História El Bigote. Taekook, Vkook. - O poder de um bigode

De manhã, os marmanjos acordavam pra tomar banho.

A pensão tinha chuveiros coletivos, o que era uma merda, mas depois de um tempo a gente ia se acostumando. Além disso, todo mundo aqui tem pau, não tem nada de diferente — quer dizer, tem uns feios, bem diferente do meu.

Seis da manhã a gente já estava acordado, indo pro banheiro. Todo mundo reclamando, todo mundo xingando, todo mundo falando mal do nosso chefe, aquele velho filho da puta.

— quem vai dividir a cabine com o novato? — Namjoon perguntou enquanto entrávamos no banheiro segurando nossas toalhas.

— o Tae, é claro. É o único que não banha com ninguém.

— não gosto de dividir minha cabine. — reclamei, já entrando nela. — porque eu preciso de tempo pra cuidar do meu bigode.

— Jungkook não vai te atrapalhar de arrumar esses pêlos de cu. Deixa o menino entrar!

— eu vou, só não quero! E vai se foder! Pêlo de cu é esse seu cabelinho!

Eu dei o dedo para Namjoon, que também deu dedo pra mim, e então todo mundo estava dando dedo para todo mundo.

Menos Jungkook.

Eu acho que ele nos odeia. Ele sempre tá nos olhando com essa cara de tédio.

— você não sorri, não, garoto?

— não. Não pra vocês.

— ihhhh! O adolescente tá revoltadinho. A namorada te chifrou?

— capaz.

Falou, entrando na minha cabine.

A contragosto, eu a fechei, começando a tirar minhas roupas.

Talvez eu fosse vaidoso demais e por isso que preferia tomar banho sozinho. Gostava de criar meu próprio tempo, de cantar sob o chuveiro, de dar uma conferidinha no pau, de dar aquela depilada marota, mas com Jungkook eu não ia querer mais fazer.

Enquanto eu tirava minha roupa, Jungkook fazia o mesmo. Virado de costas pra mim, ele mostrava suas costas tatuadas e musculosa. Ele era bem grande e eu não me importava de ficar o olhando, olhando pro seu corpo.

Eu só estava um pouco curioso. O menino era novinho e já era assim, e eu aqui, ainda magro.

Eu descobri que tudo em Jungkook era quase loiro. Castanho bem clarinho. Isso porque ele acabou de mostrar a bengalona e tinha um pouco de pêlo.

— gostou?                

Ele perguntou, e eu desviei o olhar pro seu rosto.

— não muito. É pequeno.

— tá, você não gostou, mas também não precisa mentir. São vinte centímetros. Claro que não é pequeno.

Eu abri a boca pra rebater, mas sem argumentos não dá pra rebater, não. Sim, era grande, mas eu não sei se isso era sinônimo de beleza. Na verdade, eu nem sei o que é um pau bonito.

É tudo a mesma coisa. Uma vareta.

– sim, não é pequeno, mas eu não gostei. Por que diabos eu gostaria do seu pênis?

— papo estranho esse, hein. — eu ouvi Cory dizer. — parece que o Tae gostou de dividir a cabine...

— cala a boca e vai cuidar da sua vida.

Reclamei, voltando a tirar minha roupa. Eu entrei sob o chuveiro longo, sentindo todo meu corpo relaxar com a água quente. Era um ótimo jeito de acordar de vez.

Ou dormir de vez. Se tivesse uma cama aqui eu com certeza já estaria sonhando com um carro e uma casa bovinha.

Com uma piscina enorme, carne a vontade e uma vara.

Espera.

Sem vara no sonho. Só uma que tá aqui, no banho, e eu a via toda hora.        O irlandês estava atrás de mim, também tomando sua ducha, esfregando o sabonete em seu corpo cheio de tataubens e pintinhas.

Tataubens, não. Tatuagens.                

— segura essa minhoca aí, por favor.

— não tem como eu segurar. Se eu não chegar perto, eu não consigo tomar banho. Você tá quase me dando tapa sempre que passa a mão nesse seu cabelo.              

Parecia que Jungkook estava dando uma ordem com aquela voz. Sempre era séria, sempre era carregava de sotaque, sempre assim.

Nem parecia um menino de vinte anos, o que, pra mim, era bem novo.               

Dando de ombros, eu voltei a esfregar o sabonete por meu corpo, passando bem entre minhas bandas pra lavar minha bundinha.

O que é?

Eu não consigo chamar de outras coisas. É a minha bundinha, mesmo.

— que bundão.

— o meu...?

— sim. É grande. Bem redondinho. — o irlandês continuou, e sua boca parecia estar mais perto da minha orelha. Tinha até ventinho. — eu gostei.

— problema seu! Por que você gostaria da minha bunda?

— não sei. Por que você gosta de bundas?

Pra transar.

Pra meter.

Mas em mulheres e não em bundas de homens! Jungkook tinha cada papo estranho... será que ele era assim no país dele também ou ele só tá de marcação comigo?

Tornei a esfregar meus dedos por minha pele.

— eu só não entendo por que você ia gostar da minha bunda. É uma bunda normal e... — enverguei os lábios numa careta. — e por que você ia gostar da minha bunda, mesmo? Você não me respondeu.

— eu acho que seria boa de apertar.

— ah...

Eu ainda estava fazendo careta, olhando para a parede de azulejos coloridos. A resposta de Jeon foi a mesma coisa de não responder. Eu ainda não entendia por que ele queria apertar minha bunda. Ou o porquê de ele estar tão perto de assim.

O suficiente pra roçar seu bigode em minha nuca, fazendo um arrepio vir lá da puta que pariu, passar por meu corpo e ir parar na outra puta que pariu.

— eu não sabia — ele murmurou, apoiando seu queixo em meu ombro. Os olhos claros me fitando. Às vezes ele me olhava sério, e depois ele me olhava assim, com aquela cara de safado sem escrúpulos. E continuou: — que bigodes mexiam tanto com você a ponto de te deixar arrepiado.

— tem um troço roçando minha nuca. É claro que eu vou me arrepiar, ora! — me defendi, ainda olhando pro seu rosto. Sentia até mesmo seu peitoral em minhas costas. Até engoli em seco. — devia parar de fazer musculação.

— por quê? Tô muito forte pra você?

Virei o rosto pra frente de novo, só agora tirando minha mão da minha bunda toda ensaboada.

Kim Taehyung não fica corado, mas eu acho que eu tô, viu?

— por que pra mim? Menino, fica quieto. Você acordou com o capeta no couro? De noite, tá todo calado e provavelmente querendo matar todo mundo, e depois você tá... com essa voz de ator pornô.

— não sabia que a voz de um ator pornô ia te deixar assim, arrepiado. — diz, passando seus lábios levemente por minha nuca novamente, me fazendo arregalar os olhos. — pensei que só mulheres conseguissem fazer isso com você.

Me enrolando pra responder, eu me virei para Jungkook, pronto pra pegar meu sabonete e enfiar no seu nariz, mas os caras estavam tudo pendurados na parede da cabine, nos assistindo como se fôssemos um filme inédito.

Namjoon, o mullet feio, estava embasbacado.

— carai, o Tae tá doidão no bigode do irlandês...