História Easel (Jeon Jungkook) - Dead Inside

• Estamos dentro de um castelo de cartas 

Mesmo que você diga que vê o fim, mesmo que diga que irá desabar

Um castelo de cartas e nós, estupidamente

Mesmo que você diga que é um sonho inútil, por favor fique um pouco mais. •

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Os meus passos rápidos e apressados pelo corredor era um aviso constante e gritante de como eu fui idiota por me atrasar no meu primeiro dia de aula.

A questão é que a culpa não foi minha. Eu sou madura o suficiente para admitir se tivesse sido, mas não foi. Minha mãe teve a brilhante ideia (note o sarcasmo) de por conta própria oferecer para a vizinha que eu seja a nova babá da sua filha mais nova. O problema foi que eu não sabia de nada, então pense na expressão indignada que eu fiquei quando ouvi as palavras saindo da boca da minha mãe.

Enfim, nós discutimos até eu perceber que estava atrasada e teria que sair correndo igual minha tia Yuna em dia de Black Friday.

O problema real em toda essa situação era os professores. O que eu vou fazer?

Quando finalmente cheguei na frente da minha sala de aula, eu travei totalmente com a mão na maçaneta. Mordi o lábio e olhei ao redor, não custa nada entrar de fininho não é?

Me abaixei até estar totalmente com os joelhos no chão e abri a porta lentamente, tomando cuidado para não fazer barulho. Quando coloquei o rosto para dentro da sala, a primeira coisa que vi foi o professor de costas para os alunos enquanto escrevia na lousa e para a minha infelicidade era o senhor Kwan. Quase gemi alto de insatisfação ao perceber que era ele.

Ele me odiava e eu o odiava também, então por que esconder?

Empurrei a porta um pouco mais, o suficiente para que eu pudesse entrar e engatinhei pela sala como uma ninja ao som de missão impossível. Felizmente eu consegui identificar Chaerin do lado da janela e uma mesa sobrando ao seu lado direito. Com um grito de vitória em minha mente eu consegui me sentar, com apenas alguns alunos me encarando e outros nem notando minha presença incluindo o senhor Kwan. Sorri timidamente para os que me observava enquanto tirava meu material da mochila.

Senti alguém me cutucar.

— Você está louca? Isso foi muito arriscado, poderia ter sido pega! — disse Chaerin com uma expressão preocupada.

— Oi pra você também Chaerin. — brinquei. — Não se preocupe, eu estou limpa, ele nem sequer notou.

— Não notei o que senhorita (S/S)? O fato de você estar engatinhando no chão para conseguir entrar na minha aula sem ser pega? Pois é, eu notei. — ele colocou o livro na mesa e cruzou os braços.

Me segurei para não levantar o dedo do meio para o mesmo. Esse homem deve fazer macumba, só pode. Ele nota simplesmente tudo o que eu faço, até o meu espirro ele conhece.

— Desculpe senhor Kwan. — sorri falsamente.

— Você tem sorte de que é o primeiro dia, mas lembre-se que eu não posso tolerar esse tipo de comportamento. — ele disse ao ajeitar os óculos e voltar a lousa.

Revirei os olhos e olhei para Chaerin que estava com a mão nos lábios enquanto tentava rir o mais silenciosamente possível.

 Felizmente eu não costumo me atrasar.

∞

— E então... — Chaerin continuou rindo. — Ela levou um maior sermão do professor Kwan, dá pra acreditar?

Revirei os olhos ao ouvi-la continuar falando sobre hoje mais cedo para seu namorado, vulgo Park Jimin. Mordi meu sanduíche com a esperança de que o gosto do requeijão e frango pudesse me fazer esquecer que Chaerin vai estar na faixa dos 80 anos e ainda lembrará disso e me zoaria novamente. Sim, isso provavelmente vai acontecer, Chaerin nunca esquece.

Pra que inimigos se você tem uma amiga como ela, não é mesmo?

— Espera... — Taehyung parou para rir. — Você está me dizendo que a (S/N) engatinhou todo o caminho até chegar na mesa?

— É exatamente o que eu estou dizendo!

 E então os três voltaram a rir.

— Nossa, nossa, isso foi tão engraçado. — apoiei meu queixo em minha palma e os encarei com frieza.

— Não fique tão chateada (S/N), estamos apenas brincando. — Chaerin bagunçou meu cabelo.

— É verdade, eu passei por uma situação que foi pior que a sua. — Taehyung disse enquanto sorria de forma fofa para mim.

 Esse menino é tão bonito socorro.

— Isso é sério? O que você fez? — dessa vez foi Jimin que se pronunciou.

— Também fui entrar em uma aula escondido, só que era de natação.

— E o que aconteceu? — curiosamente pergunto.

— Posso dizer que ficar quase nu na frente de uma professora bonita como a Solji, não foi uma experiência muito legal. — ele deu de ombros.

Sufoquei um grito. A visão deve ter sido maravilhosa. Se a Solji não aproveitou, eu teria aproveitado.

— TAEHYUNG COMO ISSO ACONTECEU? — Jimin parecia indignado ao perguntar e não pareceu notar sua namorada tendo uma convulsão de risos ao seu lado.

 Eu amo esses lixos ambulantes.

Mais tarde quando voltamos para a sala de aula foi mais tranquilo, aparentemente o único professor que realmente começou uma matéria foi o senhor Kwan, já os outros era apenas apresentação para os novatos e a listagem do cronograma diário de aulas. 

Nunca tinha conversado tanto com Chaerin como estava conversando naquele dia em específico. Ela me contou tudo sobre suas férias e viagens com o Jimin e sua família. Eu ficava feliz por ela estar feliz e até ri quando ela me contou da situação que viveu na viagem envolvendo Jimin, seu irmão mais novo, seu pai, um churrasco e uma bola de futebol. 

Terminou com o nariz de seu pai sangrando, mas não foi nada grave.

Antes que percebêssemos, o dia tinha terminado por hoje. Paramos em nossos armários para recolher o resto de nosso material enquanto pensávamos no que fazer a seguir.

— Eu não sei vocês, mas eu estou com muita vontade de ir ao cinema. — disse Taehyung.

— Boa ideia Tae, eu topo. — Chaerin abraçou Jimin com um sorriso, ele retribuiu.

— Vamos assistir qual filme então?

— Romance! — a morena vulgo minha amiga com Fini na cabeça só faltou gritar para o corredor inteiro ouvir.

— Sua anta acéfala, nada de romance ou eu e o Taehyung vamos ficar de vela enquanto vocês dois se agarram no meio do filme.

— Então se peguem também ué. — Chaerin deu de ombros.

Cai da motoquinha e ainda engoli o chiclete.

Tossi um pouco para aliviar a sensação e encarei minha melhor amiga. Se olhares matassem, ela já estava sentadinha no colo do tio Lu a muito tempo. Voltei a arrumar minhas coisas.

— Tudo bem a gente... decide lá. — Taehyung passou a mão nos cabelos. Ele parecia desconfortável.

O casal de pombinhos assentiu. Com um aviso meu de que eles podiam ir na frente, eu arrumei as últimas coisas que faltava. Logo que eu terminei, coloquei a mochila sob o ombro e caminhei em direção a saída do inferno. Ao virar a esquina no corredor eu parei. A cena não era bonita de se ver e sinceramente doía no fundo do meu coração.

Eu saberia que uma hora ou outra voltaria a acontecer, só não pensei que fosse tão cedo, como no primeiro dia de aula. Eu nem o notei o dia inteiro, pensei que ele estaria já livre de tudo isso, mas aparentemente não.

O bullying é uma coisa horrível, tão horrível que poderia causar sérios problemas, não só para quem sofre, mas também para quem assiste e tem alguma solidariedade pela pessoa.

O sentimento que eu tive ao ver a cena de o meu tímido colega de classe ser empurrado bruscamente contra o armário me encheu de ódio, mas eu não conseguia fazer nada, apesar de querer muito. Um nó se formou no meu estômago e em minha garganta enquanto eu continuava a ver a cena de Jungkook sendo espancado por Chung-Hee e seus amigos.

Eu queria ajudar, gritar com todos eles que estavam fazendo isso e chutar o negócio entre as pernas de todos até eles não puderem usar mais para nada. Mas eu não consegui, eu só parei, olhei e absorvi a situação. Quando Chung-Hee finalmente se afastou com seus amigos e deixou Jungkook largado no corredor, pensei na possibilidade de me aproximar e o ajudar.

Mas minhas pernas não permitiram e o que eu fiz foi apenas dar a volta e continuar pela outra saída, mas sem antes dar uma olhada para o mesmo por cima do ombro.

Ele parecia morto por dentro.

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