História Duas Malucas em Kimetsu no Yaiba! - 66 - Tempo

—Lily—

Estava prestes a escurecer, eu já havia arrumado tudo, coloquei a mochila nas costas e peguei minhas malas. 

— Vai voltar? — olhei para o lado e vi Mitsuri me encarando com pesar. 

— Vou passar um tempo fora. 

— Você está doente, não deveria se arriscar. 

— Eu tô bem, eu vou passar no hospital antes de ir. Avise aos outros para que não me procurem. — falei já descendo as escadas com minhas coisas, ela me segue. 

— Por que você vai?! Não deveria! É perigoso, com o espírito da Mei a solta, sabe-se lá o que vai acontecer! E a Mahina...ela precisa de você! — eu sorri e me virei para ela. 

— Eu sou a pior coisa que pode acontecer a ela no momento. — comecei a colocar minhas coisas no carro. 

— Pelo menos me diga pra onde vai! Se não for por mim ou pela Mahina, pelo Rengoku! Já está difícil pra ele suportar seu afastamento, seu isolamento, acha mesmo que ele vai conseguir suportar sequer te ver?! — aquelas palavras partiram meu coração. 

— Eu preciso me isolar completamente, já machuquei e estou machucando pessoas o suficientes. — falei fechando a mala do carro. 

— Por favor, repense! — ela segura minha mão, eu sorri e afaguei seus cabelos. 

— A melhor coisa agora...é vocês ficarem longe de mim. — ela me solta, com lágrimas nos olhos. 

— Lily-chan! — ela implora. 

— Até a próxima, Mitsuri. — falei e entrei no carro. 

—Rengoku—

Acabei ouvindo o final da conversa entre Mitsuri e Lily, fui correndo até elas. 

— LILY! — gritei a fim de que ela não se fosse, tarde demais, ela deu partida e saiu sem nos falar nada — Pra onde ela vai?! — perguntei desesperado para Mitsuri, esta que chorava. 

— Desculpa...eu não posso! — ela entra em casa chorando. 

— MERDA! — soquei a parede e caí de joelhos no chão, escondi o rosto com as mãos enquanto chorava — Por que me deixou...?! — meu celular toca, peguei e vi ser do hospital, o que eles queriam? — S-Sim? 

— Sr. Rengoku? — essa voz...é o médico que atendeu a Lily naquele dia! 

— Ele mesmo, precisa de algo? 

— Eu gostaria de informar que devido à falta de atenção da enfermeira, ela trocou os exames da Srta. Lily. — fiquei surpreso. 

— Oi?! 

— Ela trocou os exames pelo de outra mulher que atendemos naquele dia. A Srta. Lily não está com anemia. — suspiro aliviado. 

— Então...o que deu o resultado? 

— Sobre isso...bom, o resultado foi... — arregalei meus olhos com o que ele disse em seguida. 

— O QUE?! — fiquei desesperado. 

—Lily—

  Assim que cheguei ao hospital, fui direto pra recepção, mas, antes de falar alguma coisa, o médico que me atendeu chegou. 

— Srta. Lily! Que bom que está aqui! Eu acabei de falar com seu namorado sobre os seus exames! — ele disse sorridente. 

— Ah...sobre isso...eu gostaria de saber sobre o meu exame...

— Antes, eu gostaria de lhe parabenizar! Não se é toda mulher que tem essa sorte! — fiquei confusa. 

— Como? 

— Seu exame foi trocado pelo exame de outra moça, a senhorita não está com anemia! — suspiro aliviada. 

— Que bom! Assim posso viajar em paz...

— Vai viajar? 

— Vou passar um tempo fora. — falei sorrindo — Mas...então, por que eu desmaiei? Qual foi o resultado do exame? — ele sorriu. 

— Bom...acho melhor você se planejar bem... — fiquei confusa. 

— Não estou entendendo... 

— A Senhorita está... — arregalei meus olhos — Grávida. — meu mundo perde o chão. 

— Como?! 

•••

Depois de me acalmar, eu saí do hospital, entrei no carro e respiro fundo, olho para minha barriga e sorri. 

— Pelo jeito, vamos ser apenas você e eu... — acariciei minha barriga, suspiro e boto as mãos no volante, ligo o carro e dou partida. 

—Rengoku—

Eu ouvia gritos do lado de fora, mas não me importava, eu estava trancado no quarto de Lily, vendo que ele só tinha a mobília e algumas fotos...ela nem sequer levou as fotos...

Peguei a foto que tinha ao lado da cama, era uma foto nossa na praia, eu sorri deixando mais lágrimas rolarem por meu rosto. Seu sorriso...esse sorriso é tão lindo...me deixa tão...bem! 

— Por que me deixou? — pergunto olhando para ela na foto, engoli em seco e afundei o rosto no travesseiro. 

Eu odeio a forma que você se culpa, a forma que você se acha insuficiente, a forma que se acha fraca, a forma que acha que o melhor pra tudo é se isolar...mas eu me odeio mais, me odeio por não conseguir te odiar, te esquecer...Lily...você me destruiu, mas sei que pode me concertar de novo...você sempre faz isso, então, por favor...volta...! 

Três dias depois... 

—Lily—

Suspiro aliviada quando finalmente termino de arrumar tudo. 

Eu estava agora em um chalé que ganhei de presente na Paraíba, dias antes da morte do meu tio, ele me deu esse presente, e eu só havia vindo aqui algumas vezes para passar as férias, o chalé era em um lugar isolado, mas bonito, cheio de janelas. Uma parede do meu quarto é feita inteiramente de janelas que vão do teto até o chão. Estava chovendo, deixando todo o ambiente lindo e tranquilo para mim. 

Me joguei na cama e peguei meu celular, vendo que haviam várias mensagens do pessoal, suspirei e apenas visualizei, bloqueei as notificações do whatsapp e fui ler um pouco no Wattpad. Eu vim para me isolar, e vou fazer isso. Me desculpem pessoal, mas é o melhor. 

Não demorou muito e eu peguei no sono. 

Um lugar lindo...eu estava em um jardim de girassóis, em pleno pôr do sol, eu sorri vendo aquela paisagem, mas, logo tudo mudou, se tornando um lugar completamente branco, me causando agonia. 

— Que merda é essa? — olhei ao redor e me assustei ao ver Mahina chorando e gritando em desespero, do outro lado, Sanemi estava caído de joelhos, chorando por ela. 

— Vê? — me arrepiei com a voz de Mei — É isso que vai acontecer com ela caso não se junte a mim...você já se isolou de todos, se quer o bem da criança que carrega em sua barriga, se quer o bem da sua querida irmã e de seus amigos...se junte a mim...só eu posso te trazer paz. — me virei para ela, tentando acertar um soco nela, mas acertei apenas o ar naquela imensidão branca — Querida, nada do que você fizer vai adiantar, o seu destino só tem esses dois caminhos...faça sua escolha antes que seja tarde... — travei a mandíbula. 

— Sua VADIA! NOS DEIXE EM PAZ! — gritei olhando ao redor, atrás dessa puta, ouvi apenas sua risada ecoando. 

— Sua paz e a deles depende de você... — sinto ela atrás de mim, suas mãos seguram meu rosto — Você é a herdeira do universo...o destino se resume ás suas escolhas...escolha com cautela, ou vai ver as cabeça de quem ama rolando pelo chão... — logo o cenário mudou, eu estava em uma floresta, arregalei os olhos, sangue ganhava o chão, aos meus pés, as cabeças de quem amo. 

Olhei desesperasa para minhas mãos que estavam cobertas de sangue. 

— NÃO! — gritei me acordando em um pulo, olhei ao redor e respiro aliviada — Maldita! — soquei a cama, logo respiro fundo, me acalmando e colocando a mão em minha barriga, eu preciso manter a calma, preciso proteger esse bebê que está na minha barriga...preciso dar tudo de mim! 

Continua...