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História E se for você? - Apenas uma visita


Escrita por: Sam_Corvina

Notas do Autor


VOLTEEEI kkkkkkk

Olha a SORTE gente: meu período de provas voltou e agora é FÉRIAS, atualização mais frequente UHUUUUL 💙

Tem duas músicas nesses capítulo, aconselho pesquisar a tradução, assim vão chorar KKKK depois me contem o que acharam

Boa leitura meus amores 💓

Capítulo 10 - Apenas uma visita


Fanfic / Fanfiction E se for você? - Apenas uma visita

 

10 anos depois

 

Dentro da banheira coberta com espuma de baunilha e cravo da índia Alex tentava relaxar, a ponta dos dedos apertando levemente a têmpora esquerda enquanto respondia a perguntas cansativas dos sócios que pareciam inconformados com as mudanças que ela havia feito recentemente.

 

_ Pensamos em algo diferente, inovador, estimulante…

 

Disse Isabela uma das executivas do projeto que seguia até agora sem uma pauta final.

 

_ Quem sabe em Detroit ou até mesmo Minnesota - Um dos sócios perguntou.

 

Alex balançou sua taça quase vazia querendo desaparecer daquela reunião de uma vez por todas, mas não podia, era a presidente de uma das maiores empresas no ramo de tecnologia do mundo, precisava seguir a risca qualquer projeto mesmo que para ela fosse uma perda de tempo inútil e sem sentido. Ela observou a garrafa de vinho no suporte ao lado e desejou ter escolhido abrir uma garrafa de Romanée e não de Petrus só pela chatisse daquela tarde. Sua mente naquele momento estava na loja de vinhos, em seu quarto, na quadra de corrida e até mesmo na casa de seu irmão, Dean, mas não ali naquela reunião insuportável. 

 

Novamente Alex revirou os olhos enquanto alguém ditava os ganhos com o projeto. Seu projeto que agora era desmerecido.

 

_ Então, senhorita Vause, o que acha disso? - Alguém perguntou ao fundo.

 

Os pés de Alex brincavam com a espuma da banheira enquanto analisava a melhor maneira de dizer aquilo, na verdade não existia uma maneira muito boa mas ela não se importou mesmo assim.

 

_ A nova sede ficará em South Valley. Já disse umas quinhentas vezes se não estou enganada, senhores.

 

_ Conversamos sobre isso um milhão de vezes, Alex. South Valley não tem concorrência aceitável…

 

_ Por isso é perfeita - Alex se ajeitou na banheira voltando a bebericar o vinho - Quero construir algo ali, gosto da cidade. - Sua bochecha esquentou levemente mas ela disfarçou com mais uma dose de vinho.

 

_ Tem certeza? Ainda acho que não seria uma boa ideia investir naquele lugar… - Isabela voltou o rumo da conversa novamente.

 

_ Nunca estive tão certa sobre algo, podemos encerrar por aqui senhores? Essa reunião já tomou muito nosso tempo por algo que particularmente pensei que já estivesse resolvido.

 

Ninguém ousou questionar a decisão de Alex e muito menos desrespeitar sua autoridade naquela reunião, apenas o silêncio ecoava.

 

_ Bem, senhores. Ao final do dia encaminharei um relatório completo da nova sede. - Isabela disse sem jeito - Alex? 

 

_ Sim?

 

_ Pode realizar a assinatura eletrônica? Já vou encaminhar o projeto para a área de engenharia agora mesmo - O barulho do teclado ecoava ao fundo fazendo sua cabeça doer ainda mais.

 

_ Claro. Receberá um e-mail meu ainda essa tarde. 

 

Assim que a ligação foi encerrada por todos do outro lado, Alex deixou sua taça de vinho no apoiador e retirou os fones, apoiando a cabeça na borda da banheira enquanto uma camada de fumaça começava a sobrevoar o banheiro. 

 

Os olhos verdes se fixaram nas gotículas de água que escorriam no vidro do box enquanto sua cabeça permanecia distante, agora sobrevoando South Valley.

 

Desde que saiu da pequena cidade do interior nunca mais retornou, passou uma grande parte de sua vida em Seattle com seus pais e após a morte de seu pai, acabou assumindo a presidência da empresa. Mesmo conseguindo a cadeira que comandava a rede Vause's e tudo o que o dinheiro podia comprar com seu poder, não conseguiu consertar o grande vazio que a perseguia mesmo depois de anos. Uma década.

 

Morar em NY não fazia Alex esquecer a tragédia que aconteceu na sua adolescência, assim como nenhuma sessão de terapia conseguia amenizar o demônio que a perseguia toda vez que deitava a cabeça no travesseiro… onde quer que estivesse.

 

Quando partiu de South Valley ela perdeu muito mais que uma simples vida. Ela perdeu a própria vida e tudo o que aquilo significava para ela. 

 

Havia um grande buraco cavado dentro dela que tempo nenhum foi capaz de fechar. Não existia um remédio para cicatrizar uma ferida que insistia em sangrar mesmo depois de tanto tempo. 

 

Perder Lizzie Chapman foi como perder parte dela mesma… Ela daria tudo para poder voltar no tempo e consertar todos os erros que destruíram sua vida, sua saúde mental e o pior de todos… seu coração. Toda vez que Alex permitia a si mesma em conhecer alguém as sombras de seu passado arrastavam a força sua alma para South Valley e dentro de sua mente o demônio sussurrava como foi horrível perder alguém. Perder alguém que amava enlouquecidamente. Ela nunca mais sentiu nada próximo daquilo e pedia sempre em sonho para conseguir se apaixonar de novo, viver de novo.

 

Alex deixou algumas lágrimas escorrerem em seu rosto e cerrou os punhos derrubando a garrafa de vinho no chão com força e então, chorou.

 

Chorou de culpa, chorou por medo e por todas aquelas lembranças que sempre faziam Lizzie se tornar tão viva em sua mente já perturbada demais. Chorou por insegurança de um futuro incerto, chorou pela ferida que sangrava toda vez que pensava em Lizzie e por último, chorou de dor. 

 

Desabou novamente por estar cansada de chorar lágrimas envenenadas de culpa e remorso. Lizzie tinha partido por culpa dela e não voltaria jamais.

 

Been sitting eyes wide open behind these four walls, hoping you'd call

It's just a cruel existence like there's no point hoping at all

Baby, baby, I feel crazy

Up all night, all night and every day

Give me something, oh, but you say nothing

What is happening to me?

I don't wanna live forever, 'cause I know I'll be living in vain

And I don't wanna fit wherever

I just wanna keep calling your name until you come back home

I just wanna keep calling your name until you come back home

I just wanna keep calling your name until you come back home

 

(...)

 

Alex já estava se sentindo exausta depois de um dia inteiro respondendo a emails particulares e participando de reuniões com sua equipe, tudo que o que desejava era sair para algum lugar e conseguir ser ela mesma sem restrições ou cargos. Depois de escolher um suéter azul marinho e um par de saltos, Alex buscou o celular na bancada da cozinha decidida a partir para uma noite no mínimo agradável com alguém que considerava uma irmã em sua vida.

 

_ Boa tarde senhorita Vause - Uma mulher baixinha surgiu na sua direção.

 

Eleanor trabalhava para ela a anos e mesmo assim não conseguia se livrar dos modos formais. Alex apenas revirou os olhos.

 

_ Alex.

 

A governanta sorriu.

 

_ Alex - murmurou - Posso montar o cardápio do jantar? 

 

_ Ficarei fora a noite toda hoje.

 

_ O cardápio de café da manhã pode ser o mesmo?

 

_ Como preferir, agora preciso ir - Alex buscou a chave eletrônica do carro e seguiu em direção ao elevador de seu apartamento.

 

O celular vibrou e ela riu assim que atendeu.

 

_ Pensei que tivesse me esquecido!

 

_ Esquecer você? Jamais! - Nicols sorriu do outro lado - O que vamos fazer essa noite?

 

_ Pensei em carpaccio e uma boa dose de whisky, o que acha?

 

_ Perfeito! Estou enviando o relatório de segunda para o Elvis, será que estou atrasada? - Nicols riu do outro lado.

 

_ Com toda certeza ele vai detonar você! Tem sorte que somos amigas. Viu Janessa esse final de semana?

 

_ Sem chance, meu tempo foi corrido… Peter, desce daí! - Nicols gritou do outro lado - Gato idiota! Já volto! 

 

_ Sem problema, gata.

 

Alex sorriu se direcionando para o estacionamento enquanto a amiga fazia sabe deus o que com seu gato. Um homem de terno se aproximou dela fazendo um pequeno gesto discreto.

 

_ Boa noite senhorita. Qual usaremos hoje? 

 

Alex tinha o próprio apartamento particular e uma dezena de carros que podia escolher usar quando e onde quiser. A garota apenas esticou as chaves e sorriu para o motorista.

 

_ Lamborghini, Matt. - Quando o homem se esticou em direção ao carro ela apenas tocou seu ombro - Vou dirigir hoje.

 

_ Mas…

 

_ Noite de folga, Matt. 

 

_ Tem certeza?

 

_ Absoluta - Alex revirou os olhos - Aviso se precisar.

 

O carro saiu do estacionamento em alta velocidade contornando cada pilastra com precisão. 

 

Sua atual posição na empresa oferecia a ela uma vida confortável e coberta de luxo, mulheres e bebidas caras. Enquanto segurava o volante da Lamborghini ela riu, lembrando que na adolescência já pensou em desistir da própria vida por não ter nada, não ser considerada alguém e não ter dez dólares na carteira para comprar um maço de cigarro.

 

A vida era na verdade uma grande ironia. Hoje ela podia comprar a empresa que fabricava aquela droga.

 

(...)


 

_ Não acredito! - Nicols gritou em direção a Alex assim que o carro parou próximo a calçada do restaurante.

 

Nicols segurava um cigarro entre os dedos e sua roupa parecia de alguma artista Hippie dos anos oitenta perdida na cidade de Nova Iorque. O cabelo preso a um coque frouxo e um par de sandálias bastante usadas completavam o look. Alex sabia que a amiga nunca foi muito preocupada com moda, na verdade ela se vestia de acordo com o humor e admirava isso em Nicols.

 

_ Quem é vivo sempre perturba, não é mesmo? - Alex abraçou a amiga com toda força do mundo.

 

Nicols gargalhou e deixou algumas batidas em seu ombro.

 

_ Na verdade os mortos também, inclusive tem um atrás de você neste exato momento.

 

_ Nick! - Alex se virou depressa, assustada.

 

_ Sabe como é - Nicols deu um peteleco no cigarro e entrou para o restaurante. - Estão presentes o tempo inteiro.

 

É claro que todos olharam para as duas, afinal Alex estava formal demais naquela camisa social e Nichols parecia mais que tinha ido para a praia no horário de almoço e voltado a tempo para o jantar.

 

_ Que roupa horrível! O que fizeram com você? - Ela sorriu para Alex, ajeitando o tecido da camisa - Engomada demais…

 

_ Eu sei, sai apressada de casa - A garota revirou os olhos.

 

Alex pediu duas doses de whisky e contou sobre sua vida para a amiga que a analisava dos pés à cabeça, como se estivesse algo de errado com ela.

 

_ O que foi? - Alex perguntou por fim, se incomodando.

 

Nicols apenas deu de ombros pedindo uma terceira dose.

 

_ Amanhã faz dez anos desde que tudo aconteceu e como todos os anos, isso ainda reflete em você. - As sobrancelhas de Nicols se ergueram. - Pode mentir para sua assistente pessoal, para seu irmão, para a idiota da Molly Swan e até mesmo para você mesma quando se olha no espelho, mas sabe de uma coisa? Não pode mentir para mim, não - Nicols sorriu - Menos para mim.


 

_ É tão visível assim? - A garota sorriu sem jeito.

 

_ Visível? Alex, nunca foi algo que conseguiu esconder. - Nicols cruzou as sobrancelhas. - Não sei a razão de ainda se dar ao trabalho de esconder.

 

Os pratos foram servidos e ela pensou por um momento se diria aquilo ou não, parecia loucura demais…

 

_ Não encontrei o túmulo dela em South Valley…

 

Nicols quase se engasgou com sua quarta dose de Whisky depois de ouvir aquilo.

 

_ Você foi lá? Digo, voltou para a cidade?

 

_ Sim.

 

_ Por qual razão? 

 

Alex cruzou as sobrancelhas.

 

_ Dez anos, Nick. Isso explica muita coisa, não acha?

 

_ Pensei que tivéssemos feito um juramento que você nunca mais ia pisar os pés em South Valley novamente…

 

_ Éramos adolescentes, Nick! Pelo amor de deus! - Alex revirou os olhos.

 

Nicols parou por um momento analisando toda a situação e pensando se diria a verdade a ela. Todo ano ela fazia essa pergunta a si mesma pois sabia a angústia que Alex passava dia após dia, mas contar a verdade faria que ela nunca mais olhasse para sua mãe ou até mesmo para ela mesma. 

 

O que Lizzie Chapman poderia fazer caso Alex fosse visitá-la? 

 

Era estranho a fama de Alex ser espalhada mundo afora e nunca surgir nenhuma denúncia de Lizzie, mesmo depois de muito tempo. Teria ela seguido em frente e deixado o passado para trás? Construído outra história? Nicols não sabia da resposta, nem mesmo acreditava que Lizzie realmente tinha sobrevivido a tudo isso, mas de uma coisa ela sabia:

 

Se soubesse da verdade, Alex iria lutar por Lizzie até o fim, como fez anos antes e talvez isso tornasse sua ruína doce e amarga demais para ambas as partes.

 

(...)

 

O vazio de voltar para seu apartamento fez Alex estremecer, não estava bêbada ao contrário, sóbria o suficiente para voltar para o pior cômodo daquela casa.

 

Seu quarto.

 

Ela puxou uma caixa de madeira antiga e a depositou sobre a cama, retirando a tampa e mais uma vez absorvendo tudo que deveria esquecer. Todas as coisas roubadas do armário de Lizzie ainda estavam ali. Intactas. Vivas e mortas ao mesmo tempo.

 

Sua mão deslizou para uma das cartas que já tinha lido diversas vezes, seus dedos seguiram na tinta já gasta até a frase que ela sabia que estaria ali. Sempre estivera nela de alguma forma.

 

" Amar você foi minha escolha e nunca estive tão certa dela " 

 

Novamente a onda de dor atingiu Alex no peito a fazendo apertar as unhas em seu braço até que aquela dor fosse física, não emocional. Sangue pingou na cama mas ela não parou de apertar com toda força que tinha. Aquilo era uma hábito, a tortura não era nada comparado a sua mente que a fazia encher a banheira todo dia e mergulhar nela com uma dose exagerada de calmantes.

 

Sua psicóloga não sabia disso, Nick não sabia. Dentro daquele quarto era somente ela e todas as lembranças com Lizzie.

 

Era o "nós" que as duas nunca viveram.

 

Sometimes I'm beaten

Sometimes I'm broken

'Cause sometimes this is nothing but smoke

Is there a secret?

Is there a code?

Can we make it better?

'Cause I'm losing hope

Tell me how to be in this world

Tell me how to breathe in and feel no hurt

Tell me how could I believe in something

I believe in us



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