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História Efeito Borboleta - O children


Escrita por: Kashi_

Notas do Autor


Boa leitura!

Capítulo 12 - O children


12 — O children

Harry Pov

Quando decidimos ir dormir, Hermione nos pediu para ficarmos juntos na sala, por se sentir muito nervosa em nos dividirmos nos quartos lá em cima.

Havíamos revirado eles para procurar o medalhão, mas como nada foi encontrado, decidimos dormir e pensar melhor amanhã no que fazer.

Ela passou a ajeitar os sacos de dormir, junto com Ronald, e os dois não disseram nada enquanto eu observava a carta que havia encontrado no quarto de Sirius, escrita por minha mãe.

Era uma mescla de dor e tristeza muito grande pensar na minha família agora, ainda mais sem ter notícias de Remus e nesse ponto, Draco ainda parecia ansioso demais para dormir.

— Hã... Hermione não tem um saco de dormir reserva, mas nós podemos ajeitar o sofá para você — Falei, visto que meus amigos me empurraram para falar com Draco, afinal por mais estranho que soasse, eu era o que tinha mais assunto com ele.

— Eu tenho meu próprio saco de dormir — Ele disse, ainda de uma maneira muito ansiosa, olhando para a porta de momentos em momentos — E vou procurar um quarto.

— Tudo bem. Só... vamos ficar aqui porque a casa é meio assustadora, está deserta e bagunçada — Dei de ombros — Se quiser...

— Eu não tenho medo de uma casa, Potter — Projetou o lábio inferior, quase como se emburrasse, o que era muito comum quando ele tentava soar superior.

— Faça o que quiser. Se tivermos notícias eu te aviso. E... escolha qualquer quarto, menos...

— Eu sei, eu sei — Reclamou, revirando os olhos, parecendo adivinhar antes mesmo que eu dissesse qualquer coisa — Até parece que eu iria querer estar no quarto de um grifinório. E aquele quarto é o que menos ajuda hoje.

— O    que quer dizer?

— É o quarto do amante de Remus — Disse em um resmungo, e isso só me provou que ele estava mais preocupado do que deixava transparecer.

— Porque nunca diz o nome dele?

Draco ergueu os olhos para mim, suspirando baixo.

— Da para perceber o quanto dói em você ouvir o nome — Ele confessou, dando de ombros — Parecia ser uma questão de respeito. Remus... também não consegue de ouvir sem... parecer que vai morrer ou algo pior.

Assenti, surpreso que ele houvesse sido perceptivo a esse ponto.

Porque sim, ainda sentia uma pontada todas as vezes que alguém dizia o nome de Sirius.

Era algo tão... doloroso e profundo, que era quase impossível de ignorar.

— Tem certeza que quer ficar sozinho lá em cima?

— Não quero fazer parte da festa do pijama grifinório —  Ele reclamou de má vontade.

— A casa é bem macabra, Draco. E de qualquer forma, se algo acontecer...

— Eu estarei bem lá em cima. Não fique todo preocupado, Potter. Quando tudo isso acabar, eu ainda pretendo retornar ao posto de seu inimigo número um.

Nós dois rimos, e eu percebi que gostava desse traço amargo em Draco.

Das piadas azedas e fora de hora para encobrir o quanto estávamos nervosos naquele momento.

A noite foi totalmente perdida para mim, é claro.

Havia algo terrível em estar naquela casa, e não era apenas o medo de alguém invadi-la.

Estava vivendo um sentimento sufocante de estar abrigado na casa de Sirius. Na casa que ele deixara para mim.

Parecia ridículo estar preso nesses sentimentos tão fortes de abandono, que se intensificaram quando percebi que Hermione e Ron estavam de mãos dadas.

Ela havia adormecido no sofá, com o braço caído na direção dele, que se ajeitou em um saco de dormir no chão, e tinha o braço torto em uma posição que pudesse manter os dedos enroscados aos dela.

Virei de costas para eles, sem vontade de pensar naquilo tudo.

Torcia, sinceramente, para que ficassem juntos.

Hermione era incrível. Seguramente, a melhor garota de todas.

E Ron...

Bem, contra tudo o que os outros diziam e pensavam sobre ele, eu o achava ainda mais incrível.

Simplesmente não entendia como as pessoas não conseguiam enxergar o tipo de pessoa que ele era.

Havia me acolhido em sua família, mesmo que eu fosse um imã para o azar e comensais da morte. Estava ali, ao meu lado, sem fraquejar, ainda que estivesse sofrendo para saber notícias de seus entes queridos.

Sim, aqueles dois eram as pessoas mais incríveis que eu conheci, e eu torcia que ficassem juntos.

Mas aquela parte humana que todos tínhamos, obviamente, estava se sentindo incomodada e abandonada. Quase como se eu estivesse de fora de algo, como se estivessem me deixando para trás.

Obviamente, por não conseguir dormir, eu ouvi quando os passos extremamente silenciosos soaram quase mortificados, e vi como Draco apareceu na sala na ponta dos pés, olhando ao redor como se temesse ser notado.

Pareceu satisfeito ao passar ao lado de Ron e Mione, vendo eles dormindo, e levou seu saco de dormir para a ponta mais distante da sala, rente a parede e se ajeitou ali.

Foi só quando ele deitou e se arrumou para dormir, é que percebeu que eu estava acordado, olhando para ele.

Nenhuma palavra foi dita entre nós, enquanto eu percebia, para meu alivio egoísta, que na realidade eu não era a única pessoa sozinha daquele lugar.

E me tranquilizou olhar para ele ali, vendo que parecia tão vulnerável quanto eu.

Desconfortável, perdido e sozinho.

Jamais pensei que poderia me ver em Draco, mas era quase como estar diante de um espelho.

Não sabia o que se passava pela mente dele, mas em algum momento eu pensei que deveria parar de lhe olhar tão fixamente.

Ele poderia entender errado. Ele sendo um cara gay, e eu estando consciente disso, ficar lhe encarando poderia gerar o pensamento errado.

Mas minha propriamente se corrigiu. Afinal, ele não pensaria nada demais, pois qualquer coisa entre nós dois jamais faria qualquer sentido. Ele sabia. Eu sabia.

Então ambos adormecemos um olhado para o outro, e em determinado momento eu não sentia mais como se estivesse todo desconfortável no chão de uma sala cheia de lembranças tristes.

Era apenas um lugar qualquer, alheio a tudo no mundo, vendo Draco dormir.

E eu soube o quanto era errado o pensamento que veio a seguir, mas naquele instante entre a consciência e a inconsciência gerada pelo sono, eu quis que Draco jamais se afastasse;

Que sempre fosse aquele porto seguro onde eu me sentia menos abandonado no mundo.

De qualquer forma, as coisas pareceram muito mais tranquilas quando eu acordei, me fazendo pensar que durante a noite aquela casa parecia ser muito mais bizarra.

Draco não estava mais dormindo quando eu abri os olhos, e não havia qualquer rastro dele ou de seu saco de dormir.

Ainda assim, segui para o banheiro para minha higiene matinal, e ao sair, sentia minha mente um pouco mais nítida.

Ao passar pela cozinha em busca de algo para comer, encontrei Draco, que estava totalmente silencioso lendo um livro, sentado em uma cadeira, encolhido perto de uma parede.

Não fez qualquer menção de falar comigo, quase como se não houvesse percebido minha presença, mesmo que eu houvesse passado na sua frente para chegar na mesa, onde havia alguns pacotes de biscoitos.

Peguei um, decidido a ignorar Draco assim como ele fazia comigo, e segui em direção as escadas para procurar meus amigos, e não foi difícil encontrá-los no quarto de Regulus.

Provavelmente estavam dando mais uma checada em busca do medalhão, e eu me propus a fazer o mesmo, enquanto me perguntava como teria sido a vida de Sirius ali. Naquela casa.

Como era sua relação com seu irmão mais novo, sendo eles tão diferentes.

Por fim, concluímos que era impossível estar ali dentro, mas Hermione parecia muito agitada com a possibilidade de encontrar o medalhão.

Eu sabia, no fundo, que era um pouquinho questão de orgulho para ela encontrá-lo, porque outra pessoa havia descoberto quem era R.A.B.

— Pode estar em qualquer lugar dentro dessa casa — Ron sugeriu, também concentrado, e nós seguimos para as escadas.

— Deveríamos perguntar algo para Draco? — Me vi impulsionado a dizer com ansiedade, e os dois pararam, se virando para mim.

Não iria admitir que queria ter uma razão para falar com Draco, porque me sentia incomodado em deixá-lo sozinho, como ele estava ontem. Precisando vir as escondidas, quando ninguém estava vendo.

— Harry!

— Não, não vamos dizer o que, nem para que precisamos. Só vamos dizer a ele, caso veja o medalhão pela casa, para nos entregar. Ele está ajudando bastante — Apontei, e nós levamos alguns instantes nos entreolhando para tomar aquela decisão, até Hermione revirar os olhos e suspirar.

— Eu sei que todos estamos desconfortáveis com ele, mas não podemos ser burros — Pontuou, e parecia estar falando unicamente com Ron, que tinha armado uma carranca de desgosto.

— Tudo bem. Mas... ainda não confio nele, e acho que deveríamos tomar cuidado — Pontuou, e eu assenti, com certa ansiedade ao descer junto com os dois na direção da cozinha, encontrando ele da mesma maneira, congelado no chão, com os olhos fixos no livro.

— Draco? — Chamei, e ele parecia realmente muito absorto, porque nem se moveu — Draco? — Repeti um pouco mais alto, e ele ergueu a o dedo indicador, como se pedisse que aguardássemos, e eu sorri ao ver Ronald revirar os olhos, impaciente ao começar a bater o pé no chão para acelerar ele, que não parecia ter nenhuma pressa.

Foi só quando acabou a página que ele colocou o marcador tranquilamente, fechando o livro e se ergueu, olhando para nós.

— Sim? — Questionou calmo, com muita suavidade e eu me aproximei alguns passos, tateando o bolso da calça até pegar o medalhão falso.

— Nós precisamos encontrar um igual a esse. Você o viu? — Questionei ao erguer diante dos olhos dele, que passou os dedos pelo cordão e o puxou para examinar, com uma expressão um pouco surpresa.

— Em um livro — Ele concluiu, com a testa franzida — É uma relíquia antiga.

— Como pode lembrar todas as coisas que lê em livros? — Ronald comentou com a expressão desconfiada, e Draco sorriu de um jeito muito mínimo, ainda olhando para o medalhão, e eu vi a maneira como os dedos longos acariciaram ele com atenção.

— É o medalhão de Salazar Slytherin. Qualquer sonserino poderia reconhecê-lo — Disse por fim, demonstrando uma alegria boba em vê-lo.

— É falso — Me vi impulsionado a dizer, ignorando o beliscão de Ron, e Draco ergueu os olhos para mim com confusão — Nós estamos em busca do verdadeiro. É algo importante para nós.

— Não me diga muito — Ele lembrou, e eu assenti.

— É só o essencial. Acreditamos que Regulus estivesse com ele por algum tempo.

— Por isso estão revirando os quartos — Ele concordou, assentindo, e pousou seu livro sobre a mesa, passando em seguida a dobrar as mangas da camisa.

Eu e os outros dois apenas continuamos olhando para ele, aguardando que nos dissesse o que tinha em mente, e eu achava realmente algo surreal como ele conseguia fazer toda a atenção das pessoas se direcionarem para ele.

Não havia percebido isso na escola, mas agora entendia porque de uma forma bizarra todos pareciam sempre estar olhando para Draco.

Assim que terminou de dobrar as mangas, ele ergueu os olhos para nós, sério e determinado.

— Então... vamos procurar essa porcaria — Decidiu, passando a caminhar pela cozinha, abrindo os armários — Vocês tem alguma garantia que esteja aqui?

— Não. Por isso precisamos procurar até ter toda certeza.

— Suponho que já tentaram usar um feitiço convocatório — Ele disse, removendo agilmente vários objetos de uma gaveta.

— Sim! É claro que foi a primeira coisa que fiz — Hermione que respondeu, um tanto ríspida, mas Draco nem se quer pareceu pensar.

— Pode estar em algum lugar. Lembram, quando... estávamos aqui, e várias coisas foram para o lixo? Aqueles montes de porcarias antigas? — Falei, abrindo os armários ao meu lado para começar a procurar, mas me virei assim que ouvi um som de ofego, vendo Hermione com os olhos quase saltados.

— Mione? — Ron questionou ao se aproximar, tocando o ombro dela.

— ... Havia um medalhão — Ela disse, em um murmúrio distante, erguendo os olhos diretamente para mim, que deixei o braço estendido na direção do armário cair ao lado do corpo — Haviam um medalhão! — Bradou energética, e a lembrança me atingiu como um golpe certeiro.

Havíamos todos pego o medalhão, tentando abrir e ao vermos que era apenas uma peça qualquer, ele havia sido jogado no lixo.

EU havia o jogado no lixo.

Me lembrava perfeitamente de atirá-lo em um grande saco.

— Ok, então nós nunca vamos... — Hermione disse, visivelmente desapontada, mas eu neguei, sentindo Draco nos olhando com alguma curiosidade.

— Monstro! Monstro! — Bradei agitado, ouvindo o som de um estalido trazer a presença daquele elfo rabugento.

Continuava o mesmo, velho, com ar profundamente arrogante, com olhar cortante e resmungão, demonstrando claramente o quanto estava insatisfeito em me ver.

— Meu senhor — Fez uma reverência, dobrando os joelhos, mas qualquer um de nós poderia ouvir os resmungos que saiam involuntários por seus lábios — ... traidores de sangue e a sangue-ruim...

— Eu o proíbo de chamar qualquer pessoa dessa maneira! — Falei já com irritação pela figura desprezível, e ele torceu os lábios.

— Sim, senhor.

— Quero fazer uma pergunta, e quero que diga apenas a verdade. Entendeu? — Falei, sentindo meu coração bater muito rápido, e o elfo assentiu — Há dois anos atrás, estávamos jogando objetos inúteis no lixo. Você se lembra disso? — Pontuei, e meus ouvido conseguiam captar o soar dos meus batimentos, e do fluxo de sangue.

Eu estava quase ofegante, porque parecia ser nossa única esperança.

— Sim, senhor.

— Havia um medalhão. Um medalhão de ouro, que ninguém conseguiu abrir. Eu o joguei no lixo. Você o pegou?

Ele fez um longo silêncio, me olhando profundamente, com seus lábios se movendo sem fazer qualquer som, provavelmente sibilando as ameaças que o impedi de verbalizar.

— Não vamos conseguir tirar nada, Harry. Esse elfo inútil... — Ronald começou a resmungar, e eu senti um leve empurrão para o lado, vendo Draco tomar dianteira, parando de frente com a figura.

Ele mal parecia ter notado o loiro até então, porque seus olhos se arregalaram minimamente, enquanto ele se curvava de uma maneira tão exagerada, que seu longo e pontudo nariz bateu no chão.

— Eu sou Draco Malfoy, herdeiro e Lucius Malfoy e Narcissa Black. Se você tem qualquer respeito por meus antepassados e pela minha família, que serviu durante tantos anos, vai responder todas as perguntas que forem feitas. Potter é seu dono, nada que você faça vai mudar isso. Ou quer ir para a rua? Como um elfo que foi exilado pelo seu senhor?

— Não! Não! — Ele bradou, se encolhendo com algo que variou entre uma tristeza e raiva estranhas.

— Você tem um contrato de vida com seu senhor. Pare de tentar burlar isso se não quiser ser jogado no olho da rua, a própria sorte para morrer de fome — Continuou severo, e eu notei que Hermione iria abrir a boca para falar, mas neguei com a cabeça.

Monstro era um elfo velho, ligado a antigos costumes.

É claro que eu não o atiraria na rua, mas tampouco ele precisava saber disso.

— Você o pegou? — Repeti para ele, que ergueu os olhos para mim.

— Peguei.

— Onde ele está?

— Foi-se.

— Foi-se? O que quer dizer com isso?

Durante os próximos instantes, Monstro explicou como Mundungo roubou os objetos da casa, e eu sabia que Ronald parecia um pouco duvidoso, porque encarava Malfoy, que fingia não sentir.

Hermione parecia concentrada totalmente na história de Monstro, mas eu sabia perfeitamente que o ruivo estava começando a perceber a utilidade o sonserino.

De diversas formas, isso me aliviou.

Saber que até mesmo Ron, que o odiava mais do que tudo no mundo, também estava vendo... bem, deveria significar que não tinha nada errado comigo.

Que estava tudo bem querer que ele ficasse.

— Draco — Falei, ganhando a atenção dele quando o Elfo bradou que o medalhão era de Regulus — Iremos falar sobre coisas que você não quer saber agora — Informei, e nada mais foi preciso, porque ele pegou seu livro, jogado sobre a mesa, e caminhou para fora da cozinha, com ar distante.

E embora durante os momentos em que Monstro contou sua história e de Regulus eu estivesse concentrado, não pude deixar de pensar que Draco Malfoy parecia ser um bom aliado na caçada.

Como ter duas Hermione’s, com diferentes tipos de conhecimentos.

Eu só precisava descobrir como mostrar aos meus amigos o que estava pensando, e arranjar bons argumentos para eles perceberem o mesmo.


Notas Finais


Estou totalmente chocada que vocês não estão achando Efeito Borboleta uma história soft e levinha!
Mas eu espero que estejam gostando de ver Draco junto com o trio de ouro.
E também que não se importem, porque algumas falas e descobertas do trio dourado eu vou dar a ele, para fazer valer sua presença. Coisas que eles demorariam muito tempo para descobrir, e por acaso Draco sabe. Como o quadro, como R.A.B.
Não se ofendam com isso, ok? O trio ainda vai fazer coisas importantes, eu só precisei redistribuir!
Até o próximo!


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