História Eclipse - Capitulo Seis

 

 

Eclipse

 

Seus olhos se abriram e eu podia ver a fúria transbordando neles, seu rosto se contorcia em desespero. Ela se aproximou de mim a passos rápidos e se abaixou pegando seu diário no chão, se afastando bruscamente logo em seguida.

— Você não tinha o direto, como pode invadir a privacidade das pessoas dessa forma? — Gritou ofegante.

Os olhos verdes que tanto me fascinavam me condenavam como se eu fosse um criminoso.

Minhas mãos foram aos meus cabelos os puxando, o nervosismo me invadiu e eu me segurava para não me descontrolar.

— Será que dá pra explicar que merda é essa? — Cerrei os dentes franzindo o cenho.

 Eu sou um monstro. Suas palavras ecoavam em minha cabeça até agora.

— Sai da minha casa. — Virou o rosto apontando para a porta.

— O quê?

— Vai embora.  — Gritou irada e as janelas se abriram fazendo uma ventania forte entrar no quarto.

Arfei cobrindo o rosto sentindo meus cabelos balançarem com vento.

— Vai fugir de novo? qual o problema em pedir ajuda? — Gritei me descontrolando.

Ela abriu a boca soltando um grunhido balançando a cabeça.

— Eu não preciso de ajuda e não quero a sua. — Voltou a gritar e a ventania ficou mais forte.

— Para de mentir, para de ser covarde.

— Vai pro inferno. — Gritou erguendo a mão em minha direção e tudo a minha volta girou, perdi o folego e senti meu corpo ser lançado violentamente pelo ar.

Soltei um gemido ao sentir meu corpo se esborrachar em algo, praguejei tentando me levantar me sentindo enjoado. Pisquei os olhos soltando um grunhido e me sentei na grama.

Meu corpo estava todo dolorido.

Olhei em volta meio zonzo e vi que estava no jardim, levantei o olhar para cima e vi Sakura na janela me olhando com os olhos arregalados e uma mão cobrindo a boca.

Puta que pariu, que porra foi essa?

— Sasuke. — Ela gritou sumindo de minhas vistas e eu tentei me levantar.

— Eu só posso estar tendo um pesadelo. — Estralei minhas costas e massageei meus cotovelos.

Eu fui arremessado do segundo andar, porra a Sakura me atirou da janela e nem ao menos me tocou para isso.

Que caralho.

— Arg acorda merda. — Gritei dando tapas em minha testa.

Que pesadelo é esse?

— Sasuke. — Ouvi seu grito e a vi correndo em minha direção.

Eu já não sabia mais o que pensar, ergui a mão para que ela parasse antes de tocar em mim.

Sua expressão se contorcia e ela parecia estar sentindo dor, seus lábios tremiam e seus olhos estavam marejados.

— Você esta bem? eu não queria te machucar, perdão. — Sua cabeça tombou para baixo e seus punhos se fecharam.

— Que diachos foi isso? — Perguntei a olhando seriamente.

Eu estava enlouquecendo.

— Eu falei pra você ficar longe. — Sua voz saiu em um sussurro e ela se recusava a levantar a cabeça.

— Isso foi um truque de mágica? sabe eu estou tentando acreditar que não estou enlouquecendo, e se você me falasse que caralhos esta acontecendo eu agradeceria. — Gritei dando um passo a frente e praguejei sentindo minha perna vacilar.

Isso não foi nada legal.

— Você não entende, ninguém entende. — Voltou a gritar levantando a cabeça e vi lágrimas caírem de seus olhos.

Abri a boca surpreso e quase vacilei.

— Então explica merda, será que é tão difícil assim? — Ergui as mãos para cima soltando toda minha frustração.

— O que você quer comigo Sasuke?

Soltei uma risada ironica balançando a cabeça.

— Eu só quero que você pare de foder a porra da minha cabeça, desde que cheguei nessa maldita cidade você não me deixa em paz, me atormenta até quando estou dormindo. Eu não consigo parar de pensar em você garota, você vive me dando patadas tentando me afastar e eu insisto por que sou louco e gosto de ficar perto de você, sei que não é legal ser excluído por todos, queria ser ao menos seu amigo e agora estou todo quebrado por que você me joga do segundo andar sem ao menos me tocar. Você Sakura Haruno é uma irritante. — Coloquei tudo que estava preso em minha garganta para fora.

Estou completamente revoltado.

Ela me olhou surpresa e apertou os olhos tornando sua expressão irritada.

— E o que está fazendo aqui ainda? vai embora seu idiota, eu não quero nada que venha de você. — Ela gritou limpando o rosto com força tentando conter choro.

Ouvi um trovão no céu e senti finas gostas de chuvas começarem a cair. Ótimo.

— Não, você me deve uma explicação. 

Eu não vou sair dali até ela me explicar o que estava acontecendo.

Sakura gritou soltando um rosnado e outro trovão se fez presente. Seus olhos capturaram os meus e eu podia ver a dor que eles transmitiam, e por alguma razão eu senti essa dor.

— Some da minha vida. — Disse friamente e a chuva engrossou.

Inferno.

Eu queria dar a volta e sair daquela casa, queria nunca mais poder olhar em sua cara, queria odiar Sakura, mas eu não conseguia.

Caralho eu não conseguia, eu quero essa maldita garota.

Ignorando totalmente as dores em meu corpo e a minha sanidade me aproximei de seu pequeno corpo encharcado pela água da chuva. Ela levantou o rosto quando parei a centímetros de si, nossos olhares voltaram a se encontrar e minhas mãos subiram pelos seus braços parando em seu rosto.

Sakura arfou fechando os olhos mordendo os lábios com força, umedeci os lábios sentindo meu coração bater mais fortes. 

Foda-se.

— Eu não consigo. — Sussurrei aproximando nossos rosto sentindo sua respiração descompassada.

— Sasuke. — Ela tentou se afastar e eu contornei sua cintura com um braço a prendendo a mim.

Senti choques por todo meu corpo e selei nossos lábios, Sakura estremeceu em em meus braços e suas mãos subiram para meus ombros. Movi os lábios contra os seus invadindo sua boca com a língua, meu corpo estava em chamas e uma explosão de sentimentos invadia meu peito.

Nossas línguas se entrelaçavam em uma sincronia perfeita, Sakura se encaixava perfeitamente em mim. Ela era maravilhosa, eu nunca me senti tão vivo em minha vida.

Minha mão subiu pela sua nuca agarrando seus cabelos, eu não conseguia pensar em mais nada apenas no gosto doce de sua boca. 

Meu coração nunca bateu tão forte por alguém, eu nunca senti tanto desejo por uma garota, nunca senti tamanha explosão de sentimentos.

Naquele momento eu tive a certeza de que Sakura era minha.

Nos separamos a procura de ar sentindo as gotas de chuva cada vez mais fortes, Sakura abriu a boca arfando e me olhou com os olhos arregalados. Passei a mão no rosto tirando toda a água que me cobria e ela balançou a cabeça me empurrando.

— Por que fez isso? — Gritou me olhando atordoada.

— Por que eu quis. — Retruquei dando um passo a frente e ela deu outro para trás.

— Vai embora, some daqui Sasuke.

— Não eu não vou, eu quero você Sakura e sei que você também me quer. — Decretei decidido, ela não vai mais fugir de mim.

— Não, não e não. — Gritava negando com a cabeça.

Merda de garota complicada.

— Deixa de ser teimosa, por que insiste me negar? por quê...

— Eu sou uma Bruxa. — Gritou tão alto que me deixou zonzo.

Caralho.

Petrifiquei no lugar abrindo a boca, eu não conseguia pensar em nada, não conseguia falar nada, apenas a encarava surpreso com a boca escancarada.

Só pode estar de sacanagem com a minha cara.

Eu poderia inventar mil razões para não acreditar naquilo, mas depois de tudo o que aconteceu e da sinceridade e dor em seus olhos e eu não conseguia fazer nada.

Um sorriso triste e seco surgiu em seu rosto e ela virou o rosto.

— Acho que agora você mudará de ideia sobre me querer, fique longe de mim Sasuke, é o melhor que têm a fazer. — Sua voz saiu baixa por causa da chuva e a mesma me deu as costas seguindo em direção a porta de sua casa a passos rápidos.

E eu apenas continuei ali, a vendo ir embora.

Não soube dizer quanto tempo fiquei parado no meio daquele temporal, não soube dizer como cheguei em casa, não soube dizer por quanto tempo ouvi os gritos de Mikoto ao me ver encharcado e por que eu sentia uma porra de vazio enorme em meio peito.

A única coisa que eu sabia era que Sakura Haruno fodeu com minha vida.

Não consegui dormir naquela noite, eu não conseguia tirar suas palavras de minha cabeça. Aquilo era um absurdo, bruxas não existiam, não podiam existir. Mas de alguma forma, Sakura era uma.

O gosto de seus lábios não saíam de minha cabeça, nem mesmo sua imagem desolada. Eu queria poder abraça-la e não solta-la nunca mais, queria poder beija-la, consolo-la, queria acabar com sua dor e consecutivamente a minha também.

E foi ai que eu percebi que estava completamente apaixonado por uma Bruxa.

Parabéns Sasuke, parabéns.

— Filho você está bem? parece cansado. — Mikoto perguntou preocupada.

— Estou bem. — A resposta saiu vazia e eu levei a xícara de café a boca.

— O que esta acontecendo em? você chegou todo encharcado ontem e parecia deslocado do mundo e hoje acordou parecendo um zumbi. — Apoiou o rosto na palma da mão me analisando.

— Estou bem.  

Eu estava tudo menos bem.

— Sasuke eu sou sua mãe e estou aqui, pode contar comigo quando precisar. — Suas mãos cobriram as minhas e eu abaixei o olhar para seu toque carinhoso.

A um tempo atrás talvez eu me abrisse para ela, talvez eu pedisse seu consolo. Mas quando eu realmente precisei ela não estava lá. Agora eu não preciso disso, consigo resolver meus problemas sozinhos.

Ou talvez acho que consigo.

Soltei um suspiro e coloquei a xícara na mesa me levantando.

— Já estou indo ou vou me atrasar. — Murmurei pegando minha mochila no chão e a joguei nas costas.

— Sasuke.

Ainda a ouvi chamar meu nome quando sai de casa, abri o guarda chuva pois ainda chovia. 

Eu juro que não vou aguentar mais nenhuma semana nesse lugar.

Eu ignorava toda a conversa ao meu redor com os olhos fixos na porta, esperando ansiosamente ver seu pequeno corpo passar por ali. 

— Sasuke.

Ouvi a voz de Naruto mas o ignorei sem desviar minha atenção da porta, eu estava inquieto na cadeira, a ansiedade estava me matando.

— Sasuke o que esta acontecendo?

— Me deixa Naruto.

— Você é tão chato as vezes.

O tempo se passou e ela não apareceu, devia imaginar que depois de tudo ela não viria. 

Maldita fujona.

Aquele dia foi uma merda, e os próximos que se passaram mais ainda. Eu estava para enlouquecer e meu humor ficava cada dia mais pior. Faziam 4 malditos dias que ela não aparecia, eu estava começando a odiá-la por ser tão covarde.

E me odiava mais ainda por ser tão idiota. Eu poderia ter falado algo, contesta-la, insistido mais. Mas eu também fui um covarde e agi feito um abestado.

Deitado em minha cama, eu tentava me entender, entender aquela ridícula situação. Sakura era uma bruxa por isso afastava as pessoas, aquilo era surreal e ao mesmo tempo uma grande loucura.

Eu tinha a certeza de que eu estava apaixonado por ela, e esse tempo que não a vi só comprovou que eu não consigo e não quero ficar longe daquela garota irritante.

Seria possível uma pessoa se apaixonar em tão pouco tempo? eu nunca havia sentido esse sentimento antes, estava virando uma porra de uma marica.

Olhei pela janela vendo a chuva forte bater na mesma, as vezes até parecia obra de Sakura. 

— Chega.

Me levantei em um pulo colocando uma camisa e calcei meus sapatos, sai do quarto a passos rápidos e desci as escadas quase correndo.

Passei por Mikoto que limpava algo na estante e abri a porta vendo o temporal do lado de foras, enruguei a testa e me virei para ela que me olhava curiosa.

— Eu quero um carro. — Disse a olhando sério.

— Um carro? — Perguntou estreitando os olhos.

— Estou farto de andar a pé nesses temporais que nunca acabam.

— Bem, eu vou ver o que posso fazer. — Respondeu pensativa.

Peguei o guarda-chuva ao lado e o abri saindo de casa.

— Espera filho, onde você vai? — Ouvi seu grito quando já estava na calçada e a vi parada na soleira da porta.

— Resolver um problema.

Aquela situação não podia continuar, eu sabia que ela sentia algo por mim, e mais nada importava. Ela mesmo disse que odeia mimimi e eu só quero a minha sanidade de volta. 

Mesmo com o guarda chuva eu me molhei inteiro e se não bastasse o vento levou aquela porcaria, ignorei aquela tempestade e comecei a correr. Não demorou muito para que eu parasse ofegante em frente a casa dela.

Bati no portão com força e gritei seu nome mas ninguém atendia, praguejei olhando em volta e corri em direção a ao muro tentando escala-lo, ele estava molhado dificultando tudo.

Depois de várias tentativas falhas eu consegui e pulei no jardim caindo em cima de algumas flores as destruindo, me levantei sentindo uma dor em meu tornozelo e comecei a mancar em direção a porta da mansão.

— Quando foi que eu me tornei tão louco?

Subi os degraus tirando a água do meu rosto e comecei a esmurrar a porta, o tempo se passava e nada de alguém atender me deixando puto da vida.

— Sakura eu sei que você está ai, e é melhor aparecer agora. — Gritei irritado.

Eu não vim aqui atoa e não vou embora.

— Sua covarde apareça ou eu não vou sair daqui, eu acabei de enfrentar o maior temporal e quase me matei pulando a porcaria de um muro. — Gritei voltando esmurrar a porta.

— Sua mãe nunca lhe ensinou que é feio invadir a casa das pessoas? e você vai pagar pelas flores, eram minhas preferidas. — Sua tia rosnou abrindo a porta.

Abri a boca surpreso e envergonhado.

— Desculpe, eu só preciso falar com a Sakura. — Mordi os lábios a olhando sério.

Ela me olhou de cima a baixo bufando e massageou as têmporas.

— Ela não quer te ver, sabe por sua causa ela está trancada naquele quarto e não quer sair nem para comer. — Cruzou os braços me olhando com repreensão.

Fiquei surpreso saber que ela estava tão mal quanto eu.

— Me deixa vê-la, eu não aguento mais ficar longe dela. — Minha voz saiu amargurada.

— Isso não devia estar acontecendo. Quando foi que algo errado se tornou a melhor opção? — Murmurou baixo parecendo pensativa.

— Do que está falando?

— Entra, você é o causador do sofrimento dela mas também pode causar sua felicidade. Mesmo sendo errado. — Ela disse séria me dando espaço para entrar e eu passei por ela rapidamente.

Não parei para pensar em suas palavras apenas corri escadaria assim em direção ao seu quarto. 

— Eu não costumo invadir a casa das pessoas assim. — Gritei do alto da escada olhando para a mulher que me olhava balançando a cabeça.

Não queria que ela pensasse mal de mim.

— Vai logo. — Gritou balançando as mãos.

Virei o corredor seguindo a passos rápidos em direção a sua porta, parei ofegante em frente a ela e dei duas batidas.

— Vai embora. — Sua voz saiu abafada.

— Não posso, abre a porta.

O silêncio reinou e a ansiedade voltou.

— Você é louco garoto, completamente pirado. — Sua voz ecoo mais alto e juro que parecia mais viva.

— Combinamos então. — Sorri encostando a cabeça na porta.

— Veio aqui para me ofender?

— Não, eu só quero te ver.

— Eu te joguei pela janela.

— É eu ainda estou dolorido.

— Eu te contei o meu segredo.

— Na verdade você gritou ele pra mim e não me deu tempo para reagir.

— Idiota.

— Irritante.

Como eu sentia falta daquela garota.

— Vai embora.

— Eu ainda quero você.

Ela não respondeu e o silêncio voltou.

— Abre a porta. — Pedi voltando a bater.

— Não. 

— Então eu vou arromba-la.

— Você não teria coragem.

— Não duvide de mim irritante.

Sorri me afastando e corri em direção a porta, quando iria bater meu corpo contra ela a mesma se abre e tombo com o corpo de Sakura nos levando ao chão.

— Que droga Sasuke você é louco? — Ela gritou tentando me empurrar.

Abaixei o olhar encontrando seus olhos verdes e sorri. Era tão bom poder ver sua beleza outra vez, mas ela parecia mal, seus olhos estavam vermelhos e inchados.

Ela havia chorado.

— Ninguém mandou você abrir a porta. — Murmurei deslizando a mão pela sua face.

— Você mandou sei imbecil. — Disse emburrada virando o rosto.

Suas bochechas estavam avermelhadas a deixando mais bonita, como eu estava com saudades de admira-la.

— Foi mesmo, mas antes de eu decidir arromba-la.

— Arg sai de cima de mim, você está me esmagando. — Me empurrou para o lado e se levantou praguejando.

Relaxei meu corpo sobre o tapete e fechei os olhos começando a rir.

— Por que esta sorrindo babaca? — Ela tentou parecer irritada mas sua voz dizia o contrario.

— Senti sua falta, até dos seus insultos.

— Você só pode ser masoquista. 

Também comecei a considerar essa ideia.

— Esta molhando o meu tapete.

— Me deixa, eu estou todo quebrado. — Resmunguei fazendo uma careta.

— Seu louco vai acabar pegando uma pneumonia. — A ouvi bufar e senti minha mão ser puxada, abri os olhos me sentando e a vi em minha frente me ajudando a me levantar.

Fiquei em pé a centímetros de seu corpo e suas mãos descansaram em meu peito,  seus olhos percorreram pelo meu corpo encharcado e sua respiração começou ficar descompassada, seu olhar encontrou o meu e meu coração bateu mais forte.

Era tão intenso e cheio de sentimentos.

— Você é um babaca. — Sussurrou engolindo em seco e eu aproximei meu rosto do seu.

— Eu sei, mas esse babaca esta completamente apaixonado por você sua irritante. 

Seus olhos se arregalaram e sua boca se abriu, levei as mãos a sua cintura a  apertando contra meu corpo e ela puxou meu rosto colando nossas bocas.  Diferente do outro, esse beijo era faminto, desesperado. Cheio de saudade e centímetros reprimidos. 

Era inexplicável a sensação de senti-la outra vez, sentir o seu gosto. 

Desci as mãos pelo seu corpo apalpando sua bunda a erguendo, ela prendeu as pernas em meu quadril e enlaçou meu pescoço. Gemeu em minha boca e eu mordi seus lábios sentindo seus dedos puxarem meus cabelos da nuca. 

Ela era eletrizante, quente e sedutora. Sabia completamente como me deixar louco.

Suas mãos ágeis desceram para a barra de minha camisa tentando tira-la de meu corpo, a ajudei jogando a peça molhada em algum lugar daquele quarto.

Comecei a andar em direção a cama sentindo suas unhas deslizarem pelo meu peito, grunhi caindo em cima de seu corpo pequeno no colchão macio e arranquei sua blusa roxa a jogando para cima.

A olhava ofegante com meu corpo queimando em desejo, toquei em sua pele descendo beijos pelo seu pescoço. Ela gemeu baixo em meu ouvido eu juro que estava prestes a explodir com tantas emoções.

Eu não acredito que estou sentindo seu corpo contra o meu, não acredito que estou tendo essa maravilhosa visão e tocando em sua pele macia.

Era tão surreal que eu tinha medo de acordar a qualquer momento.

Seu peito subia e descia freneticamente, umedeci os lábios cobrindo minha mão sobre seus seios cobertos pelo sutiã e Sakura pareceu ter voltado a si e me empurrou para o lado.

Olhei para o teto tentando normalizar minha respiração e cobri o rosto com as mãos.

— Foi mal, não quero que pense que eu sou um tarado aproveitador. — Soltei um suspiro me sentindo um idiota.

— Não, eu....a culpa foi minha. — Sua voz saiu falha e eu me virei para ela.

Me olhava corada encolhendo o corpo, nem parecia a garota cheia de atitudes de alguns minutos atrás. A puxei para mim e ela me abraçou deitando a cabeça em meu peito.

Suspirei me sentindo em paz, nada mais importava, eu só precisava de Sakura ao meu lado.

— A gente não pode ter nada. — Sussurrou deslizando um dedo pelo meu peito.

Aquela negação me machuca internamente.

— Eu não me importo se você faz magias, por acaso você não têm um caldeirão aqui né? o têm? — Tentei soar divertido e quebrar aquele clima tenso.

Seu corpo ficou tenso e ela levantou a cabeça me olhando séria.

— Você não entendeu Sasuke, eu não sou essas bruxas de desenhos ou filmes, é algo maior que isso. 

— Então me explica. 

Ela exitou por um estante e por fim suspirou apoiando o queixo em meu peito me olhando nos olhos.

 — Existem três tipos de bruxas, as bruxas da paz, as da trevas e as celestiais. 

Ótimo.

— Hn.

— As bruxas da paz são inofensivas, elas escolheram usar suas magias para o bem das pessoas. Já as das trevas odeiam a raça humana e preferem usar suas magias para o mal. — Disse séria e eu pude ver uma pitada de angustia em seu olhar.

Ta parecendo que eu estou dentro de algum filme.

— E você é o quê? não vai me dizer que é uma bruxa malvada. — Brinquei acariciando sua cintura.

— Não terminei, e existe as celestiais. São diferente das outras bruxas pois nasce apenas uma por século. Ela consegue controlar tudo e toda a natureza, têm mais poder do que qualquer outra bruxa por isso é a rainha do nosso mundo. É apenas ela que consegue colocar a paz no mundo. — Ela disse soltando um suspiro cansado.

— Rainha? esperai vocês têm um mundo é? — Me sentei a puxando para meu colo e ela mordeu os lábios assentindo.

— São tantas coisas acontecendo Sasuke, é tudo mais complicado do que você imagina. — Contornou meu pescoço com os braços me olhando nos olhos.

— Eu posso entender. — Beijei seus lábios e ela arfou se afastando.

— O nosso mundo foi dominado pelas bruxas das trevas quando a última rainha completou seu ciclo de vida, acontece que as bruxas celestiais só podem governar quando chegarem a idade adulta e seus poderes estiverem completos e isso só ocorre em um Eclipse da lua que acontecerá em seu aniversário de 19 anos. Até lá ela não consegue controlar seus poderes e é uma ameaça as pessoas, está afastada de seu mundo sentindo o peso dele inteiro em suas costas, sentindo o peso da maldade cada vez mais perto, sentindo-se pressionada por todos a cada dia que passa. Sentindo seu peito sufocar com tamanho responsabilidade e desejando apenas ser uma pessoa comum como todas as outras. As vezes eu só queria ser uma adolescente normal que só precisaria se preocupar em escolher uma roupa para ir a uma festa, queria ter apenas que estudar e entrar em uma universidade, casar e ter filhos e viver uma vida feliz ao lado das pessoas que eu amo. Mas o meu destino é outro, eu carrego o peso do mundo em minhas costas, eu tenho um mal para derrotar e um reino para governar. — Sua voz saiu amargurada e vi uma lágrima desce de seus olhos.

Puta que Pariu.

— Você esta me dizendo que não é apenas uma bruxa, mas sim a mais fodona de todas? — Perguntei tentando não ter um infarto e limpei seu rosto.

Como ela tem coragem de jogar uma bomba dessas na minha cara? ta legal fui eu que cacei agora preciso aguentar.

 — Meio que isso. — Ela respondeu fazendo uma careta afundando o rosto em meu peito.

Respirei fundo buscando por ar, minha cabeça estava para explodir de dor.

Fala sério, se eu não tivesse vindo para essa maldita cidade eu iria morrer sem saber dessa loucura?

Provavelmente sim, porra que situação maluca.

— E então, por que não podemos ficar juntos? — Perguntei inquieto a apertando contra mim com força.

Eu não conseguiria ficar longe dela.

— Bruxas não podem se envolver com humanos Sasuke, é uma lei. Eu tenho um mundo e em três semanas voltarei para ele, você não poderá entrar lá e de qualquer forma nem sobreviveria. Eu sinto algo forte por você e isso está me matando, e de alguma forma que eu não sei explicar você foi o único que consegui se aproximar, conseguiu quebrar minhas barreiras e tocar em mim sem ser morto. Meus poderes são descontrolados e as pessoas não podem chegar perto de mim e saírem vivas, por isso eu uso esse colar, ele ajuda a controlar meus poderes e a não machucar ninguém até o dia do Eclipse. — Disse nervosa apertando o colocar que não saía de seu pescoço.

Perdi o folego sentindo uma dor se alastrar em meu peito.

— Não Sakura, por favor me diz que isso é brincadeira. — Levantei seu rosto olhando a dor em seus olhos.

Inferno eu nunca me apaixonei na vida e quando isso acontece é por um ser de outro mundo? qual a porra do meu problema? será que alguém em algum lugar está brincando com a minha cara?

Eu sempre soube que eu era azarado mas isso já é demais.

— Me desculpa, eu falei pra você ficar longe, e olha onde estamos. — Ela sussurrou balançando a cabeça me olhando com decepção.

— Não porra, eu quero você Sakura, eu não consigo te tirar dos meus pensamentos. — Me alterei a beijando com dor.

— Droga garoto você vai nos levar a perdição. — Ela me empurrou e eu pude sentir suas mãos trêmulas.

— Sakura têm que ter algum jeito.

Eu não podia perde-la daquela forma.

— Não têm jeito Sasuke, mas eu agradeço a você por me fazer sentir essa chama em meu peito, me fazer sentir esse sentimento bom que nunca havia sentido antes, pela primeira vez eu me sinto viva. Obrigada por ter sido um teimoso grudento, e tentando ser meu amigo. — Afagou meu rosto me dando um sorriso triste.

Não.

— Sakura.

— Vamos fingir que nada aconteceu e eu sei que você não vai comentar nada do que eu disse para ninguém, viva sua vida e eu quero que você seja muito feliz. — Pressionou os lábios com força e lágrimas começaram a cair de seus olhos.

Meu coração começou a bater mais forte e o desespero tomou conta de mim.

— Não faz isso comigo. — Segurei seu rosto a olhando em suplica.

— Não complique as coisas esta bem? acho melhor você ir embora. — Limpou o rosto se levantando e começou a andar pelo quarto.

O vazio voltou com tudo abrindo um buraco negro em meu peito.

— Não quero enfrentar essa chuva de novo. — Murmurei baixo.

Na verdade eu não queria ir embora, eu não queria voltar a sentir sua falta, não queria ficar longe dela.

A vi pegar sua blusa no chão e ficou de costas para mim a vestindo, o silêncio reinou no quarto e aos poucos a chuva foi parando.

— Pode ir. — Murmurou cruzando os braços.

Me levantei sem ânimo ou emoção, peguei minha camisa molhada e a vesti de novo.

— Você que fez isso? — Perguntei me aproximando.

Tinha quase certeza de que ela controlava a chuva. 

— Tchau Sasuke. — Sua voz saiu baixa e eu fechei os olhos tentando me manter firme.

— E o trabalho? — Eu procurava todos os argumentos para  ficar.

— Eu fiz e coloquei o seu nome. — Ela estava de costas para mim e se recusava a se virar em minha direção.

— Sakura.

— Por favor vai embora. — Disse chorosa e eu balancei a cabeça saindo daquele quarto a passos pesados.

Eu estava destruído, puto da vida. 

Eu queria gritar e descontar minha frustração em alguém, estava farto, louco, completamente cansado e com o coração quebrado.

Sakura acabou comigo.

Maldito dia em que vim para essa maldita cidade.