Narrado por Werner Schünemann
Após a compra da casa, contratei um arquiteto para cuidar de toda a decoração, Tânia ainda não podia vir ao Rio de Janeiro por conta dos preparativos da mudança, precisava ainda resolver as coisas do colégio das crianças e acertar algumas contas pendentes. Nós trocávamos informações por telefone e por e-mail, ela me mandava sugestões de design e eu enviava algumas fotos sugerindo alguns detalhes, o arquiteto, inclusive, indicado pela Eliane, deixou um book de decoração de interiores, o que facilitou a escolha dos móveis. Passamos um dia inteiro praticamente só analisando o que deveria ser feito, ele indicava os melhores materiais que deveríamos usar e eu acatava todas as suas decisões. Eu precisava sair urgentemente daquele hotel, pois não aguentava mais aquela vida, queria um canto só meu. A primeira coisa que comprei para casa nova foi o jogo de quarto do casal e as coisas para cozinha, depois, contratei um marceneiro para fazer armários embutidos e algumas prateleiras para o quarto das crianças. Enfim, faltavam alguns detalhes para melhor estadia e conforto da minha família, aos poucos, o restante dos móveis começou a chegar e tudo foi sendo posto em seu devido lugar, mandei construir no jardim um pergolado de madeira, que é uma espécie de tenda onde coloquei flores e plantas, pois sei que minha esposa adora. Esses dias de decoração e arrumação da casa me deixaram extremamente cansado, pois a correria era tamanha e eu não tinha tempo nem para descansar, queria deixar tudo pronto para quando eles chegassem. Graças a Deus não houve atraso em relação a entrega de nenhuma mercadoria, só falta mesmo a Tânia para dar o seu toque feminino, mas fora isso, tudo está pronto para a chegada dela e dos meus filhos
Em minha última noite no hotel, fiquei deitado na cama olhando fixamente para o teto, eu estava extremamente pensativo e com tremenda insônia, já passava de duas da manhã, meu pensamento estava a mil e senti vontade de fazer de algo que eu sabia que a essa hora seria falta de educação ou indelicadeza, mas a ansiedade me matava aos poucos e resolvi tomar coragem, peguei meu celular, fiquei brincando com ele em minhas mãos, ainda potencializando minha "quase coragem", disquei o número e esperei, mas na primeira chamada, desliguei rapidamente. Um arrependimento misturado com certo medo pairou sobre mim, quando ia colocar o celular no criado mudo e tentar dormir, ele tocou. Tremi um pouco ao olhar o nome na tela, com receio atendi.
- Alô! - falei envergonhado e também curioso, ela devia estar com insônia assim como eu. - Aconteceu alguma coisa, Werner? - o som da voz da Eliane ecoou em meus ouvidos gostosamente. - Não, eu estou bem - sorri ao dizer. - Fiquei preocupada, você nunca me ligou a essa hora - ela disse como quem tem cuidado com o próximo. - Desculpa por essa indelicadeza de ligar nesse horário e assustar você, não foi minha intenção - me expliquei, mas acho que ela deve ter percebido o nervosismo em minha voz. - Não se preocupe, o importante é que você está bem. Por que está acordado até essa hora? - ela falou carinhosamente e aos poucos o som da sua voz estava me acalmando. - É que eu estou com um pouco de insônia, essa semana tem sido bastante corrida por causa da decoração da casa, estou muito ansioso para falar a verdade, é muita mudança correndo de uma vez só na minha vida - desabafei. - Eu sei bem o que é isso, Werner, eu também já passei por grandes mudanças assim, saí de São Paulo para o Rio de Janeiro, já fiz mudanças por aqui mesmo e isso cansa. Mas agora você vai se instalar definitivamente e as coisas vão melhorar - impressionante o dom que a Eliane tem de ser simples, de ver a facilidade até nas coisas difíceis. - E você, porque está acordada a essa hora? Deveria estar dormindo, Eli - ouvi sua risada gostosa pelo telefone e involuntariamente sorri. - Eu comecei a ler um livro e a história é tão boa que me empolguei até agora - sua leveza até nas palavras me encantam. - Hum, posso saber que livro esse? - perguntei curioso. - Estou lendo a "A Revolução dos Bichos" de De George Orwell - ela falou animada. - Hum, gostei do nome, intrigante. E fala de que? - questionei. - Ah! É um romance repleto de metáforas sobre nossa realidade - é bem a cara dela esse tipo de livro. - Leia, você vai adorar - sorri com o jeito meigo com que ela falava. - Do que está rindo? - ela indagou sem jeito. - De nada, é que eu gosto de ouvir você falar, sua voz soa bem, é doce e forte ao mesmo tempo - ela silenciou um pouco, mas logo falou. - Obrigada, Werner, fiquei encabulada agora - suspirou.- Não fica não, só falei a mais pura das verdades - eu já estava sentado na cama, se antes eu estava sem sono, agora eu não iria conseguir dormir mesmo. - Eu acho a sua voz interessante - ela falou com um tom de sensualidade. - Interessante como? - perguntei instigado. - É rouca e sexy - ela falou e eu senti um frisson no meio das pernas. - Como assim sexy? – resolvi investigar. - Werner, não sei explicar, seu timbre é diferente - imaginei que ela estava mordendo o lábio inferior. - Adorei saber disso - falei convencido e ela riu. - Ai, Werner! - nós dois rimos divertidos . - Sabe que tem uma coisa que você faz que eu acho o máximo - me encorajei para dizer. - O que é? - nossa conversa já estava tomando outro rumo. - Eu fico louco quando vejo você dando aquelas mordidinhas no lábio. - a essa altura eu já acariciava meu membro que pulsava dentro a cueca. - Fica louco? - ela provocou. - Fico - respondi sensual. - Nossa! - falou excitante. - Eu fico de um jeito diferente quando você arqueia sua sombrancelha - eu estava quase delirando. - Eliane, não me provoca assim - ouvi sua gargalhada baixinha. - Como é esse jeito diferente? - indaguei com a voz rouca do jeito que ela gosta. - Eu fico tão... - de repente ela parou de falar e estranhei. - Eliane - chamei por ela duas vezes e me desesperei quando percebi que meu celular tinha acabado a bateria. - Agora não, que droga! - exclamei revoltado, levantei e procurei o carregador, mas não achei em lugar nenhum. Fiquei chateado, estava uma delícia conversar com ela e logo agora que ela ia me dizer algo a mais.
Só consegui pegar no sono quase cinco da manhã, pensei nela durante cada minuto e imaginei coisas ensandecidas. Quando acordei às sete da manhã, morto de sono, achei o carregador embaixo da cama. Quando a bateria encheu, liguei para ela e me desculpei. - Oi, Eliane! - falei com medo de broncas. - Werner, você me deixou falando sozinha - ela rebateu de uma vez. - Mil desculpa, Eli, é que a bateria acabou, eu fiquei desesperado procurando o carregador, só achei hoje - me desculpei de um jeito carinhoso. - Tudo bem, eu dormi logo em seguida, foi muito bom falar com você - sorri maravilhado ao escutá-la. - Se você quiser a gente pode continuar de onde parou - brinquei e ela riu. - Seu bobo, tô cheia de compromissos hoje, Werner - suspirei. - Tudo bem, vou dar uma olhada no livro que você falou e tenho um para te indicar - ela se animou. - Você indicando livros, que bacana - se eu pudesse falaria com ela o tempo inteiro, ela é ímpar. - Você sabe que sou historiador, então leio muitos livros nessa categoria. Te indico "O Pianista" de Wladyslaw Szpilman, fala sobre um homem que sobreviveu ao Holocausto em um gueto na Varsóvia. É impactante. - eu já tinha lido duas vezes. - Obrigada pela dica, vou procurar esse livro. Agora preciso ir, depois a gente se fala - me despedi dela e fui resolver algumas coisas no banco.
Quando finalmente chegou o dia, Tânia e os meus filhos vieram de Porto Alegre para o Rio de Janeiro, fui buscá-los no aeroporto logo cedo e viemos de táxi até a nossa nova residência. Assim que o veículo manobrou e entramos na rua da casa, reparei o rosto de felicidade de minha esposa, eu sei que ela estava com saudade e não queria ficar mais longe de mim. A mudança era difícil para as crianças, são muito pequenas e perderam alguns amiguinhos da escola, mas certamente vou fazer de tudo para que eles não se entristeçam e que logo faça novas amizades por aqui. Entramos na casa, todos eles ficaram um tanto boquiabertos com a beleza do local, tudo estava conforme Tânia eu havíamos planejado, a cada móvel colocado no seu devido lugar, a cada parede pintada, eu mandava fotos para ela analisar, e realmente, Tânia achou o resultado incrível.
- Ai amor que coisa mais linda, você leva jeito para isso - ela me abraçou apertadamente, enquanto as crianças olhavam tudo pela casa. - Vamos começar uma vida nova, eu prometo que nunca mais vamos nos separar - ela sorriu lindamente para mim e nos beijamos calmamente na sala mesmo.
- Eu não aguentava mais ficar longe de você - me apertou contra o seu corpo e a abracei também. - Eu sei, eu também sentia falta de vocês, mas isso não vai mais acontecer - falei carinhoso e beijei seus cabelos. Depois desse nosso momento de carinho andei com ela e com as crianças pela casa toda, para conhecerem cada cômodo, meus filhos ficaram encantados com a decoração de seus respeito quartos. Após olhar cada sentimento do trabalho que eu havia realizado, decidimos pedir o almoço, cada um escolheu seus pratos preferidos e sentamos na nossa mesa de jantar. Olhei ao meu redor e tive realmente uma sensação de vida nova, principalmente por tudo o que vem acontecendo nos últimos meses, do trabalho e das amizades, observei minha família e senti que estava no caminho certo, apesar de existirem tantas incertezas dentro de mim.
Narrado por Eliane Giardini
Com o final das gravações, fiquei de organizar algumas coisas pendentes com o Paulo Betti, fui com ele fazer as últimas revisões do seu livro, o Paulo fez questão de que fosse a primeira ler, assim que li o capítulo dedicado a mim, me emocionei, sempre admirei esse lado sensível dele, sempre foi o lado mais equilibrado do casamento. Um dos grandes orgulhos que carrego comigo é amizade que tenho com ele, não deixamos que um divórcio atrapalha-se a nossa vida e nem destruísse a nossa amizade de anos. Depois de um mês, fomos para o lançamento, eu fui com as minhas meninas, e a Maria Ribeiro foi com o pequeno João nos braços, depois dos autógrafos e entrevistas, voltei para minha casa e tratei me organizar, tinha uma reunião com o Jayme no outro dia.
Pela manhã, após o meu banho, tomei café e fui ao encontro de Jayme na Livraria Saraiva, assim que cheguei, ele já estava lá, distraído com alguma leitura. Jayme é britânico em seus horários e sempre reclama quando os atores se atrasam questões de pequenos minutos, me aproximei para cumprimentá-lo.
- Oi Jayme – falei simpática e fiquei de frente para ele.
- Oi Eli – se levantou e me cumprimentou – Senta, por favor - pediu delicado.
- Já está planejando uma nova obra, seu Jayme – apontei para o livro e ele sorrio.
- Estou, mas esse livro não tem haver com a obra, mas sim outro livro, que por sinal também é baseado em uma história real – falou misterioso.
- Hum! Que história é essa? Uma outra história de guerra no Brasil? - questionei intrigada.
- Fala sobre a guerra, mas não é brasileira. Acho que você já ouviu falar, é sobre Olga Benário – falou sério.
- Claro que sim, uma alemã que foi enviada para o campo de concentração gravida de sete meses a mando de Getúlio, é uma história forte de luta. Olga é um símbolo – expliquei para que ele entendesse que eu estava por dentro do enredo.
- Sim, isso mesmo, eu estou com uma equipe muito boa e um elenco consistente, mas para ficar melhor, eu queria a sua participação, Eli, o que acha? – falou animado.
- É uma honra o convite, Jayme, quando vão começar as gravações e qual o personagem você quer me propor? - eu sabia que ele sempre escolheria a dedo os papéis para mim.
- As gravações são só ano que vem e o seu personagem, minha querida, é a mãe de Olga - disse com satisfação.
- Que maravilha, eu aceito sim, Jayme, quando começam as reuniões? - adorei a ideia e fiquei super feliz.
- Em Janeiro, assim que tiver confirmações sobre alguns assuntos te mando um e-mail contando detalhes - explicou.
Acertei algumas coisas com o Jayme e depois fui para casa. Os meses se passaram e recebi dois convites que me deixaram muito feliz, o primeiro foi a indicação para melhor atriz no Faustão e o segundo, foi a indicação para melhor atriz no festival de gramado, sem falar que além da indicação, fui chamada para fazer abertura com o Werner e isso me animou de uma maneira extraordinária, não esperava que a Dona Caetana teria tamanho sucesso.
Quando estava organizando os meus e-mails, recebi um do Werner me fazendo um convite.
“Eli, já estou comprando as coisas dos preparativos para minha festa, a sua presença é essencial é indispensável. Detalhe, vai ser um churrasco a noite com direito a piscina, venho preparada para dar uns mergulhos. Saudades Uruguaiana, besos”
Sorrir ao ler a mensagem e logo respondi.
“Pode deixar, eu não vou perder a sua festa por nada, estou ansiosa para matar saudades de todo o elenco, um abraço, Werner”
Narrador por Werner Schünemann
Recebi um convite inesperado da produção do Faustão dizendo que eu estava concorrendo ao prêmio de melhor ator revelação pelo personagem de Bento Gonçalves, eu não conseguia me conter de felicidades, liguei imediatamente para a Eliane, precisava dizer a ela que essa indicação era, em boa parte, por conta do trabalho que fiz com ela, Eliane me ajudou muito na elaboração desse personagem e para minha surpresa, ela também havia sido indicada para concorrer ao prêmio de melhor atriz.
- Que maravilha, Eli, então nós dois vamos conquistar esse prêmio, estou tão feliz com esse trabalho, eu não esperava essa repercussão - minha euforia era tamanha que eu falava com ela e dava passadas pela sala, inquieto.
- Eu disse a você que seria um grande trabalho – falou animada.
- Obrigada por tudo Eliane, você não sabe o quanto eu sou grato a você - tive de vontade de abraçar essa mulher tão maravilhosa.
- Não precisa agradecer nada, a construção do personagem foi sua, Werner - até suas palavras elevavam minha autoestima. - Agora eu preciso ir, estou terminando de fazer o meu almoço.
- Tudo bem, até mais ver, já estou com saudades das nossas cenas – falei sorrindo – um grande abraço, Eli – ela mandou um beijo e desliguei.
- Ah então quer dizer que além de saudades, você só agradece a ela e não à sua família que teve que mudar até de estado por causa do seu trabalho – levei um susto tremendo, virei para Tânia e quase dei um pulo.
- Você deu agora para escutar as minhas conversas? Que coisa, Tânia, que mania de perseguição – falei irritado.
- Não desvie do assunto, que intimidade é com a Eliane? – falou vermelha de raiva.
- Não é intimidade nenhuma, ela é a minha amiga e me ajudou muito aqui nessa cidade, até mesmo na hora de comprar o imóvel para nossa família, eu sou apenas grato a uma pessoa que se demostrou tão amiga – falei nervoso, Tânia nunca foi de fazer essas cobranças, sempre tivemos um casamento tranquilo e sem invasão de privacidade.
- Essa gentileza da Eliane, me parece um pouco invasiva - debochou.
- Invasiva? Invasiva é você escutando o que eu falo no telefone - esbravejei.
- Você a defende e me acusar, liga para ela compartilhando as boas novas e comigo só discuti – falou alto.
- Tânia deixa de mudar o rumo das coisas, eu ia te conta, eu soube nesse exato momento sobre a indicação e a Eliane também foi indicada, por isso nos falamos, como ela me ajudou, eu agradeci, isso é o mínimo – Tânia respirou e me olhou com um pouco menos de raiva.
- Espero que seja apenas isso mesmo, quando vai ser a premiação? – falou mais calma.
- Amanhã a noite, eu vou sair agora para comprar alguns ternos, porque fui indicado para o festival de Gramado também.
- Que maravilha, amor, mas não é ela que vai te levar de carro, né? – falou se aproximando .
- Não Tânia, não vai ser – respirei. - Eu vou de táxi, inclusive, vou passar na concessionária hoje para pegar o carro, já falei com o gerente – me afastei dela.
Passei o resto do dia ocupado, quis evitar de ficar em casa depois da discussão com Tânia, que desde do começo da minissérie marcava todos os meus passos e estava cada vez mais difícil essa situação. Comprei dois ternos no shopping e depois passei para pegar o carro esportivo que eu estava negociando na concessionária. Quando cheguei em casa já passava das oito da noite, fiquei com os meus filhos e depois fui dormir.
Narrado por Eliane Giardini
O dia da premiação havia chegado e passei um bom tempo me arrumando, depois de estar pronta, fiquei olhando para espelho e lembrei de como a minha vida mudou em dez anos, ascendi em minha carreira, me divorciei, tive alguns namoros, conheci pessoas incríveis e agora estou prestes a receber mais um prêmio, me sinto plenamente satisfeita com a mulher que me tornei. Dei os últimos retoques na maquiagem e no vestido e saí para premiação.
Assim que cheguei nos estúdios Globo me direcionei para o programa do Faustão, fiquei junto com os outros atores numa sala reservada, tinha algumas mesas e cadeiras e um grande telão mostrando ao vivo o programa, havia um grande bifê e garçons passando o tempo todo com bebidas e comidas. Permaneci junto aos colegas de elenco da Casa das Setes Mulheres, e o Faustão, aos poucos, foi anunciando as categorias de música do ano, melhor cantor, melhor ator mirim. Quando chegou na categoria ator revelação, o Werner ficou junto com outros dois atores em um corredor com um tapete vermelho, estava lindo com os cabelos presos, sorridente, elegante e alegre.
Faustão anunciou o vencedor e todos nós vibramos de alegria ao ouvir o nome do Werner, que foi super animado, fez um discurso agradecendo a todos e mandou um beijo para a sua esposa. Depois, voltou brincalhão como sempre, mas nem fiquei muito tempo com ele, em seguida, foi a minha categoria e também ganhei o prêmio. Com o término das premiações, fomos todos comemorar na casa do Jayme até de madrugada. O Werner a todo momento ficava incomodado com o celular tocando e quando finalmente atendeu, ficou bastante irritado, eu observava de longe o seu jeito de falar, mexia muito as mãos e sua expressão era de fúria, quando desligou, se aproximou de nós.
- Pessoal, preciso ir embora – falou se desculpando e com um tom de irritado.
- Fica mais um pouco, Werner, eu converso com Tânia depois – Tarcísio falou brincalhão
- É Werner, toma mais uma cerveja aqui, depois você vai – O Jayme insistiu.
- Deixa para uma próxima, eu realmente preciso ir – falou desapontado.
- Tudo bem, manda um abraço para Tânia – o Jayme falou.
- Mando sim, a gente aproveita mais na festa lá em casa, quem tiver violão, pode levar – disse sorrindo – se despediu e foi embora.
Narrador por Werner Schünemann
Passaram-se alguns dias depois da premiação e os preparativos para a festa em minha casa estavam a todo vapor, Tânia tem muito bom gosto e a decoração era por conta dela, enquanto os detalhes do churrasco e a contratação dos garçons ficou a meu encargo. Acordamos cedo nesse dia, as crianças estavam eufóricas e passaram o dia inteiro na piscina, isso era ótimo, cansá-las durante o dia para que pudessem dormir durante a noite, então brincaram e correram bastante. No fim da tarde, as coisas ja estavam praticamente prontas, as cadeiras e as mesas espalhadas pelo jardim e sob um pergolado de madeira, uma espécie de tenda que mandei construir e enfeitei com flores e plantas, coloquei uma caixa de som e alguns pedestais com microfones, além de dois violões que são meus xodós. A iluminação estava linda, havia bebidas no frizer, carnes para assar, muita comida, enfim tudo estava pronto.
Ao anoitecer, os primeiros convidados começaram a chegar, Jaime, Tarcísio, Zé de Abreu e a Nívea. Em seguida, chegaram algumas amigas da Tânia que moravam aqui no Rio de Janeiro. Por fim, os demais amigos também apareceram, uma grande parte do elenco da minissérie estava aqui, mas ela ainda não tinha chegado e isso estava me incomodando um pouco, olhava sempre para a entrada na expectativa de vê-la. Todos começaram a se distrair, no início, para animar o ambiente, bebíamos e comíamos ao som de Secos e Molhados, mas ainda sim eu precisava fazer uma coisa que eu amava fazer em festas. Me dirigi até a tenda, abaixei o som e falei. - Alguém aí sabe tocar violão? - todos deram uma vaia engraçada por eu ter diminuído o volume, eu ri da reação deles. - Eu sei tocar, Werner - Tarcísio levantou o dedo animado. - Então vem - o chamei e ele prontamente sentou no banquinho ao meu lado, ajeitamos os microfones e afinamos por alguns segundos os violões. - Vamos animar um pouco mais! - falei testando o microfone. - Não me diga que também sabe cantar, gaúcho? - Jaime riu ao perguntar. - Ele arrisca, Jaime - ele riu mais ainda ao ouvir Tânia dizer. - Que isso, amor, você adora quando eu canto para você - fiz charme e todos fizeram um "Aaaah" de melodrama. - Só pra mim, né amor! - ela completou. - Acho bom todo mundo cantar junto comigo, senão vou desembainhar a espada, hein - eles riam divertidos. - Seu pedido é uma ordem, tocaio! - brincou o Luís. Então, decidi não esperar mais, comecei a dedilhar o violão e as notas de "Uísque a Gogo" do Roupa Nova começaram a ser tocadas. Todos levantaram e começaram a dançar e a cantar conosco, Tarcísio tocava muito bem e nos entrosamos na música. - Minha noite vai ficar muito melhor - Tarcísio olhou para mim falou safado, depois mirou em direção ao portão principal e pude ver Eliane entrando, não gostei nenhum pouco do comentário dele, repleto de segundas intenções. Não parei de cantar, mas a presença dela me deixou um tanto eufórico e até nervoso. Rapidamente ela começou a cumprimentar as pessoas e um dos garçons logo lhe serviu uma bebida, estava perfeita com um vestidinho vermelho acima dos joelhos, um decote discretíssimo e um salto alto preto. Seus cabelos negros e soltos davam a ela um charme inigualável. Eliane me olhou e disfarçadamente acenou com a cabeça, eu cantava o trecho da música olhando pra ela: "Na minha fantasia o mundo era você e eu. Eu perguntava, do you wanna dance? E te abraçava, do you wanna dance? Lembrar você, um sonho a mais não faz mal."
Ao final da música, todos aplaudiram calorosamente nossa dupla amadora. Tarcísio continuou o show tocando e cantando algumas músicas de Caetano e Gilberto Gil e eu me aproximei para falar com ela.
- Você é a mulher mais bonita da festa - falei em seu ouvido e dei um abraço de lado apertando sua cintura.
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