conhecer o lugar bem o suficiente. Conversamos pouco e expliquei da melhor forma possível a minha situação. Sempre que ouviamos algum barulho, desviavamos do caminho e íamos por outro atalho. Não sei dizer exatamente quanto tempo ficamos caminhando, o lugar era magicamente maior por dentro do que aparentava por fora.

- Aonde estamos indo exatamente? - arrisquei a pergunta.

- Provavelmente o lorde, conhecido como Manticora, sabe que estão aqui. Sozinhos, não podemos resgatar os seus amigos e sair daqui.

Lembrei no mesmo instante da carta que foi deixada em Hogwarts quando Cael desapareceu. Então era realmente Manticora que comandava e estava por trás de tudo. Maldição! Aquele desgraçado vai pagar.

- Está dizendo que poderemos conseguir alguma ajuda em um lugar como esse? Afinal, o que você está fazendo aqui? Não me parece nem de longe um bruxo das trevas. - aproveitei para sanar minhas dúvidas, tentando manter o tom ameno, mesmo que desconfiado.

- Bruxo das trevas? Bom, por mais que eu tenha uma origem sombria, não sou exatamente isso... - parecia tentar evitar o assunto.

Parei imediatamente, aproveitando que estávamos andando em uma região escondida pelas escadas.

- Por que você está tentando me ajudar? - passei a apreciar a companhia dele, mas não pude deixar de duvidar de suas reais intenções. Fiquei em alerta.

Ele suspirou. Seu rosto denunciava o nervosismo e a luta interna sobre revelar ou não seus planos. Por fim, cruzou os braços como que em defensiva e começou sua explicação.

- Assim como meus pais, eu não sou um bruxo. Porém, minha irmã era diferente. De início foi tudo muito fantástico, fiquei muito animado com a descoberta do mundo mágico e de Hogwarts tanto quanto ela, mas então veio a guerra bruxa que tanto comentava em suas cartas. Meus pais e eu imploramos para que voltasse para casa, mas nunca mais tivemos notícias dela. Fui... Eu fui... - percebi a tensão sobre seus ombros enquanto se obrigava a falar. -... Mordido por um lobisomem quando tentei, sozinho, procurá-la. Essas criaturas estavam por todo lado, pensei que seria o meu fim, mas eles me mostraram que há coisas piores do que a morte.

Me encarou, como que esperando uma reação minha. Não pude deixar de ficar surpreso com esse fato, mas nada tinha contra lobisomens. Se fosse bem sincero, poderia facilmente admitir que nutria certa admiração pelo antigo professor de Defesa contra as artes das trevas, Remus Lupin, que vivia nessa mesma condição.

- Nem todos os lobisomens são ruins, você foi atacado, não tem culpa pelo estado no qual te prenderam. Inclusive, têm métodos para ajudar na transformação, como a poção Mata Cão. - comentei animado, mas ele só me encarava como se um hipogrifo estivesse comendo o meu cabelo. Os olhos arregalados davam um aspecto super fofo ao licantropo, tenho que admitir.

- V-você não me acha uma aberração? - a voz vacilava, carregada de surpresa.

- Aberração são os que tentam te convencer disso. - falei, com uma irritação perceptível. Ele ficou desconcertado com minha fala, aparentemente, mas resolveu continuar.

- Obrigado... - se permitiu repuxar os lábios em um discreto sorriso tímido, mas que logo desapareceu, dando lugar a uma expressão amedrontada. - Quando eu fui mordido, pensei que me largariam lá, mas me prenderam com algemas que detinham magia das trevas suficiente para afetar a licantropia de uma forma terrível. Carregaram-me por um portal assustador e me trouxeram pra cá...

- Espere um instante, então realmente existem outros portais por aí? Onde? Quantos? - seu olhar desanimado quase foi resposta o suficiente.

- Existem sete, mas o principal se encontra em Hogwarts. Sequestram, torturam e escravizam trouxas, bruxos mestiços, nascidos trouxas... Tentam trazer o máximo para o seu lado. Lobisomens são naturalmente das trevas, são perfeitos para atormentarem os outros. Já perdi as contas de quantas vezes me obrigaram a me transformar dentro de uma cela, com outras pessoas presas, por pura diversão... - o ódio e a dor que emanava daquelas palavras me atingiram com força. Lembrei dos horrores que vivi quando estava preso em Nurmengard, mas tentei com todas as forças recompor a compostura.

- Pensei que não fosse possível entrar ou sair desses portais....

- A comunidade bruxa não sabe da existência deles. Famílias bruxas mais antigas mantém os portais com magia de sangue...

- Mas isso significa fazer sacrifícios! - quase engasguei com as palavras, por pouco não aumentando o tom de voz.

- Exatamente. Não em grande quantidade, mas sim. Experimentos mágicos são feitos não só com "os restos", mas com outros bruxos também. Aqueles homens encapuzados que você falou são uma mistura de bruxos com Mortalha-Vivas, tanto que muitos se alimentam de seres humanos... Resultado de métodos horríveis. São afetados por outros feitiços, mas não tanto quanto por um Patrono.

- Isso é bizarro... - tentei organizar o pensamento. Aquilo tudo era irreal, inacreditável. Como alguém sobreviveria num lugar como esse? Como aguentar tanta violência e crueldade?

- Fala isso porque nunca os viu se alimentando. - estremeceu involuntariamente, como se apenas a lembrança fosse o suficiente para enche-lo de repulsa. - São controlados pelo líder, e justamente por sua magia ser uma mistura, vindo tanto do bruxo, quanto de uma criatura, sua nova natureza confunde o portal o suficiente para passar despercebido. Isso não acontece 100% das vezes, é verdade, mas o bastante para continuar com o que começaram. Ninguém sabe ao certo o que o Manticora tanto planeja, mas é algo grande. Com a volta de Voldemort, tudo ficou mais simples. O ar estava cheio de magia sombria, os apoiadores dele aproveitavam para mandar "escórias" pelos portais. O portal principal, no entanto, só começou a ser realmente testado para uma invasão com o surgimento da profecia.

- Como você sabe sobre a profecia?

- Ouvi os subordinados comentando. O líder deles aparentemente ficou bastante satisfeito. Não por muito tempo, espero, já que se libertarmos e reunirmos todos os que estão preso aqui, poderemos nos virar contra ele com mais eficácia.

- Então é melhor irmos rápido com isso. - falei com convicção e retomamos o ritmo. Afinal, já estava convencido da lealdade do meu novo companheiro.

Não demorou para que fossemos para as celas. O local fedia a decomposição, era escuro e fazia um eco irritante, onde era possível ouvir alguns soluços baixos. Não pude deixar de sentir certo medo. Meus pesadelos insistindo em voltar, como que me desafiando a expulsa-los e rindo da minha incapacidade. Cada sombra poderia facilmente ocultar um inimigo, pronto para nos matar a qualquer instante. Senti o nervosismo subir pela garganta, deixando-me enjoado. Meu corpo suado e trêmulo, preso em um estado que beirava o pânico.

Porém, uma mão agarrou a minha com firmeza, trazendo-me de volta a realidade. O calor transmitido, seguido por um carinho tranquilizador foram me ajudando a relaxar.

- Isso, agora respira Leo, muito bem, devagar... Estamos bem, tá? Vai ser rápido. Precisa fazer isso. Fecha os olhos e respira fundo. Isso, mais uma vez... Perfeito.

Agradeci ao Stephen com um pequeno sorriso, que foi retribuido de forma carinhosa.

- Desculpa, não tenho um bom histórico com celas.

- Entendo... sinto muito por isso.

- Bom, mas é algo que tem que ser feito. - soltei o ar mais uma vez, tentando me concentrar unicamente na missão.

- Isso mesmo, vamos mostrar para eles o que acontece quando se metem com um lobisomem e um sonserino. - sorriu, agora de maneira confiante.

- Como sabe que sou sonserino? - achei graça do comentário curioso.

- Aprendi umas coisas com minha irmã. - disse misteriosamente e piscou pra mim, divertido. Sorri contagiado com sua leveza, embora soubesse que por dentro ele estava tão nervoso quanto eu. Sem mais hesitação, finalmente adentramos a área em definitivo.

O plano seria arrombar as celas, incitar os outros a lutarem contra Manticora e seu exército, provocando o maior caos. Nada demais. Com a força de Stephen e meu punhal, não foi de todo difícil. Parece que nunca se preocuparam realmente com a possibilidade de alguém escapar, de modo que tivemos que lidar com poucos inimigos durante o curto percurso até os nossos futuros aliados.

Alguns prisioneiros estavam tão assustados que nem pensavam na possibilidade de lutar, outros estavam famintos por uma vingança, o que ajudou muito na influência e mudança de atitude dos demais. Pessoas tão diferentes e de lugares tão diversos unidas pela liberdade, por uma chance de por abaixo aquele lugar esquecido por Deus, como dito antes pelo velho Stoker.

- Não somos os únicos aqui, sabem disso, certo? - uma mulher, que aparentava ser alguns anos mais velha do que a gente (não sei dizer exatamente o quanto), falou antes de libertarmos seus braços presos. Tinha cabelos lisos e longos, negros, combinando com sua cor de pele. Os olhos escuros puxados que pareciam pegar fogo, tamanha era sua força de vontade. Não parecia realmente surpresa com a nossa atitude, muito pelo contrário, tinha a impressão de que esperava por isso.

- Há outros lobisomens aqui, acho que posso... - Stephen tentou responde-la, mas foi interrompido.

- Não apenas eles.

Trocamos olhares confusos, sem saber exatamente aonde queria chegar.

- Essa região é a maior das celas, mas não a única. Outra ala, como a de vendas, foi feita para prender escravas femininas, por exemplo.

- E como chegamos lá?

- Eu já fui levada até lá, posso voltar com os outros. Dividam os grupos, temos centenas de pessoas aqui, deve ser o suficiente para causar a rebelião e soltar mais pessoas sem sermos facilmente parados.

- É um ótimo plano... Quem é você?

- Marli Hedlley, bruxa puro sangue, é um prazer conhecê-los.

- Puro sangue? Não deveria ser contra nós?

- Aprenda uma coisa, rapaizinho, nem todos são tão cegos pela ignorância, e a ganância nem sempre leva aos melhores e sonhados caminhos. Tem cara de saber perfeitamente disso. - fiquei constrangido com a sua fala. Realmente foi impulsivo da minha parte. Se está presa aqui, com certeza foi contra. Ela, assim como um número considerável de prisioneiros, possuía uma espécie de coleira de ferro ao redor do pescoço, mas por algum motivo me proibiu de quebra-las. Passamos a nos organizar rapidamente. As pessoas criavam armas improvisadas e foram ajudando umas as outras.

Está na hora de animar um pouco essa porcaria de lugar, pensei comigo mesmo, sorrindo.

••• [×∆×] •••


Hermione Granger on • 

Após sermos encurralados, eles nos levaram pra uma cela mais arrumada do que a maioria. Não confortável, mas no mínimo limpa. A área era mais distante da que estávamos antes e com uma decoração bem diferente. Segurei Pansy e a deitei delicadamente em um pequeno colchão, o qual tinha tirado a fina e discreta camada de poeira da melhor maneira possível. O lugar estava silencioso, como era comum, aparentemente. Os homens que nos colocaram aqui disseram algo sobre "a madame" vir nos buscar, mas isso já faz horas. Como a contagem funciona de forma diferente dentro do portal, não sei dizer exatamente quanto tempo estamos aqui desde que entramos.

Olhei para a sonserina desmaiada ao meu lado e dei um sorriso muito cansado. Quem diria que aquela ideia simples e idiota de passar um tempo juntas fosse resultar nisso. Chegava a ser engraçado o fato de que há poucos dias atrás eu acreditava que teríamos um ano de paz, onde as únicas turbulências seriam meus sentimentos confusos e provavelmente não correspondidos.

Com carinho, tirei o cabelo que cobria seu rosto e acaricie sua bochecha ao notar uma inquietação, quase como se tivesse tendo pesadelos. Não contive um suspiro discreto. Por mais que as incertezas e os temores fossem companheiros fiéis e frequentes, não permitirei que me abalem. Farei todo o possível e impossível para salvar meus amigos e colegas. Nos foi dada uma missão, e não voltaremos até tê-la realizado com total êxito.

Distraída, só tornei a me atentar quando percebi que a sonserina abria os olhos negros e vibrantes, encarando-me confusa.

- Hermione? Onde estamos?...

- Perdemos a luta e nos prenderam aqui. Porém, levando em consideração o que os guardas disseram, não por muito tempo.

- Vão nos levar até o líder? Estou louca para arrancar sua cabeça fora e acabar logo com isso. - a agressividade contida nas palavras da garota soavam tão naturais que chegavam a surpreender quem não a conhecesse.

- Err... Na verdade, falaram sobre uma tal de "Madame".

- Que apelido ridículo, sério isso? Vamos ter que tomar chá na companhia da esposa do diabo ou o quê? - falava com seu típico escárnio, levantando devagar até se sentar.

- Espero que não chegue a tanto, mas o que nos resta é esperar.

- Não tem nada nas mochilas que possa ajudar?

- Nada que funcione para quebrar essas barras. Devemos esperar até que surja uma oportunidade para escapar. O melhor é vê até onde isso vai dar.

Ficamos em silêncio depois disso, ambas apreensivas com aquela atmosfera tensa. No entanto, não durou muito devido a risadinha da Pansy.

- O Potter tá muito afim do Draco, né?

- Quer falar sobre eles? - perguntei confusa, mesmo sabendo que era uma forma de desviar os pensamentos do que nos aguardava.

- Prefere falar sobre a gente, Granger? - sorriu de ladinho.

Corei bastante com o comentário.

- Olha, bem que o Draquinho tinha razão quando disse que vocês estavam tentando entrar na comunal. Se não fosse isso tudo, teria sido bem divertido!

- Vocês já suspeitavam?

- Pode se dizer que sim. - deu de ombros.

- E não está... Brava?

- Curiosa é o termo correto. O que seria tão importante ao ponto dos grifinórios se arriscarem no nosso salão comunal? Foi a fama da nossa música fantástica? Seria um bom pretexto, mas não o suficiente...

- Pretendíamos observa-los, apenas... Vê como estavam, depois de tudo...

- Granger, pode parar. Sei que nem você está acreditando no que está dizendo. Não pode ser só isso.

- E se for? - a enfrentei, na defensiva, sem perceber o quanto a magoou.

- Bem, seria decepcionante como vocês. - esbravejou, sem motivo algum.

- Por que está irritada?

- Porque... Arg! Granger, você é uma garota incrível, a mais inteligente e linda que conheço... Mas isso você não entenderia. Sempre a garota de ouro, cercada pelos corações fortes, honra, com arrependimentos tão nobres... Que espaço haveria na sua vida para alguém como eu? Não admite que me quer por perto Granger, talvez não esteja pronta para faze-lo, ou eu entendi errado e não me quer realmente por perto. Talvez só tenha na cabeça alguma obrigação por eu ter te ajudado antes. Talvez os meninos tenham te obrigado a acompanhá-los, não é? A eterna babá da dupla dinâmica.

- O que você está falando não faz sentindo, Pansy! Arrependimentos nobres? Não há nada de nobre em não ter tido o bom senso de te procurar antes, por medo! Isso é complicado até para mim, Parkinson, não consta em nenhum livro como se aproximar de alguém que passou anos da sua vida apenas te xingando e desmotivando, por mais que ela lhe atraia! Também não te vi fazendo qualquer esforço! Você também não admite e não consegue falar sobre suas inseguranças sem atingir, porque não está acostumada a se mostrar como realmente é para outras pessoas. - Respirei fundo, jogando tudo o que pensava de uma vez, enquanto ela me encarava com uma expressão de surpresa e mágoa. - Mas... Eu quero conhecer você. Sabe? Seu verdadeiro eu. Mas porque você olharia para mim? Não fui capaz de te ajudar como você me ajudou, não te apoiei quando tudo terminou, não consegui demonstrar o quanto queria sua amizade... Somos um poço de incertezas e inseguranças, pelo visto. - ri sem humor, incapaz de encarar seu olhar. Pansy, no entanto, segurou meu queixo com carinho entre o indicador e o polegar, obrigando-me a olhar em seus olhos. Tão linda...

- Somos um poço de incertezas, inseguranças, medos, obrigações... Quantas vezes pusemos nossos deveres ou os outros acima de nós mesmas? Você está certa em tudo o que disse, pra variar. Me perdoe. Vamos tentar de novo, apresente-me Hermione Granger, a única garota que consegue me prender apenas com esses olhos castanhos tão maravilhosos... - não consegui não corar novamente, com o coração ridiculamente acelerado. Por um momento, cheguei a esquecer o que estava ao nosso redor e me concentrava somente na sonserina.

Entretanto, um barulho se fez presente e nos afastamos quase que instantaneamente. A mesma mulher que tínhamos encontrado na praça, com o vestido vermelho e os belos cabelos loiros, nos encarava com um sorriso falso.

- Oh, olá novamente meninas. Que grades incômodas, não é mesmo? Permitam-me. - com um aceno da minha varinha, a porta se quebrou de rompante. - Ops, queiram me perdoar, faz tempo que não pratico com a varinha, entendem? Serão inteligentes se me acompanharem agora. - tornou a falar com uma voz mansa, enquanto apontava a varinha em nossa direção. Pansy estava prestes a soltar um xingamento, mas a detive, partindo na frente para sair.

A seguimos para outra ala, mais próxima, onde inúmeras mulheres se posicionavam. Algumas arrumadas, outras praticando diferentes habilidades... Algumas conseguiam forçar sorrisos, mas a maioria só conseguia impedir que as lágrimas descessem. A atmosfera do lugar era deprimente e revoltante.

Seus movimentos eram tão repetitivos a ponto de serem mecânicos. Pareciam bonecas, fazendo o que lhes era ordenado sem questionar. Presas e domadas dentro dos próprios corpos.

O espírito quebrado implorando por alguma uma esperança. Qualquer uma.

- Minhas garotas são compradas por qualquer ser que tenha o suficiente para tal! Fazem de tudo, escravas de primeira. - falava com uma animação doentia. - Elas me orgulham, fazem de tudo para serem perfeitas... Perfeitas! Eu digo. E vocês, bruxas profetizadas, são a grande novidade! Seu tipo de magia é totalmente nova, por isso estão reservadas para o Lorde. Devem se sentir honradas.

Ela nos levou até uma espécie de palco improvisado, onde nos mandou ficar e seguiu para uma poltrona de estofado vermelho. Sentou-se com uma postura de rainha e pediu para uma das meninas lhe servir uma bebida, mas quando puxou o copo, ela mesma esbarrou e fez com que a menina derramasse um pouco do líquido no chão. As outras ficaram imediatamente tensas e se viraram para a madame vermelha. A mulher estava quase da mesma coloração que seu vestido, olhando irritada para a garota.

- O que foi que eu disse sobre a perfeição, minha querida? - a voz calma reverberou pelo local. A garota abaixou a cabeça e começou a murmurar pedidos de desculpa, trêmula.

- Ei, tudo bem, minha menina. - Agora estava em pé, acariciando os cabelos da menina mais baixa que ela. Tamanha foi a minha surpresa com o tapa que a mulher lhe deu. O barulho fez eco e a bochecha da menina ficou instantaneamente vermelha.

- Perfeição, minha querida. Eu não admito falhas nos meus produtos. Crucio. - a garota caiu no chão, aos gritos, enquanto a mulher ria animada.

- Vocês tem a beleza e a serenidade que todos tanto apreciam, mas também quero que sejam obedientes. Sabiam que as mulheres sempre estiveram por trás de todos os grandes projetos? É assim que deve ser. Como lindas bailarinas dançando conforme a música que toca incessantemente, completamente independente de sua vontade, dando passos e passos atrás das cortinas. Submissas para que o mundo gire nos eixos corretos. PERFEITAS!

Fez um movimento com a varinha, recitando um feitiço desconhecido, mas muito semelhante a maldição imperius. Todas as moças que estavam no recinto começaram a se mexer quase como marionetes. Elas começaram a mover as cortinas da extremidade do recinto e imediatamente fiquei horrorizada, pelo canto do olho vi Pansy perdendo a cor diante daquilo.

Algumas garotas estavam jogadas, desnutridas e feridas em um canto escuro com chão de pedras. Tinha umas com os dois pulsos presos nas paredes, o corpo pendendo de forma displicente e dolorosa, podendo apenas se ajoelhar. Suas cinturas estavam cortadas, assim como os braços e as coxas, como quem molda uma estátua e retira o material que não ajuda na forma. Alguns estavam cicatrizando e deixando marcas horrorosas no tecido marcado pela carne ausente, mas muitos ainda estavam abertos e provocavam dores angustiantes. Outras estavam de pé, posando, cercadas por fios que perfuravam suas peles, fazendo filetes de sangue escorrerem por toda a extensão de seus corpos, ameaçando suas vidas se ousarem sair da posição imposta.

A estrondosa maioria, porém, tinha a boca como que colada e o rosto impassível e artificial.

Uma verdadeira tortura.

- Viram o que acontece com quem me desafia? Elas não foram perfeitas. Seus corpos não foram perfeitos. TOTALMENTE INSUFICIENTES! Eu tento dar todo o apoio e carinho que minhas princesinhas necessitam, tento com todo o amor fazer com que aceitem o que já é exigido pelos sistemas do mundo inteiro! E como me agradecem? Se rebelando, lutando, pensando diferente. Não suporto tanta balbúrdia desnecessária. Sua ousadia não tem espaço aqui. Sua liberdade não tem espaço aqui. EU QUERO TUDO DOS MEUS PRODUTOS, ATÉ A SUA FORÇA DE VONTADE! - gritava para todas ouvirem. Era perceptível o ódio e a dor que as garotas sentiam, mesmo quando eram obrigadas a reverenciar aquela louca. O feitiço parecia infligir grandes danos físicos e psicológicos.

Rapidamente voltou sua atenção a garota no chão, que ainda tentava se recuperar.

Ela tornou a usar o crucio.

- Faz tantos anos que não faço alguns feitiços divertidos como esse. - cantarolava sem desviar a varinha, a risada se sobressaindo aos gritos. Algo nela me lembrou Belatriz Lestrange quando me torturou na mansão Malfoy.

Faz tempo que eu não sentia tanto ódio e sabia que Pansy não estava em um estado diferente. Aquela situação era bárbara e absurdamente impactante. Tentei fechar os olhos com força para verificar se tudo aquilo não era um pesadelo. Em vão. Os gritos continuavam, provando que tudo era real e exigindo uma ação, não importando qual seja seu nível de imprudência.

Quando dei por mim já estava agarrando a mulher por trás e a obrigando a desviar a mira. Ela se debatia e diferentes maldições foram sendo lançadas pelo lugar. As moças se abaixaram e umas se arrastaram até a menina caída, ajudando-a. Pansy logo estava ao meu lado e juntas tentamos segurar a mulher, que era bem mais forte do que aparentava. Ela bateu com o cotovelo no meu rosto, virou-se com violência e me acertou com um soco, fazendo com que perdesse o equilíbrio. Assim que me viu caindo, chutou Pansy na barriga com uma força e precisão assustadora. Entretanto, antes da sonserina partir para revidar, ela já apontava de forma ameaçadora a varinha contra mim, com um sorriso vitorioso, tendo manchas de ematomas começando a se formar pelo corpo.

- Lindas bruxinhas, não viveram tempo o suficiente sem magia para me vencerem com as mãos nuas. Agora, serão devidamente castigadas e depois levadas até o lorde, tudo bem? - aquele tom de voz meloso e extremamente irritante logo foi cortado por uma rajada de feitiço que foi habilidosamente desviado por pouco, mas potente o suficiente para atira-la no chão.

Durante a confusão que arrumamos, a porta tinha sido aberta de maneira imperceptível e algumas pessoas entraram, sendo lideradas por uma mulher alta e de postura rígida. Com uma varinha em punhos, apontava para a nossa agressora.

- Mas eu sim, Madame Cercy. - disse com deboche.

A mulher, que agora descobri se chamar Cercy, fazia esforço para se levantar, ainda sem perder o sorrisinho, o qual foi devolvido pela outra com petulância.

- Haddley, minha queria, não devia está presa? Bem, suponho que agora isso não importe. Você sabe que sou uma das favoritas do líder, não irá me matar se não quiser enfurece-lo.

- Que sorte então que isso seja exatamente o que pretendo.

A garota lançou uma série de feitiços precisos. Cercy desviou e contra-atacou. O duelo vigoroso foi incrivelmente travado com uma dedicação assassina e nenhuma das duas recuava ou parecia se importar com o resto do mundo. O sucesso daquela invasão dependeria daquela luta.

- Você vai pagar pelo que fez! - rugia a bruxa chamada Haddley.

- Se estivesse no meu lugar, garota, entenderia. É muito mais prazeroso sentir superioridade do que empatia. A natureza deu inúmeros dons para as mulheres, apenas estou fazendo com que enxerguem isso. Eu nasci com magia, nasci no padrão, e é muito melhor ser a banda que toca do que a bailarina que dança. - riu alto, achando graça do próprio egoísmo nefasto. Insistindo nessa metáfora irritante e assustadoramente real para suas prisioneiras.

- Sinto uma imensa pena de você. O quanto teve que se submeter a ponto de desejar tanto oprimir? O poder é tentador, mas quando usado de maneira incorreta é completamente desperdiçado. Nós mulheres somos fortes e capazes de vencer qualquer inimigo. Sistema algum é capaz de nos deter ou nos calar enquanto estivermos unidas e fortalecidas no desejo comum de liberdade. Somos todas maravilhosas ao nosso modo. Sua ideia doentia e fantasiosa de "perfeição" não passa de mais uma forma criada para tentar deter o potencial feminino. Esteriótipos reduzem a dimensão humana e você nunca mais nos enquadrará nessa casa de boneca de merda. Chega de ser marionete, estamos tomando as cordas e comandando nossos próprios destinos, ao som da nossa própria música!

O duelo continuou fervoroso, com grandes rajadas de poder competindo e se chocando.

Enquanto elas duelavam, os outros invasores aproveitaram a chance para salvar as garotas dos feitiços e ajudarem em sua recuperação e libertação.

Algo curioso, no entanto, ocorreu. Quando a mulher vermelha estava prestes a mandar outro feitiço poderoso, sua magia pareceu vacilar e sair do controle. A oportunidade perfeita...

- Avada Kedavra. - gritou a rebelde, em um ataque rápido e certeiro.

Depois disso, o salão foi pego em um silêncio tenso. Pansy, na primeira oportunidade, correu para me ajudar a levantar (na minha posição tive que me manter abaixada por causa dos feitiços) e me abraçou com força. Não hesitei e retribui com emoção. O medo que tomou conta logo foi se abrandando e pudemos enfim respirar devidamente.

A garota, que se apresentou como sendo Marli Hedlley, nos contou de seu encontro com Leo e de seus planos para irem até o líder. Ouvi a sonserina suspirar em alívio ao saber que um de seus amigos estava bem, mas quando perguntou sobre ele, recebeu como resposta apenas o fato dele ter ido atrás dos outros. Pelo visto, os grupos de ex-prisioneiros estavam se espalhando.

Peguei a minha varinha que estava jogada próximo ao cadáver e voltei a tempo de vê a Hedlley devolver a da Pansy, contando com detalhes sobre como conseguiram invadir a área de varinhas, que são disponibilizadas pelo próprio líder aos seus subordinados por conta de sua raridade.

Depois disso, nos reunimos a rebelião para prosseguir. As garotas presas foram libertadas e ajudadas por bruxos que sabiam alguns feitiços de cura.

Todas as moças presentes já se mostravam aptas para partir em direção ao próximo confronto. Não havia tempo para mais temor ou hesitação. O exército de rebeldes entrou com dezenas e sairá com centenas. Seria questão de tempo até todos estarmos reunidos contra o Manticora.

Não era hora de descansar, nós faríamos acontecer. 


Notas Finais


Me desculpem qualquer erro ou se o capítulo deixou a desejar... Ocorreu uns imprevistos, mas não quis adiar a publicação... ;-;
Espero de verdade que tenham gostado. Lembrem de votar e comentar, se gostarem e assim preferirem, pois me anima bastante e é sempre bom saber sua opinião. Tava cheia de referências, mas acho que consigo melhorar em uma outra oportunidade :') contece né?

• Referência a obra: O Vendedor de sonhos, de Augusto Cury.

Enfim, até a próxima!! Beijinho do leão 🦁

Fiquem bem.


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