História E se...- John Wick - O pacto de sangue-Parte final

"O que eu lhe disse que uma arma é?" 

"U-Uma ferramenta" 

"Sim. E ferramentas? 

"Devem ser tratadas com respeito", responde a adolescente de cabelos ruivos intensos. 

"Isso! Não desperdiçamos balas querida, damos a quem merece e esse homem diante de você feriu muitas pessoas, muitas garotinhas assim, como você!" 

Ela encara o homem grande, cerca de 40 anos, cabelos igualmente avermelhados e olhos azuis, ao seu lado, em seguida, se vira para o homem jovem, ensanguentado, de cabelos negros, amarrado na cadeira.  

"É MENTIRA! É MENTIRA! EU JURO QUE EU..." 

"Cala a boca!", Ordena outro homem, lhe dando um soco no nariz.

Diferentemente do ruivo, aquele homem é baixo, gorducho e calvo, os poucos fios de cabelo ao redor da cabeça, grisalhos... 

O ruivo lhe entrega a arma; 

"Ele merece!" 

Ainda com os olhos fixos no sangue que escorre do nariz do desconhecido, a adolescente engatilha a calibre 12. 

"EU NÃO FIZ NADA!", Afirma o homem de olhos negros. 

Aqueles olhos... 

Tão escuros, tão cintilantes, tão assustados...

"Eu sou viciado tá legal?! Há anos! Eu confesso que roubei o carro do seu pai pra vender e usar mais, mas eu não sabia que era dele! Eu juro! Ele só está dizendo que sou um pedófilo pra fazer você me matar! Eu juro... Eu juro...". Chorou ele. 

"Prefere dar ouvidos a um bandido ou á seu pai?" As íris esverdeadas fitam as negras marejadas. 

"Por favor! Por favor, não..." 

" ELLA! ATIRE!"

______________________________________________________ 🌹 

A loira acorda  num salto, a respiração ofegante, a pele coberta por uma fina camada de suor, os cabelos bagunçados e as pupilas dilatadas. 

Ela olha ao redor, segurando o próprio pescoço, buscando acalmar sua respiração; 

- Helvete!- (Inferno!), Xinga ela se sentando e chutando o edredom para longe. 

Por quê estava tendo aqueles pesadelos? Revivendo aquilo? 

"Por quê?", Se pergunta pensativa. 

Em seu íntimo, Isabella Olsson sabia a resposta, sabia! Mas não iria admitir, como se, ao faze-lo, estivesse tornando tudo concreto. 

Mas era ele! Era aquele estranho! 

Diferentemente de todos os que ela conhecia em New York, que eram narcisistas e superficiais demais, John Wick era o único capaz de lhe lembrar de seu passado, despertar aqueles sentimentos e lembranças ruins nela. 

Aqueles olhos escuros e frios, indiferentes e... Cruéis! 

Não!, Pensou ela, os olhos dele não eram cruéis! Havia um certo brilho ali, uma certa empatia... 

Bufando irritada, Bella entra debaixo do chuveiro de pijama e tudo, e se obriga a reiniciar, esvaziar a cabeça e pensar em outra coisa. 

Trabalho! 

Sim, deveria se arrumar e ir trabalhar, Frank andava tão irado com ela, que não permitiria mais atrasos. 

(...) 

Já se sentindo mais calma, Bella secou os cabelos- olhando no espelho, precisaria repintá-los em breve- diante do sol lá fora, vestiu um jeans e uma blusinha larguinha branca com pequenas bolinhas pretas, um sapatênis velhinho, pegou sua bolsa e seguiu para a Lanchonete, no caminho, parou para fotografar as belas rosas amarelas de Will (o vendedor de flores).

Diferentemente da maioria, a loira tirava as fotos para si, nunca teve, tão pouco pretende ter alguma rede social, o que a inclui naquela porcentagem maior de não ter amigos, ela também não se importa com isso, não pretende ter relacionamento de nenhum tipo com alguém. 

Quando chegou na cafeteria há cinco anos atrás, ficou próxima de Charlotte e Erick, outros dois funcionários. A mulher era pouco mais velha que ela, usava o cabelo num Black Power estiloso e estava sempre reclamando de como todos os homens eram iguais, já Erick, ele parecia um pouco com Isa, era calmo e gentil, sempre se oferecendo para ajudá-la no que ainda tinha dúvidas... 

Mas Charlotte era muito extrovertida, sempre cercada por rodas de amigos, bebendo em pub's e postando fotos até da água com gás que bebiam, ela não queria, quer dizer, não poderia ter amigos, e mesmo se tivesse, não era aquele tipo que buscava. Pouco mais de um ano depois, Charlotte saiu da cafeteria para investir em Marketing digital.

Já Erick, ele gostava demais de Isabella e ela sabia disso, mas seus sentimentos não eram recíprocos. Era nova ali, não conhecia nada e ele á ajudou, era um bom rapaz, mas nada além disso... Ela estava ocupada demais com seus problemas para reparar em suas investidas. 

Após sair da Lanchonete, Erick e ela saíram umas três vezes, não rolou nada, com o tempo o castanho percebeu que nem rolaria e acabaram por se afastar aos poucos.

Bella não era uma beldade, mas era bonita o suficiente para atrair a atenção de alguns, porém seu jeito frio e desconfiado de tratar pessoas estranhas, a forma como anda cabisbaixa em meio a multidão mesmo sendo baixinha demais para ser notada, fazia com que as pessoas hesitassem em se aproximar, e os que ô faziam, ela não deixava que permanecessem por muito tempo.

"Não com ele", sussurrou sua própria voz em sua cabeça, a fazendo franzir o cenho irritada. 

Mais irritada por ser verdade. 

John Wick- Se é que esse é mesmo o seu nome- causava um efeito diferente nela, acima de todos que já havia conhecido, dele poderia ter certeza, é encrenca! Pura e perigosa encrenca! Mas algo sempre a atraía para ele... Se fosse mais iludida do que por vezes demonstrava, poderia jurar que era destino, mas não, é Carma mesmo! 

- AI! 

- Desculpa- Pede o homem de cabelos loiros caindo como franja na frente do rosto fino.

A mulher estava tão absorta em seus pensamentos, que nem prestou a atenção na calçada. Agora se encontrava com uma de suas únicas blusas boas repleta de milkshake, derramado por um homem aparentemente tão desajeitado quando ela. 

- Nossa, eu sou um desastre...- Começa ele guardando o celular no bolso, jogando o copo no chão e esfregando o The New York times sobre os seios dela.- Sério, eu não vi você... É tão pequena- Ele sorri tentando fazer graça. 

- Não precisa!- Diz Bella de cara fechada, puxando o lenço que ele trazia no bolso de seu terno. 

- Desculpa mesmo eu...- Sua voz se perdeu na multidão. 

Ainda com a pele queimando de raiva do "Mister altão", Isa caminhou e se sentou num banco próximo, afim de se limpar...

Por Deus! Havia ovomaltine até em seu jeans! 

As vezes ela odiava New York! 

(...) 

Após alguns esforços para amenizar aquilo, ela se levantou, abriu a bolsa e pegou um fino sobretudo verde escuro que tinha e vestiu afim de esconder. 

Na pressa, Isabella nem viu para onde estava indo, ao olhar ao redor, se viu na enorme encruzilhadas que ligava as principais ruas do centro, para sua sorte, a lanchonete era bem perto. 

Carma! Carma! Carma! 

Seus olhos esverdeados pousaram na figura alta ao longe;

- John?- Sussurrou ela, mexendo levemente os lábios. 

Não é ele, e mesmo se for, isso não é da sua conta! Se convenceu ela, porém, para ir para o trabalho, teria que atravessar na faixa mais próxima, que coincidentemente, ficava na direção da figura semelhante ao estranho da véspera de Natal... 

Usando isso como desculpa para ver melhor se era ou não John Wick, a mulher caminhou a passos rápidos até a faixa.

Enquanto esperava o sinal abrir, o homem se aproximou mais da entrada de um hotel grande e chique e avistando o Pitbull de pelagem escura ao seu lado, ela pôde constatar que sim, se tratava dele! 

Porém, algo chamou a atenção da loira... John estava mancando, sua blusa branca suja de preto e... Sangue? Olhando em seu rosto, ela pôde ver por baixo dos cabelos bagunçados alguns ferimentos;

"Por quê que ele está sempre coberto de sangue?" Se questionou ela já se aproximando. 

Quando deu por si, Bella já estava as costas do homem, que terminava de subir os degraus e entrar no prédio. 

Ele está ferido, pensou com pesar. Mas é um adulto, sabe se virar, se convenceu ela. Aquilo não era da sua conta, ela tinha uma vida, tinha um emprego, tinha... 

A verdade é que, Isabella Olsson não tinha muito pelo que zelar, não tinha amigos, trabalhava para sobreviver num emprego péssimo e vida? 

Desde quando viver fugindo é vida Isabella Olsson?, Se questionou, logo afastando este pensamento. 

Deveria ignorar, esquecer... Essa é sua vida agora! 

Ao olhar ao redor, ela vê os dois seguranças que guardam a entrada lhe encarando de forma desconfiada... Sua postura, maneira de olhar... Não eram boa gente. 

É desse tipo que você foge! 

Mas John está lá, está machucado de novo... Não conseguiu olhar em seus olhos, mas só a visão daquelas iris negras e assustadas, lhe davam um aperto no peito! 

Sem mais, esvaziando totalmente a mente, a loira começa a subir os degraus até a imensa porta de mármore.

Por um segundo ela achou que seria barrada, mas pelo que parece qualquer um pode entrar, a questão é alguém querer entrar ali. 

Por dentro, aquele lugar era ainda mais luxuoso, no teto uma imensa pintura do quadro "A noite estrelada" de Vicent Van Gogh, as enormes pilastras pareciam escupidas em mármores, as numerosas mesas ao redor estavam praticamente vazias, apenas com algumas pessoas sérias e com aquele ar de ministério que adornava o Sr.Wick... 

A mais nova olhava cada detalhe encantada enquanto seus pés ganhavam vida própria e a guiavam para a recepção. 

Assim que se aproximou, um homem de pele escura, terno elegante e óculos arredondados, lhe olhou de cima abaixo, como se seus olhos castanhos fossem uma espécie de escaneador.

- Pois não?- Perguntou ele. 

Sua voz era tão suave e gentil, que Bella quis abraça-lo... Ao pensar no que aconteceria se ô fizesse, a loira sorri boba. 

- Senhora?- O homem arquea uma sobrancelha. 

"Droga! O que eu faço? Fala alguma coisa! Qualquer coisa ele tá te olhando..." 

- Eu vim com o John- Soltou de repente- John Wick! 

Por um milésimo de segundo o mais velho pareceu surpreso com a informação, então sorriu de forma singela novamente, porém, seus olhos encaravam algo atrás dela... Ou pior, alguém! 

- Bom dia senhor, como posso ajudar?- Ela se vira para encarar quem está atrás de si. 

Um homem alto, pálido, cabelos negros curtos, maxilar quadrado e sobrancelhas grossas... Porém, outra coisa lhe chama a atenção. 

O homem tem uma tatuagem num símbolo curioso no ombro esquerdo. Um quadrado riscado ao meio, com um círculo em seu interior; 

Ela conhece esse símbolo, mas do que conhece, ela... 

Isabella Olsson encara os olhos verde escuros do homem, que estão vidrados nos seus e, instantâneamente, baixa a cabeça e abre passagem. 

Fôra coisa de segundos, mas seu coração não poderia estar mais acelerado.

Ela pode sentir o olhar do estranho sobre si, mas permanece estática no lugar, por fim, ele caminha até o balcão. 

- Um quarto para duas noites. 

- Claro... 

Ela ergue o olhar a tempo de vê-lo depositar duas moedas sobre a madeira... Mas não são moedas comuns.

                    Flashback on...

Seus passos são silenciosos e hesitantes sobre o piso de carvalho. 

"Como anda o carregamento?", Pergunta a voz de barítono.

O homem está sentado numa imensa cadeira de couro, de costas para ela, na mão esquerda pende um charuto, já na direita... Uma Glock G44; 

"Vai sair hoje a noite!" Informa o jovem de cabelos negros num topete perfeito, os olhos como grama... 

De repente esses olhos pousam sobre a pequena no fundo da sala. 

" Querida, é você quem está aí?" Pergunta aquela voz sem se dar ao trabalho de virar a cadeira. 

A ruiva então caminha até lá e se põe ao seu lado, as mãozinhas sobre a imensa mesa de ébano; 

"Era pra ter saído ontem, um atraso diminui meus lucros e sabe que não gosto disso!" 

" Sim senhor, mas o novo delegado está na nossa cola, há um esquadrão circulando pelas ruas, prendendo qualquer traficante, oferecendo acordos em troca de informações." 

" Qual o nome desse novo delegado?" 

"Igor Maicov, mas já vou avisando, ele não se vende."

" Não?" 

"Não!" Afirma com convicção.

"Então livresse dele!"

Os olhos dela correram a mesa, parando sobre uma pequena maleta, repleta de moedas de ouro com um símbolo curioso... 

"Pode ir!", Ordena o ruivo para o jovem que lança um último olhar a garota e parte. 

"Gostou delas?", Pergunta ele ao ver a mais nova fitar os objetos com interesse. 

Ela faz que sim e ele pega uma delas e lhe entrega; 

"Para você. Essas são diferentes das outras, com apenas uma dessa, você pode atravessar o oceano!" 

A ruiva sorri admirando a moeda de ouro... 

                 Flashback off...

- A Senhorita não gostaria de se sentar, Senhorita... 

- Olsson! Isabella Olsson!- Informou ela já se arrependendo. 

"O que você tem na cabeça? Dizer seu nome a um estranho, ainda mais num lugar como este? Deus! Eu sei que não tenho sido tão boa, nem que conversamos muito, mas por favor, não me deixe morrer!" 

- Gostaria de se sentar? 

- Ele vai demorar muito? 

- Não sei. As conversas com o gerente podem ser tanto curtas como longas. 

- Hum...- Murmurou ela olhando ao redor, havia uma mesa bem próxima.

"É melhor eu sentar pra não chamar tanta atenção..." 

Pensou ela já caminhando até lá e fechando o sobretudo para esconder sua blusa; 

Foi então que a razão voltou a sua mente! 

Que porra ela estava fazendo? 

O Frank? Por Deus! Ele a mataria! Já deveria estar lá á meia hora!

Mas não, resolveu seguir o estranho armado até um hotel lotado de bandidos! Porquê eram bandidos, aquelas moedas, a forma como se portavam... Metade ali eram, provavelmente, assassinos de aluguel, e a outra cafetões e traficantes. 

Bella pensou em se levantar, mas não queria chamar a atenção, era perigoso demais. Primeiro ela entra do nada, diz que conhece John Wick, pela cara do homem da recepção, parecia uma mentira má contada... E agora faria o que? Sairia assim do nada? 

"Não! Você vai ficar e esperar por ele!" 

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Sem dinheiro e apenas com a roupa do corpo, John Wick seguiu apé até o hotel continental. 

Seu rosto sangrava e suas pernas doíam, mas o sangue quente parecia aliviar a dor; 

Suas pernas estavam no automático, como se tivessem vida própria, seguiram até a recepção enquanto John se via aéreo da realizar. 

- O gerente está?

- Ele sempre está- Disse o homem de voz suave, lançando um rápido olhar sobre suas vestes sujas. 

O recepcionista apenas apontou em direção ao corredor que Wick já sabia aonde levava; 

John Wick seguiu até o terraço do hotel, o Pitbull ao seu encalço. 

Era uma bela manhã de sol, não que ele tivesse cabeça para reparar nisso.

- Onde ele está?- Perguntou se aproximando de onde os homens estavam. 

Pra quem não conhecia John, sua voz naturalmente suave poderia facilmente enganar, o que não era o caso de Winston, que sentiu a fúria em cada palavra. 

- Obrigado meu amigo- Ele se levantou, cumprimentando o homem de cabelos grisalhos com quem negociava suas famosas moedas de troca, ô dispensando. 

(...) 

- O que está fazendo John?- Já a sós, ele recomeçou encarando o moreno. 

Uma mistura de severidade e preocupação no olhar; 

- Ele explodiu minha casa inteira!- Respondeu o moreno entre dentes, cerrando os punhos com força para não perder o controle. 

- Você rejeitou a promissória, tem sorte dele ter parado por aí- Winston deu de ombros- Que idéia maluca foi essa de dar uma promissória para um homem como Santino D'Antonio?

-Era a única forma deu sair...- Confessou o mais novo, sentindo o peso daquelas palavras. 

Não poderia e nem diria que se arrependeu pois seria uma mentira. Aproveitou cada momento que pôde ao lado de Helen, mas agora ali estava, ferrado e necessitado de alguma solução além de voltar ao jogo.

Os homens se sentaram a mesa e Winston, como um pai, deu a John Wick um sermão daqueles e lhe aconselhou a pagar a promissória, quer dizer, não havia outra alternativa. 

Se matasse Santino, ele morria, se fugisse, morria, se se recusasse, advinha? 

Morria! 

Resumindo, John Wick teria que voltar a matar! 

Quebrando a promessa que fez a Helen, ele voltaria ao jogo mais uma vez, mas todos, incluindo John, sabem quem nem só de sorte vive o homem. 

A questão é, ele conseguiria sair dessa vez? 

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Ela mexia distraída na ponta solta de seu sobretudo quando o cão farejou seus dedos e em seguida os lambeu... 

- Oiii- Sorriu ela coçando suas orelhas. 

- O que faz aqui?- Perguntou a voz masculina diante de si. 

Isabella se levantou num pulo e fitou a figura a sua frente. 

De perto, John não estava muito melhor.

O corte na lateral de sua cabeça era bem maior do que ela imaginara, sua blusa estava imunda e ele cheirava a fumaça, como se tivesse acabado de sair de um incêndio. Lhe olhava de forma confusa e avoada, como se estivesse distante... 

- E-Eu...- Começou a loira perdendo a voz. 

A verdade é que, ela não sabia o por quê estava ali. Viu John machucado e seguiu para ajudar, ficou preocupada, mas não poderia dizer isso pois, não só o estranho não acreditaria nela, como ela própria não. 

Como poderia estar preocupada com ele? É um estranho! Por quê se importava? 

"Por culpa!", Sussurrou aquela vozinha infernal em seu íntimo. 

- Fiquei preocupada com você...- Traidoras, ela viu as palavras deslizarem por seus lábios. 

O moreno apenas franziu o cenho diante da declaração; 

John queria dizer que era mentira, brigar com ela, á colocar contra a parede e obriga-la a dizer a verdade, mas, olhando em seus olhos, ele só conseguia ver sinceridade, medo e receio neles. 

Olhando ao redor, ele pareceu voltar a si, notando onde estavam... Isabella Olsson era apenas uma mulher comum, desastrada e Extremamente enxerida a qual o destino parecia estar disposto em empurrar para seu caminho. 

Ela não poderia ficar ali, ainda mais com ele, era perigosos demais e John sabia disso, sabia que, mesmo não tendo uma relação ou parentesco com aquela jovem, ela poderia facilmente se tornar alvo de quem quisesse feri-lo. 

- Um quarto, por favor.- Pediu ele ao recepcionista- Pagarei mais tarde. 

- Claro Sr.Wick, como sempre, é um prazer recebe-lo em nosso hotel novamente em tão pouco tempo.- Ele lhe entrega uma chave.

As palavras do homem eram gentil, mas a loira logo atrás não pôde deixar de franzir o cenho. 

"Então ele já esteve aqui outras vezes?", Se perguntou ela. 

- Vamos!- Diante do tom sério do moreno, ela apenas assentiu, o seguindo até o elevador.

Seguiram por um vazio e, assim como o restante do prédio, elegante corretor até o quarto de número 66;

Isabella Olsson fecha a porta atrás de si e respira fundo, tentando reunir forças para fitar o estranho atrás de si. 

Não sabia o que dizer, não deveria estar ali! 

Ela se vira de repente, e antes que possa dizer qualquer coisa, os braços de John lhe envolvem num apertado e necessitado abraço. 

A verdade é que John Wick estava destruído, quebrado, acabado e segurar o peso do mundo em suas costas não é fácil, principalmente sozinho, sem ninguém a quem recorrer, mas ele sempre lidou bem com isso, conseguia disfarçar, era forte! 

Mas não naquele momento, afinal, ele ainda era humano não era? E não poderia estar pior. 

Precisava desabafar, de alguma forma aliviar aquela angústia em seu peito... Precisava de alguém a quem recorrer, e por incrível que pareça, confiava em Isabella Olsson. 

Não sabia muito sobre a sujeita, tão pouco eram amigos de décadas, mas olhando em seus olhos ela não era uma pessoa ruim. 

Assim que Bella sentiu as mãos do homem em suas costas, lhe segurando com força, seu corpo se arrepiou surpreso por seu gesto, mas assim que ô sentiu repousar a cabeça em seu ombro...

"ELLA! ATIRE!" 

"Não! Não, por favor!" 

"Ele merece" 

Suas mãos retribuíram o aperto na mesma intensidade e assim ficaram por um longo tempo ao qual nenhum ousou dizer uma palavra, igualmente quando, após se acalmarem, se afastaram... 

John caminhou cabisbaixo até uma das janelas do cômodo e fitou a vista lá fora por entre as cortinas negras; 

Sabe quando seu coração se aperta e uma imensa necessidade de chorar lhe invade? Quando você sente que vai desabar mas não pode? 

Era assim que nosso protagonista se sentia naquele momento. 

Jonathan queria gritar, xingar Deus, o inferno, o universo, tudo! Os culpar pelo caminho que sua vida tomou, mas não podia. 

Primeiro porque foram suas escolhas e tudo o que está acontecendo agora, são as consequências delas; 

E segundo, não ajudaria, era a última coisa que ajudaria naquele momento. Precisava manter o controle e fazer o que tinha que fazer . 

Matar! 

Olhando para a mulher que se aproximava de suas costas a passos lentos, John se perguntou se alguém como ela era capaz de entender sua aflição, seu receio por ter que matar alguém que nunca lhe fez mal... 

                  Quebra no tempo...

-O que veio fazer aqui?- Perguntou ele novamente. 

John estava sentado na imensa cama de casal, Isabella Olsson de pé ao seu lado, limpando seu ferimento com uma toalha branca e fofa de algodão, ficando mais vermelha toda vez que ela roçava o tecido na pele dele. 

- Eu te vi entrando aqui, você parecia machucado e... Você está machucado! John, o que houve?- Perguntou ela tentando mudar o rumo da conversa. 

O mais velho apenas desvia os olhos dos seus enquanto ela enxagua a toalha no balde de metal de por Champanhe.

Pelo visto nenhum dos dois parecia afim de responder a perguntas... 

- Não foi profundo, seria bom dar ponto, mas como já sei que não gosta de médicos, um Band aid vai servir também- Informou ela lhe lançando um meio sorriso gentil... 

Seria loucura dizer em voz alta, mas ela estava gostando daquilo, daquele momento. 

Estar ali, cuidando de John Wick lhe dava uma certa paz, um certo alívio; 

John, que tentava ao máximo se manter imóvel e não demonstrar como aquilo doía, mesmo com a loira usando de toda delicadeza para limpar seus ferimentos, a encarou intrigado. 

Isabella Olsson só podia ser uma forma do universo caçoar dele, só podia! 

Não é possível existir um ser humano assim, pensava ele.

-Posso pedir. O Band aid, eles devem ter na recepção.- Falou já mais tranquilo. 

- Que lugar é esse em John?- Perguntou a mais nova num tom sério que assustou o moreno. 

Nunca havia visto seu rosto preso numa expressão tão rígida e, preocupada? 

Ela estava realmente preocupada com ele? Por quê?

Pegando a toalha de sua mão, John se levantou abruptamente, á olhando no fundo dos olhos. 

- Por quê está aqui Isabella? O que quer comigo? Por que se importa?- Perguntava o homem se aproximando, á fazendo dar para trás, as pupilas dilatadas. 

"EU NÃO FIZ NADA!"

"Eu juro... Eu juro..."

" Não! Não por favor" 

- Você me lembra alguém!- Soltou ela de repente- Alguém que eu... Eu... 

Eu o que Isabella? Vai contar para ele o monstro que você é? 

-Alguém que eu conheci em meu passado, alguém que não salvei. Desculpe...- Pede ela já passando por ele, indo em direção a saída.

Aquilo fôra um erro, tudo aquilo era! Ajudar alguém como John Wick não traria a Bella a redenção que buscava, nada no mundo podia fazer isso. Sua alma estava podre, estava condenava a viver e a morrer com aquela culpa consumindo-a por dentro como uma doença... 

- Espera- A mão grande e gélida de John Wick envolveu seu braço, a forçando á ficar ao seu lado. 

Bella apenas secou uma solitária e traidora lágrima que teimou em correr por sua bochecha. 

"Eu entendo" pensou o moreno e por um segundo sentiu que as palavras haviam pulado de seus lábios.

Ninguém melhor do que ele seria capaz de entender aquela dor, a dor de ver alguém que se ama definhar aos poucos diante de seus olhos e não poder fazer nada. 

Nenhum dinheiro, nenhum médico, nenhum hospital, nenhuma oração fôra capaz de fazer sua Helen ficar...

As iris esverdeadas contrastam com as negras, se afundando uma na outra por segundos, minutos, horas... Nem eles sabiam, apenas quando o choramingar do animal sentado ao sofá de couro ecoou pelo quarto, que eles voltaram a si.

- Eu...- Começou Bella fungando o nariz e se desvencilhando da mão de Wick- tenho que ir, eu já deveria estar no trabalho há horas- Informou, sentindo o peso de suas palavras. 

Deveria estar no trabalho há horas!!!! Deus, Frank vai mata-la! 

John olhou do cachorro para a loira, pensando por alguns instantes; 

- O que foi? 

- Pode me fazer um favor? Um grande favor? 

Bella franziu o cenho pensativa, o que ele exigiria dela? 

... 🌹