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História Efeito Borboleta - O children


Escrita por: Kashi_

Notas do Autor


Boa leitura rs

Capítulo 17 - O children


17 — O children

Harry POV

O plano para a invasão do Ministro da Magia, e o resgate do medalhão estava perfeitamente traçado, mas ainda não estávamos seguros de executá-lo.

Então, alguns dias atrás, quando retornei para o largo do Grimmauld, levando a edição do profeta daquele dia, foi como se tudo houvesse mudado.

Snape ter sido nomeado diretor fez uma onda profunda de raiva brilhar por todo meu ser, e eu decidi que era hora de agir.

Amanhã seria o dia em que os alunos estariam embarcando para mais um ano letivo. Eu já estava chateado o suficiente em saber que não poderia estar na escola, em ‘paz’ para mais um ano.

Então descobrir que Snape estava lá, no escritório de Dumbledore, apenas foi o fim.

Hermione e Ron ficaram um pouco desconfiados em irmos amanhã, mas os convenci que era a decisão mais sensata.

Naquela noite, após o jantar, eu notei como Draco, o cara que achava meus olhos bonitos, enrolou alguns instantes na cozinha, esperando Ron e Mione saírem, e entendi que ele tinha algo a dizer.

— Vocês parecem agitados. Não sei o que planejam, mas espero que tenham juízo — Me alertou, com certa preocupação, recostado na bancada, e eu evitei olhar diretamente para ele, porque ainda tinha pequenos problemas de concentração quando acontecia.

— Vamos passar algumas horas fora. Sairemos bem cedo amanhã.

— Certo. Tomaram as providencias?

— Sim, estamos bem equipados. Vai funcionar — Falei e ele revirou os olhos, levando uma das mãos para os fios platinados, jogando-os para trás.

Odiava como a minha mente assistia isso quase em câmera lenta, absorto em cada detalhezinho dele.

— Grifinórios — Reclamou com ar de superioridade — Providências para caso tudo dê errado, Harry. Você deu ordens a monstro? O que ele deve fazer caso você não volte? Não pode deixar que ele caia em mãos erradas. Ordene que ele se esconda, que nunca diga nada a ninguém e que fique longe de seus inimigos. Ele gosta muito dos Blacks, provavelmente iria correndo para minha... para Narcissa e Bellatrix — Disse, com a voz muito baixa em dizer o nome de sua mãe, e eu não soube exatamente se deveria dizer algo sobre isso.

— Eu não lembrei. Mas vou deixar ordens para ele — Falei, contendo a vontade de sorrir.

Ron e Mione ainda não confiavam muito nele, e eu me perguntava como conseguiam resistir tanto tempo.

Afinal... ele é bem legal certo?

Estão estava tudo bem eu ter me rendido.

Porque ele é legal.

— Imagino que Hermione também tenha providências para caso algo dê errado.

— Sim. Ela anda o tempo todo com aquela bolsa, cheia de coisas que podem ajudar se não pudermos voltar — Garanti, notando que ele parecia sinceramente preocupado, ainda que não soubesse o nível da loucura que planejávamos para amanhã.

— Ótimo. O que eu devo fazer se vocês não voltarem?

— Nós vamos voltar, Draco. São só providencias hipotéticas, caso ago dê errado. Mas retornar é nossa prioridade.

— Ainda assim, Remus me pediu para ficar junto com vocês. Eu não tenho qualquer contato no lado de fora. Então... — Insistiu, sério ao me olhar nos olhos.

— Fique aqui, se esconda. Sua única obrigação é se manter a salvo.

Ele assentiu, parecendo satisfeito.

— Boa sorte amanhã — Falou por fim, e eu assenti, vendo ele caminhar para a porta e seguir pelo corredor.

Eu imaginava que as coisas ficariam estranhas desde o momento em que ele me flagrou pensando na vez que o vi fazendo exercícios, mas por incrível que pareça, Draco estava muito tranquilo sobre isso.

Não houve qualquer mudança, e eu tinha entendido que o simples fato de ele me dizer que achava meus olhos bonitos era equivalente para que a situação não ficasse estranha.

Antes de ir dormir, me lembrei de fazer o que ele tinha dito, dando orientações para Monstro, bem específicas sobre o que fazer se alguma coisa desse errado comigo.

Durante a noite, acordei duas vezes com a cicatriz doendo, e algumas imagens confusas rondando a mente, reflexo da conexão com Voldemort.

O único momento em que aquilo acontecia, era quando eu dormia.

Eu estava conseguindo manter a barreira erguida,e era engraçado como ela operava.

Me deixava longe de qualquer pensamento de Voldemort, mas por vezes Draco conseguia passar por ela, com aquelas besteiras que me fazia pensar sobre ele, sua aparência e sua inteligência.

Eu ainda sentia muita dor na cicatriz, reflexo de sentimentos muito intensos que Voldemort estivesse sentindo, mas nunca mais tive qualquer vislumbre dele. Ao menos não quando estava acordado.

Quando amanheceu, eu era o mais bem disposto e animado.

Queria, precisava, de uma vitória para deixar de me sentir inútil e parar de ficar o tempo todo pensando sobre Dumbledore, e como ele jamais me deu qualquer orientação sobre o que fazer, por onde começar ou qualquer coisa do tipo.

Draco sempre saia do quarto depois das nove da manhã. Ele tinha costumes bem sérios sobre sua rotina. Levantava mais cedo do que todos, tomava café e ia para o quarto, onde fazia exercícios físicos, e depois se entregava para leituras e estudos.

Ele havia comprado todos os livros para o sétimo ano, e feito o próprio cronograma de disciplinas.

Era a forma dele não se sentir por fora da escola, e quando comentou comigo, não pude deixar de admirar sua dedicação.

Porque ele não era só rabugento e bonito, ele também era esperto e comprometido com suas causas e metas.

Sim, Draco Malfoy é muito legal.

O plano funcionou conforme tudo o que foi planejado, ou seja: deu errado.

Haviam muitas falhas que não tivemos tempo de cobrir, porque eu havia antecipado demais a nossa ida.

Acabamos todos nos separando dentro do prédio, e isso gerou uma confusão enorme, que nos fez ir parar no julgamento do falso-Ron.

Ali, no meio de toda aquela bagunça, eu não conseguia parar de pensar em Draco.

Tinha certeza que se ele estivesse conosco, teria ótimas ideias sobre o que fazer e como não sermos descobertos.

Milhares de atitudes impensadas depois, nós conseguimos aparatar para longe daquela bagunça, com o medalhão ao redor do meu pescoço.

Mas,é claro que nos instantes finais, tudo deu errado.

Outra vez.

Desaparatamos em um tipo de floresta, os três caindo no chão, e eu olhei para Hermione, alarmado.

— Onde estamos? Porque estamos aqui? Achei que fossemos voltar para o Largo do Grimmauld! — Falei atordoado, vendo Ron se erguer do chão, assim como Mione.

— Harry, eu acho que não podemos voltar para lá! Yaxley me agarrou quando aparatamos, e eu o fiz soltar com um feitiço repelente, mas já estávamos na porta. E como... desde a morte de Dumbledore, nos tornamos fiéis do segredo... eu acho que... isso o deu permissão para entrar — Ela disse, com os olhos muito arregalados, e eu a conhecia demais para saber que estava se culpando.

E eu diria algo para lhe confortar.

Mas a única coisa que saiu por minha boca, foi ago meio gemido, engasgado e apavorado.

— Draco!

— Harry, não podemos voltar lá! Yaxley deve estar chamando todos para entrar e...

— Hermione, Draco está sozinho lá dentro! — Berrei, vendo ela se encolher, e olhar de canto para Ron.

— Ele sabe como se defender, Harry ...

— Não termine! — Rosnei para ele — Remus pediu para ele ficar comi... Conosco! Para cuidarmos dele! Não podemos deixar ele para lutar sozinho! — Bradei irritado e exasperado.

Ron soltou o ar pela boca, e se virou para Hermione.

— Harry está certo. Eu volto e pego ele. Vocês ficam em segurança.

— Não! Eu vou! — Insisti, irritado que estivéssemos perdendo tempo com aquela discussão.

Draco, o cara que achava meus olhos bonitos, precisava de mim!

Porque eles não entendiam?!

— Harry, isso é perigoso! Eles devem estar lá dentro, você viu a quantidade de cartazes? Tem um preço por sua cabeça, isso não...

— Eu volto para buscar ele e encontro vocês aqui — Falei muito apressado, e Hermione suspirou.

— Você não vai sozinho a lugar algum. Vamos todos de uma vez. Não podemos nos separar — Decidiu, agarrando nossos braços, e voltamos a aparatar.

Ainda que demonstrasse saber que eu estava certo, ela tinha uma expressão contrariada, que se desfez no instante em que aparatamos na casa, e um clarão foi visto vindo da cozinha, seguido de uma explosão.

Com a varinha erguida, apenas pude me virar e desarmar um comensal que estava á minha esquerda, vendo o total caos que já havia se espalhado pela sala, que estava totalmente revirada.

Draco veio correndo da cozinha, com um corte fundo na cabeça, sangrando, e ele escorregou, derrapando sobre um tapete que havia no corredor.

Sabia que se não fosse a situação, ele nos teria lembrado de todas as vezes que disse que aquele tapete era horroroso, não tinha nada a ver com a decoração e que deveríamos tirar.

Hermione estuporou o comensal que vinha atrás dele, e nos mantivemos parados no mesmo ponto, lançando feitiços conforme entravam na casa.

Os olhos de Draco pareceram se iluminar ao nos ver ali, e eu senti o coração pesar ao ver que ele estava lutando e que realmente não esperava que voltássemos por ele.

Um feitiço o derrubou no chão, fazendo ele gemer com a explosão que bateu em suas costas, e eu me joguei para frente, para não deixar que se ferisse quando vi que ele iria cair sobre a mesa de vidro no centro do aposento, e nós dois nos esbarramos.

No segundo seguinte, ele girou o corpo, me empurrando para suas costas, e eu pisquei ao ver ele contra atacar um feitiço que teria me atingido em cheio, e nos fez cair no chão.

Foi automático passar um braço ao redor do corpo dele, puxando-o contra mim, vendo Hermione entender ao agarrar Ron pelo pulso, se jogando no chão na nossa direção, enquanto eu enroscava as pernas ao redor de Draco e me encolhia contra suas costas porque alguém havia feito uma parede explodir e soltar muita poeira.

No segundo seguinte, nós aparatamos, caindo os quatro deitamos novamente na floresta para onde Hermione nos levou.

Abri os olhos, agitado, com o coração batendo muito depressa ao ver Draco diante de mim, com o corpo todo jogado sobre o meu.

Eu ainda estava segurando ele com muita força junto ao meu corpo, e me senti ficar totalmente constrangido quando notei que ele sorria, com a sobrancelha arqueada ao me encarar.

Empurrei ele de cima de mim, me sentando, observando de canto o sangue escorrendo entre os fios loiros, mas qualquer coisa que pensasse em dizer me distraiu quando ouvi Ron gemer e Hermione soltar um som de assombro.

— O que aconteceu? — Bradei alarmado, indo para perto, vendo Hermione totalmente trêmula, com os olhos se enchendo de lágrimas enquanto rasgava a manga da camiseta de Ron, onde o sangue estava molhando tudo muito rapidamente.

O ruivo tremia, quase convulsionando.

— Estrunchou — Hermione falou, totalmente pálida — Harry, tem um frasquinho... Na bolsa, essência de ditamno...

Corri até onde a bolsa dela estava caída, ficando totalmente perdido ao colocar a mão ali e ver a quantidade absurda de coisas dentro, até decidir que era mais sábio usar um feitiço convocatório.

No instante seguinte, voltei correndo até ela, a tempo de ver Draco segurar suas mãos, afastando-a gentilmente de Ron, que inda se revirava no chão, gemendo de dor.

Uma parte da carne estava faltando, de uma forma grotesca, e Ron desmaiou em seguida.

Draco havia dobrado as mangas da própria camisa, e terminou de rasgar a camiseta de Ron, puxando o frasco da minha mão para pingar três gotas sobre o ferimento horrível.

Uma nova camada de pele surgiu sobre o ferimento, cessando o sangramento, e agora o machucado parecia ter acontecido há alguns dias.

Não totalmente recuperado, mas fora de riscos.

Hermione se levantou no instante seguinte, parecendo ainda abalada, mas ergueu a varinha ao se distanciar alguns passos.

— O que está fazendo?

— Feitiços de proteção — Ela respondeu, já iniciando uma sequencia de diversos feitiços ao nosso redor, ainda totalmente nervosa, com as mãos manchadas pelo sangue de Ron — Você podia ir montando a barraca.

— Barraca? Que barraca?

— Na bolsa, Harry.

Enquanto eu voltava até a bolsa para fazer o feitiço convocatório, olhei com o canto dos olhos a forma que Draco parecia concentrado em Ronald. Checou a temperatura dele, e também curou alguns outros pequenos ferimentos.

— Bem, esses são todos os que eu conheço — Ela concluiu, se aproximando de nós, e fez um feitiço para a barraca se erguer, afinal eu só estava segurando ela sem saber o que fazer.

— Eu sei mais alguns — Draco falou por fim, se erguendo e passou as mãos pelas roupas, para afastar as folhas secas e a terra, e começou a fazer mais alguns feitiços, enquanto eu levitava Ron para dentro da barraca.

— Achei que essas barracas fossem daquele cara, do ministério — Falei ao reconhecer como sendo a barraca que usamos na Copa Mundial de Quadribol.

— Ele não as quis mais, e então deixou com Arthur. Ele disse que eu podia pegar emprestado — Ela explicou, enquanto deitavam Ron em uma das beliches, na cama de baixo.

Olhei ao redor, notando que a barraca era exatamente como eu me lembrava. Como um pequeno apartamento, com cozinha, banheiro e um grande salão onde havia um sofá, algumas poltronas, e mais ao canto, uma pequena separação para um cômodo onde haviam as beliches.

Draco entrou em seguida, e Hermione me olhou de canto, indicando ele.

— Veja se ele quer ajuda. Ele também está ferido — Murmurou baixinho — Vou fazer chá para nós, para acalmar os nervos — Avisou, e eu assenti, caminhando até Draco, que se deixou desabar sobre a poltrona.

— Você está bem? — Questionei, vendo ele assentir, suspirando ao fazer um feitiço para se livrar do sangue, agora seco, em sua cabeça e cabelos, deixando a vista um corte um tanto profundo em sua testa — Eu ajudo — Falei ao me aproximar, notando o frasquinho de ditamno ainda entre os dedos dele.

Com uma sensação diferente e estranha, movi as mãos pelos cabelos dele, afastando-os para não atrapalhar, tentando não ficar pensando sobre como eram macios e peguei o frasco, pingando uma gota sobre o corte, o que foi suficiente para ele se fechar, deixando apenas uma cicatriz fina e quase invisível na pele pálida.

— Essa floresta... Foi aqui a sede da Copa de quadribol, não foi? — Ele questionou, e eu assenti ao me afastar para sentar no sofá.

— Hermione geralmente quem decide onde vamos aparatar — Expliquei, e ele sorriu de um jeito fraco e sem muito humor.

— Ela parece decidir muito mais do que só isso — Girou os olhos ao redor da barraca.

— Eu disse que ela tinha providências sobre tudo — O lembrei, e Draco riu.

— Me surpreendeu ela ter pensado em uma barraca. Eu não... pensei em trazer uma.

— Mesmo que tivesse pensado... Não tivemos tempo de pegar suas coisas — Murmurei ao dar de ombros, com um suspiro ao pensar que havia perdido a casa de Sirius.

Estar ali era como estar um pouco mais perto dele.

Ainda que doesse... Me fazia lembrar sempre de como ele um dia esteve ali comigo.

— Até parece que eu não estava com as minhas coisas. Nem todo mundo tem uma Hermione — Bradou, tocando a ponta da varinha no ar, e então se tornou visível uma bolsa lateral junto ao corpo dele.

— Feitiço de expansão indetectável? — Adivinhei, e ele assentiu — Como sabia que iria precisar?

— Eu estava com um mau pressentimento, desde ontem a noite — Explicou com um suspiro — Mas, de qualquer maneira, sempre estou com o essencial ao alcance, e tudo pronto para uma emergência.

— Isso é ótimo — Concordei com um pequeno sorriso.

Porque me fez pensar que eu estava certo em achar que ele era muito detalhista e esperto.

— Eu... vou amanhã cedo. Pode ser? — Questionou, voltando a se tornar sério, e eu o olhei sem entender.

— Ir onde?

— Embora. Vocês não podem mais voltar para o Largo do Grimmauld, então...

— Você vai ficar comi... conosco! — Falei, fingindo não ter deslizado por um instante na palavra, e ele apenas arqueou o cenho — Eu disse a Remus que você ficaria conosco. Não vamos te deixar sozinho só porque perdemos a casa. Não é seguro.

— Você tem certeza?

— Sim — Hermione que respondeu, ao se aproximar trazendo uma bandeja com xícaras para nós.

Draco pegou uma, murmurando um agradecimento muito baixo, e ergueu os olhos para ela.

— Isso não deixa de ser prático? Vocês têm planos a fazer, coisas... Eu não tenho sido de grande ajuda, e tento me manter fora do caminho, então...

— Você está sendo de grande ajudar, Draco. Harry não teria conseguido erguer a barreira sem suas aulas de oclumencia. Você é bom com feitiços de cura, parece entender mais do que nós sobre o assunto. Afinal, ajudou George com a coisa da orelha. A questão do RAB. E sobre o pomo de ouro... Isso também nos ajudou muito. Esses pequenos detalhes fazem diferença.

— Ela esta falando isso só porque quer seus livros — Murmurei, vendo ele rir e Hermione me olhar feio.

— E, de qualquer forma, eu nunca havia tratado ferimento como o de Ron. Você parecia saber o que fazer.

— Sim, eu gosto de medimagia. Já havia lido sobre algumas coisas. Vocês não vão poder aparatar por um tempo. Ele perdeu muito sangue.

— Eu sei. Teremos que ficar por aqui por alguns dias, até podermos seguir.

— Existem alguns outros feitiços de cura, mas acho prudente esperar antes de realizar qualquer um. Ele deve estar fraco demais para aguentar qualquer coisa.

Antes que pudéssemos continuar a conversa, uma tosse de Ron chamou nossa atenção, e seguimos os três até ele, um tanto preocupados.

— Como se sente? — Hermione questionou baixinho, se ajoelhando ao lado dele.

— Um pouco morto — Ele disse, mas pareceu repensar ao ver o rosto dela se torcer — Estou bem. Só... cansado.

— Você precisa descansar. Tente dormir um pouco. Eu... preciso pensar em como conseguir algo para comermos. Não estoquei comida, pensava que conseguiríamos... voltar — A voz dela tinha aquele tom, de como quando ela assumia todas as responsabilidades e se culpava por qualquer coisa que saísse fora do planejado.

Uma simples olhada de canto para Draco me fez sentir alívio, porque ele estava com aquele sorriso de quando se sentia superior.

— Eu disse que devíamos voltar para buscar ele — Ron disse ao entender também que Draco havia estocado comida, e Hermione revirou os olhos.

— Você disse? — Draco murmurou, olhando para ele com deboche, e Ron assentiu.

— Disse. Falei que não poderíamos deixar você para trás. E que se não fossem comigo, eu iria sozinho te buscar — Falou, nos fazendo rir porque ele estava mesmo muito grogue.

— Quem surtou por causa de Draco foi Harry, não você — Hermione falou, ajudando-o a se deitar melhor, parecendo nem pensar no que tinha dito.

Eu ergui os olhos, um tanto sem jeito, vendo que Draco estava sorrindo para mim, e fez um gesto para que eu o seguisse até a cozinha, onde retirou parte do suprimento absurdo que havia feito com diversos tipos de alimentos de fácil conservação.

Ele ser altamente paranoico me trouxe algum alivio enquanto guardava as coisas no armário, pensando que se fosse trouxa, ele seria aquele tipo de cara excêntrico que tinha um quarto do pânico, estoque de alimentos e armas para fugir de uma ogiva nuclear e garantir a própria sobrevivência.

Consegui, devaneando, até mesmo pensar nele em alguma manchete em canais de entretenimento sobre esse tipo de pessoa que gosta de teorias de conspiração.

Olhei de canto para ele, vendo-o organizando os alimentos dentro de um pequeno armário de uma forma perfeccionista, na parte alta que eu precisava me humilhar e colocar na ponta dos pés para alcançar.

Não queria admitir para ninguém, mas Draco me trazia uma sensação de segurança muito grande.

Como se, enquanto estivesse com nós, eu não precisasse abrir mão de tudo o que era e conhecia.

Como se usasse ele para me prender a uma provável vida de brigas na escola, sem estarmos refugiados em uma floresta.

Deixamos Ron dormindo, e seguimos para o lado de fora da barraca, nós três.

Draco disse que sabia um feitiço para convocar lenha dentro da floresta, e Hermione queria se localizar para saber se havia água por perto.

Estávamos falando sobre questões técnicas de acampamento, sobre o que cada um iria fazer, quando um som alto se fez ouvir, e erguemos os olhos a tempo de ver um passarinho colidindo com a barreira de proteção ao nosso redor, explodindo em uma nuvem de fumaça logo em seguida.

— O que foi isso?! — Questionei assombrado ao ver que não sobrou nem cinzas do bicho, e Draco se virou para Hermione, com os olhos estreitos.

— Você não fez um feitiço para repelir animais?

— Draco, isso foi um feitiço seu?! — Ela questionou tão assustada quanto eu, e ele arquejou com indignação.

— É claro que sim! Por isso chama feitiço de proteção! Porque ninguém ultrapassa!

— Aquilo era só um passarinho!

— É mesmo? É mesmo? — Ele questionou, cruzando os braços, todo bonito e mandão.

— É mesmo!

— Quem me garante que não era algum bruxo disfarçado de bicho? Hã? Não sei você, mas eu me preocupo com nossa segurança! Então da próxima vez, se lembre de usar um feitiço para repelir qualquer criatura viva, ou minhas barreiras vão fritar todas!

— Como pode ser tão paranoico?! — Ela insistiu, revirando os olhos — Não era nenhum bruxo disfarçado! Só um passarinho!

— Agora que eu neutralizei a ameaça, é fácil dizer isso — Bufou, olhando para nós dois com indignação ao sair andando em busca de lenha, fazendo um feitiço que fazia as madeiras se alinharem em uma pilha perfeita diante de nós, enquanto resmungava coisas provavelmente nos ofendendo e esnobando.

Até conseguia ver ele negando com a cabeça, com aquela expressão descontente, dobrando as mangas da camisa, e eu assisti a forma como ele esticou os braços, como se estivesse espreguiçando e alongando, enquanto continuava a fazer gestos muito naturais com a varinha.

— Ele é tão... — Hermione resmungou, encarando indignada.

Sorri, vendo ele erguer a varinha para a barreira, provavelmente fazendo o feitiço faltante, depois de um novo passarinho se colidir com a mesma.

— ... Insuportável — Ela resmungou, e eu realmente me surpreendi ao ver que a frase se concluía de maneira diferente para nós dois.

 Porque a palavra que veio na minha mente, muito naturalmente e de forma bizarra, foi ‘gostoso’.

Decidi que era a hora certa de parar de olhar para ele, soltando uma risada esganada para Hermione, resmungando que iria fazer companhia para Ron porque precisava sair de perto daquele cara charmoso que achava meus olhos bonitos.

Se algum dia me permitisse ser sincero comigo mesmo, então poderia confessar que sim.

Draco Malfoy é muito gostoso.


Notas Finais


Esse é um dos Harrys mais gays que eu já escrevi, acho lindo como ele jura por tudo que não há tempo para pensar no crush que tem por Draco, mas a cada cinco segundos ele está pensando no draco que acha os olhos dele bonitos.
Eu amo tanto esse menino que até dói.
E sim, caso estejam se perguntando, ele vai ficar cada vez mais gay e boiola pelo Draco-que-acha-os-olhos-dele-bonitos.
Até o próximo!
Espero que estejam gostando!


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