História Dusk Till Dawn - Improper Thoughts

 Pov’s Hope 

 

 Quando eu era criança, assim como a maioria, a pior hora do dia era a de ir dormir, não apenas por ter de cessar a brincadeira e escovar os dentes, mas a ideia de ficar um período grande de tempo sem ter nenhuma consciência me aterrorizava.

 Desde cedo fui ensinada a sempre ficar alerta e nunca abaixar a guarda, só minha família era confiável e mesmo entre ela, alguns ainda eram meus inimigos. Porém, depois dessa última noite, toda a minha percepção perante o sono mudou.

 Acordo ainda abraçada a um corpo esguio contra o meu, olho pela janela e percebo que o dia ainda não nasceu e me sinto aliviada por isso, já que assim tenho mais tempo para admirar a ruiva que ressoa baixinho enquanto sua cabeça descansa em meu peito, um pequeno sorriso está estampado em seus lábios e isso só serve para complementar a sensação de plenitude dentro de mim, já que se ela está feliz, eu automaticamente estou também.

 Não é a primeira vez que dormimos juntas, fizemos isto quase todos os dias da semana passada, porém agora tudo está mais intenso, meus sentimentos estão mais intensos, me causando medo até de nomeá-los.

 Enquanto penso, Renesmee se remexe minimamente e abre os olhos castanhos, sorrindo em seguida quando eles pousam em mim.

 

 - Bom dia! – Ela se aninha ainda mais em mim, colocando suas pernas por cima das minhas.

 

 - É boa madrugada, ainda não amanheceu. – Rio ao vê-la esticar o pescoço apenas para poder olhar o céu escuro. 

 

 - Assim é melhor, tenho mais tempo para ficar com você. – Diz sem nenhum traço de vergonha em sua voz, me fazendo perceber o quanto ela é corajosa apenas nesse pequeno ato.

 

 - Droga! – Xingo, fazendo-a me olhar preocupada.

 

 Seguro a ponto do queixo com meu indicador e a beijo de maneira necessitada, com minha língua vagando pela sua boca lentamente, querendo memorizar cada canto da mesma. Nos afastamos depois de um largo período de tempo, de maneira ofegante digo:

 

 - T-tenho dificuldade para me controlar quando você fala sobre o que sente tão abertamente assim.

 

 Renesmee solta uma gargalhada gostosa e encosta os lábios na ponta de meu nariz antes de dizer:

 

 - O mesmo se equivale a mim, então não se controle. – A ruiva inverte as posições tão rapidamente que nem pude calcular seus atos.

 

 Já em cima de mim, ela começa a beijar meu pescoço e os fios da minha nuca se arrepiam por onde seus lábios passam.

 Retribuo seus toques no mesmo instante, apesar de ter colocado em minha mente que iria com mais calma na nossa relação, não tenho forças para me controlar se ela está sendo tão direta. Desço minha mão e aperto sua coxa fortemente, sentindo seus lábios, que estão contra os meus, sorrirem minimamente.

 Renesmee adentra minha blusa e pressiona sua mão contra a minha cintura, estava prestes a perder todos meus sentidos e tirar aquelas finas roupas que são as únicas coisas separando nossos corpos, quando o seu telefone toca.

 

 - Quem inferno poderia ser á essas horas? - Ela se separa de mim irritada e eu rio sem nenhum pudor.

 

 - Que boquinha mal criada, senhorita Cullen. - Passo o indicador pelo lábio superior e mordo o mesmo levemente antes de empurra- lá para fora da cama.

 

 A ruiva acata meu movimento e vai em direção a bolsa resmungando, ela pega o aparelho e quanto a luz do visor brilha em seu rosto, arregala os olhos imediatamente.

 

 - Alô, mãe? - Ela pergunta e é nítida a hesitação em sua voz. –... Eu sei que não te avisei, é que eu dormi sem querer... Tá, já entendi, estarei aí em 15 minutos. Tchau.

Renesmee bufa estressada e joga o celular dentro da bolsa.

 

 - Aconteceu alguma coisa? – Pergunto preocupada.

 

 - Mamãe está furiosa por eu ter dormido fora, sem avisar, ainda por cima. Ela disse que só não fez um escândalo porque tia Alice viu que eu vim para cá e que estava completamente segura.

 

 - Ela é meio protetora, não é? 

 

 Renesmee afirma com a cabeça.

 

 - Todos eles são, porém minha mãe e tia Rosalie extrapolam um pouco o limite. 

 

 Sento na cama enquanto rio e a puxo para perto, abraçando suas pernas e encostando minha cabeça em sua barriga. 

 

 - De super proteção eu entendo bem, meus pais também são assim.

 

 - Você sente falta deles? - A garota pergunta de maneira carinhosa, enquanto aperta a parte superior de meu corpo um pouco mais forte que o necessário. 

 

 - Sinto... Mas não temos tempo para essa conversa, nós temos que estar na sua casa em 15 minutos. - Falo já saindo de seu abraço e indo pegar uma roupa no armário.

 

 - Nós? - Ela pergunta confusa, mas ao me virar vejo um sorriso radiante em seu rosto.

 

 - Nós. - Afirmo. - Ou achou que eu te deixaria levar bronca sozinha? 

 

 - Você não tem jeito, Hope Mikaelson. - Ela ri e se senta no batente da janela enquanto me espera ficar pronta.

 

 ***** Dusk Till Dawn ***** 

 

 Pov’s Renesmee 

 

 Chegamos em casa em menos de cinco minutos, acelerando o mais rápido que o meu porsche branco suporta. Assim que estaciono na frente do hall de entrada, me viro para ver Hope que me encara com uma animação contida no olhar.

 

 - Me lembra de te chamar para apostar uma corrida qualquer dia. - Diz e eu rio.

 

 - Quem ganhar pode escolher o que quiser? - A malícia transborda de minha voz, como um doce veneno.

 

 - Acho que estou criando um monstro... - Ela comenta com um sorriso tão perverso quanto o meu tomando conta de seus lábios e aproxima o rosto, fazendo nossos narizes quase se tocarem. - Trato feito, mas vou avisando, eu não costumo perder.

 

  A Mikaelson me dá um beijo na bochecha e sai do carro me deixando ofegante no assento do motorista, eu nunca desejei tanto algo (ou alguém), como a desejo, não só sexualmente falando, quando estou longe, cada célula do meu corpo clama com ela, como se fôssemos ímãs. 

 Porém, apesar de a morena ter dado vida a um coração que nunca antes havia batido para outra pessoa, eu não faço ideia de como ela reage a mim e, por mais de todo o zelo e carinho que me proporciona, quando se trata de sentimentos, Hope é como uma parede em branco, difícil de decifrar. 

 A porta ao meu lado se abre me fazendo sair do transe, me dando a visão de uma bruxa com o olhar preocupado.

 

 - Está tudo bem?

 

 - Sim, apenas me distrai, vamos entrar. 

 

 A morena concorda e seguimos em direção ao segundo andar da casa, durante o caminho, Hope olha tudo com deslumbramento e curiosamente.

 

 - É tudo feito de vidro. - Fala com uma pergunta escondida no meio da sentença, provavelmente não querendo ser descortês. 

 

 - Sim, esse é o único lugar onde não precisamos nos esconder, então vovó planejou tudo cautelosamente para que nos sentíssemos em um lar.

 

 - Deve ser bom ter toda a família reunida sempre. - Ela suspira me causando um aperto no coração, eu ia abraça-la, porém chegamos na sala de estar no momento em que ela completou a frase. 

 

 Desta vez, todos os Cullens estão presentes, eles não fazem questão de disfarçar que estavam ansiosos por nossa chegada.

 

 - Vejo que já contou para ela sobre nós, você é igualzinho ao seu pai, não é Renesmee? - Tia Rosalie é a primeira a se pronunciar totalmente irritada. 

 

 - Não é o que estão pensando! - Respondo afobada. - Hope não é humana.

 

 - Nós sabemos. - Alice diz e ri em seguida, procurando meu pai com os olhos, ele também tenta segurar o sorriso. - Eu... Hã... tive uma visão de quando você descobriu sobre ela. 

 

 Meu rosto entra em chamas automaticamente, Hope não está muito diferente de mim, ela arregala os olhos azuis em minha direção, seria extremamente cômico, se não fosse caótico. 

 

 - Ah, então todos sabem? - Minha voz sai em um sussurro, quero me enfiar em um buraco. 

 

 - Só a parte que ela é uma bruxa. - Papai me tranquiliza e eu suspiro aliviada.

 

 O agradeço mentalmente por não contar a ninguém e ele me lança um sorriso rápido, mas logo volta ao semblante sério. 

 

 - Olha, eu sei que nunca conheceram nenhuma bruxa, mas eu não tenho a intenção de machucar ninguém, principalmente a sua filha. - Hope fala pela primeira vez e, para minha surpresa, sua voz saiu de maneira confiante. 

 

 - E como podemos confiar que está falando a verdade? - A loira a olha desconfiada. 

 

 - Ela está. - Tio Jasper reafirma para todos. 

 

 - Tudo bem, entendo que não queira ferir ninguém intencionalmente, mas para ser sincera, eu ainda não sei se posso confiar em você. - Mamãe se aproxima de nós e olha para a garota ao meu lado que consente.

 

 - Eu posso afirmar que não há ninguém nesse mundo que eu queira proteger mais do que a Renesmee.  

 

 Assim que as palavras da bruxa saem de seus lábios meu coração dispara contra o peito, o que é deveras vergonhoso já que todos no recinto, menos a outra adolescente, pode ouvir ele claramente. 

 

 - Oh, alguém ficou tocada. -  Tio Emmett brinca e eu lhe lanço um olhar fulminante, o fazendo rir com vontade. 

 

 - Tudo bem, acho que já assustamos a pobre garota demais. - Esme sorri e se aproxima para abraçar Hope. - É um prazer finalmente conhecer você, meu bem. 

 

 - Digo o mesmo. - A adolescente retribui o gesto. 

 

 - Nós já nos conhecemos, mas é um prazer mesmo assim. - Vovô se coloca ao lado da esposa e aperta a mão da garota. - Tem muita coisa que está me deixando curioso sobre sua família e a espécie de vampiros que eles são... Se não for incômodo, gostaria de ficar para o café da manhã para conversarmos melhor? Edward é um ótimo cozinheiro. 

 

 - Eu iria adorar. - A Mikaelson responde sorrindo. 

 

 - Nessie, por que você não aproveita para contar sobre como você descobriu que a sua amiga era bruxa? Sua tia Alice contou a visão pelos pedaços. 

 

 E voltamos para o sentimento de vergonha, logo quando achei que tinha me livrado.

 

 - Porque não é da sua conta, deixa a menina em paz. - Alice me protege e Jasper ri da cara do irmão.

 

 - Que gnomo mais estressado. - Ele se levanta e aperta as bochechas da menor que rosna pra ele. - Iti, fica fofa até quando tá bravinha. 

 

 - Emmett, é melhor você sair da minha frente antes que eu te arranque um braço. 

 

 - Tudo bem, tudo bem. - Levanta as mãos em sinal de redenção e volta para o seu lugar, puxando a esposa para o seu colo  no caminho.

 

 - Mas é verdade, Nessie, você não nos contou nada sobre a amizade de vocês. - Tia Rosalie continua o assunto.

 

 - Você nunca teve uma amiga mulher da sua idade antes, filha... O que vocês duas fazem para se divertir? - Mamãe pergunta se mostrando interessada. 

 

 Eu tento não desviar minha mente, mas automaticamente a imagem de Hope em cima de mim beijando meus lábios e descendo a mão por entre as minhas pernas apertando com força o local, toma conta de mim. Posso sentir o desejo despertar novamente só de lembrar como os seus dentes frios causavam um atrito contra a pele do meu pescoço e a maneira excitante que nossas respirações descompassadas se misturavam com os gemidos contidos... 

 

 - Renesmee! - Edward grita horrorizado. - Informação demais. 

 

 Todos alternam olhares confusos entre meu pai e eu, só Alice e Jasper parecem estar se divertindo com a situação. Agradeço aos céus rapidamente por Emmett não fazer ideia do que está acontecendo, porque se não ele iria me atormentar pelo resto da semana. 

 Corada e acanhada mais uma vez, eu falo:

 

 - Desculpa, pai , foi sem querer. 

 

 - O que foi isso? - Bella pergunta curiosa e quando eu ia arrumar uma desculpa, Edward faz isso por mim.

 

 - Não foi nada, vamos para cozinha, eu vou fazer o café da manhã de vocês enquanto conversam. 

 

 Não dando tempo para mamãe rebater, pego o braço da Mikaelson e saio andando em direção a sala de jantar que fica de de frente para a cozinha, assim que nos sentamos na enorme mesa preta que quase nunca se é usada, vejo que Hope me encara com um sorriso sugestivo no rosto. 

 Sem dizer uma única palavra, a morena pega o celular no bolso e digita algo, logo o meu aparelho apita me fazendo perder fôlego, totalmente envergonhada, assim que leio a mensagem: 

 

“Não deveria ter pensamentos impróprios perto do seu pai, ruivinha”.