História Ela é o cara ( Camren ) - Reações

Pisquei milhares de vezes até ter a certeza que era real. Sim, Camila inacreditavelmente, é o cara. E que cara. Seus olhos em um tom mais escuro me encarava assustados de baixo pra cima, pois eu ainda estava de quatro na sua frente. Oh não, eu estou de quatro e provavelmente babando, merda. 

Puxo todo o ar que eu consigo e volto à abaixar minha cabeça e me forço a levantar. 

- Quer ajuda? - ouço a voz risonha da amiga dela e me seguro pra não ser mal educada com ela. 

- Não precisa, eu caio sozinha e me levanto ainda melhor. - digo um pouco ríspida e corrijo minha postura ficando em pé novamente. Camila parecia em estado de choque, ela se quer saiu do lugar, e nem parecia disposta à cobrir o seu....eu não acredito que ela tem mesmo um pau daquele tamanho. - Acho que eu já vi o necessário aqui, será que dá pra você ao menos se cobrir? - falo levantando uma sobrancelha e Camila continua estática. 

- É....você poderia nos dar licença? É que a Camila está em um estado de pânico, isso é normal quando....

- Não me interessa, depois eu quero conversar com ela, ou não sei, talvez não seja uma boa idéia. - falo fitando a garota que praticamente nem piscava. Dei uma última olhadinha no instrumento e sai daquele banheiro, eu ainda não acredito que ela tem um pau. 

Eu estou surtando por dentro, eu não sei explicar exatamente o que eu estou sentindo, talvez seja, raiva, decepção, surpresa, não sei se boa ou ruim, talvez até nojo? 

Não é uma coisa normal mulheres ter pau, né? Não, definitivamente não. Eu não estou com nojo, eu só estou assustada é isso, Camila é uma garota linda, que tem um pau, uma garota, de vinte anos, que tem um pau. 

Céus, tem como piorar? 

Respiro fundo e tento não demonstrar qualquer tipo de reação enquanto atravesso aquele mar de mesas, cheia de pessoas e computadores, pessoas normais, certo? Não é como se eu olhasse pra elas e fosse ver um pau na testa delas. Não, não vou ver. 

Respiro fundo e sigo direto para o elevador,  ignorando as chamadas da minha secretária. 

                                           Camila

Chão se abre, chão se fecha, é melhor estar no chão do que o céu cair na sua cabeça. Nada mais além do branco estava à minha frente, e é só a parede porque a minha futura namorada ou atual ex futura nunca namorada não está mais no banheiro. Não é possível que isso está acontecendo comigo. 

Lauren me viu, Lauren viu o meu parceiro. 

- DINAH! - minha voz resolve dar o ar da graça e eu encaro a expressão amedrontada da minha amiga, ou inimiga no caso. - Você mostrou o meu pau pra ela. Você viu a cara dela? 

- Inexpressiva, não tem como saber se ela ficou assustada ou estava querendo cair de boca no seu monumento. - riu.

Respira, não surta. Não é como se eu fosse matar ela, né? Talvez eu só enterre ela viva e deixe a terra matar ela, depois eu choro no túmulo dela e corto meus pulsos para ir até ela é pedir desculpas por ter deixado a terra matar ela. 

- Ela....cadê minhas coisas? - pergunto tentando encontrar minha cueca e o meu short de compressão. 

- Nos seus joelhos, eu só abaixei, você que foi lesada e não subiu tudo à tempo. - falou cruzando os braços de forma cínica. 

- Então era esse o seu plano? Mostrar o meu pau pra ela? - pergunto indignada enquanto subo minha cueca e o meu short. 

- Desculpa, eu só achei que seria mais prático, até porque o que ela gosta você tem entre as pernas, né? - falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. 

Eu tentei não pensar, mas só de pensar que ela pode ter ficado com nojo de mim, eu não segurei as lágrimas. Me sentei no chão e comecei a sentir o peso da rejeição, eu vi na cara dela, ela odiou. 

- Eu ainda não....s-sou o cara dela, ter um pau não me fez ser um. - fungo baixinho e abraço os meus joelhos.

- Não é hora disso, Camila. Nós estamos na empresa dela, no banheiro dela, você não acha que está fazendo um pouco de drama mais do que o necessário? 

- O que você quer que eu faça? - pergunto realmente esperando uma resposta dela, que não veio. 

- Seja o cara! - fala como se acabasse ter a melhor idéia do mundo. 

- Ela já sabe que eu não tenho um irmão gêmeo, eu acho. - falo tentando limpar as lágrimas idiotas do meu rosto. 

- Não assim cabeça de vento, eu tive uma idéia. 

                                            Lauren

Minha sala estava muito fria, parecia até pequena, mas ela estava do mesmo tamanho, o que não estava do mesmo tamanho era eu, minha cabeça estava à mil por hora me reduzindo à uma idiota de mente pequena. 

Eu não consigo aceitar que aquele rostinho lindo tem um pau no meio das pernas. Eu não acredito que aquela coisa fofa que eu via como um cara perfeito no corpo errado, tinha um pau. Eu deveria estar feliz, certo? Ela tem o que eu gosto. Mas ainda sim era uma mulher. 

Que porra, por que ela tinha que me deixar ainda mais confusa? 

Eu só queria ter ela como amiga ou cunhada. Droga, agora eu acho que entendi o que a baixinha disse. 

E o abajur? Agora faz sentido, Camila não tem luz, ela é a escuridão, o abajur quebrado era real tocavel, a luz não. Camila definitivamente representa à escuridão pra mim, para o que a minha família pensará de mim, eu não posso pensar nela nem como amiga, Camila é única e exclusivamente, minha estagiária de notas boas, eu só preciso pensar assim. 

Foda-se. 

- Dona, Lauren? - ouço algumas batidas na porta e a minha secretária Vic coloca apenas a sua cabeça para dentro da sala. 

- Sim? 

- Tem uma pessoa que quer falar com você. - disse sorrindo e eu respirei fundo. 

- Pode...pode autorizar a entrada. 

Tenso.