“Na hora da verdade, quando o cara tem uma arma apontada para a cabeça, é aí que ele mostra quem é realmente.”
É péssimo planejar adiar um evento e não conseguir fugir dele quando necessário. A faculdade não era uma opção, mas graças ao Sr. Parquinho toda essa merda vai ser jogada no ventilador.
Eu só queria nascer uma pedra.
— Por estar nessa tortura tediosa de ir estudar, precisamos mesmo organizar tudo para não perder o que temos e continuar lucrando. — Yosun se pronunciou. — Yeosang é o único que ficará na Cafeteria, não vamos contratar alguém ainda.
— Ele não pode tomar conta de tudo sozinho. Precisa de mais alguém.
— Não confio em ninguém, Hoseok.
— A Noona sabe que posso cuidar de tudo. — Yeosang falou, tendo a ruiva concordando.
— Se estão prontos, vamos logo. — Park chamou.
Colocamos as malas no carro e Hoseok dirigiu até a tal faculdade. Me despedi da EDEN com um aperto no coração, mas aliviado de poder voltar após as aulas e a noite para frequentar a boate. O lugar não era longe. O dormitório era misto e por sorte fiquei no mesmo quarto que a ruiva.
— Não parece tão ruim assim.
— Seja sincera. Diz isso porque o pessoal é bem bonito.
— Errada eu não estou. — Deu de ombros. Largou seu corpo em uma das camas e suspirou. — Fico feliz em dividir o quarto com você, meu bebê.
Sorri com suas palavras. Ninguém nunca me disse algo parecido e Kang Yosun está aqui para me completar. Mesmo não querendo deixar o irmão sozinho ela não hesita em cuidar de mim.
— Tem algo especial essa semana? —
Perguntei, indo deitar sob seu corpo logo sendo abraçado pela mesma.
— Nada que já não aconteça, porém, Jimin pretende dançar até não andar mais.
— Para tudo! — Coloquei o queixo entre seus seios, a encarando. — O guarda costa vai dançar?
— Ele diz que é tedioso observar, prefere mover o corpo provocando os olhares alheios. Jimin leva jeito pra tudo.
— Essa eu pago pra ver, Noona. — Rimos.
Houve batidas na porta, a ruiva e eu nos separamos e ela foi atender. Era aquele professor alto e bonito que Yosun tanto almeja.
— Não repara na bagunça, ainda não organizamos o quarto. — A mulher disse, abrindo espaço para o Professor gentil.
— Fico feliz que tenha decidido estudar Medicina. Como seu professor e colega próximo, espero que fiquemos ainda mais íntimos.
— Bom, sobre isso, quero muito encontrar apoio nesse período.
— Pode apoiar-se em mim para o que precisar.
— Minhas pernas vão adorar conhecer seus ombros largos e musculosos.
— Como?
Coloquei a mão na boca e arregalei os olhos. Yosun desconhece limites. O Professor sorriu envergonhado, coçando a nuca mirando o chão e desviando o olhar. A ruiva não poderia estar fazendo coisa melhor que sorrindo enquanto mantinha o contato visual.
— Deve estar muito ocupado já que visita sua mãe constantemente. Como está a saúde dela?
— Melhorou graças a suas mãos habilidosas. Se você não tivesse feito a acupuntura aquele dia, não sei o que seria de mim sem ela.
— Você também sabe acupuntura, Noona?
— Tudo que meus pais ensinaram para mim, passei para meu irmão também. — A ruiva sorriu fraco. — E encontrei a mãe do Jin por acaso, ela estava passando mal e eu a ajudei.
— Então vocês se conheceram assim?
— É errado pensar , mas se não fosse por isso não a teria conhecido. — Jin confessou. — Vou deixar vocês se acomodarem, até logo.
O moreno deixou o quarto e a ruiva voltou para a posição de antes, deitada ao meu lado.
— Seus pais foram incríveis de te ensinar isso.
— Queria que os Nazistas matassem eles.
— Isso não é certo, Noona. Você ouviu o que acabou de dizer?
— Eles merecem tudo isso.
Pude ver sua mudança de expressão ao falar sobre seus pais. O olhar ficou mais sombrio, mais distante e sem rumo. Como se eu tivesse a xingado de algo e pisado no seu calo.
— Por quê?
— Por me obrigarem a ser assim. Talvez, só talvez, se meu irmão e eu não tivéssemos sido adotados poderíamos ser bem diferentes e felizes. — Estalou a língua. — Dante e Pablo me obrigaram a cometer inúmeros erros. O casal de médicos gay, gentis e amorosos tinham um segredo macabro.
— Que segredo, Noona? — Minha indagação a fez me olhar.
— Crueldade, meu bebê. Não quero contar detalhes, mas eu quero que saiba que sou um monstro e não sou digna dessa vida. Só estou sobrevivendo pelo Yeosang, mas você está se tornando mais um motivo. — Ela acariciou meu lóbulo. — Independente do que você é para a Máfia, eu jamais te trataria da mesma forma que eles.
— Você não é um monstro, Noona. Você é a mulher mais linda e forte que já conheci. Talvez esteja exagerando ao te idolatrar tanto, entretanto, és o meu pilar.
— Um dia você vai descobrir a verdade sobre mim e vai querer distância.
— Eu nunca vou querer ficar longe, nunca.
🍷🍖
— Tenho certeza sobre muitas coisas e uma delas é que sou absurdamente lindo pela manhã. — TaeHyung disse convencido, roubando do almoço de Hoseok.
— Sou lindo todos os dias, então não tenho mais nada a dizer. — Hoseok falou.
O primeiro dia na faculdade estava normal até precisar almoçar com minha família. Vários alunos nos miravam cheios de dúvidas e julgamentos enquanto os meninos não davam bola, diferente de mim que notava tudo. Desde as fofocas, cochichos, olhares de relance e flertes.
— O bom de já saber Medicina é que posso apenas apreciar a beleza do professor.
— Quantos anos você tem? É só dizer logo que o quer e partem logo para o vuco-vuco, fim de papo. Tenha vergonha na sua cara linda, lembre-se de que não tem mais idade para viver romance clichê de professor e aluna.
— Meu Deus, isso não foi um tapa, na uma voadora. Seja mais sensível, Hoseok.
— Sensível é meu pau! — Berrou. — Yosun, você tá com vinte e cinco anos, caralho.
— Quer ter a boca costurada, Hoseok querido? — A ruiva questionou. — Sua pele está bem macia hoje.
— Cala a boca.
— Achei que preferia ela bem aberta.
— Só quando estamos fodendo, porém, agora o assunto é sério.
— Deixa a Noona conquistar o professor do jeito dela. Ele é uma pessoa bem tímida e já conhecemos como ela é, então é divertido assisti-los. — Ditei.
A ruiva agradeceu pelo meu argumento e até dividiu sua caixinha de leite comigo. Ontem pude saber que a mesma teve problemas com os pais, deixou óbvio que eles são culpados e odeia falar sobre o assunto. O que quer que seja, a Yosun não é o monstro que diz ser.
— Sr. Parquinho não veio?
— Estamos entre jovens, meu bebê. Não precisa ser formal.
— Falando no Diabo. — TaeHyung apontou com o queixo.
Jimin adentrou o refeitório recebendo todos os olhares alheios enquanto caminhava até nós. Seus fios loiros divididos no meio deram um charme juvenil, a pele esbranquiçada e os lábios avermelhados destacavam-se na beleza do guarda costa.
Um filho da puta, porém lindo.
— Que cara de defunto é essa? — Yosun indagou.
— Bebi demais ontem a noite, acho que exagerei no pó.
— Parece que acabou de voltar a vida. — Hoseok balançou a cabeça negativamente.
— O próprio Edward Cullen. — Falei, arrancando riso dos demais.
Park me observou com um sorriso ladino enquanto Yosun tirava o excesso de sua maquiagem. Consegui manter contato por menos de cinco minutos e logo baixei o olhar sendo reprovado pelos mesmos.
— Nunca, em hipótese alguma, baixe a cabeça durante uma troca de olhares. — TaeHyung ditou sério.
— Ainda mais se for um flerte igual esse de três segundos atrás.
— Não estávamos flertando. — Assegurei.
— E eu sou o Barack Obama. — Yosun revirou os olhos. — Dois viados, um não assumido e outro mal comido.
— Puta Merda, Yosun rapper. — Hoseok fez high five com a ruiva.
Mordi o lábio apreensivo evitando contato visual com os quatro. Park não disse nada nem afirmou, apenas continuou me encarando. Comia as batatinhas da ruiva sem permissão.
— Espero que tenha uma adaptação saudável. Muitos aqui são traiçoeiros, inclusive os jogadores de basquete. — Jimin se pronunciou.
— Eles têm essa merda aqui? — TaeHyung questionou rindo. — Que perda de tempo.
— Estão jogando fora da cidade, mas parece que chegam ainda essa semana.
— Você parece conhecer o pessoal daqui. — Yosun falou.
— Conheço gente podre de longe.
— São como nós?
— Usuários de drogas. Muitos deles estão vinculados com nossos fornecedores mais fiéis. — Jimin riu nasal. — O time de basquete são os principais revendedores.
— Qual o histórico deles?
— Violência. Pelas informações das alunas, muitos deles costumam intimidar e chantagear os fracos. Ao que parece um deles é filho de alguém bastante importante, o desgraçado se aproveita disso.
— Deve achar que isso aqui é uma escola. Em que planeta esse tipo de ser humano deixou o cérebro, afinal?
— Não importa, Hoseok-ie. Só temos que ficar de olho e mostrar quem manda. — Yosun sorriu. — Vai ser divertido.
— E você, Sr. Jeon, me avise se alguém incomodá-lo.
— Você se importa?
— Quem ousar tocar em você já pode se considerar morto.
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