1. Spirit Fanfics >
  2. Durmstrang >
  3. 1 Ano - Ramsay, Aleto e Dongo

História Durmstrang - 1 Ano - Ramsay, Aleto e Dongo


Escrita por: venus89

Notas do Autor


Heeeey
Desculpe pelo atraso! Hehehehe
Estive muito ocupada esse fds
<3
Mas aqui vai, um capítulo novo e bem grandinho
Beeeijos

Capítulo 7 - 1 Ano - Ramsay, Aleto e Dongo


Fanfic / Fanfiction Durmstrang - 1 Ano - Ramsay, Aleto e Dongo

Capítulo 7

Ramsay, Aleto e Dongo

Ramsay acordou levando uma pancada com um pesado travesseiro. Estava sonhando que duelava contra um rabo córneo húngaro e ficou relativamente aborrecido por ter despertado antes do desfecho da batalha. Com os olhos ainda cheios de areia e com a mente ainda a relutar a despertar de vez, Ramsay espiou quem seria o responsável pelo travesseiro e viu Markus.

-Vamos, são cinco e meia. – Disse ele parecendo muito desperto. Olhou para ele sem entender o motivo para estar sendo acordado às cinco e meia. A única opção lúcida para estar sendo acordado às cinco e meia era só se fosse cinco e meia da tarde, não da manhã. Mas se fosse cinco e caralhadas da tarde, isso significava que ele tinha perdido um dia inteiro de aulas e as chances de derrotar aquele rabo córneo agora eram ainda menores – Vamos, Ramsay. Levanta.

Ramsay bufou e se sentou olhando pela janela. Estava escuro. Escuro demais para serem cinco da tarde. Apesar de que estavam muito ao norte, talvez escurecesse mais cedo naquele lugar..., mas ainda era verão. Final do verão, mas ainda assim, verão. Não fazia sentido. Não fazia. Então... só podia significar que não era muito tarde, mas absolutamente cedo. Cedo demais. Olhou para Markus, incrédulo, e o observou pegar uma toalha, escova de dentes e uma bolsa cheia de poções. Talvez coisas de higiene pessoal. Mas por que às cinco da manhã? Já custava a levantar às nove...

Só levantava antes das nove quando era dia de sua mãe alimentar os chifres longos romenos, sua espécie favorita. Gostava de observá-la de longe, já que ela raramente deixava que ele se aproximasse demais dos dragões.

Balançando a cabeça e tentando acordar, olhou ao redor e notou que algumas pessoas já estavam mesmo se levantando e indo para o banheiro. Bufando, pegou suas coisas e se colocou de pé. Pegou o que precisaria no banheiro e foi até o banheiro, ao lado de Markus.

Era um lugar grande, com várias duchas e boxes de pedra. Seis boxes, na verdade. Dois deles já estavam sendo usados. Três garotos se arrumavam para o café da manhã. Os gêmeos Dragutin e Adenauer. Cumprimentou cada um deles e entrou em um boxe vazio para se lavar. Depois de fazer tudo o que precisava no banheiro, voltou só de toalha para o quarto e subiu em sua cama, fechando as cortinas para se vestir. O uniforme quente ajudou a espantar o frio e ele se perguntou se teriam que achar o refeitório no escuro.

Sua mãe lhe avisara sobre isso. Que Durmstrang era um castelo escuro e gelado. Ela contara tudo sobre a escola. Fora lá que ela conhecera o pai dele. Ele era o veterano dela. Pietro. Ela contara que ele era excelente em quadribol e melhor ainda em duelos. Mas as poções dele eram seu ponto mais forte. Um mestre de poções, era o que ele era. Provavelmente o cara mais legal do ano. Sua mãe garantira que sim.

Sua mãe também era muito legal. Ela trabalhava com dragões, não tinha como ser mais legal do que isso. Eram apenas os dois, já que ela era filha única e órfã de pai e de mãe. Claro. Sabia que os avós maternos eram bruxos também. Sua mãe dissera que eram. Eles trabalharam no ministério, mas ambos tinham morrido quando ele era bem novo.

A família do pai ele não conhecia, nem mesmo o nome. Seu pai brigara com a família quando era bem moço e foi pra Romênia trabalhar com dragões. Não era a vida que a família queria pra ele. Queriam que ele tivesse um trabalho mais seguro e que desse mais prestígio. Que trabalhasse num banco, ou num ministério. Ou qualquer coisa assim.

Mas seu pai escolhera uma vida de aventuras ao lado de sua mãe e acabou morrendo quando Ramsay era muito novo. Morreu para salvar um garoto que quase foi morto por um rabo córneo húngaro. Não se lembrava disso, claro. Devia ter uns dois ou três anos quando aconteceu. Sua mãe disse que ele estava com os pais dela no dia. Mas mesmo assim, vez ou outra, sonhava com os dragões e um bruxo a duelar com eles. Algumas vezes ele mesmo era o bruxo. Vez ou outra o sonho era tão intenso, tão realista, que acordava sentindo o calor das chamas. 

Era conhecido por todos os tratadores da reserva. Ele era o filho do herói. Pietro Sorge. Sua mãe também era muito querida e respeitada lá. Alguns até davam em cima dela e ele tinha os favoritos para se tornarem namorados dela, mas sua mãe, apesar de já ter tido uns rolos com alguns, nunca quis nada duradouro. Acreditava que no fim das contas, nenhum daqueles ali seria tão incrível quanto o herói que abandonou tudo apenas para viver ao lado dela.

 Se perguntava se iria conhecer o amor de sua vida na escola. Até tinha perguntado isso para a mãe, mas ela disse que provavelmente não. Que ele iria se formar e arrumar um bom emprego, algo que ele gostasse. E então, quando estivesse maduro o suficiente, ele iria conhecer o grande amor de sua vida. Mas antes disso, ele provavelmente iria se apaixonar várias e várias vezes.

Porque o amor da sua vida, raramente, é uma das suas primeiras paixões. Existe um número mínimo de corações partidos que devem ser superados antes de encontrar o amor de sua vida, ou ao menos era o que sua mãe sempre dizia.

Já vestido, mirou o retrato de sua mãe e sorriu para ele. Tinha colocado o porta-retratos com uma foto dela na cabeceira da cama. Nunca tinha ficado muito tempo longe dela e, pra ser sincero, a ideia de ir para a escola tinha sido um pouco assustadora. Vivera apenas na reserva, toda sua vida. Sempre com um tratador diferente a vigiá-lo, ou a ensinar uma coisa ou outra, como escrever, como a falar russo, alemão e inglês... Ramsay queria até aprender um pouco de italiano, já o pai era italiano, mas não tinha ninguém na reserva que falasse o idioma. Talvez fosse ver se tinha como aprender na oficina de línguas, aos sábados. Ou será que seria apenas alemão que se aprendia ali?

Mirou o retrato de sua mãe e alguém sacudiu suas cortinas.

-Vamos, Ramsay? – Perguntou Markus do lado de fora. Se despediu em silêncio de sua mãe, pegou sua varinha, que obviamente tinha núcleo de corda de coração de dragão, a enfiou no bolso do casaco, pegou o chapéu marrom que tinha ganhado da escola e abriu as cortinas, animado com o dia que viria pela frente.

Markus Wolf o esperava ao lado de sua cama. Eram vizinhos, na verdade, e o colega colocava alguns frascos no bolso do casaco, parecendo apressado. O dormitório estava todo aberto e parecia que quase todo mundo estava pronto, ou em vias de ficar.

-Aaaah... – Bocejou a menina linda, que se chamava Adelaide-Alguma-Coisa. Ele suspirou a vendo prender o cabelo num coque, já que era o penteado obrigatório feminino pelas cinquenta e tantas regras de conduta – Está tão cedo. Quantas horas?

-São seis horas já. O café já começou a ser servido. – Respondeu Flamel e ele olhou para ela – Depois do café temos que ir ao saguão de entrada pegar nossos horários, ver o mapa da escola e escolher nossa atividade. Ainda não sei quando escolhemos nossas atividades, mas vou pegar esgrima.

-Imaginei que você fosse querer nadar. Não lutar. – Murmurou o garoto Rasputin.

-Nesse frio? – Perguntou Flamel se fechando melhor dentro do casaco – De jeito nenhum. Eu vou de esgrima. É bom que fortalece os músculos do braço e aprimora o senso de equilíbrio e de coordenação motora. Certamente vai ser de ajuda no meu estudo de poções.

-Você já está pensando nisso? – Perguntou Rasputin.

-Essa daí já tem a vida planejada. – Riu Adelaide e Ramsay suspirou olhando para ela. Como ela consegue ser tão bonita? Parece até aquela veterana legal, a Nymeria...

  -Pare de encarar as meninas e vamos. – Disse Markus com um sorriso debochado e Ramsay sacudiu a cabeça para sorrir em seguida.

-Opa. Você se lembra como chega no refeitório?

-Sim. Não é um caminho longo. O problema é só a escuridão. Está pronto?

-Sim e você?

O garoto pegou uma esfera de vidro, cheio de fumaça branca.

-Sim, tudo certo. – Respondeu ele guardando a esfera de vidro e Ramsay piscou, curioso.

-O que era isso?

-Ah... É um lembrol. Meu pai comprou pra mim. – Disse Markus olhando com orgulho para o próprio bolso – Vamos?

Ramsay concordou, mesmo que não soubesse o que era um lembrol, e os dois foram até a porta. Muitos calouros estavam ali na porta, meio que esperando o primeiro a ter coragem para atravessar.

-Saiam do caminho, por favor. Se vão ficar parados aí, deem licença. – Disse uma voz mandona. Se virou e viu Aleto Anguis acompanhada de duas meninas. Uma de olhos grandes e castanhos, com jeitinho feliz e um rosto cor de rosa e outra loira que ele lembrava ser Lucynda Selwyn – Obrigada. – Disse ela passando. Ela pisou em seu pé, não se desculpou e liderou a marcha para o refeitório. A maioria do pessoal do primeiro ano foi logo atrás dela, enquanto ela conversava com o a menina de cabelo castanho.

-Você lembra o nome delas? – Perguntou Ramsay e Markus concordou.

-Aquela mandona e antipática é a Aleto Anguis. A outra é a Pietra Harri.

Ramsay olhou para ela e suspirou. Pietra... quase Pietro, que é o nome do meu pai.

-Já decorou o nome de todo mundo? – Perguntou e Markus concordou com um aceno de cabeça.

-Sou bom com nomes.

-Que espertalhão, você. – Brincou o socando no braço e os dois deram risadinhas. Aleto os guiou sem problemas até o refeitório, que estava muito cheio – Vamos repetir a mesa de ontem? – Perguntou ele e Markus deu de ombros – Aquela Kim é legal. E é bonitinha.

-Você achou todas as meninas bonitas ou bonitinhas. – Ralhou Markus.

-Não me culpe se fomos privilegiados com um lindo grupo de colegas de classe. – Defendeu-se e Markus deu de ombros novamente. Mas a tal Kim ainda não tinha chegado. Se sentaram numa mesa para quatro pessoas e pediram o café da manhã. Logo que pediram, um dos primeiranistas se aproximou, com a cara cheia de sono.

-Po-posso me s-sentar aqui? – Perguntou ele coçando os olhos. Ele era visivelmente albino. Seus olhos eram azuis, mas as sobrancelhas brancas e os cílios brancos davam um ar espantado e estranho para ele.

-Pode sim. Eu sou Ramsay Sorge. Esse é Markus Wolf. – Disse amigavelmente. O garoto se sentou, bocejando, e então olhou para o menu.

-P-prazer. Eu s-sou Sa-sa-salazar. Salazar Crewl. – Respondeu ele com um sotaque parecido com o de Pujol – Eu estou com tan-tanto sono. De-de-deviam nos dar al-guns di-dias para nos acostumar-marmos com o fuso horário. – Gaguejou ele e Ramsay respirou fundo para não rir da gagueira do colega.

-Você é espanhol também?

-Por-português. – Resmungou ele escolhendo um pão com queijo, ovo, manteiga e umas frutas – E vocês?

-Alemão. – Disse Markus.

-Russo. – Respondeu calmamente.

O café logo chegou e os três começaram a comer. Salazar era muito calado e pensativo. Enquanto ele e Markus falavam sobre qualquer coisa, Salazar, no máximo, ria abafadamente, preferindo não participar da conversa. Estavam quase terminando de comer quando os Dragutin se aproximaram da mesa deles. Ramsay os viu primeiro, depois Markus, que pareceu ficar ansioso. Salazar os olhou confuso e quando ia olhar para trás, um dos irmãos Dragutin, o que tinha a cicatriz, deu um pescotapa no garoto.

-FALA AÍ, DONGO! BOM DIA! – Gritou ele e a mesa do lado, onde Aleto, Lucy e Pietra estavam, acabou rindo. Lyra Chernyy riu também, assim como os irmãos Hesse. Mas Dimitri Rasputin semicerrou os olhos, certamente julgando o comportamento de todo mundo.

-Dongo? – Perguntou Markus, franzindo o cenho.

-Sim, de camunDONGO. – Riu Gregory Dragutin, o gêmeo sem cicatriz – Foi o apelido que a gente deu pra ele quando nos conhecemos, lá na Praça das Fontes. – Riu ele e então uma gargalhada ecoou de outra mesa.

-Minha nossa! Ele parece MESMO um camundongo. – Riu Adelaide e então todo mundo olhou para o garoto e riu. Salazar riu sem jeito e olhou para trás.

-O-olá... – Gaguejou ele. E todo mundo riu mais ainda dele. Ramsay e Markus olharam para a mesa dos seus veteranos, mas nenhum deles parecia se importar, nem o garoto que tinha o mesmo sobrenome e que provavelmente era o irmão mais velho de Salazar – Co-como vo-vo-vo... – Ele respirou fundo – Vocês estão?

Os gêmeos se entreolharam com sorrisos idênticos e cruéis.

-Queríamos convidar você pro clube de legilimência. Não pra entrar, mas pra se candidatar, sabe? – Riu Gregory Dragutin, o gêmeo que sempre tinha um sorriso no rosto. O outro gêmeo sorria também, naquele momento, mas não era algo comum.

-Meu veterano disse que precisa de cobaias pra praticar e achamos que você seria perfeito.

-Co...co...cobaia? – Perguntou Salazar franzindo o cenho – Não... eu... eu... eu não que-quero não. – Disse ele, mas Borya sorriu mais ainda, como se fosse aquilo que desejasse ouvir.

-Não é um convite. É mais uma intimação.

-Mas vocês falaram que era um convite. – Disse Markus. E os gêmeos olharam pra ele.

-Não se mete. – Disse Borya, fechando a cara e Markus engoliu em seco, baixando o olhar. Ramsay estava para enfrentá-los, quando outro garoto apareceu e colocou as mãos nos ombros dos dois irmãos.

-Hey. Vamos terminar de tomar café e ver nossas matérias. Aí podemos ir nos inscrever em qual atividade física vamos fazer. Deixa o Dongo aí. – Disse ele. Os gêmeos deram de ombros, Gregory deu dois tapinhas na cabeça de Salazar e se virou saindo com o irmão. O garoto que chegou por último olhou para trás, como se dissesse que sentia muito, para em seguida seguir os gêmeos.

-Já sabemos quem são os cuzões do ano. Anguis e os Dragutin. – Resmungou Markus.

-Você baixou as orelhinhas pra eles na hora. – Riu Ramsay.

-Você não falou nada.

-Mas eu ia falar. Só não deu tempo. – Defendeu-se, depois olhou para Salazar – E você? Você precisa peitar os dois! Eles não podem te chamar de Dongo! Daqui a pouco todo mundo vai te chamar assim.

Salazar olhou para eles com os olhos sem muita emoção e suspirou.

-Eu não ligo... – Disse ele voltando a comer.

Ramsay e Markus se olharam, surpresos, mas nada adicionaram a isso.

[] [] []

Acordou muito cedo, com seu despertador a vibrar embaixo de seu travesseiro. Se sentou e se espreguiçou, para o olhar o relógio. Eram cinco da manhã e hora de se levantar. Pegou suas roupas e se preparou para ir até o banheiro. Queria ser a primeira a estar pronta para a escola. Pegou sua bolsa de poções para lavar os cabelos e se enrolou no roupão cor de rosa. Depois foi até o banheiro o mais silenciosamente que conseguiu.

Seu irmão tinha lhe dado um isqueiro mágico que ele tinha encantado. Se ela o usasse em qualquer archote, iria acender todos os que tivessem perto. O usou calmamente e se assustou ao ver que tinha uma garota chorando no vestiário.

Aleto respirou fundo achando que era cedo demais para um drama, mas fechou a porta do vestiário e se aproximou, tentando reconhecer a menina. A maioria das garotas de seu ano eram loiras, mas aquela tinha o cabelo acaju. Então deveria ser Hari. Se aproximou, achando muito estranho que ela estivesse chorando sozinha, no banheiro, enrolada numa toalha, às cinco da manhã. Estava para cutucá-la, quando notou algo muito errado nas costas dela.

Aleto tinha tido uma vida muito privilegiada. Seus pais eram ricos, de duas famílias importantes da Albânia. Seu pai era Ministro da Magia, inclusive. Seu irmão era seu herói e a mimava de todos os jeitos. Eram muito unidos. Sua mãe lhe dava todos os mimos que quisesse e seu pai a tratava como uma princesa. Poucas vezes na vida tinha escutado um não. E nenhuma vez tinha falhado em contornar os poucos que recebera. Seu pai dizia que se fosse um homem, ela certamente seria uma excelente Ministra da Magia. Talvez até fosse. Ele dizia que a Albânia não estava preparada para uma Ministra mulher, mas talvez, quando ela tivesse idade, o país estivesse. Talvez ela mesma preparasse o país.

E ela planejava fazer isso. Não seria uma linda dona de casa como sua mãe era. A senhora Anguis era muito boa em dar festas e gastar fortunas. E por mais que tivesse sido uma excelente bruxa na juventude, nos dias atuais ela só fazia os feitiços mais recorrentes e simples. Eles tinham empregados que faziam feitiços por ela se fosse necessário e Aleto sempre teve ao menos um elfo doméstico ao seu dispor. Seu pai prometera lhe dar mais um caso tivesse notas boas, como o irmão.

Ela nem sabia o que iria fazer com dois elfos, mas estava decidida a se empenhar para ter boas notas.

Mas o ponto era que sua vida fora sempre repleta de amor, carinho e atenção. Aquelas marcas roxas e esverdeadas nas costas e braços daquela menina que chorava sozinha no banheiro era algo completamente esquisito e até ilógico para ela.

Claro. Não era do tipo tonta que nunca vira pais abusivos. Os colegas de seus pais sempre se gabavam de disciplinar seus filhos e filhas com severidade. Mas seus pais nunca tinham levantado a mão contra ela ou contra Alzar. Então já tinha ouvido falar de gente que apanhava dos pais, mas nunca vira alguém daquele jeito.

Não sabia se tinha sido os pais dela, mas era muito cedo pra ser alguém da escola. Aquele era o maldito primeiro dia de aula. Então, no lugar de cutucar, afagou o ombro da menina, com cuidado. Ela levantou o olhar, assustada e Aleto sorriu da maneira mais gentil que conseguiu.

-Está tudo bem? – Perguntou baixinho. A menina secou os olhos inchados pelo choro e Aleto teve certeza de que era Pietra Hari.

-Sim, eu... eu só estou tão feliz. – Disse ela e Aleto suspirou pegando sua toalha para secar o rosto de sua colega.

-Feliz? Mas está chorando...

-Mas é de felicidade. – Garantiu ela fungando. Os cabelos estavam molhados, e com cheiro de poção – Não se preocupe.

-Meio difícil de não se preocupar. Ainda mais depois de olhar suas costas. O que foi isso? – Perguntou baixinho.

Pietra prendeu a respiração e olhou para um outro hematoma, dos grandes, que tinha no braço.

-Meu pai... – Disse ela, simplesmente e Aleto concordou com um aceno de cabeça.

-Está feliz porque vai ficar longe dele durante o ano inteiro, não é?

A menina engoliu em seco e o beiço dela tremeu, denunciando que ela voltaria a chorar.

-Eu sou um monstro por isso?

-Não. Você é um ser humano normal. – Respondeu Aleto – A sua mãe sabe? – Perguntou preocupada.

-Eu... Eu meio que apanhei... Porque tentei entrar na frente dele... Quando ele tentava... – A menina baixou os olhos, tristemente e Aleto entendeu tudo – Não deveria estar falando sobre isso.

-Bem. Esses são podres da sua família. Mas não se preocupe. Não vou contar a ninguém. Mas você deveria falar pra sua mãe que ele merecia ser denunciado. Ele não pode bater em vocês desse jeito.

Pietra deu um sorriso triste e se levantou, para se vestir.

-Eu queria que... – Mas ela não respondeu, começando a se vestir e Aleto suspirou. Entrou no boxe e tomou seu banho, lavando os cabelos. Quando terminou e saiu do boxe, Pietra a esperava, já vestida com a calça do uniforme e com uma blusa de algodão branco – Hey... Não vai contar pra ninguém, vai?

Aleto suspirou e negou com a cabeça.

-Não.

Pietra suspirou de novo e se aproximou segurando suas mãos.

-Podemos ser amigas, então? – Perguntou ela como uma criança faminta pergunta para mãe se ela poderia comprar uma torta doce. Aleto deu um sorriso divertido e concordou.

-Claro. Eu vou cuidar de você. Só andar comigo que nada de ruim vai te acontecer.

-Certo. – Riu Pietra parecendo simplesmente feliz e Aleto a achou uma menina estranha. Mas não era do tipo que quebrava promessas. Não se não tivesse um bom motivo para isso. Se arrumou enquanto meninas e mais meninas chegavam para se arrumar para o café. Seguiu com Pietra em seus calcanhares de volta para o dormitório e começou a vestir o casacão da escola – De onde você é?

-Albânia. – Respondeu, simplesmente.

-Uau. Da rota das trevas? – Perguntou Pietra com um sorriso enorme e com os olhos castanhos esbugalhados. Aleto sabia que muitos bruxos formados viajavam para a Albânia para estudar as Artes das Trevas. Muitos estilos de magias, proibidos em todo o mundo, eram permitidos lá. Dizia-se que na Albânia mesmo as Imperdoáveis eram Perdoáveis. Certa vez perguntou sobre isso para o pai, mas ele disse que era nova demais para saber. Então perguntou para o irmão, que explicou que na maior parte da Europa, três feitiços lhe levavam para Azkaban: A azaração da dor, a de controle mental e a da morte. Mas na Albânia, dependendo do contexto, a pessoa poderia ser enviada para cumprir pena curtas nas prisões do país, isso se não fosse absolvida – Aposto que já deve saber um monte de artes das trevas.

Aleto deu uma risadinha da inocência da colega.

-Não. Nada disso. Eu só tenho onze anos. – Riu ela – Mas meu irmão mais velho sabe um monte. Um monte mesmo. – Garantiu e Pietra a olhou boquiaberta – Ele prometeu me ensinar quando eu entrasse na escola, então... – Deu de ombros orgulhosa de si mesma – Vai ser questão de tempo pra mim.

-Uaaaaau... – Sussurrou a outra, completamente impressionada – Eu sou holandesa. – Disse ela animada – Meus pais são donos de terras. Nós plantamos muitas ervas de poções e criamos animais que geram ingredientes também.

-Hum. Meu pai é político. – Disse prestes a deixá-la mais impressionada ainda – Ele era da Corte dos Bruxos, mas ganhou as eleições e agora é Ministro da Magia.

Como esperado, a menina ficou ainda mais boquiaberta, com os olhos tão esbugalhados que poderiam pular para fora das órbitas.

-Então você é alguém tipo... superimportante. – Murmurou Pietra e Aleto riu gostando de ouvir isso – Podemos mesmo ser amigas...? Digo... meus pais são donos de terra e vendem artigos refinados de poções, mas...

-Podemos ser amigas, não se preocupe. – Garantiu e Pietra sorriu feliz batendo palmas. Ela era alguém ingênua, era fácil de se notar. Se ninguém a protegesse, iriam pisar nela até não sobrar nada. Ela era como Lucynda.

Tinha conhecido Lucynda na Praça das Fontes, onde fizeram suas compras. Seu irmão e o irmão dela não se davam muito bem, mas ela tinha gostado de Lucynda. Ela e Pietra tinham aquele jeitinho muito infantil e sem malícia de quem não entendia como o mundo funcionava, mas, ao mesmo tempo, achava que elas tinham trevas em suas vidas de um jeito que ela mesmo nunca experimentara.

Alzar, certa vez, enquanto discutia com Yuri numa reunião em suas casas, foi acusado de passar dos limites e estar mexendo demais com magia negra. Não que não fosse verdade, claro, apesar que a definição de “limites” era diferente para eles. Mas logo que Yuri acusou Alzar, seu irmão riu com desdém e denunciou que o pai dele era um Comensal de Morte que tinha saído fugido da Inglaterra e que Yuri não tinha moral nenhuma para falar dele.

Achou que Yuri iria chamá-lo de mentiroso, ou negar aquilo, mas o garoto ficou recuado e ela teve certeza de que aquela acusação era verdadeira. Ele nunca mais voltara a pisar em sua casa e a reputação dele ficou manchada depois daquilo. Alexia, que na época ainda tentava se entender com seu irmão, perguntou o motivo de Alzar pegar tanto no pé de Yuri, em específico, mas ele nunca deu uma resposta satisfatória. Ela tinha seus palpites, claro, mas preferira guardar para si.

Logo o dormitório estava agitado com todo mundo se vestindo. Lucynda veio lhe dar bom dia e beijou sua bochecha. Era algo com que precisava se acostumar. Os franceses beijavam muito.  

-Bom dia, minhas lindezas. – Riu Lucynda. Ela deu um sorriso feliz e animado, com a mochila nas costas, que certamente deveria estar pesando muito.

-Lucynda. Ainda não sabemos nossos horários. Não leve a mochila. – Disse rindo da tolice dela – Veremos nossos horários depois do café. Então voltamos aqui e pegamos nossos materiais. Leve só a varinha.

Lucynda piscou, olhando para a própria mochila e riu sem jeito, dando um tapa na própria testa.

-Eu sou tão distraída. Nem pensei nisso. – Disse ela e Aleto sorriu.

-Imaginei que não tinha. – Disse simplesmente enquanto a colega ia deixar a mochila em cima da própria cama. Sorriu quando ela voltou e abraçou o braço de Pietra, que parecia prestes a explodir ao seu lado. Ela estava louca para ser apresentada, certamente – Essa aqui é a Pietra. Ela vai andar com a gente.

-Enchanté. – Respondeu Lucynda em francês.

-Pietra, essa é a Lucy.

-Olá, prazer. – Riu Pietra apertando a mão de Lucy, quase pulando no mesmo lugar. Achou aquilo ligeiramente engraçado.

-Vem. Vou apresentar você pro Dimitri e pra Lyra. – Disse calmamente – Eu e a Lucy conhecemos eles enquanto fazíamos as compras para a escola. Eles são russos, mas são legais.

-Nossa, Aleto. Você já conhece todo mundo! – Disse Pietra, parecendo impressionada, mas Aleto apenas sorriu sem responder, se sentindo bem consigo mesma.

Andaram até os dois primos que conversavam baixinho próximos da porta. Lyra Chernyy tirava seus pares de brincos, pois tinham descoberto que não podiam usar joias na escola e que precisavam comprar a permissão com méritos. Dimitri a estava lembrando dessa regra, aparentemente.

-...fosse por mim já ia levar deméritos! – Ralhava ele, mas quando a viu, ele sorriu.

Dimitri era o garoto mais bonito do ano. Mesmo com o cabelo raspado, ele era bonito. Seus olhos eram castanhos, seus poucos cabelos eram bem dourados. Ele tinha longas pestanas escuras, um rosto fino, com um nariz arrebitado, os lábios finos e um sorriso gentil. As orelhas dele eram ligeiramente pontudas e ele não sabia dizer o motivo disso. Nascera assim, aparentemente.

A prima dele, Lyra Chernyy, era magra e de sua altura. Muito branca, como o primo, mas com os longos cabelos castanhos, que ela ainda não tinha prendido. Ela tinha as sobrancelhas bem-feitas e os lábios bem cor de rosa. Na cama dela, uma raposa branca fazia farra e tremia de um lado para o outro, cheia de energia. Achava que o nome do bicho era Snow. Era ligeiramente alérgica a pelo de gato e não sabia se o pelo de raposa iria causar o mesmo efeito. Seu pai precisou encantar seu casaco e seu irmão teria que reforçar os feitiços para que ela não morresse de espirrar ao usá-lo. Então, por garantia, decidiu não se aproximar demais da bolinha de pelo agitada.

-Oi, Dimi. – Cumprimentou com um sorriso.

-Oi, Leto. – Disse ele com outro sorriso doce.

-Lyra. – Cumprimentou. A menina deu um sorriso meio impaciente e sem vontade, para voltar a se concentrar em colocar as próprias botas – Vocês conhecem a Pietra? – Perguntou Aleto olhando para a garota, que sorriu animadamente, como se conhecê-los fosse simplesmente fantástico. Ela não parecia em nada com a garota que encontrara chorando no banheiro.

-Olá, Pietra. Eu sou Dimitri Rasputin. Essa é minha prima Lyra. – Disse ele com uma voz gentil.

-Eu pensei que seu irmão iria pegar você pra ser a pupila dele. – Disse Lyra com um sorriso ácido, mas Aleto não se abalou.

-Minha nossa, de jeito nenhum. Seria constrangedor. – Riu tranquilamente – Sem falar que eu não preciso de um veterano. Sempre que eu precisar de qualquer coisa, eu posso pedir pro meu irmão. Sem falar que eu já sei basicamente tudo o que eu precisaria saber sobre a Durmstrang.

-Queria que meu irmão tivesse me falado mais sobre essas regras. Não gosto de ficar com o cabelo preso. Minhas orelhas parecem maiores? – Perguntou Lucynda com preocupação. Aleto e Pietra negaram, mas Lyra respondeu, sem encará-la.

-Sim.

Lucy pareceu aterrorizada com isso.

-Mesmo? – Perguntou ela escondendo as orelhas dentro do chapéu. Aleto tinha certeza de que Lyra dissera aquilo só para ser malvada.

-Não. Lyra está só brincando. – Garantiu Dimitri a olhando com censura – Ela é tão brincalhona.

Lyra se aprumou e sorriu de maneira gentil.

-Ah, desculpa. Eu não tinha te olhado direito. Não, nem dá pra ver suas orelhas. Eu achei que você era aquela outra menina.

-Qual? A Adelaide? – Perguntou ela se virando para Aleto – Ela é tão bonita.

-É mesmo. Parece uma pintura. – Concordou Pietra.

Aleto se virou com um muxoxo por não ser mais o centro das atenções e olhou para a porta. Vários garotos olhavam sem jeito para o corredor, sem saber se deveriam, ou não, atravessá-lo. A cortina de outra cama se abriu, a única que ainda estava fechada, e uma menina loira se levantou, ainda de pijamas. Ela olhou para todo mundo, parecendo surpresa e então foi correndo para o banheiro. Certamente a garota atrasada iria ter que comer correndo.

Aleto se virou para a porta e respirou fundo, decidida.

-Vamos. – Disse avançando e pronta para ir para o café da manhã – Saiam do caminho, por favor. Se vão ficar parados aí, deem licença. – Disse decidida e as pessoas abriram caminho e a olharam sem jeito ou surpresos – Obrigada. – Disse por educação, passando pelos colegas de ano. Teve a impressão de que tinha pisado no pé de alguém, mas não ligou e liderou a marcha para o refeitório. A maioria do pessoal do primeiro ano foi logo atrás de si, enquanto conversava com Pietra e Lucynda. Sentia que estava começando bem o ano, liderando os alunos.

Chegaram no refeitório e ela decidiu se sentar numa mesa grande para dez pessoas. No dia anterior aquela mesa ficara com alguém do terceiro ano, mas ela não se importou. Seu irmão logo chegou e sabia que se tivesse problemas, era só esperar que ele viria resgatá-la. Pietra, ela, Lucy, Dimi, Lyra, Anastácia e Adelaide se sentaram juntos. Uma grande mesa só com quem ela acreditava que seriam os mais populares do ano.

Em algum momento do café, os irmãos Dragutins fizeram alguma farra com um garoto esquisito, chamado Crewl. O irmão de Viserys, que também era amigo de seu irmão. Eles o chamaram de Dongo e todos na mesa concordaram que o apelido caía muito bem.

-Deveríamos chamá-lo só desse jeito. – Riu Adelaide.

-Por mim, tudo bem. – Disse com um sorriso.

-Ele não vai ficar triste? – Perguntou Pietra, parecendo preocupada. Dimitri parecia contrariado e Lyra não parecia se importar com aquela conversa. Anastácia além de não se importar, não se esforçava em fingir que se importava, pois estava lendo o livro de poções, parecendo absolutamente concentrada. Lucynda suspirou e deu de ombros.

-Ele não parece ligar, então... Se ele se incomodar, nós paramos. – Disse ela e Aleto revirou os olhos, ao mesmo tempo que Adelaide.

Estavam praticamente terminando o café, quando a garota que acordara atrasada chegou no refeitório. Ela parecia completamente perdida, com os cabelos muito loiros soltos e caindo até a cintura. Ela se sentou numa mesa vazia e pediu qualquer coisa, quando um aluno muito mais velho andou até ela.

-Apresente-se ao seu monitor, caloura.

-Hum? O que? – Perguntou ela, perdida.

-Seu nome. – Respondeu ele.

-Ah. Hum... Kim Philby. – Respondeu ela.

-Você acabou de ganhar dez deméritos, por estar com o cabelo fora do código de conduta da escola. – Ralhou o monitor, um aluno do sétimo ano. Ele deu um sorriso supersatisfeito – E não pode comer enquanto não arrumar o cabelo adequadamente.

-Ah... mas eu já pedi. Daqui a pouco vão fechar o refeitório.

-E ganhou mais dez deméritos por estar questionando o monitor. – A menina abriu a boca, surpresa, mas se levantou e saiu correndo para a entrada do refeitório. O monitor sorriu como se fosse o melhor momento do dia dele – Mais dez deméritos! Por correr pelo refeitório, senhorita Philby! – Gritou ele e a menina parou de correr no mesmo instante para ir andando rapidamente. O monitor olhou para seus colegas de ano e a maior parte do sétimo ano caiu na gargalhada.

-Coitada dela. Vai perder a refeição. – Murmurou Lucynda. Aleto concordou com um aceno de cabeça ao ver a flor de lótus se abrir com o pedido de café de Kim. O monitor estava para pegar a comida dela, quando um dos alunos russos pegou o prato primeiro. Ele era amigo dos Dragutins, um tal de Ivan Reilly.

-Licença, senhor monitor. O senhor vai comer isso? – Perguntou ele – É minha refeição favorita.

O monitor piscou, surpreso, mas deu de ombros.

-Não. Pode ficar.

O garoto agradeceu e levou o prato para a própria mesa.

-Vamos lá. Vamos olhar nossos horários. – Disse Anastácia fechando o livro de poções – Todo mundo já terminou de comer, não é?

O grupo concordou e se levantou, saindo do refeitório. O castelo começava a receber a luz do dia, mas não estava exatamente claro. Atravessaram o corredor e então voltaram ao saguão de entrada. Os horários estavam marcados num grande quadro negro e Aleto notou que teriam feitiços, seguidos por transfiguração. Depois um horário de almoço, poções, e um horário duplo de herbologia.

Pegou um bloquinho que tinha trago no bolso e anotou todo o horário.

-Vamos, quero dar uma olhada na sala dos troféus. – Disse decidida. Pietra e Lucy a seguiram, enquanto os outros foram para o lado de fora receber um pouco de luz. Entraram na porta que ficava atrás das escadarias, mas do lado direito e então atravessaram outro daqueles corredores escuros, até chegarem numa imensa sala muito bem iluminada. Era o lugar mais bem iluminado que tinha visto naquele castelo, até então.

-Uau. Que legal. – Murmurou Lucy – Olha, que lindo! – Disse ela apontando para uma grande taça, do tamanho de um braço. Ela era feita de prata e de um cristal transparente, mas azulado, que parecia brilhar – O que é?

-É a taça do tribruxo. – Respondeu Aleto com convicção. Ainda tinham outros prêmios lá. Medalhas de honra, troféus de quadribol, placas de mérito, entre outras coisas. Mas o que ela procurava não era nada daquilo. Passou direto pelos troféus e encontrou o que procurava. Oito nomes estavam escritos ali, num enorme quadro. Sete deles estavam escritos com tinta vermelha e apenas um com tinta azul – Olhem. A lista de deméritos e méritos. – Disse apontando para o nome de Kimberly Philby – Aqui está a menina que levou deméritos. Trinta no primeiro dia. – Riu com desdém.

-Acho que ela precisa de ajuda para se adaptar. Ela não tem um veterano. – Lamentou Pietra. Aleto apenas sorriu um sorriso torto, imaginando que logo teria mais alguém a paparicando cegamente.

[] [] []

Salazar Crewl. Esse era seu nome. Fora batizado em homenagem a um ditador bruxo que conseguira chegar ao poder no governo trouxa e usou o cargo para controlar e mandar em toda comunidade trouxa portuguesa. Foi necessário que bruxos e trouxas se unissem para retirá-lo do poder. Salazar também era o nome de um dos maiores bruxos britânicos, um dos fundadores da escola de magia e bruxaria de Hogwarts.

Era um nome forte que seus pais tinham lhe dado. Para que impusesse respeito por onde passasse. Mas infelizmente Salazar não estava à altura do nome. Ele era baixo, mais baixo que qualquer um em seu ano. Muito magro e albino. Mesmo que seus olhos azuis parecessem brilhar, ninguém notava neles. Seu irmão mais velho, Viserys, sempre dizia que ele tinha cara de rato e Salazar acreditava nisso. Seus pais tinham uma loja de varinhas, a mais antiga da Península Ibérica. Mas seu pai e sua mãe, que eram primos em segundo grau, não eram fabricadores de varinha. Seus avôs também não foram fabricadores de varinhas e com isso o estoque da loja estava acabando. Era um negócio prestes a falir. Seus pais trabalhavam com outras coisas. Seu pai era jornalista e escrevia numa coluna, no jornal. Sua mãe era cozinheira e tinha um restaurante bruxo que atendia muita gente e rendia um dinheiro considerável.

A loja de varinhas estava fechada há décadas e seus pais cogitavam vendê-la a quem estivesse interessado em tocar o negócio. Mas, o mais rico de sua família era o tio Eduardo. Era seu tio excêntrico, irmão mais velho de seu pai. Tio Eduardo teve três esposas, nenhum filho, enviuvou duas vezes e se divorciou uma. Ele trabalhava no Ministério, no setor de Cooperação Internacional e por isso vivia viajando. Como não tinha herdeiros, ele tinha se oferecido para pagar seus estudos e os do irmão mais velho.

Viserys não tinha o interesse de tocar o negócio das varinhas, mas esse era o sonho de Salazar, desde pequenininho. Ele era apaixonado de varinhas desde que se entendia por gente. Quando tinha uns oito anos, escutou o pai e o tio falarem sobre vender a loja e isso o fez chorar como nunca antes. O tio disse então que não venderia e que a loja seria dele ou de Viserys, quando eles crescessem. Mas Viserys não tinha interesse nisso. Ele era o apanhador da Durmstrang e já tinha feito um teste nesse verão no time das Caravelas, o maior time de quadribol de Portugal. Infelizmente, ele tinha acabado de pegar Varíola de Dragão e seu rendimento acabou caindo, por conta das dores nas juntas. Além de que seu namoro com Nymeria Deshayes também o tinha abalado, por mais que ele negasse.

Seu irmão fora uma criança bem bonita, mas a puberdade não tinha feito bem a ele. Salazar esperava que a puberdade fizesse o caminho contrário com ele. Ele sempre tivera noção de que era feioso. Mas tinha esperança de que iria melhorar com o tempo.

Estava acostumado com Nymeria. Ela e a irmã caçula vinham visitá-los vez ou outra. Quando seu irmão e Nymeria iam namorar, era obrigação dele cuidar de Viollete, e isso fez com que se tornassem amigos. Lembrava de ouvirem os amigos do irmão comentarem que nunca iriam entender como uma garota linda como Nymeria teria se apaixonado por ele que era muito feio. Viserys nunca se gabou disso, mas também nunca pareceu deslumbrado por ela.

Quando via os dois juntos, era sempre Nymeria quem era carinhosa e apaixonada. Ela quem tentava beijá-lo e abraçá-lo, enquanto Viserys parecia até ligeiramente incomodado com o jeito carinhoso dela. E quando eles terminaram, foi ele quem terminou e a menina ficou a chorar por dias, inconsolável. Tinha sido naquele verão e Viollete e ele conversaram sobre o acontecido pela lareira. A irmã de Nymeria era dois anos mais nova que ele, mas ainda assim a considerava uma boa amiga.

Estar em Durmstrang tinha lhe assustado um pouco. Nunca tinha se dado bem com o irmão. Tinham gostos muito diferentes. E a verdade era que ambos eram um tanto antissociais. Mas não imaginara que o irmão iria simplesmente ignorá-lo por completo no trem e na escola. Acabou conhecendo os irmãos Dragutin e Dimitri e até os tinha achado divertidos, até que Borya Dragutin, cansado de sua gaguice gritasse “FALA LOGO, DONGO!”, comparando-o com um camundongo. Os dois irmãos adoraram a ideia, assim como os Hesse e Anguis. Sabia que se reclamasse, aí que o apelido iria pegar. E a verdade era que, mesmo se quisesse se impor, não teria coragem.

Era um covarde, no fim das contas. Um garoto quieto que gostava de ficar sozinho.

No café da manhã conhecera aqueles dois, Wolf e Sorge, e os achara divertidos. Wolf até tentara ajudá-lo. Ivan também fora legal e Dimitri fora muito polido. Tinha sido convidado a andar com eles, mas preferia ficar sozinho, olhando a janela. Durmstrang não tinha muitas delas, então fora para o último andar. Aproveitara aquele tempo entre o café da manhã e as aulas para andar pelo castelo. Sua aula de feitiços seria no primeiro andar, então teria que descer muitas escadas. Mas não se importava.

Tirou seu chapéu e pegou uma poção do bolso, para passar nas mãos, no rosto e na cabeça raspada. Era preciso, ou poderia ficar ardido. Depois pingou algumas gotas de um colírio nos olhos, afinal, a claridade já começava a incomodar. Piscou para que o líquido se distribuísse em seus olhos e então guardou seus frascos. Desceu da janela e suspirou, mirando a paisagem. O quarto andar do castelo, pelo que tinha entendido, era bem mais vazio do que o resto do castelo. Logo, já tinha se tornado seu lugar favorito.

Andou até as escadarias e começou a descer os degraus, pois seu relógio dizia que faltavam apenas poucos minutos para o início da primeira aula. Esperava que conseguisse ir bem. Não queria ser um mau aluno. Precisava se dedicar para conseguir tocar a loja de varinhas de seus antepassados. Estava mais do que decidido a fazer disso seu ganha pão.

No segundo andar, cruzou com um grupo de alunos mais velhos que riram dele e o chamaram de Dongo, mas não ligou. Ficou em silêncio, descendo as escadas, até chegar no primeiro andar. Quando chegou em frente à sala, notou que quase todo mundo já estava lá.

-E aí, Dongo. Onde estava escondido? – Perguntou Gregory e Salazar suspirou dando de ombros.

-Fu-fui explorar o...o... cas-castelo. – Respondeu sem muita empolgação e alguns alunos riram de sua gagueira, mas não ligou. Era acostumado com isso. Ficou quieto, com as mãos nos bolsos, esperando a porta se abrir. Mirando seus colegas, notou que vários grupinhos vinham se formando. Se perguntou se deveria se unir a um deles, mas decidiu que estava melhor sozinho. No entanto, logo sentiu os braços de Gregory ao redor de seus ombros.

-Temos que te levar, depois do almoço, no clube. Pra te apresentar pro Alzar. – Disse ele e Salazar suspirou.

-Não... N-não quero par-par-partici-cipar. – Resmungou e Gregory o sacudiu de leve.

-Claro que quer, você só não sabe disso ainda. – Riu Gregory e Salazar negou com a cabeça.

-Tem espaço para mais uma nesse clube? – Perguntou uma voz feminina e ele se virou. Era a prima de Dimitri. Ela tinha um sorriso gentil, apesar de rir muitas vezes da falta de limite dos gêmeos – Ou o convite é só pro Dongo?

-Pode vir se quiser, Chernyy. – Disse Borya, dando de ombros – Não acho que o Alzar vai se importar.

-Então eu vou. Sempre quis ler mentes. – Disse ela parecendo se divertir – Vem com a gente, Dongo. Vai ser divertido!

Salazar franziu o cenho e negou com a cabeça.

-Vamos, Dongo. Onde está a sua coragem? – Perguntou Borya.

-Na-na-não é m-medo. – Tentou explicar – É s-só f-falta de inte-te-te-te... – Respirou fundo enquanto ouvia mais risadas – Não... – Resumiu e Gregory e Borya caíram na gargalhada. Eles não foram os únicos a maior parte das meninas riu também, mas ele não se importou. Deu de ombros e se desvencilhou do braço de Gregory, enquanto outro garoto se aproximava. Aquele era Vladmir Hesse e era o mais escandaloso de todos.

-Eu acho melhor tomarem cuidado com isso. Meu tio estuda as coisas da mente e me parece meio louco. – Riu ele.

-Vlad! Não podemos falar isso do nosso tio! – Lamentou a irmã gêmea dele. Ela era legal. Muito gentil e sorridente. Gostava do sorriso dela – O que vão pensar?

-Você ouviu como eles falam da mãe deles? Qual o problema de falar do nosso tio? – Perguntou Vlad e os irmãos Dragutin pareceram ficar tensos. Os dois.

-Ow. Olha a língua, heim. – Rosnou Borya.

-Não falei mal da mãe de vocês. Eu nem conheço ela. – Disse Vladmir – Mas vocês falam umas paradas meio pesadas dela. Do tipo... Ela ter um problema com bebi... – Ele perdeu o ar depois de levar um bom tapa de Gregory nas bolas.

-Acho que meu irmão mandou você controlar a língua. – Riu o garoto enquanto Vlad caía de joelhos, quase vesgo e sem ar, por conta da dor. Os meninos caíram na gargalhada, mas Salazar achou aquilo um tanto agressivo.

-Mas voltando ao assunto. – Disse Gregory com um sorriso divertido e animado, despreocupado com tudo – Você vai com a gente hoje, Dongo.

-Mas e-e-eu n-não que-que-que... – Começou, mas Borya lhe deu um cascudo na cabeça.

-Desengasga, Dongo. 

-Não quero... ir... – Disse tentando controlar a gagueira.

-Você vai. – Insistiu Gregory e ele estava para ceder quando ouviu uma voz atrás de si.

-Ele disse que não quer ir. Por que fica sendo chato desse jeito? – Perguntou um garoto. Era o garoto do quadribol, tinha esquecido o nome dele.

-Fica na tua e não se mete. – Rosnou Borya e os sorrisos morreram. Todo mundo se entreolhou e o garoto que veio em sua defesa não recuou.

-Ele não quer ir. Parem de ser desagradáveis. – Ralhou ele e Gregory avançou um passo.

-Estava todo mundo se divertindo até você chegar. Acho que o desagradável é você. – Riu Greg e o irmão dele avançou um passo também.

-Quem é você mesmo? – Perguntou ele colocando a mão no bolso. Tinha certeza de que ele tinha pego a varinha.

-Adenauer. – Respondeu o garoto recém-chegado, sem recuar. Ele também colocou a mão na varinha.

-Se não notou, é minoria, Adenauer. Cai fora. – Rosnou Borya levantando a varinha. O irmão dele suspirou, sorriu, deu de ombros e fez o mesmo.

-Vai fazer o que com isso? Enfiar no meu olho, Dragutin? – Perguntou o menino sem parecer se assustar – Mas se querem tirar a sorte. Venham. Podem vir os três. – Convidou ele olhando os gêmeos e o Vladmir, que piscou surpreso por ser colocado naquilo.

-Opa... Isso tá ficando sério. Eu tô numa boa. – Disse Vlad recuando e Salazar permaneceu muito quieto. Foi quando Dimitri ficou lado a lado com Adenauer.

-Eu acho que vocês estão muito exaltados. Mas se forem partir pra violência, eu vou ter que ajudar o Adenauer, porque ele, pelo menos, está sendo sensato. Dá pra parar de ficar querendo forçar o Dongo a ir pra não sei onde se ele já disse que não quer ir? – Perguntou o Russo e Salazar olhou dos gêmeos Dragutin para Adenauer, que ainda tinham as varinhas apontadas uns para os outros.

-Eu acho que alguém precisa ser colocado em seu devido lugar. – Sibilou Borya e Salazar deu alguns passinhos para longe do que poderia vir a se tornar arena de combate. Mas então, antes que qualquer feitiço fosse lançado, Lucynda Selwyn se colocou entre eles, parecendo prestes a chorar.

-Por favor. Não vamos brigar. Por favor. Eu não gosto disso. Eu não gosto nada disso. Por favor. – Choramingou ela e os meninos piscaram um tanto chocados, menos Borya, que parecia claramente aborrecido.

Então a amiga de Lucynda se enfiou no meio e olhou para os gêmeos.

-Vocês ouviram a Lucy. Parem. Estão deixando todo mundo nervoso! – Ralhou ela – Dragutin, se você lançar um feitiço que me acerte ou acerte minhas amigas, meu irmão vai fazer esse pudim que você chama de cérebro derreter e escorrer pelas suas orelhas!

-Francamente, nem sei se vai fazer alguma diferença. – Resmungou Flamel e Wolf tentou engolir uma risada, engasgou e começou a rir.

-O que é tão engraçado, heim, Wolf? – Rosnou Borya, zangado, mas a porta da sala de feitiços se abriu.

Todo mundo se calou e se virou para encarar a bruxa que os espiava parecendo surpresa por encontrá-los ali.

-Nossa... Já são oito e meia? Eu acho que não vi o tempo passar. Entrem. – Disse ela abrindo caminho. Os Dragutins entraram primeiro e logo os outros alunos os seguiram. Wolf ainda estava tossindo quando se sentou e Salazar se perguntou se havia algo com ele. O amigo dele, o tal Sorge, lhe dava tapinhas nas costas, mas o garoto não parava de tossir – Você aceita um pouco de chá, meu bem? – Perguntou a professora para ele e o menino conseguiu se recuperar, apesar de aceitar – Vou pegar pra você.

-Ele vai precisar de mais do que chá quando eu... – Começou Borya, mas o irmão o socou no braço.

-Esquece isso. Deixa pra lá. – Pediu ele e o outro bufou em resposta. Salazar suspirou se sentando longe dos Dragutin e o garoto que viera em sua defesa se sentou ao seu lado. Achava que o nome dele era Adenauer.

-Você está bem? – Perguntou ele e Salazar concordou com um tímido concordar de cabeça – Certo. – Disse ele colocando a mochila no chão e tirando o livro de feitiços da mochila. Salazar fez o mesmo, tirando o livro, pergaminhos e tinteiros da mochila, se preparando para a aula.

A professora sorriu para eles de maneira gentil e sacudiu a varinha depois de levar o chá para Markus Wolf. A sala de feitiços era bem iluminada, com janelas bem grandes e sem cortinas. Era uma sala muito grande, com espaço para trinta pessoas, então a maior parte das mesas estavam vazias. A sala lembrava um anfiteatro, com as mesas se espalhando por degraus que iam subindo. O quadro negro ficava lá embaixo, onde havia um tablado. A professora olhava simpática para eles.

Ele a achou bastante bonita. Na casa dos quarenta, com um sorriso largo e branco. Os cabelos eram loiros, lisos, na altura dos ombros, mas eram claramente tingidos, já que a raiz tinha um tom castanho mais escuro. Ela tinha os olhos num castanho cor de chocolate e as maçãs do rosto bem definidas. Ela usava um vestido negro, de veludo, com rosas vermelhas bordadas aqui e ali. Salazar observou as mãos da professora e as definiu como mãos de pianistas, com dedos longos e finos.

Ela tinha uma voz amistosa e tudo nela transbordava gentileza, algo que ele achava que estava em falta em Durmstrang.

-Bom dia a todos. – Disse ela um tanto nervosa – Bem... Hoje é um dia especial para nós, afinal. É o primeiro dia de aula de vocês. – Ela sorriu olhando para eles – Estão começando sua jornada escolar... E vocês vão ser meus primeiros alunos. Eu sou recém-chegada na escola. Estou substituindo o professor Jacob Falk, que resolveu deixar Durmstrang depois de seu nono tombo nos degraus ter quebrado sua bacia. – Ela riu nervosamente e todo mundo deu uma risadinha meio sem jeito – Essa escola é muito escura, então tentei deixar a sala de feitiços mais alegre. – Disse ela juntando as mãos e olhando ao redor. Salazar concordava que a sala era mais receptiva mesmo. Não tinha uma lareira, mas orbes coloridos e brilhantes flutuavam no teto da sala, além das grandes janelas sem cortinas. Mas mesmo com as cortinas abertas, e com a ausência de uma lareira, a temperatura era confortável e ele imaginou que os orbes tinham algo a ver com isso – Bem, vamos fazer a chamada primeiro. – Disse ela e todo mundo concordou. Ela já estava quase terminando, quando a porta se abriu de uma vez e uma garota apareceu, parecendo quase desesperada.

-Perdoe-me, professora. O monitor do sétimo ano... ele... – Ela respirou exasperada olhando para o corredor e a professora sorriu.

-Como é seu nome?

-Kimberly Philby. Por favor, não me dê deméritos. Eu já ganhei quarenta e é só o primeiro dia. – Lamentou ela – Eu posso entrar?

-Claro. Sente-se onde preferir. Está tudo bem. Eu mesma quase perdi o horário. Só feche a porta, sim?

Philby sorriu agradecida e obedeceu, vindo se sentar ao seu lado. Ela acenou para Adenauer, que estava de seu outro lado e o garoto sorriu de maneira simpática para ela.

-Licença. Posso sentar aqui? – Perguntou ela bem baixinho e Salazar concordou, dando de ombros.

A professora terminou a chamada e então sorriu para eles.

-Muito bem. Eu quero que vocês venham, em fila, cada um por vez, pegar uma caixinha aqui nesse baú. Hoje vamos aprender um feitiço muito útil. O de abrir fechaduras. Na próxima aula vamos aprender a fechá-las. Acho melhor ensiná-los a abrir antes de fechar. – Riu ela e todo mundo concordou com sorrisos empolgados. Salazar olhou para Philby, que parecia muito empolgada. Bem. Ele também estava.

Cada um saiu de seu lugar, de maneira muito organizada, para ir pegar uma caixinha dentro do baú. Salazar escolheu uma caixa vermelha e voltou para seu lugar. Quando estavam todos sentados a professora sorriu animada para eles.

-Abram o livro na página dezesseis. – Pediu a professora e o som de páginas sendo remexidas tomou a classe – A grande questão de se fazer feitiços com maestria é ter firmeza nos movimentos e pronunciar as palavras corretamente. – Disse ela. A palavra chave para esse feitiço é Alohomora. – Ela mexeu a varinha a palavra apareceu escrita no quadro negro e todo mundo pareceu se agitar em suas cadeiras – Mas a pronuncia que devemos fazer é al-LOH-ha-MOR-ah. Vamos, todos juntos. – Elas os olhou com expectativa e cada um falou em um tempo. Ela sorriu e negou com a cabeça. – Ouçam. Al – ela deu uma batida na mesa – LOH – outra batida – ha – Outra batida – MOR – mais uma batida – ah. – Ela sorriu para eles – Agora vocês. – Ela bateu na mesa e a sala falou de maneira mais coordenada. – Mais uma vez. – E assim ficaram durante muitos minutos. Depois ela pediu para que cada um pronunciasse o feitiço para que ela fizesse alguma correção. Era engraçado que por mais que ele achasse que algum aluno estivesse falando corretamente, a professora sempre tinha algo para pontuar. Uma sílaba que precisava ser mais pronunciada, uma vogal que tinha um som mais aberto ou fechado, o timing que precisava ser ajustado. Depois começaram a praticar o movimento com a varinha. A professora desenhou o movimento no quadro, que lembrava um “S”, mas refletido. Ficaram todos a treinar o movimento com a varinha, tentando acertar o timing do movimento com a pronunciação da palavra. Mas, para a segurança deles, a professora pediu que eles tentassem com as penas e não com a varinha em mãos. Já nos últimos minutos da aula, Salazar estava relativamente cansado. Ele nunca imaginou que um movimento tão simples como um “S” refletido, feito ao mesmo tempo de pronunciar uma palavra relativamente simples poderia dar tanto trabalho – Aqueles que já se sentirem confiantes podem tentar abrir suas caixinhas. – Liberou a professora – O primeiro que conseguir vai ganhar vinte méritos e todos que abrirem em seguida ganharão dez méritos. – Decretou ela e todo mundo pareceu ávido para conseguir.

A primeira foi Aleto Anguis e ela sorriu muito satisfeita consigo mesma. Em alguns minutos Salazar conseguiu abrir sua caixa e ele sorriu aliviado. Pouco depois dele, Adenauer conseguiu também, além de outros muitos alunos.

Philby parecia ávida para conseguir aqueles dez méritos, afinal ela já tinha acumulado quarenta deméritos. Mas, talvez por ansiedade, ela não conseguia fazer. Ficou mirando a garota tentar inutilmente, parecendo que a cada tentativa malsucedida, ela ia ficando mais e mais nervosa.

-Alohomora! Alohomora. Alohumora! – Murmurou ela várias vezes seguidas, fazendo movimentos visivelmente errôneos com a varinha. Mas na última tentativa a varinha dela faiscou e a caixa que ela tentava abrir simplesmente explodiu, voando em sua direção. Só teve tempo de virar o rosto e sentir a caixinha dela acertar a sua têmpora com muita força – OH, minha nossa! – Lamentou ela, em choque – Me desculpe, Dongo! Foi sem querer.

-Até a Philby... – Riu Borya, audivelmente, para gargalhar em seguida. Salazar piscou, zonzo e sentiu a cabeça arder.

-Deixe eu ver, Crewl. – Pediu Adenauer para fazer uma careta – Está sangrando. – Murmurou ele. Salazar piscou, chocado e por reflexo levou a mão ao local que tinha sido atingido. Sentiu as pontas dos dedos ficarem húmidas e quando ele as olhou, viu o sangue. Piscou se sentindo mais zonzo. Sentiu o cheiro de sangue e aquilo fez seu estômago se contorcer.

-Você está bem, querido? – Perguntou a professora se aproximando. Sentiu o estômago saltar e seu corpo se contrair num soluço engolido.

-Ele vai vomitar! – Disse algum aluno e ele se simplesmente jogou todo seu café da manhã no chão, sujando a própria mochila e os coturnos bem polidos de Adenauer.

Depois olhou furioso para Philby, que parecia absolutamente em pânico.

Era oficial. Ele estava odiando a Durmstrang. Fechou os olhos, envergonhado, enquanto todos os outros alunos gargalhavam de seu enjoo.


Notas Finais


<3
Para todos aqueles que acharem a Aleto chata.
Eu também acho
kkkkkkk


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...