Ester não sabe o que fazer ou como reagir. Poliana conseguiu colocá-la contra a parede. Não pode falar sobre o Otto com Poliana, muito menos lhe revelar o que ela quer saber.
– Estou esperando uma resposta! (Poliana cruza os braços)
Ester expira.
– Muito bem Poliana. Guarde todas essas questões para a tia Luísa. Ela saberá como te responder.
– Mas você sabe…
Olhando firme para Poliana, Ester não diz nada. Mas seu olhar é suficiente para fazer a menina desistir de fazer mais alguma pergunta.
– Pergunte tudo para a tia Luísa mais tarde!
Missão cumprida para Ester! Ela sabe que fez o que deveria ter feito. Não quebrou a confiança da tia, o mais importante. Deixando Poliana imersa em pensamentos e dúvidas, Ester sai do quarto.
Na Onze, Pendleton resolve os assuntos que lhe cabem, quando um homem muito bem-vestido e com uma mala de couro chega até sua sala.
– Otto? (Ele diz entrando)
Pendleton olha-o surpreso. Realmente aquela visita não era esperada.
– Marcelo…?!
– Bom dia. Como vai?
Apertam as mãos. Pendleton sorri.
– O que o traz aqui?
Sentam-se em duas grandes e muito confortáveis poltronas.
– Não pretendo tomar o seu tempo, vou ser direto. Vim aqui como representante da Universal Technology para, mais uma vez, mostrar nosso interesse na Onze.
– Prossiga por favor… (Otto faz uma cara bastante desanimada)
– Na proposta anterior, gostaríamos de 40% da empresa. Como fomos prontamente refutados, então conversamos e decidimos diminuir a posse. 30% é o que queremos agora, e estamos dispostos a pagar muito bem por isso.
– Olha Marcelo, eu agradeço o interesse da Universal Technology na Onze… isso de certa forma me deixa bastante feliz, porque eu vejo o crescimento da minha empresa e o reconhecimento que ela está tendo no mercado internacional… mas como da outra vez eu recuso!
Marcelo não se mostra convencido.
– Otto, você é um grande líder e um gênio na área tecnológica. Com a grande visão empreendedora que você possui, não consigo achar razões lógicas para a sua recusa.
– Minhas razões são claras! Não quero desmerecer a Universal Technology, pelo contrário, tenho uma grande admiração por esta que é uma das maiores empresas tecnológicas do mundo e modelo para muitas empresas em crescimento. Mas eu sou um homem que gosta de fazer as coisas do meu jeito e a Onze está muito bem sob o meu comando.
– Longe de mim questionar sua capacidade de liderança, a Onze é prova disto… mas acredito que esse negócio seria de grande benefício para ambas as empresas.
– Você vai me desculpar, mas eu discordo. A Onze têm crescido muito e logo, espero, passaremos a Universal Technology em valores de mercado e seremos a maior empresa do mundo.
Pendleton fica um tanto irritado quando vê Marcelo dar uma leve risada, como um desdém.
– A Universal Technology detêm muito de muitas empresas ao redor do mundo. Nosso valor só aumenta a cada dia. Conhecendo o mercado como você conhece, tenho certeza que sabe tudo isso…
– De fato!
– Inclusive que a Onze só poderia, um dia, ultrapassar nossa empresa sob duas circunstâncias: ou um colapso que nos levasse à falência, que as chances são quase nulas, ou se a Onze supervalorizasse de uma maneira incrível e a nossa empresa apresentasse crise.
– Você que trabalha na área de negócios não deveria limitar nossa ascensão a apenas duas alternativas. (Agora Pendleton sorri) Isso é ridículo!
– Sou realista! A verdade é esta.
Pendleton se levanta.
– Eu mais uma vez agradeço o interesse, mas mantenho minha resposta. A Onze está muito bem como está e não tenho interesse na venda da minha empresa.
Marcelo também põe-se de pé.
– Está cometendo um erro Otto. Pense bem, por favor e reconsidere.
– Não há o que pensar! Minha decisão está tomada.
Ele vai até a porta e abre-a.
– Agora se me dá licença, tenho muitos assuntos para resolver.
Marcelo então vai embora, bastante insatisfeito. Fechando a porta, Otto senta-se novamente na poltrona.
– Ah Marcelo… acho que não tem jeito, vou ter me reportar ao presidente.
Ele olha na sua mesa para o retrato de uma mulher e uma criança.
– Como eu sinto sua falta Alice, e da nossa filha…
Alice dorme, depois de muita insistência de Ana e após tomar os remédios. A garota senta em um pequeno banco ao lado da mãe e põe as mãos na cabeça. Tudo o que acabara de ouvir gritam na sua mente segundo após segundo. Não sabe muito bem o que pensar ou o que fazer. Toda sua vida acreditara que havia nascido naquele lugar árido e que ela e sua mãe estavam sozinhas. Que seu pai havia morrido. Nem passara pela sua cabeça que pudesse ter irmãos ou irmãs. O que martela mais alto é quem fez isso e porquê. Por que as tiraram do Brasil? Quem fez isso? Sem nem saber quem o fez, um sentimento de raiva surge nela. Ana agora concentra seus pensamentos na pessoa que fez tudo isso. Ela deve pagar!
Marcelo chega até sua casa e bufa. Uma menina desce das escadas.
– O que houve tio?
– Mais uma recusa do Otto.
Ela torce a boca.
– Preciso fazer alguma coisa Filipa. O Boss me deu essa missão e um prazo, preciso cumpri-lo.
– Pensei que essa seria mais uma para você. Sempre foi muito fácil…
– Sim. Porque a maioria dos líderes das empresas é inseguro e muitas vezes as empresas então caindo no buraco. Mas não o Otto… não a Onze…
– O que você pretende? Já é a segunda vez que ele recusa.
– Vou falar com o Boss… explicar a situação.
– Ele vai compreender? O Boss não faz esse tipo…
– A culpa não é minha se o Otto é um excelente líder e a Onze está no topo. E ele vai compreender sim, porque estou fazendo o que posso.
Marcelo respira e senta-se na cadeira mais próxima.
– Como vai você e o João?
– Estamos bem. Ele, além de lindo é muito amigável. Não foi difícil desenvolver uma amizade.
– Ótimo! Preciso que você fale mais com ele sobre o Otto e a Onze. Descubra o que podemos fazer para o Otto vender parte da empresa.
– Estou tentando. Mas ele não se interessa muito sobre isso…
– Insista. Seja persistente. Mostre-se interessada no assunto…
– Aí é onde as coisas dificultam…
– Eu sei. Mas precisamos disso.
– Entendo tio. Mas também ele não passa tanto tempo comigo… ele é muito amigo da filha da Luísa.
– Sério? (Marcelo arregala os olhos)
– Sim. Eles são tipo, melhores amigos.
– Se bem conheço a Luísa, ela deve ter surtado ao descobrir que o melhor amigo da filha dela é filho do Otto. Ela já sabe?
– Não sei, acho que não. Eles nunca falaram sobre seus pais… pelo menos não que eu tenha ouvido.
– Mesmo assim, invista ainda mais na amizade com ele.
– Farei isso! (Ela sorri)
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