História Dynasty - The Weight Of The World On Your Shoulders

Capítulo VI- The Weight Of The World On Your Shoulders

Lucy On:

Respirei fundo sentindo um desconforto abdominal se fazendo presente, atrapalhando minha concentração nas instruções da albina que não parava de falar. Passei os dedos pela gola justa em meu pescoço, sentindo o calor se alastrar pelo meu corpo ao vestir aquele exagero de tecidos finos. Mesmo tendo se passado três tortuosos dias, eu não havia me acostumado com a yukata que era obrigada a usar, que se destacava em meu corpo curvilíneo por ser feito sob medida. O kimono ao qual estava familiarizada era mais folgado e confortável, curto e com mangas da mesma forma para que facilitasse meus movimentos durante os trabalhos no campo.

Eu estava trajando uma yukata de seda branca longa, com mangas compridas e um obi dourado. O código de vestimenta exigia que eu me vestisse da mesma forma que as outras damas, deixando sempre o brasão da família Imperial à mostra em minha cintura. A longa faixa dourada que continha um dragão bordado era extremamente apertada, o único intuito dela era me deixar mais elegante e assentar os meus seios, que haviam ficado ainda mais marcados com a roupa colada em meu corpo. O obi fazia um grande laço em minhas costas e a geta de madeira branca em meus pés era acompanhada por uma meia branca fina. C-Como elas esperam que eu consiga respirar vestida assim?! 

-Está prestando atenção?! -A voz sobressaltada de Lisanna me chamou a atenção, a encarei meio perdida. -Por céus, Luigi, você realmente é um caso perdido!

-É Lucy, majestade... -A corrigi com um sorriso sem graça, Michelle segurou a risada ao meu lado.

-Não me importa quem você é, não pretendo me dar ao trabalho de lembrar o seu nome. Afinal, pelo que estou vendo você não ficará muito conosco... -A albina disse voltando a se sentar em seu trono dourado, sorrindo debochada para mim. -Apenas se vestir como uma dama não é suficiente. Se você não souber se comportar como uma, não só estará manchando o seu título como estará desonrando a Corte Imperial! Vamos repassar mais uma vez, quais são as habilidades que uma Dama deve desenvolver? 

-D-Dança, escrita, conhecimento político, música... -A respondi meio insegura por não me lembrar completamente. Ao ver que eu havia travado, Levy e Porlyusica negaram com a cabeça, enquanto Juvia apenas sorria maldosamente.

-E o mais importante, as Regras de Etiqueta! -Lis disse impaciente, me lançando um olhar aborrecido com seus olhos azuis. -As regras de etiqueta são as mais importantes para uma dama, pois elas reúnem todos os rituais palacianos que nos distinguem da escória deste país. Elas nos orientam a como nos portar à mesa, como nos vestir, como nos apresentarmos em público, como entreter convidados importantes e até mesmo como devemos cumprimentar outros nobres de forma adequada. Estas regras evitam situações constrangedoras. Por isso eu acredito que você deva começar por elas, pois essas regras formam uma verdadeira dama! E para a sua sorte, Porlyusica é a pessoa ideal para lhe ensinar.

-Nestes  três dias você aprendeu apenas a parte teórica do que ser uma dama significa, embora existam muitas outras regras exclusivas para  as damas. Mas por agora, você precisa colocar em prática o que aprendeu. -A rosada mais velha caminhou até mim com um olhar rígido em suas orbes ônix, me rodeando até parar atrás de mim para apertar ainda mais o laço do meu obi. -Você se veste como uma nobre e está começando a pensar como uma, mas também é preciso agir. A postura e a fala são o que mais encantam em uma dama, todos devem nos apreciar. Por isso se você ainda não está ofegando ao falar, não está mantendo a postura!

-Não deveríamos estar indo com calma? -Levy perguntou incerta ao analisar minha expressão avermelhada, enquanto eu sentia o aperto em minha cintura e a falta de ar se intensificar. -L-Lucy-san parece não estar acostumada com estas roupas, vamos acabar matando ela!

-Então que ela morra na graça de uma Dama. -Lisanna disse soltando uma risada, me olhando nos olhos com um brilho cruel. -Não precisa se esforçar tanto, Luigi, você não precisa provar nada para ninguém... Pode desistir quando quiser!

-O-Obrigado pela sua preocupação, majestade, mas eu estou exatamente onde quero estar! -A olhei fixamente, sorrindo com determinação em meio a sensação sufocante que estava sentindo. -Eu não pretendo desistir!

-Faça como quiser. Quero que aprenda a andar graciosamente e não vai descansar até conseguir! -Lisanna respondeu com desgosto na voz, seu sorriso havia dado lugar a um semblante irritado. Logo ouvimos batidas insistentes na porta, Juvia rapidamente se apressou para atender. -Mas o quê foi agora?!

-Lisanna-sama, O capitão Mard Geer-sama e seus homens desejam vê-la. -Juvia disse se referindo a um homem de longos cabelos negros e armadura vermelha, ele estava de joelhos acompanhado por mais dois homens. -Ele disse que se trata de um assunto de seu interesse...

-Claro, irei imediatamente! -A albina se levantou de seu trono com um sorriso contido, ajeitou seu gracioso furidose de seda vermelho e foi ao encontro do homem. -Porlyusica, eu a quero falando e andando como uma Dama quando eu voltar! Quero ver até onde sua determinação vai, caipira!

-Pode contar comigo. -Porlyusica disse se curvando assim como as outras ao vê-la se retirar, não deixei de notar o olhar de um dos soldados loiros para mim antes deles saírem. -Você precisa se concentrar, Lucy-san, conseguiu deixar a Imperatriz de mau humor.

-Deveríamos desistir logo, Juvia não entende o que o Imperador estava pensando quando a indicou! -A azulada disse de braços cruzados, deixando claro seu descontentamento com a minha presença. -Algumas coisas não podem ser ensinadas...

-Como uma das Damas que serve diretamente à Imperatriz e membro da Corte Imperial, você já deveria ter aprendido a obedecer as ordens do Imperador e não as contestar. -Levy disse com um sorriso irônico, fazendo Michelle rir e Juvia se indignar. -Algumas coisas realmente não são aprendidas, mesmo com o passar dos anos...

-Eu acho que a Lu-san vai conseguir! -A loira mais jovem disse me abraçando sorridente, me apertando um pouquinho. -Não liga pra Ju-san, ela é amarga assim mesmo.

-Certo meninas, já chega! E Michelle-san comporte-se como uma dama... -A rosada mais velha repreendeu as três, Michelle se separou de mim com um sorriso envergonhado. -É preciso se adaptar a esta vida logo, por isso vamos começar pela postura. Uma Dama deve caminhar sempre ereta e de cabeça erguida, exalando nobreza a cada passo!

Dito isso Porlyusica foi até as prateleiras no canto da sala e pegou uma pilha de livros grandes, em seguida ela veio até mim com os livros em mãos. A mais velha ajeitou os livros no topo da minha cabeça e me deu passagem, indicando com o olhar para que eu caminhasse. As olhei sem muita confiança e sentindo o peso dos livros em meu pescoço, suspirei profundamente ao entender o que deveria ser feito e dei o meu primeiro passo desengonçado. Sorri mais animada ao ver que estava andando vagarosamente com os livros equilibrados, as outras me observavam satisfeitas pela minha primeira tentativa bem sucedida. Eu vou conseguir!

-Isso é inútil, uma perda de tempo! -Juvia parecia inconformada ao me ver conseguir de primeira, ela passou por mim e esbarrou no meu ombro de propósito, me derrubando junto aos livros. -Você nunca será uma nobre, a Juvia nunca vai aceitar isso!

-Juvia-san! -Porlyusica chamou pela azulada que a ignorou e saiu correndo, ela foi até a porta e me olhou no chão com um olhar cansado. -Continue praticando! Levy-san e Michelle-san, venham comigo!

-Sim, senhora Porlyusica-sama! -As duas concordaram e saíram juntas com a rosada mais velha, me deixando sozinha na sala. 

Bufei desanimada e me levantei, recolhendo a pilha de livros e a colocando sob minha cabeça novamente. Tentei repetir o que havia feito há momentos atrás, mas uma estranha sensação de estar sendo observada acabou tirando o meu foco. Mesmo ajeitando minha coluna e minha cabeça não estava conseguindo manter o equilíbrio, resultando em outra queda vergonhosa. Olhei os livros caídos com uma face derrotada ao ouvir as palavras de Juvia ressoarem pela minha mente, me levando a sentir um sentimento de desistência aos poucos me dominar. Talvez ela esteja certa. Mesmo que eu tente nunca me tornarei uma nobre...

-Você está bem? -De repente Natsu adentrou a sala com uma expressão séria, me deixando surpresa com a sua aparição repentina.

-M-Majestade! -Tentei me levantar, porém, a roupa justa e o excesso de tecido  nas mangas da yukata me atrapalharam. 

-Permita-me te ajudar. -O rosado veio até mim e segurou meu braço delicadamente, me ajudando a me erguer aos poucos e me segurando contra o seu peitoral. 

-M-Muito obrigado, majestade. -Nos olhamos ainda juntos por longos segundos, até que ele me soltou parecendo estar tão constrangido quanto eu pela nossa proximidade. -E-Então, veio ver a Imperatriz? Ela saiu há alguns minutos atrás...

-Sim, eu sei que ela saiu. Não foi por ela que eu vim. -Natsu respondeu desviando seu olhar do meu enquanto passava a mão pelos seus fios róseos, me fazendo corar levemente e meu peito palpitar. -Eu vi que você estava treinando, mas não é como se eu quisesse interromper ou algo do tipo...

-Então vossa majestade veio me ver? -Dei um passo em sua direção com um sorriso reluzente, o Imperador voltou a me olhar nos olhos.

-Sim, eu queria lhe ver. -Natsu respondeu num tom sincero se aproximando de mim com um leve rubor em sua face, ele segurou uma mecha loira solta dos meus cabelos e desceu seus olhos pelo meu corpo. -Estas roupas lhe caíram bem...

-Obrigado. -Agradeci sentindo uma inexplicável vontade de quebrar ainda mais a distância entre nós, mas optei por me afastar. -Ainda estou me adequando a todas essas regras e tradições, devo admitir que não está sendo fácil...

-Parece desanimada. Aconteceu algo? -O rosado perguntou com um resquício de preocupação em sua voz firme. 

-Sinto que apenas estou causando problemas... -Desabafei com certo pesar na voz e um sorriso triste, sentindo aquele sentimento negativo vir à tona. -Minha presença não é bem-vinda e muito menos bem vista. Não acho que a Imperatriz me queira aqui...

-Mas eu te quero aqui! -Natsu afirmou sem hesitação na voz, me fazendo arregalar os olhos. -C-Claro que a princesa também a quer aqui, ela gosta da sua companhia... 

-E eu acredito que isto seja mais do que suficiente para eu ficar. -Sorri gentilmente para ele, que me olhou com certo fascínio.

-Eu quero lhe ajudar a cumprir a promessa que fez para mim. -Natsu disse seriamente, se aproximando de mim com  um olhar convicto. -Vou te orientar no seu treinamento de hoje!

-É-É muita generosidade sua, majestade, mas eu não posso tomar o seu tempo! -Neguei me impressionando com a sua disposição, o vendo segurar minha cintura em seguida e me trazer para si.

-Eu insisto... Não quero que você desista. Agora vire-se para mim. -O rosado se inclinou perto do meu rosto e sussurrou em meu ouvido, as batidas em meu coração pararam brevemente ao sentir seu hálito quente bater em minha nuca. -Não estou desperdiçando meu tempo com você e sim ganhando.

-E-Entendi! -Respondi com a voz falha e rapidamente o obedeci, me virei de costas para ele. -E agora majestade?

-Mantenha suas costas alinhadas ao eixo da sua cabeça, sempre a mantendo erguida. Assim... -Natsu colou minhas costas ao seu corpo, repousando suas mãos em meus ombros suavemente. -O método da minha avó é antigo e eficaz, mas a melhor forma de se manter a postura é caminhar livre de incertezas. Como se o peso do mundo estivesse em seus ombros.

As mãos fortes e grandes de Natsu massageavam meus ombros, descendo seus toques pelos meus braços até chegar às minhas mãos, onde ele segurou ao dar os primeiros passos, se mantendo por trás com o seu corpo másculo junto ao meu. O contato das minhas costas com o seu peitoral, suas mãos entrelaçadas às minhas e sua respiração quente causavam sensações nunca antes sentidas. Os arrepios consecutivos pela minha pele, as batidas desenfreadas em meu peito e o calafrio na minha espinha faziam o desconforto e a falta de ar das roupa serem momentaneamente esquecidos. Por mais que eu tentasse me concentrar a cada passo que dávamos, uma parte de mim queria ver seu rosto que permanecia oculto. E-Eu quero vê-lo!

Tentei virar minha cabeça lentamente para olhá-lo, porém, acabei me desequilibrando e errei o passo. Num movimento rápido Natsu voltou a segurar minha cintura, evitando que eu caísse ao chão. O Imperador me virou de frente para si e meu rosto corou ao sentir minha cintura ser abraçada por seus braços musculosos, me permitindo sentir seu peitoral tencionado e suas batidas inquietas. Continuamos a nos olhar abraçados, como se o tempo tivesse congelado para ambos. N-Nem mesmo os beijos e os toques de Sting haviam me deixado assim.

-Você precisa se concentrar mais. -Natsu disse para mim com o seu rosto tão vermelho quanto o meu, me soltando aos poucos.

-P-Perdão, majestade, irei prestar mais atenção! -Me desculpei com o meu coração eufórico, forcei um sorriso para espantar o nervosismo que estava sentindo. -Vossa majestade disse para que eu caminhasse livre de incertezas, "como se o peso do mundo estivesse em meus ombros"...

-Eu aprendi isso quando era mais novo. Foi há muito tempo atrás... -O rosto do rosado se tornou inexpressivo, seus olhos haviam perdido o brilho vívido. -Se pensar que não vai conseguir ou que irá fraquejar, lembre-se que existem pessoas contando com você. Então faça isso por elas e não apenas por você, dessa forma creio que encontrará a força que está procurando.

-Da mesma forma que vossa majestade faz? -Indaguei sorrindo de forma terna para Natsu, que voltou a me olhar com suas orbes retomando o esplendor. -Errar é humano, tanto nós quanto o mundo é imperfeito. E é nessas pequenas imperfeições que aprendemos com os nossos erros e nos tornamos mais humanos...

-Não para um Imperador, não posso me dar ao luxo de falhar com o país e o meu povo... -O rosado disse num tom reflexivo, me dando às costas e indo até as portas da sala. -A essência humana não se encaixa com a realeza.

Antes que eu pudesse dizer algo ele saiu sem olhar para trás, fechando as portas e me deixando só. Permaneci ali parada  apenas olhando por onde ele havia acabado de sair, com a imagem de seu rosto disciplinado e suas costas largas. Resolvi voltar a praticar com a minha mente enevoada por pensamentos que o envolviam, sentindo um desconhecido aperto em meu peito. Segui em passos cautelosos e de cabeça erguida pela sala. Não é justo ter que carregar o peso do mundo sozinho, afinal você ainda é humano...

Lucy Off/Autora-chan On:

Enquanto Natsu saía da sala visivelmente perturbado com as palavras de Lucy, uma sombra observava escondida atrás de uma das colunas o Imperador. Seus olhos acompanhavam cada passo que o jovem governante dava pelos corredores, olhando em direção à porta ao qual ele acabara de sair em seguida. 

-Então é aqui que você tem vindo nestes últimos dias... -A sombra saiu da penumbra e abriu cuidadosamente uma fresta nas portas para não fazer barulho, espiando a jovem loira que ali treinava com um brilho sombrio em suas orbes. -E não é para ver a sua esposa, certo "majestade"?!