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História Ela - O Resgate


Escrita por: meunomeed

Notas do Autor


✗ AVISOS ✗

• DESCULPE QUALQUER ERRO NA ORTOGRAFIA, TEXTO SEMPRE SENDO REVISADO.

• LEMBRE-SE: PLÁGIO ALÉM DE FEIO, É CRIME.

• LEIA TAMBÉM OS ROMANCES ANTERIORES.

Capítulo 5 - O Resgate


Fanfic / Fanfiction Ela - O Resgate

24 DE ABRIL DE 1955.

༺༻


As semanas seguintes transcorrem de forma tranquila no Clarita Payne, Natan continuou com suas atividades de zelador normalmente, enquanto em sua cabeça planeja uma forma segura de tirar Lydia do manicômio. Desde a desfeita do jantar que a moça fez ao médico, Lydia era mantida dopada a maior parte do tempo, saindo do quarto apenas para as higienes pessoais que eram feitas por uma das enfermeiras do hospital. Natan havia sido proibido por Steven de se aproximar da jovem, mas a proibição não impedia que o rapaz fosse ao quarto da jovem durante a madrugada para visita-la, ele conversava com elas por horas, as vezes até o sol nascer na esperança que a moça respondesse, mas seu estado catatônico permanecia o mesmo, o jovem sabia que o estado de Lydia era causado pelos fortes calmantes que o médico lhe aplicava.


A relação de Natan e o doutor Steven havia mudado os dois não trocavam nenhuma palavra além do necessário, o médico já não escondia o seu descontentamento com a presença do rapaz no manicômio, em fim Steven percebeu que trazer Natan de volta ao Clarita Payne havia sido um grande erro, erro este que ele já havia encontrado uma solução. Um dia enquanto o rapaz limpeza o jardim foi chamado ao escritório do médico, Natan encontrou na sala de Steven que já o aguardava com um de seus charutos cabanos na mão. Steven mandou que o rapaz sentasse, sua fisionomia era seria, o médico tirou um envelope da gaveta de sua mesa e entregou a Natan.


- O que isto? [perguntou Natan]
- O seu pagamento e mais um abono! [disse o médico]
- Mas ainda não fim do mês para o pagamento! [disse o rapaz]
- Esse é o seu último pagamento, como eu havia dito antes seus serviços no Clarita Payne chegaram ao fim! [disse Steven]
- O senhor disse que, eu tinha até o fim do mês! [disse Natan]
- Sim, fim do mês passado, mas como tivesse dificuldades para achar outra pessoa que aceitasse trabalhar aqui, precisei de você por mais alguns dias, mas acabei encontrando outra pessoa para preencher sua vaga, então você pode ir! [disse secamente o médico]


Natan ficou em silêncio por um tempo ele não esperava ter que deixar o manicômio tão cedo, ainda não havia encontrado um jeito de tirar Lydia do hospital, e agora com sua demissão sua missão havia se tornando quase impossível. Quase.


- Então é isso, eu agradeço ao senhor doutor pela oportunidade que o senhor me deu, sinto muito se eu o desapontei em alguma coisa, garanto que não foi a minha intenção, eu vou embora amanhã logo cedo! [disse Natan]
- Boa sorte, meu rapaz! [disse o médico depois de um longo tempo em silêncio]


Natan saiu do escritório do médico e caminhou em direção a farmácia do hospital onde Yang estava arrumando alguns medicamentos nas prateleiras. Sua demissão o havia dado uma oportunidade de tirar Lydia do manicômio, mas para isso ele precisaria da ajuda de seu amigo.


- Opa, Natan! [disse Yang enquanto arrumavam os medicamentos]
- Yang, preciso da sua ajuda! [disse Natan]
- No que eu puder ajuda-lo, meu amigo! [disse Yang]
- Fui despedido, estou fora! [disse o rapaz]
- Sinto muito, cara! [disse Yang]
- Tudo bem, eu já queria ir embora mesmo[disse rapaz]
- Você disse que precisava de ajuda! [disse Yang]
- Sim, vou tirar a Lydia daqui, hoje e preciso que você me ajude! [disse o jovem]
- É arriscado, você sabe, né? [indagou Yang]
- Sei, sim, mas não vou embora e deixa-la nesse lugar, eu ainda não me lembro de nada do que você me contou, mas de uma coisa eu sei, eu amo aquela garota e não vou deixar que ninguém mais, a machuque! [disse Natan]
- E o que você quer que eu faça? [perguntou Yang]
- Preciso de algo que tira a Lydia daquele estado vegetativo que o, doutor Steven mantem ela, preciso de algum remédio para acorda-la! [disse Natan]


Yang pensou por alguns segundos então voltou-se para a prateleira de remédios, procurou entre as diversas caixas de medicamentos até que em fim encontrou o que procurava, Yang entrou a Natan uma pequena ampola e uma seringa.


- Isso aqui vai faze-la acordar, você precisa dar a ampola inteira, para que o corpo dela reverta os efeitos dos calmantes, demorar cerca de uma hora para fazer efeito, ela vai passar um pouco mal, mas é normal, só assim o corpo dela vai estar limpo, você entendeu, Natan? [indagou Yang seriamente]
- Sim, entendi, mas vou deixar para dar a ela quando estivermos fora daqui! [respondeu Natan com a seringa e a ampola nas mãos]
- Como pretende tirar ela daqui? [perguntou Yang]
- Na madrugada, depois da segunda revista dos quartos, vou leva-la pelo túnel que sai nos fundos, vou deixar meu carro lá[disse Natan]
- Não fique na casa dos seus pais, vai ser o primeiro lugar que vão procurar, não fique em Herefield também, vá para o mais longe possível, de carro de preferência, eles vão na estação, vão verificar os trens com certeza! [disse Yang]
- É, eu sei! [disse Natan]
- Eu vou estar esperando no túnel ás onze, tome cuidado, Natan, se te pegarem você nunca mais a verá de novo, o doutor Steven vai garantir isso! [disse Yang]


Natan assentiu com a cabeça para as palavras do amigo antes de sair da farmácia.

 

༺༻


Escondido no banheiro da Ala B, Natan esperou que a enfermeira de plantão, fizesse a segunda revista noturna para verificar se os pacientes estavam dormindo. Ao vê-la descer as escadas saiu do banheiro e foi até o quarto de Lydia. A enfermeira só voltaria a meia noite para a revista seguinte, Natan caminhou até a cama e pegou a jovem nos braços, olhando em seu olhar perdido.


- Eu vou te tirar daqui Lydia! [disse o rapaz dando um beijo na testa da jovem]


O jovem abriu a porta do quarto verificando o corredor para ver se havia alguém, mas o mesmo estava vazio. Natan desceu o primeiro lanche de escadas até o primeiro andar, depois o segundo lanche que dava o térreo, depois de verificar o corredor ainda com Lydia nos braços, chegou à porta que dava para a rede tuneis do manicômio. 


La dentro Yang já o aguardava ansioso, Natan foi até ao amigo e os dois caminharam apressado para fora do túnel chegando aos fundos.Yang e Natan chegaram até onde estava o carro do jovem, Natan havia deixando o veiculo a cerca de dez metros do hospital, ao abrir a porta traseira do carro para colocar Lydia no banco de trás, foi interrompido por Yang.


- Aí, não, Natan! [disse Yang]
- O quê? [perguntou Natan]
- Aí ela vai ser vista pelo porteiro, coloque-a no porta malas! [disse Yang]
- Eu não vou coloca-la no portas malas, Yang, isso é loucura! [respondeu Natan]
- Coloque-a no porta malas, o porteiro não vai abri-lo, mas se você a colocar no aí, seu plano de fuga já era! [disse Yang]


Mesmo sem querer Natan colocou Lydia em seu porta malas, o rapaz tomou todo o cuidado com a jovem fazendo ser o mais confortável possível.


- Quando estiver longe daqui, aí você a tira daí! [disse Yang]
- Lógico que vou tirar! [respondeu Natan]


Antes de entrar no carro Natan deu um longo abraço em seu amigo, Yang havia se tornando seu melhor amigo, como um verdadeiro irmão para o jovem.


- Obrigado, amigo! [disse Natan]
- Se cuida, irmão, cuidada bem da Lydia, e cuidado! [disse Yang]
- Eu vou ter, prometo, espero que nos reencontremos um dia, amigo! [disse Natan]
- Em Londres! [disse Yang sorrindo]
- Sim! [disse Natan]


Natan entrou em seu carro e dirigiu até a portaria da Clarita Payne, o porteiro desceu de sua guarita e caminhou até o carro do jovem que se mantinha calmo. O porteiro jogou a luz de sua lanterna no rosto de Natan.


- Boa noite! [disse Natan]
- Boa, vai sair? [perguntou porteiro]
- É, estou indo embora, fui demitido! [respondeu o rapaz]
- Sério? [perguntou o porteiro]
- Sim, falei o que não devia! [disse Natan]
- Complicado, é, trabalhar em um lugar como esse não é nada fácil, eu mesmo só estou aqui porque preciso do dinheiro tenho família, aí já sabe, eles precisam comer! [disse o porteiro]
- Imagino, é, eu tenho que ir, é uma viagem longa até em casa! [disse o rapaz tentando colocar um fim na conversa]
- Ok, boa viagem, espero que encontre um emprego logo! [disse o porteiro]
- Valeu, tchau! [disse Natan saindo pelo portão]


Natan saiu pelo grande portão de ferro deixando o Clarita Payne para trás, alguns metros já distantes parou o carro no acostamento, tirando Lydia de seu porta malas e a colocando no banco do carona. Natan parou o carro em frente a casa de seus pais em Herefield, a visita seria rápida ele precisa pegar algumas roupas, dinheiro e outras coisas antes de sair da cidade.


- Eu já volto, só preciso pegar umas coisas! [disse o rapaz para Lydia]


O rapaz entrou em sua casa indo direto para seu quarto onde pegou uma mochila, colocando dentro da mesma algumas peças de roupas e uma quantia de dinheiro que tinha guardado. Seu pai que dormia acabou acordando com o barulho, ele levantou-se e foi até o quarto do rapaz onde o encontrou, o homem ficou surpreso ao ver o filho aquela hora da madrugada em casa.


- Natan? o que houve? O que está fazendo aqui, filho? [perguntou o homem]
- Pai, volte a dormir, não houve nada, só estou pegando algumas coisas, tenho um trabalho fora da cidade, vou ficar fora uns dias! [disse o rapaz]
- Do manicômio? [perguntou o homem]
- Sim, me mandaram comprar uns matérias que estão precisando e não tem por aqui, estou indo agora porque quero chegar cedo, é uma viagem longa! [disse Natan]
- Certo, filho, mas dirija com cuidado, ok? E avise quando chegar, quero saber onde você vai ficar! [disse o senhor]
- Ok, eu aviso sim, pai! [disse Natan]
- Sim! [disse seu pai]
- Diga a mamãe que deixei um beijo para ela! [disse o rapaz]
- Tá, eu digo sim, boa viagem filho! [disse o homem voltando para seu quarto]
- Obrigado, pai! [disse o jovem]


Natan sabia que seus pais jamais aceitariam Lydia em casa, ele sabia que precisa ir embora e que sua atitude magoaria seus pais, mas era preciso partir naquele momento, Lydia não podia voltar para o manicômio. Natan queria resposta de seus pais sobre seu passado, queria saber a verdade sobre quem era Jason, mas aquela conversa teria que ficar para outra hora, ele tinha que ir. O jovem voltou para o carro olhando mais uma vez para sua casa e depois para Lydia que continuava inerte. Natan ligou a chave e partiu.

 

༺༻


Assim que descobriu sobre a fuga de Lydia, o doutor Steven logo procurou as autoridades locais, como tinha amizades dentro da policia de Guildford não demorou muito para que uma força tarefa fosse posta no encalço de Natan e Lydia. Natan era procurando por raptar uma paciente do manicômio, Steven alegou que o rapaz havia se envolvido demais com a jovem, que seu interesse era simplesmente sexual já que Lydia era uma moça com problemas mentais, e que medicada seria de fácil controle.


Durante a manhã uma viatura da policia foi até a residência dos Turner para uma revista, mas nada foi encontrado os pais do rapaz explicaram que não sabia do paradeiro de seu filho, tão pouco de Lydia. O pai do jovem contou aos policias que seu filho havia estado em casa durante a madrugada, e que havia dito que viajaria a trabalho, os pais de Natan estavam preocupados, a fuja do rapaz trazia um tremor já conhecido pelos dois, e o mesmo podia-se dizer sobre os pais de Lydia. 

 

༺༻

25 de abril de 1955.

Edimburgo.


Natan alugou um quarto em uma pequena pensão em Edimburgo havia sido mais de três horas de viagem até a cidade, que ficava a uma boa distancia tanto de Guildford como de Herefield. Seria um bom esconderijo pelos menos até Lydia estar completamente recuperada.No quarto o rapaz aplicou o conteúdo da ampola que Yang o havia dando na jovem que precisava ser desintoxicada por completo dos fortes calmantes que o doutor Steven o havia dando. Não demorou muito para o remédio começar a fazer efeito, logo a jovem começou a se contorcer, gemer de dor e vomitar, todo o corpo de Lydia suava intensamente molhando os lençóis da cama, ao colocar a mão sobre a testa da moça Natan viu que a mesma estava ardendo em febre. 


O rapaz ficou mais apreensivo quando Lydia começou a gritar e a chorar, Yang o havia precavido do que poderia acontecer, uma desintoxicação como aquela não seria fácil. Não havia muito o que Natan pudesse fazer, a não ser esperar até tudo aquilo acabasse, a única coisa que ele poderia fazer para dar um pouco de conforto a Lydia naquele momento era segurar em sua mão até tudo em fim passar. 


E foi o que ele fez por horas a fio ele se manteve ao seu lado, a cada grito e choro da jovem, Natan apertava com força sua mão era a forma de mostrar que ela não estava só. Foi uma longa noite de agonia e sofrimento, quando a madrugada já estava perto do fim Lydia começou a mostrar os primeiros sinas de melhorar. Lentamente a jovem abriu os olhos, ainda confusa e desorientada ele olhou ao seu redor tentando entender onde estava, até que ela o viu. Seu rosto trazia uma expressão de alivio por vê-la acordar, seus olhos intensamente azuis a olhava com serenidade. Ele estava lá ao seu lado.


- Oi! [respondeu ela fracamente]
- Noite difícil, não é? [perguntou ele]
- É! [respondeu ela]
- Vai ficar, tudo bem agora, você está limpa, vai ficar tudo bem! [disse ele]
- Onde a gente está? [perguntou Lydia]
- Longe o suficiente daquele lugar maldito, eu garanto! [disse Natan]
- Minha cabeça, dói tanto! [disse ela]
- É por causa do remédio, logo passa! [disse ele]
- Como você me tirou de lá? [perguntou Lydia]
- O Yang me ajudou, fui despedido eu não podia ir embora, e deixar você lá, Lydia, eu não podia. Gosto de você ou melhor, apaixonado seria a palavra certa, ainda não me lembro do antes, e sinceramente ainda não consigo acreditar que sou esse tal de Jason! [disse ele]
- Mas você é, é o meu Jason! [disse ela passando a mão no rosto dele]


Natan sabia que havia coisas em seu passado que ele precisa esclarecer, e o nome Jason era um deles, mas naquele momento se concentraria em cuidar de Lydia e mantê-la segura, até tudo estar esclarecido, essa era sua prioridade agora.


- Você precisa de um banho, precisa trocar de roupa, vem eu te ajudo! [disse ele]


Natan ajudou Lydia a se levantar e ir até o banheiro, a jovem tirou as roupas encharcadas de suor e sujas de vômito, o rapaz manteve-se de costas até que Lydia entrasse na pequena banheira.


- A água não está lá muito quente, esse lugar não é um hotel cinco estrelas, então é o que temos no momento! [disse ele]
- Está ótimo! [disse ela]
- Tem uma lanchonete do outro lado da rua, vou lá comprar alguma coisa que você comer, tem preferencia por alho? [perguntou ele]
- Um sanduíche de frango seria ótimo! [disse ela]
- Com refrigerante e batata frita? [perguntou ele]
- É! [disse Lydia]
- Boa escolha, eu não demoro, eu acho que essa camiseta vai servir, pelos menos até eu arrumar umas roupas para você! [disse ele]
- Obrigada! [disse ela]
- De nada, já volto! [disse Natan]


Lydia afundou seu corpo na água norma da banheira fechando os olhos.

 

༺༻

Maio de 1954.


Natan olhara para o pequeno rolo de dinheiro em suas mãos, faziam duas semanas que ele havia tirando Lydia do Clarita Payne, o dinheiro que tinha não duraria muito tempo a pensão em que estava não lhe custava muito, mas logo suas reservas financeiras acabariam o que seria um problema. o rapaz sabia que não poderia passar o estão da vida fugindo ou se escondendo, mas também não deixaria que Lydia voltasse para o manicômio. Ele precisava de uma solução definitiva que livrasse a jovem do hospício e ele de uma prisão por sequestro, durante dias Natan tentou pensar em algo que solucionasse seu problema, mas nada parecia vim em sua mente. 


Em uma noite em claro enquanto rabiscava em seu caderno de desenhos, sentando perto da janela do quarto onde uma brisa leve atingia seu corpo, Natan olhou para Lydia que dormia serenamente. Ela é linda até dormindo, pensou o rapaz. Ao vê-la dormindo tão tranquilamente, livre dos remédios que era obrigada a tomar, dentro de Natan a vontade de mantê-la a salvo só aumentou, era preciso fazer algo para ajudá-la, ele precisava fazer alguma coisa. 


Foi então que de repente como se sua mente desse um estralo uma ideia lhe veio à cabeça, era uma ideia um tanto insana, talvez? Mas poderia ser a solução que ele tanto precisava. Naquela manhã ao acorda Lydia logo pereceu que Natan não estava no quarto, em cima da mesa havia três refeições compradas na lanchonete do outro lado da rua e um bilhete. No papel ele dizia que voltaria logo e que a comida era para ela, caso ele demorasse para voltar, com o passar das horas a jovem se sentia cada vez mais entedia que sair sentir um pouco de ar fresca.


Mas mesmo entediada ela sabia que não poderia correr o risco de ser reconhecida, afinal ela era uma fugitiva de um manicômio, e com certeza havia cartazes com seu rosto espalhados por aí. Com o fim do dia se aproximando Lydia já começava a ficar preocupando com a demora e Natan, o nervosismo começava a querer dominá-la. E se ele tivesse sido preso? E se Steven o tivesse capturado? Ou se ele tivesse sofrido algum acidente? Quando esses pensamentos já a estavam torturando-a, Natan entrou pela porta do quarto para o alivio da jovem.


- Graças a Deus, eu estava preocupada, por onde você andou? [perguntou ela]
- Procurando um cartório! [respondeu ele]
- Cartório? [perguntou ela]
- Sim! [disse ele]
- Pra quê? [perguntou ela]


Natan aproximou- se de Lydia a olhando fixamente nos olhos.


- Lydia Roden, você aceitaria se casar comigo? [perguntou ele]


Por aquela a jovem não esperava o pedido de Natan parecia irreal, um sonho que um dia já fez parte de seu imaginário feminino, sendo o rapaz o personagem principal. Lydia foi pega de surpresa, não conseguir dizer nada em resposta, mesmo tendo a mesma na ponta da língua.


- Ok, eu vou repetir...
- Claro que sim! 
[disse ela finalmente]

 

༺༻

17 de maio de 1955.

Cartório civil de Dalry – Edimburgo.


Naquela manhã Lydia e Natan casaram no cartório de Dalry no centro de Edimburgo, duas pessoas que esperaram atendimento servirão de testemunhas para o jovem casal, depois de assinarem no livro de registros, receberam a certidão de casamento onde constava que perante a justiça, os dois estavam oficialmente casados. O casamento era a garantia que a moça estaria sobre a proteção de seu agora marido, Natan sabia que como sua esposa Lydia só poderia voltar para o Clarita Payne sobre a sua autorização, o que logicamente ele nunca faria. 


Ao saírem do cartório Natan levou a jovem para um tour pela cidade de Edimburgo, era como se fosse a lua de mel dos casados. Sua união matrimonial com Natan e poder estar ao lado dele, fazia a moça se sentir feliz novamente, coisa que ela não era a muito tempo, seu encarceramento no manicômio havia e o domínio de Steven sobre sua vida, haviam quase lhe tirando toda a esperança, mas agora ela havia retornado e tinha nome e sobrenome.


A noite caia sobre Edimburgo quando o carro de Natan parou em uma área mais afastada da cidade, como ficava na parte alta que uma vista de toda a cidade, com a cair da noite as luzes já começaram a dividir espaço com o brilho das estrelas no céu, como a noite estava clara e com um céu limpo cheio de estrelas, Natan achou que aquela seria uma boa forma de encerrar o dia.


- Que lugar é esse? [perguntou ela]
- Não sei ao certo, mas achei que seria bom para admirar as estrelas, encerrar a nossa lua de mel, sei lá! [disse ele]
- Então quer dizer agora que somos, casados? [perguntou ela]
- Parece que sim, você agora é minha esposa e meu seu marido! [disse Natan]
- Eu sei que você só se casou comigo para impedir que me levem de volta para o hospício, agradeço, de verdade! [disse ela]
- Não foi só por isso que me casei com você, Lydia, eu gosto de você, gosto muito! [disse ele]
- Mas não me ama! [disse a jovem de forma melancólica]
- E eu estar apaixonado por você, não conta? [perguntou ele]
- Apaixonado? [perguntou Lydia]
- É, estou, e como não estaria? você é a garota mais incrível que já conheci, e a mais bonita também, e quer saber de uma coisa? gostei de ter casado com você, Lydia! [disse ele]
- Eu sempre fui sua, Jason! [disse ela]


O toque suave da mão dela que subia por seu braço, o arrepio que aquele gesto, causou em sua pele e aquela tão familiar sensação de Déjà-vu novamente. O silêncio que perdurou por alguns segundos, foi o anuncio de um beijo intenso de cheio de desejo. Quanto mais Natan a beija, mais o desejo por tê-la aumentava, era como se toda a luxúria do mundo invadisse seu corpo e gritasse para que ele a tomasse para si. Enfim, Natan entregou-se por completo aquela garota que havia entrado em sua vida do jeito mais improvável possível, e não importava se ela havia sido interna de um hospício, ou os motivos que a levou para aquele lugar, o que importava agora era que Lydia, era sua.

 

༺༻

Abril de 1955.


Natan e Lydia já estavam escondidos em Edimburgo fazia quase dois meses, ele havia conseguindo um emprego temporário no porto da cidade, o salário não era muito, mas dava para pagar a pensão em que estavam e para a alimentação. O rapaz planejava sair do país com a jovem assim, que conseguisse juntar o dinheiro suficiente para as passagens, haviam alguns navios que aceitavam, levar uma certa de quantidade de passageiros clandestinamente para outros países sem fazer muitas perguntas. 


Apesar da relação dos jovens caminhar bem havia uma sombra que ainda pairava sobre eles, Lydia tinha Natan ao seu lado estava livre das grandes do Clarita Payne e do sadismo do doutor Steven, mas para a moça ainda faltava o principal para sua felicidade estar completa. Natan ainda não conseguia se lembrar e nem aceitar que Jason Turner, era a sua verdadeira identidade, que este nome tinha uma vida inteira que ele precisava se lembrar dela.


Mas as vezes o passado esconde lembranças e fatos que talvez fosse melhor que continuassem enterrados sobre a lama do esquecimento, há coisas que é melhor não serem lembradas pois as vezes o passado esconde monstros que não queremos enfrentar. O passado de Lydia e Natan não havia sido dos melhores, e a jovem tinha plena consciência de que fazer Natan se lembrar dele, poderia trazer de volta o caos para suas vidas, foi quando a garota começou a se perguntar se valia a pena correr o risco. 


Depois de mais um dia no porto Natan chegou no pequeno quarto da pensão, trazia consigo alguns embrulhos de um restaurante italiano que havia encontrado por acaso, naquela noite resolveram trocar o habitual lanche da lanchonete do outro lado da rua, por uma comida mais descente.


- Olha só o que eu trouxe para gente, comida de verdade, chega de sanduíches, vamos comer uma bela macarronada hoje! [disse ele]
- Confesso que já estava cansada de comer só hambúrguer e batata frita! [disse ela]
- Então, problema resolvido, como foi o dia? [perguntou ele]
- Bem, do mesmo jeito de sempre, não posso sair! [disse ele dando um suspiro]
- Logo, logo estaremos longe daqui, aí você vai poder andar livremente para onde quiser, eu prometo, mas por enquanto é melhor não arriscar, você entende, não? [disse ele]
- É, seu sei! [disse ela]
- O que foi? aconteceu alguma coisa? você parece um pouco chateada! [perguntou Natan]
- É que... Desde que você me tirou do Clarita, você nunca mais tocou no assunto do sue passado, nem no Jason! [disse ela]
- Eu só, não acho que é uma coisa para a gente se focar agora, Lydia, isso pode esperar e além do mais, ainda não consigo acreditar que meus pais trocariam a minha identidade, que um dia esse Jason foi eu, não dá! [disse ele]
- Mas foi exatamente o que aconteceu, você é sim Jason Turner, você nunca foi Natan, esse nome foi dado pelos seus pais e a justiça depois que te levaram para Herefield, foi o Steven, ele apagou a sua memória, seu passado, nosso passado! [disse ela]
- Porque você faz tanta questão para que eu me lembre, Lydia, o que o Jason Turner tem que eu não tenho? [perguntou o rapaz]


A pergunta de Natan fez a jovem pensar pela primeira vez, realmente havia alguma coisa em Jason que Lydia, ainda não havia encontrado em Natan. Apesar dos dois serem a mesma pessoa faltava algo.


- Quando a gente se conheceu você era tão misterioso, não gostava muito das pessoas ao seu redor, sempre tão isolado, calado, sozinho. Eu não gostava muito de você no início e nem você de mim, mas quando você foi na minha festa de quinze anos, foi ali que eu comecei a entender que a minha implicância com você era outra coisa, era paixão. E tudo que aconteceu depois só confirmou o que eu já sabia, que você era o cara com quem eu queria passar o resta da minha vida, você era diferente dos outros garotos que eu conhecia, você me entendia, a gente tinha uma conexão única, a gente era um só, Jason. E por mais que eu continue te amando, hoje eu não sinto que estamos conectados como antes, o Jason, o meu Jason, está dentro, preso em algum lugar, eu só preciso que ele sai! [disse ela chorosa]


Natan olhou para Lydia em silêncio foi inevitável para o rapaz sentisse magoado, ficou claro para ele que ser apenas Natan Turner para Lydia não era o suficiente.


- Acho que sou uma decepção, fiz tudo o que podia, mas não quero te deixar desapontada, talvez tenha sido um erro tudo o que aconteceu entre a gente, tudo isso talvez tenha sido um enorme erro, Lydia! [disse ele]
- Não é isso! [disse ela]
- Eu não posso ser quem você quer que eu seja, eu sinto muito, não posso! [disse ele]
- Eu só preciso que você se lembre, se lembre de tudo, eu quero o meu Jason de volta! [disse ela]
- Eu sinto muito, Lydia! [disse ele saindo do quarto]


Natan saindo do quarto e entrou em seu carro deixando Lydia sozinha e chorando, como já havia feito tantas vezes antes.

 

༺༻

15 de abril de 1955.


Natan parou o carro em frente a pensão pela manhã, demorou algum tempo para descer, depois da discussão com Lydia na noite anterior ele havia passado a noite fora dirigindo sem destino a fim de espairecer a mente. Mesmo com sua negação sobre ser ou não Jason Turner era preciso voltar, como seu amigo Yang havia dito Lydia era sua responsabilidade, agora mais do que nunca, afinal eles estavam casados. O rapaz desceu de seu carro, entrou na pensão, mas antes de subir a escada foi interrompido por uma voz muito familiar.


- Então, foi aqui que você a escondeu!


Doutor Steven em fim havia descoberto a paradeiro do jovem casal fugitivo, e não estava só ao seu lado dois policiais se faziam presentes, além do delegado da cidade.


- Doutor, Steven! [disse o rapaz]
- Natan, como foi sua fuga com a minha paciente, espero que ela esteja bem! [disse o médico]
- Ela está ótima, está livre daquele lugar horroroso que o senhor chama de hospital psiquiátrico! [disse Natan]
- Lydia precisava de tratamento, meu rapaz, e você sabe muito bem disso, mas com sua ação criminosa temo que tenho piorado o estado mental dela! [disse Steven]
- O tratamento e os remédios que a deixavam doente, doutor, ela não precisa estar em um manicômio! [disse Natan]
- Não é o que a justiça e eu achamos, delegado pode prendê-lo! [disse Steven]
- Você está preso meu rapaz, por sequestro de uma paciente! [disse o delegado]


Natan foi algemado enquanto Steven assistia com satisfação a cena.


- Ela não vai voltar para aquele manicômio! [disse Natan]
- É por isso que estou aqui, para garantir que a Lydia volte ao Clarita Payne em segurança, vamos subir delegado, quero minha paciente de volta! [disse Steven subindo as escadas]


O médico subiu as escadas juntamente com os policiais, o delegado e Natan que era levado pelo braço, ao chegarem em frente ao quarto Steven bateu na porta, Lydia que ainda dormia acordou com as batidas, ainda tonta pelo sono abriu a porta dando de cara com Steven.


- Olá, minha querida, sentiu minha falta! [disse o médico]


Ela sabia que não havia a nada a ser feito não tinha como fugir, Steven havia a encontrado.


- Lydia, vai ficar tudo bem, eu cuido disso! [disse o rapaz]
- Você vai para a cadeia, meu rapaz, isso sim! [disse Steven]
- Vocês não podem levá-la de volta, eu não vou deixar! [disse Natan]
- Ora, cale a boca! [disse Steven]
- Estamos casados, eu me casei com ela no civil, ela é minha mulher, e você não vai leva-la! [disse Natan]
- Você está mentindo! [disse Steven]
- Pode olhar na gaveta da escrivaninha, a certidão está lá! [disse Natan]


Steven não acreditava na história de Natan, mas foi até onde o rapaz havia dito e logo achou a certidão de casamento que provava a união dos jovens.


- Isso só pode ser falso, delegado! [disse o médico]
- Não é, doutor, pode ir no cartório se quiser! [disse Natan]
-
Senhor delegado, será que o senhor poderia levar esse... Cidadão ao cartório e verificar se isso é realmente verdade! [disse Steven]
- Claro, eu vou deixar um dos meus homens aqui caso o senhor precise! [disse o delegado]
- Está certo! [disse o médico]


Natan foi levado pelo delegado e por um dos policiais ao cartório para comprovar a validade do casamento, o que deixou Steven e Lydia sozinhos, o médico mandou que o policial que havia ficado, esperasse do lado de fora, alegando que precisava conversar com sua paciente.


- Então, você foge do meu hospital com seu amante, me deixa e ainda por cima se casa com esse marginal, eu não esperava isso de você, minha querida, não depois de tudo o que eu fiz por você! [disse Steven]
- O que você fez por mim? Você está falando em ter me torturado, me estuprado várias vezes e deixar que o seu capacho fizesse o mesmo? Ter me enchido de remédios que me deixaram doente? De ter destruído a memória do homem que eu amo? Realmente você fez muito por mim, doutor! [disse a jovem]
- Você podia te indo parar em uma prisão feminina suja, com assassinas, ter esses lindos cabelos vermelhos cortados, ter que dormir em uma cela imunda, mas graças a mim você foi mandada para o meu hospital, o melhor hospital psiquiátrico da região, eu te dei todas as chances para você ser grata a mim, Lydia, e o eu você faz? Foge de mim, volta para aquele moleque e se casa com ele, esse não é o tipo de gratidão que eu esperava de você, minha querida! [disse o médico]
- Você não pode me levar de volta, você nunca mais vai colocar essas mãos imundas em mim de novo! [disse ela]
- Sabe, não sei se você já ouviu falar na penitenciária de Frankland, dizem é a pior do país, a mais perigosa de todas, um lugar terrível, um inferno na terra. Tantos assassinos, traficantes, membros de gangues e tantos outros mais seres realmente perigosos. Agora imagine só, um rapaz como o Natan em um lugar como esses, em meio a tantos criminosos perigosos, eu soube uma vez que arraçaram a cabeça de um prisioneiro com uma barra de ferro, com ele ainda vivo, uma coisa terrível. Como você bem sabe, seu queridinho ainda tem contas acertar com a justiça, se por acaso revogarem a pena dele, se for comprovado com uma laudo psiquiátrico que ele ainda é uma risco para a sociedade, ele não vai voltar para um simples manicômio, ele vai direto para a prisão, e adivinha só, qual vai ser!


Lydia havia entendido muito bem a ameaça de médico, ela sabia que Natan só estava livre da prisão e do hospício, pelo simples fato que o laudo psiquiátrico do rapaz era a favor de sua volta a convivência em sociedade, laudo esse feito e assinado pelo seu médico responsável.


O Dr. Steven. Natan não fazia ideia que um dia já havia sido interno do Clarita Payne.


- Você não pode fazer isso? [perguntou ela]
- Posso, e eu vou, a não ser que você o salve! [disse o médico]
- Como? [perguntou ela]
- Ele vai ser acusado pelo seu rapto logicamente, mesmo que vocês tenham casado, você ainda estar sobre o domínio da justiça, mesmo sendo seu marido ele não tem poder algum sobre você, eu tenho, afinal, eu sou seu médico, Lydia. Em fim, quando o delegado voltar com seu amante, você vai dizer a ele que o Natan, te obrigou a se casar com ele, que ele te ameaçou, que abusou de você. Devido ao histórico médico dele, e com a minha ajuda, ele vai ficar apenas um período muito curto na cadeia de Guildford, você vai manda-lo sair da sua vida, vai dizer que quer a anulação desse casamento, vai manda-lo embora de uma vez por todas, faça isso e ele fica livre, não faça e ele vai morrer em Frankland, você quem decide, minha querida! [disse Steven]


Steven havia dado seu cheque mate sobre Lydia que não teve escolha a não ser aceitar, ela nunca deixaria Natan terminar seus dias em uma prisão violenta, ele não teria sua vida arruinada por causa dela, mesmo eu isso significasse o fim para os dois. 


- Delegado, mesmo que eles tenham se casado, Lydia Roden é uma interna que esta sobre a custódia da justiça e sobre meus cuidados, ela ainda tem alguns meses para cumprir de sua pena, mas graças a sua fuga, a justiça deverá aumentar mais um pouco sua estadia no meu hospital, e além do mais, tem algo que ela precisa lhe contar, não é mesmo, Lydia? [perguntou Steven]


Com os olhos cheios de lágrimas e com a voz embargada, pelo choro preso em sua garganta a jovem teve que mentir.


- Eu, não queria me casar com ele! [disse ela]
- Lydia! [disse Natan]
- Ele me obrigou, me ameaçou! [disse Lydia]
- Lydia, o que você está fazendo? [perguntou Natan]
- Eu só queria sair do Clarita, aí ele me ofereceu ajuda, disse que eu ficaria bem, então me tirou de lá, mas depois me ameaçou a ficar com ele, a fazer coisas com ele! [disse Lydia]
- Ele abusou de você? [perguntou o delegado]
- Claro que não, eu nunca... [disse Natan]
- Você, cale a boca! [disse o delegado]
- Sim! [disse ela depois alguns segundo em silêncio]
- Lydia, você sabe que isso não é verdade! [disse Natan]
- Como o senhor pode ver, delegado, esse rapaz coagiu minha paciente, a enganou para depois abusar sexualmente dela, e torna-la seu brinquedo! [disse Steven]
- Não, tem alguma coisa errada, o que foi que você falou para ela? Lydia o que foi que ele fez com você? Me fala! [disse ele]
- Agora já chega, você vem comigo, meu rapaz, você está preso por sequestro e estupro, levem ele! [disse o delegado]
- Não, espera, eu não fiz nada, Lydia, me soltem, Lydia! [gritava Natan]


Natan foi levado pelos policiais sobre os gritos e protestos do rapaz que não entendia o motivo de Lydia ter mentido, ele desconfiava que talvez Steven tivesse alguma coisa haver com a atitude da jovem.


- Muito bem, minha querida, prometo que irei te recompensar por sua obediência, agora vamos, temos um longo caminho de volta até o Clarita Payne[disse Steven]


E antes que Lydia entrasse no carro de Steven ela ouviu Natan gritar seu nome como havia feito tantas outras vezes.


- LYDIA!

༺༻

Departamento de Polícia de Edimburgo.


O delegado entrou na sala de interrogatório onde Natan já estava fazia mais de duas horas, ele sentou-se na frente do jovem jogando uma pasta sobre a mesa.


- Você está bem encrencado, meu jovem, sequestro, estupro de uma paciente de um manicômio, é não está nada fácil para o seu lado! [disse o delegado]
- Eu não a machuquei, eu só a ajude a sair daquele inferno! [disse Natan]
- Claro que ajudou, você sabe o que isso? [indagou o delegado apontado para a pasta sobre a mesa]
- Não! [disse Natan]
- Esses aqui são os seus registros criminais que o doutor Steven me deu, são muitos. Roubo, vadiagem, drogas e o pior de todos, assassinato que aliás, tem como testemunha, a sua agora esposa! [disse o delegado]
- Eu não matei ninguém! [disse Natan]
- Não é o que diz os registros, você teve muitos problemas com a justiça de Guildford, e de outras cidades também, sua vida de crime foi intensa para um rapaz da sua idade, e a garota que você tirou no manicômio era a sua namorada nessa época, você a arrastou para essa vida, por isso ela foi mandada para o manicômio, o médico dele me contou tudo! [disse o delegado]
- Eu não me lembro de nada disso, delegado, tem coisas do meu passado que eu não me lembro, a Lydia é uma delas, eu não sei porque ele disse aquelas coisas, com certeza o doutor Steven a obrigou de algum forma, mas eu gosto dela, me casei com ela porque ela não merecia ficar em um manicômio, ela é minha mulher e eu vou tira-la de lá! [disse Natan]
- Ah, não vai não, ou te mandar de volta para Guildford a policia de lá vai cuidar para que você nunca mais chegue perto daquela moça de novo! [disse o delegado]


Natan foi colocado em uma viatura e mandado de volta para Guildford onde ficou na cadeia da delegacia local, Lucy e Wilson Turner pais do jovem assim que souberem da prisão do filho foram vê-lo, e mais uma vez eles tiveram que ver o filho atrás das grandes.


- Natan, meu filho, o que foi que você fez? por que você fugiu com aquela moça? [perguntou Wilson]
- Eu gosto dela não podia deixa-la lá, meu pai! [disse o rapaz]
- Sempre essa moça, sempre te colocando em problemas! [disse Lucy]
- Lucy, aqui não! [disse Wilson repreendendo a esposa]
- Eu sabia que era uma péssima ideia mandá-lo de volta para lá, eu avisei ao doutor! [disse Lucy]
- Já chega, Lucy! [disse Wilson]
- Ela foi minha namorada, pai? Eu conhecia a Lydia antes de ir para o Clarita, não é? por que eu não me lembro dela, pai? [perguntou Natan]
- Meu filho, esqueça essa moça vai ser melhor para você! [disse Wilson]
- Mas esse é o problema, pai, eu esqueci, mas agora eu quero lembrar, lembrar de tudo! [disse Natan]
- Aquela moça não é para você, Natan, nunca foi,a Lydia é uma boa moça, mas ela só te deu problemas, no começo eu achei que vocês dariam certo, mas, eu estava errada! [disse Lucy]
- Eu me casei com ela, mãe, ela é minha esposa! [disse Natan]
- Você fez o que, Natan? [perguntou Wilson]
- Eu achei que me casando com ela impediria que a levassem de volta para o manicômio, mas o doutor Steven a levou de volta e ainda fez com que ela mentisse para a policia a meu respeito, eu não estuprei ela, a gente transou, mas ela quis, eu vou tira-la de lá, pai! [disse o rapaz]
- Ah, meu filho! [disse Wilson]
- Escuta, Natan, o doutor Steven falou com a gente, ele disse que vão tirar as acusações contra você, você vai poder ficar livre, mas você tem que ficar longe daquela moça, Natan, você tem que esquecer ela, meu filho, para o seu bem! [disse Lucy]
- Ouve a tua mãe, filho! [disse Wilson]
- Eu não posso deixa-la lá, pai! [disse Natan]
- Aí, meu Deus, Natan! [disse Lucy]
- Ok, você quer saber toda a verdade, não quer? Tudo o que houve com você e ela, não é isso? [perguntou Wilson]
- Quero! [disse Natan]
- Então, aceite o acordo, saia daqui que eu te conto tudo o que você quiser saber! [disse Wilson]
- Wilson, nós prometemos... [disse Lucy]
- Ele tem o direito, Lucy, você vai entender tudo, meu filho, aceite o acordo, e eu te conto! [disse Wilson]


Mesmo não querendo aceitar Natan precisa saber a verdade sobre seu passado, então naquela mesma tarde assinou o acordo no qual prometia perante a justiça a ficar longe de Lydia, acordo ao qual ele não pretendia cumprir, mas depois da conversa com seu pai naquela noite tudo mudaria. 


Depois do jantar pai e filho sentaram-se na varanda da casa da família em Herefield, a noite estava fria e calma, Wilson acedeu um cigarro e ficou em silencio por algum tempo, até que começou a falar.


- Eu me lembro da primeira vez eu a vi, ela foi te visitar no hospital quando você sofreu um acidente de carro, você quase morreu, ela era uma moça muita bonita, dava para ver que era moça de família rica o que me deixou preocupado, afinal, o que uma moça como aquela iria querer como um rapaz como você? Filho de um operário de fábrica e uma costureira, mas com o passar do tempo eu vi o quanto ela te amava, dava para ver nos olhos dela, ela te amava demais, Natan. Mas como eu imaginei o namoro de vocês não tinha futuro, os pais dela não queria a filha deles com um garoto pobre como você, mas ela não queria desistir de você por nada, e nem você dela, foi quando os problemas começaram. Primeiro as brigas, você se meteu com aquela gangue! [disse Wilson]
- Que gangue? [perguntou o rapaz]
- Um das gangues do lado norte de Guildford, você se meteu com eles por um tempo, as tatuagens que você tem, você começou a fazer quando entrou na gangue, ai veio os roubo de casas, carros e as drogas, a Lydia acabou no meio disso tudo, ela te amava fazia tudo por você, mesmo que você não a amasse da mesma forma. Eu te conheço filho, sempre vi o quanto você era diferente do restante da nossa família, sempre calado, quieto, não gostava de interagir com ninguém, desde os primeiros anos de vida você sempre foi uma criança diferente, mas eu não me importei muito, achei que passaria com o tempo, mas não passo, só piorou. Ai, um dia surgiu essa moça, pensei: Talvez ela o mude, talvez ela seja o grande amor da vida do meu filho. Mas não foi bem assim que aconteceu. Você fez aquela moça sofrer muito, meu filho, apesar de ter a salvado quando ela precisou, mas você a maltratou demais, a machucou, a colocou em tantos perigos que perdi as contas, vocês fugiram, passaram muito tempo fora e eu não sei o que aconteceu, com vocês dois nesse tempo, depois vocês dois voltaram, muita coisa aconteceu, e vocês acabaram presos, e depois colocados em um manicômio, no Clarita Payne! [disse Wilson]
- Por que nos colocaram lá? [perguntou Natan]
- Você, matou um homem, meu filho! [disse Wilson]
- O quê? como assim, pai? [perguntou Natan]
- Você disse que foi para defender a Lydia, ela viu tudo, você fugiu do local do crime, ela contou tudo a polícia, então, você foi preso, a Lydia acabou sendo presa também, vocês foram condenados, mas devido ao trauma que a Lydia havia sofrido antes, por causa do sequestro a pena dela foi convertida em uma internação de dois anos no Clarita, e depois de um laudo do doutor Steven, você também foi mandado para lá. Mas não demorou muito e vocês começaram a dar problemas, parece que quando vocês estão juntos só a caos e confusão, as coisas pioram, você piorou mentalmente, então, o doutor Steven achou melhor fazer um tratamento mais intenso com você, e deu certo, você se curou, mas em troca esqueceu de tudo que houve antes, da gangue, do crime e principalmente da Lydia. Esse foi o preço que teve que ser pago para você se curar, Natan! [disse Wilson]
- O que foi que ele fez comigo, pai? [perguntou Natan]
- Lobotomia, acho que é assim que se fala, não sei direito o que é, mas funcionou, você se curou! [respondeu Wilson]
- A Lydia disse que eu me chamo Jason, isso é verdade, né? meu nome não é Natan? [perguntou Natan]
- Não, não é, tivemos que mudar o seu nome fazia parte do acordo com a justiça, você foi transferido para o hospício daqui, continuou seu tratamento, foi quando o doutor Steven achou que seria uma boa ideia trazê-lo de volta ao Clarita, para a última fase do tratamento, como você não se lembrava da Lydia, não teria problema, sua mãe foi contra, agora vejo que ela tinha razão, você não devia ter voltado para aquele lugar! [disse Wilson]


Natan estava em choque com tudo que seu pai lhe havia contado, em fim seu passado havia sido trazido de volta, tudo o que Lydia havia dito era verdade.


- Eu preciso tira-la de lá! [disse Natan]
- Você não vai fazer isso, filho, você assinou um acordo, lembre-se! [disse Wilson]
- Foda-se o acordo, eu vou tirar a Lydia de lá! [disse o rapaz]
- Não vai! [disse Wilson]
- Eu vou sim, pai, eu não vou...
- Você quase a matou! [disse Wilson]
- O quê? [perguntou Natan]
- Eu não sei ao certo o que aconteceu de fato, foi na Califórnia, no apartamento que você tinha lá, você acabou cortando o pescoço dela com uma navalha, parece que o corte não foi profundo, mas por pouco quase não a matou! [disse Wilson]
- Eu não me lembro! [disse o rapaz]
- Lydia contou aos pais dela que foi um acidente, mas sinceramente, filho, eu não sei o que aconteceu naquele apartamento, mas você quase matou aquela menina, teve outras coisas também. É por isso filho que você tem que me escutar, deixe aquela moça seguir a vida dela, saia da vida dela, eu não sei se você a ama de verdade, mas se pelo menos você se importa com ela, deixe ela ir! [disse Wilson colocando a mão sobre o ombro do filho]


Wilson entrou na residência deixando o filho com seus pensamentos, agora que o rapaz sabia de toda a verdade, ele tinha uma escolha a fazer, não seria fácil, mas era preciso, ele teria que enterrar novamente seu passado e esquecer o que tanto quis lembrar.

 

༺༻

 


Notas Finais


✗ AVISOS ✗

• DESCULPE QUALQUER ERRO NA ORTOGRAFIA, TEXTO SEMPRE SENDO REVISADO.

• LEMBRE-SE: PLÁGIO ALÉM DE FEIO, É CRIME.

• LEIA TAMBÉM OS ROMANCES ANTERIORES.


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