— Olha o que temos aqui? — Taehyung diz saindo do beco por onde eu tinha que passar para chegar em casa. Suspiro e olho em sua direção.
— O que foi agora?
— Eu... Só estava carente! Mas veja, te encontrei quando mais precisava. — Se aproxima. Dou passos para trás e ele ri debochado. Rapidamente Taehyung me segura e puxa para dentro do beco na parte mais escura e me prensa contra a parede. Forço meu corpo tentando me afastar, mas o idiota era mais forte.
— Me solte... — Estou te avisando Taehyung.
— Vamos brincar um pouco. Prometo não machucar muito se for uma boa garota. — Ele desliza sua mão pela lateral do meu corpo enquanto a outra prende minhas mãos acima da cabeça.
— Não ouse fazer isso! — Disse rude fitando ele horrorizada. Seu toque era invasivo demais. A distância era curta e eu podia sentir sua respiração quente próxima ao meu rosto.
— Porque? O que vai fazer?
Sem esperar uma resposta se curva em direção ao vale entre meus seios dando selares no local. Os beijos molhados dele eram suaves carícias que logo se tornaram chupões dolorosos que com toda certeza deixaria marcas roxas. Meu corpo tremia já esperando o pior daquele garoto.
— PARA TAEHYUNG... Gritei e escutei seu riso baixo. — Isso machuca! — Falei num murmuro choroso mordendo os lábios numa tentativa de engulir o choro e as lágrimas que queriam cair a todo custo.
— Então seja boazinha.
Respiro fundo e paro de tentar me soltar. Seus lábios retornam a beijar minha pele subindo pelo meu pescoço deixando chupões mais leves.
Tremendo de medo do que ele poderia fazer, por vezes prendo a respiração. O que não passa despercebido por Taehyung.
— Sabe Sn... Não tem graça se você chorar! — Diz se afastando para me encarar.
— Claro! Quer que eu seja estrupada e fique como? Sorrindo! — Disse alto deixando a raiva sair. Eu já não me importava se estava chorando ou não. Se estava assustada ou qualquer outra coisa.
— Estupro? Eu nunca faria isso. Não seja tola! — Diz sério. Taehyung pela primeira vez pareceu indignado e um pouco menos louco e problemático.
— Não? E o que está fazendo agora? — Disse com sarcasmo o encarando. — Está me tocando sem a minha permissão. Isso é abuso!
— Sn... Achei que quisesse. Foi mal!
— Pareço querer algo pra você? É cego, surdo ou tem problemas pra entender que eu NÃO quero nada com você. Eu quero distância de você Taehyung.. Distância! — Falei olhando em seus olhos esperando que ele entendesse de uma vez por todas aquilo.
Mas era pedir de mais.
— Você ainda vai dizer que me quer Sn!
Ignoro ele pegando minha bolsa que agora notava estar no chão do beco, me afastando dele e daquele lugar.
Ele me segue, mas nem ligo.
“O que eu faria mesmo? Taehyung era podre de rico. No caso seus pais, eles sempre limpavam às merdas que Taehyung fazia, e eu... Eu só era alguém sozinha tentando sobreviver nessa sociedade corrupta.
Como sei dessas coisas sobre Taehyung? Eu já vi muita coisa depois que ele decidiu em sua cabeça doente que eu vou ser dele. E desde então vem me perseguindo.”
Nem noto quando chego em casa. Pego a chave nervosa e tento colocar na fechadura, mas ela cai.
— No fundo sabe que eu não faria aquilo! —Taehyung diz baixo num tom suave, pega minha chave e abre a porta.
Eu não tinha certeza de nada, e isso só aumentava em relação esse garoto estranho que me persegue. Será que sou tão divertida aos seus olhos? Volto a ignoro ele entrando na minha casa e fechando a porta. Deixo as chaves na mesinha de centro juntamente com a bolsa.
Suspiro alto indo pro banheiro. Precisava relaxar.
A cada dia que passava só tenho mais certeza... Esse garoto era muito mais que estranho. Taehyung parecia ter duas pessoas diferentes dentro de se mesmo. Como gêmeos sabe? Enfim, não era da minha conta. Então resolvi ignorar. Era o que eu sabia fazer de melhor. Ignorar os problemas.
[...]
Desço e me encaminho pra mesinha que sempre tomo café, peço um capuccino.
Olho a tela do celular que brilha com uma notificação.
— Então você é o novo brinquedinho dele certo? — Uma mulher falou e estendeu um cartão rosa choque com um pequeno desenho de laço preto na ponta. Ergui o olhar e vejo o sorriso dela se estender. Pego por educação.
— Do que está falando? — Perguntei prestando atenção.
Elas se sentam nas cadeiras vagas. A morena de olhos castanhos claros sorri ladina e me encara.
— Prazer Gabrielle. — Diz a que me deu o cartão. — Essa é Alice. — Apontou pra uma loira com mechas prateadas. — e está é Monique. Também passamos pelo mesmo.
Olhei pra todas sem entender muito bem do que se tratava. Elas pareciam bem sérias ao falar comigo.
E como se fosse perseguida por ele. Seu nome surge.
— Falamos do V. — Alice diz olhando sutilmente o garoto sentado no mesmo lugar de sempre. Não escondo a surpresa de ouvir aquilo da boca dela, que deve ter ficado bem estampada e por tempo demais no meu rosto. Já que a mesma sorri pequeno, como se entendesse.
— Não se preocupe. Ele sempre larga quando se cansa. — Fala Monique, dona de olhos verdes lindos e belê morena de dar inveja.
— Só precisa ser obediente e não vai se machucar. — Alice disse e as outras concordaram. Elas diziam calmamente e num tom bem baixo.
— Quer dizer que vocês foram agredidas e não sei mais o que? E agora está tudo bem?
Confirmam um pouco tristonhas. Suspiro alto e meus olhos encontram o alvo. Ele estava calmo hoje.
— Ninguém fica bem depois de passar por isso, e eu não sou o brinquedo dele. — Falei convicta.
— Mas ele acha que você é! — Gabrielle retruca séria.
— Que ele continue sonhando então! Por que garotas — olhei para cada uma delas — eu não vou cair nesse joguinho dele.
— Acha que não tentamos ignorar? Nunca deu certo. Acha que fomos as únicas que foram pegas por ele? Não. E provavelmente não seremos. Há muitas outras.
Monique falou um pouco alterada, era como se lembrasse de tudo que já viveu com o motivo de estarmos reunidas.
— De qualquer forma Sn, se precisar de alguém pra conversar ou apenas desabafar pode ligar. Vivemos no mesmo prédio e esse número é de lá. — Alice diz se erguendo.
Elas se erguem e vão embora.
Fiquei pensativa. Quantas já sofreram por esse idiota? Empurro os pensamentos sobre ele pra bem longe e retorno ao trabalho.
[...]
Nada melhor do que tomar um banho depois de um longo dia de trabalho, e após comer algo ir pra cama.
Acordo com o celular tocando. Sem olhar atendo e a voz rouca arrepia cada pequeno fio sobre a minha pele. Estava tão cansada dele que quase desligo se não fosse pelo choro de alguém ao fundo.
Esse idiota.
— Sn.. — Taehyung diz suave como se fosse música. Suspiro e escuto ele rir.
— O que foi agora Taehyung? Já não basta me irritar de dia, agora resolveu fazer isso a noite também?
— Como sempre você é a melhor Sn. O que está fazendo? Por que sua voz está tão gostosa?
Escuto um estalo e alguém ao fundo dizer algo num sussurro abafado.
— Falando com um idiota! O que você está fazendo? — Resolvi perguntar. Não que quisesse saber, mas se ele estava machucando alguém, meio que queria que o mesmo parasse. Taehyung resmunga e suspira quase que gemendo.
— Algo que você não iria gostar! — Riu. — Continue falando, quero ouvir sua voz.
Não sei se aquilo era o que eu pensava ou se eu estava indo longe demais nos pensamentos, mas era estranho.
— Por que não nos encontramos amanhã? Com uma condição é claro.
— E qual seria? — Perguntou no tom de voz que eu já estava acostumada a ouvir.
— Pare o que está fazendo!
Ele gargalhou e o choro no fundo parou. Era como se ele tivesse se afastado.
— Já parei. Nos encontramos amanhã. Sonhe comigo. — Disse e desligou.
Olhei pro aparelho em mãos e me amaldiçoei. Como posso ser tão boazinha assim? Salvo a pele dos outros e quem salva a minha? Argh! Se é que ele parou mesmo o que estava fazendo. Não sei se ele é confiável.
Com muito esforço consigo voltar a dormir, só que desta vez tendo um pesadelo
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