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História Eldarya - Uma aventura inesperada - Cap.113


Escrita por: TsukiHime0713

Capítulo 120 - Cap.113


Cris

Ai... Será que existe algum tipo de encantamento de teletransporte para não ter mais que apelar à umbracinese de Absol?

Hoje Absol nos levou até a clareira em que costumávamos treinar. Estava tudo mais ou menos da mesma forma que quando Absol me trouxe para cá para encontrarmos Anya. O rochedo que lembrava uma pequena mesa quase no centro e a neve espalhada até os limites da clareira. As arvores quase brancas pela neve acumulada, e a “mesa” com uma ou outra flor pequena, de cor branca ou fria ao seu redor. Não havia vento e o pouco sol que penetrava a área deixava o lugar um pouquinho mais aconchegante.

– Tem certeza que esse local é seguro, black-dog? – questionou o Lance observando Absol que rodeava a clareira.

– Se ele não parece incomodado com o lugar, deve ser, né? – Lance negava com a cabeça.

– Espero que esteja mesmo certa. – ele se aproximou do rochedo e começou a retirar a neve que resistia aos raios solares – Vamos começar logo. Tire o máximo de roupas que você puder, incluindo os sapatos e assuma a posição de lótus aqui em cima.

– Ham... Poderia me relembrar do porque disso ser necessário? – (mesmo com o sol, ainda está frio por demais!).

– Quanto mais contato direto com a terra você tiver, mais fácil será de você se tornar “uma” com o ambiente no começo. Depois que você já estiver conseguindo se assimilar com o espaço a sua volta sem nenhuma dificuldade, você pode fortificar o seu contato com o ambiente colocando suas roupas como empecilho para essa afinação.

– E você vai cuidar de mim se eu acabar doente, né?

– _riso_ Com toda a certeza minha princesa. – ele me roubava um selinho – Mas eu não tenho qualquer intensão de lhe permitir adoecer durante esse treinamento.

– E o que vai fazer para impedir isso? – ele me ajudava a tirar uma parte das roupas (que eu quero de volta no corpo... _choramingando_).

– Não posso usar a Crista de Maana agora porque ela interferiria no seu treino, então ficarei cuidando de você sempre que eu perceber que você está fria demais. Vou aquecê-la um pouco. E isso apenas já será o suficiente para lhe atrapalhar a concentração no começo, acordados assim?

– Espero conseguir poder continuar treinando com minhas roupas no corpo ainda essa semana! – declarei já tremendo e subindo na pedra.

– Então é bom você se dedicar o máximo possível! Agora comece. – eu já estava na devida posição (tremendo de bater os dentes) – Feche os olhos; recorde-se de como você se concentrou quando controlou as aguas do mar; ignore ao máximo o frio que a cerca; e tente enxergar TODA essa clareira sem precisar se mexer ou abrir os olhos.

Tentei fazer o que ele pedia. Fechei os meus olhos e fiz de tudo para me manter calma e serena naquele lugar (apesar dos “calafrios” que me atacavam quase todo o tempo). Não estava sendo nada fácil... o frio estava realmente atrapalhando. Tanto que eu quase não sentia o toque do Lance quando ele me aquecia as extremidades ou o peito! Ficamos hooooras nisso. E eu só fui começar a perceber alguma coisa depois de muuuuuito tempo.

– O crepúsculo já está chegando... – abri meus olhos ao ouvir o Lance disser isso – Vamos terminar por hoje. Amanhã você tenta outra vez.

– Minhas roupinhas por favor!... – pedi quase correndo até elas, mas sem conseguir me mexer direito por causa do frio.

– Devagar, Ladina... O frio deixa a pele sensível...

– Mas a sua não, né? – vestia minha roupa com um pouco de dificuldade – Como você é de gelo... Isso significa que você não atura o calor?

– O calor pode me incomodar, mas posso atravessar um rio de lava sem problemas.

– Ai. Eu não gosto mesmo de extremos de tempo...

Ele riu. O Lance aqueceu a comida que tínhamos conosco e deu uma leve amornada em nossa agua, apenas para que ela ficasse fresca ao invés de gelada. Estávamos quase terminando de recolher tudo quando Absol começou a rosnar para um dos lados da clareira, fazendo o Lance ficar de guarda alta.

– O que aconteceu Absol? – o som de algo caindo na mesma direção para a qual ele rosnava, me fez me erguer. Absol correu até o local no mesmo instante. – Quem está ai? – Perguntei me aproximando com cautela e sem nenhuma resposta. Lance me acompanhava e quando chegamos onde Absol estava, e choramingava, uma... mulher de agua estava caída no chão – Meu Deus! Você está bem? Diga alguma coisa! – me aproximei sem saber bem se era seguro ou não tocá-la (e acho que a ouvi pedindo ajuda).

– De onde foi que essa ondina saiu? Ela está quase nas últimas!

– O quê?! – me assustei com a declaração dele.

– Seu corpo está muito frágil. Ela precisa de agua para se reestabelecer, mas tem que ser agua fresca e rica em minérios! Se ela tentar absorver a neve...

– O que irá acontecer com ela?

– Vai congelar e quebrar. Se ela não estivesse tão frágil como agora, eu até poderia usar do meu poder nela, mas nesse estado... Sabe me dizer o que você sente sempre que eu trato de algum ferimento seu para você?

– Sinto um frescor. – comecei a observar um pouco mais o nosso redor – Então imagino que se você tentar tratá-la, será o mesmo dela absorver a neve.

– Exatamente. – pousei meu olhar sobre algumas plantas suculentas que Anya havia me ensinado serem muito ricas em vitaminas e minerais ao ponto de serem usadas em algumas poções de cura. Cenas de dobra d´água correram pela minha mente, e sem perceber/entender, extrai toda a agua daquelas plantas e a usei na ondina – O que é isso?! – Lance se surpreendia e a ondina começou a se mostrar um pouco mais... firme, digamos assim – De onde tirou a ideia de arrancar a agua daquelas plantas desse jeito? – ele alternava o olha entre as plantas secas e a ondina.

– Dobra d’água. – ele me encarou confuso – Todo ser vivo tem uma determinada quantia de agua fazendo parte da composição de seu corpo, podendo chegar até uns 90%. Em uma das séries animadas que eu assisti, tiveram cenas parecidas com o que eu acabei de fazer, mas que fique bem claro! Eu só fiz isso porque se tratava de uma emergência! E só de observar aquelas pobres plantas você já deve imaginar o porquê disso.

– Acho... Que controlar um corpo com alta porcentagem de agua, seria algo possível para você, não?

– Quer que eu teste a teoria com você? – perguntei com um toque de malícia.

 – Não obrigado. – um riso me escapou com o nervoso dele – Ela não me parece mais em perigo imediato,... – voltamos a observar a ondina – ...mas ainda corre o risco de acabar congelada se eu usar o meu poder nela, sem falar que ela não tem condição alguma de ser carregada por umbracinese para o QG. – outra vez ficava sem saber o que fazer – Seria preciso que alguém delicado a levasse nos braços.

– Delicado? – ele assentiu com um “huhum” – Hã... A primeira pessoa que me vem a mente é o seu irmão, o Valkyon.

– _riso_ Cuidar de musaroses realmente exige delicadeza, mas assim como eu posso acabar congelando essa ondina, meu irmão pode acabar a evaporando por ser um dragão de fogo. Você ainda não controla bem os seus dons curativos, que geralmente costumam ser fortemente ligados à luz, então uma outra pessoa terá de cuidar dela. Ou você vai aceitar deixá-la a própria sorte aqui?

– Você sabe muito bem qual que é a minha resposta, não é mesmo. – segurava minha irritação mediante a insinuação dele.

– O pior é que eu sei muito bem...

– BLACK-DOG DOS INFERNOS! O QUÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?! – gritava alguém da clareira, chamando a nossa atenção (Ezarel?).

– Ei! Bobo-da-corte! – Lance lhe chamava a atenção – Vem aqui!

Ezarel nos viu assim que escutou o Lance lhe chamando, se dirigindo até nós claramente nervoso – Dá para me explicarem porque que esse black-dog dos infernos me rap... Marine?!? – ele mudou de expressão assim que viu a ondina.

– Conhece ela? – perguntei ao vê-lo examiná-la com cuidado.

– É uma das minhas melhores subordinadas! Faz uns cincos meses que ela saiu em missão e não voltou mais. Até já cheguei a pedir permissão para a Miiko para tentar descobrir o que havia acontecido com ela. Como ela ficou nesse estado?

– Nós só a encontramos porque a ouvimos tombar no chão e porque Absol correu até ela. – explicava o Lance de braços cruzados e observando os movimentos de Ezarel que preparava alguma coisa com os frascos e ervas que tinha espalhadas pelas vestes – Foi a Cris quem lhe forneceu os primeiros socorros. – terminou ele apontando para as plantas que eu sequei.

– Você fez isso com aquelas plantas?! – ele me pareceu horrorizado com o que restou delas.

– Era uma emergência! Ou salvava a vida das plantas, ou salvava a vida da... Marina?

– É Marine. E depois disso fiquei com medo de descobrir o que mais você pode fazer com a agua. – um riso quase escapou de mim – Espero que o seu treino já tenha acabado por hoje, porque já tem alguém esperando para poder te ver lá no QG. – declarou ele derramando o líquido criado sobre o peito dela.

– Alguém, quem? – perguntava o Lance na minha frente.

– Lunna... – ele falava em meio a um sorriso – ...A Astronâmini! – (QuÊ!?!).

– Você não está tentando descontar o susto que Absol lhe deu em cima da gente, está? – Lance parecia tão espantado quanto eu que fiquei boquiaberta.

– Antes fosse! A Miiko pediu para dar da poção da verdade para ela, para sabermos que era ela mesmo, e a criatura me fez tomar metade do refresco que preparei para ela. Ou seja... – ele terminava de guardar entre as roupas os frascos que havia usado – Mesmo que eu quisesse fazer algo assim, por culpa da poção, eu não conseguiria.

– Sério mesmo? – questionei – Verdade verdadeira?

– Infelizmente... – ele se preparava para pegar a Marine nos braços – E acho que é uma boa ideia vocês voltarem com Absol agora.

– Será que você poderia tentar nos contar uma mentira agora? – lhe pedia – Apenas para não ficar nenhuma dúvida.

– Uma mentira sobre o quê?

– Que tal sobre a sua relação com essa ondina? – sugeria o Lance – Você ama ela?

– Ela é o a... A... – ele não parecia conseguir continuar a fala – ... Essa poção consegue mesmo ser incomoda! – declarou Ezarel massageando a garganta – Acho que irei fazer alguns testes pessoalmente depois que me ver livre da punição da Miiko.

– Vamos indo Lance... – (quero um banho quente!) – Absol! Nos leve por favor. E... ela vai ficar bem, certo Ezarel?

– O que eu acabei de fazer é apenas paliativo. Mas sei que assim que eu a deixar nas mãos da Ewelein, Marine vai ficar boa rapidinho.

Absol nos carregou de volta para o quarto e eu ainda consegui ver o Ezarel começar a correr em direção ao QG com a ondina nos braços. No quarto, deixei o Lance cuidando das coisas e “voei” para o chuveiro quente.

 

Miiko

Como princesa, fui obrigada a aprender muitas línguas mesmo! Mas o gaélico norte não estava entre elas. Ainda bem que pelo menos um membro da Reluzente a conhecia ou eu ainda estaria imaginando o quê que aquelas palavras usadas pela Lunna significavam.

Os nomes que sobreviveram naquela lista eram o da Marine, uma ondina que está em missão já faz um bom tempo; e o do Hav, um telquines que se mudou para outra cidade alguns meses depois do fim da Guerra do Cristal (não vai ser fácil contatar qualquer um desses dois... O quê que deu no Leiftan para colocar estes dois na lista? E eles tinham que serem os únicos a ficar?!).

Ah! E tem o Ezarel. Pra onde será que Absol o levou? E o que será que a Lunna quis dizer ao falar que o líder absintiano foi “convocado”? Preciso de algumas guloseimas...

Eu sei que eu mencionei o nome da Cris naquela conversa com a Lunna, mas não lembro de ninguém comentando que o quarto da Cris fica no topo da torre.

– Lunna, espere. Nós não sabemos se a Lys já retornou ou não do treinamento dela. – falei para impedi-la de deixar a Sala do Cristal.

– Ai, por minhas estrelas... Vem junto Joia Negra! E assim descobrimos juntas se ela já retornou ou não!

– Mas esse não é o único problema, dama estrelada. – comentava o Nevra que, junto de Kero, Leiftan, Valkyon, Benelli, Jamon, e mais dois que não sabiam do “Gelinho”, nos acompanhava.

– E qual seria o outro problema, meu caro Shaula...

– Meu caro o quê?! – Nevra me pareceu espantado (ou seria ofendido?) – A Cris não gosta de ter seu espaço invadido e nem sabemos se, caso ela já tenha retornado, ela vai poder ou não lhe abrir a porta! – pelo tom dele, Nevra está é um pouco ofendido.

– Ouçam bem crianças, tudo o que as estrelas consideravam importante eu saber, elas me contaram. Vocês subestimam aquela jovem assim como se subestima um bebê bhemoth ou um lapy. Eu sei muito bem o que eu preciso estar fazendo nessa cidade, e o meu assunto direto com vocês já acabou. Meus deveres agora é apenas com a Lys. – _boquiaberta_ – Disseram que ela se chama Cris, certo? Espero que ela seja divertida!

Lunna continuou subindo, com quem que já nos acompanhava nos seguindo. Eu não sei o que o resto da Reluzente que não seguiu Lunna ficou fazendo (espero que tenham ido atrás do Ezarel), mas ninguém que subia até a Cris se atreveu a questionar algo depois da declaração da Lunna.

Diante do quarto, Lunna se impediu de bater na porta e começou a esperar de braços cruzados diante dela – Algum problema Lunna?

– Sei que você também está ouvindo a agua caindo Shaula,... – (o que será que isso significa para incomodar tanto o Nevra?) – ...por isso estou esperando ela acabar o banho! E se não for muito incomodo, irei entrar sozinha.

– Sozinha?! – (será que Absol vai tirar o Lance de lá?) – Tem certeza disso? Não é melhor que alguém entre junto com você?

– Totalmente desnecessário. Eu sou a única que precisa falar com quem está lá dentro nesse momento. Tratem de manterem distância da porta após minha entrada! Já bastam as sombras nos espionando...

Ficamos todos mudos enquanto Lunna se mantinha com o olhar fixo na porta, sem deixar a posição assumida ao desistir de batê-la. “Sombras os espionando”? Isso foi uma indireta para avisar que apenas o Nevra pode estar espionando o que acontecerá ali dentro?? No que encarei os que continuavam conosco, Leiftan, Nevra e Valkyon pareciam ter tido a mesma conclusão que eu.

Como a Cris demorava um pouco com o banho, Kero, Nevra e Jamon foram os únicos que continuaram esperando comigo, o restante do pessoal foi conferir a ordem no QG e tentar acharem o Ezarel. Acabamos tendo que esperar uma meia hora naquela porta...

No que finalmente acabou o barulho de agua, Lunna só esperou cinco minutos para bater a porta, entrando um tanto quanto desesperada na minha opinião depois que a Cris a abriu (ninguém teve tempo sequer de falar um “a” antes da porta voltar a ser trancada). 

 

Lance

Apesar de Absol ter me parecido bastante a vontade naquela clareira fria, eu não me sentia tão confortável como ele. Por conta do tempo frio, eu esperava que ele nos levasse para algum lugar que fosse um pouco mais quente para ajudar a preservar a saúde da Cris, mas ele aumentou em muito a dificuldade para ela!

Antes, eu pensava em distraí-la com conversas ou pequenos sustos, mudei a tática para cuidados da minha Ladina... Depois que ela terminou de se posicionar (após um enorme esforço para retirar suas roupas, ficando apenas com uma chemise de renda branca sobre a roupa íntima), comecei a prestar extrema atenção em todas as reações que o corpo dela apresentava mediante o frio. Era notável que o clima a atrapalhava de se concentrar, e várias vezes precisei aquecê-la, sendo que ela quase não me percebia a tocando no começo quando o fazia.

Muitas vezes tive vontade de terminar com aquele treino em condições tão severas assim, mas ela parecia se esforçar para conseguir, o que acabava me impedindo de interrompê-la. Mas quando o céu começou a dar indícios de querer mudar de cor... Chegamos ao fim por hoje. Queria que existisse uma maneira de repassar parte de minha resistência térmica à ela...

Enquanto ela se vestia desesperadamente, eu aquecia a comida que trouxemos e “quebrava o gelo” da agua. Ao mesmo tempo em que ela conseguia nos fazer rir (rir ajuda a aquecer o coração, então assim é melhor). Estávamos consideravelmente tranquilos, até Absol resolver rosnar para alguma coisa... (não vai me dizer que, só porque eu desejei um pouco mais de ação para mim, aqueles canalhas vão vir nos incomodar!?).

Seguimos atrás do black-dog até o som de algo grande que tombava na direção para a qual ele rosnava, e fiquei espantado de ver aquela ondina! (mas eu realmente não tenho sorte...) Observando a condição daquela mulher, sabia que a Cris ia querer ajudá-la de um jeito ou de outro, então, antes que ela me ordenasse ajudá-la, já que ela mal conseguia usar os próprios poderes a favor dela mesma (poderes de cura costumam ser mais próximos da luz, talvez quando ela conseguir dominar esse elemento, ela consiga usar o poder de cura dela com mais liberdade), fui logo dizendo quais que deveriam ser os primeiros socorros para aquela ondina. Assim eu evitava problemas.

Fiquei impressionado e espantado com a forma com que ela extraiu cada gota de agua de dentro daquelas Senecios púrpuras. Isso deu estabilidade à forma daquela ondina, mas se a Cris conseguiu secar aquelas suculentas energizantes, o que ela é capaz de fazer sobre um ser vivo como eu ou como aquela ondina? Ainda mais depois daquela explicação dela sobre a presença de agua nos seres vivos...

A chegada do bobo-da-corte foi uma boa. É necessário delicadeza para ser um alquimista e já que o sem graça possui algum conhecimento de prontos-socorros pela reação dele. Absol escolheu bem. E a ondina ainda é membro da Guarda? (Pelo o quê que ela passou para acabar naquele estado??).

O aviso dele de que havia alguém esperando pela minha Ladina, (Lunna a astronâmini, para ser mais exato) não me agradou nem um pouco. Absol nos levou daquela clareira a pedido da Cris e deixando a ondina com o elfo.

No quarto, a Cris foi desesperada de encontro a agua quente! _riso_ Comecei a guardar as coisas que havíamos levado conosco. Estava quase terminando quando comecei a ouvir passos do lado de fora.

– Algum problema Lunna? – reconheci a voz do sanguessuga na hora.

– Sei que você também está ouvindo a agua caindo Shaula, por isso estou esperando ela acabar o banho! – (essa é a tal da Lunna?) – E se não for muito incomodo, irei entrar sozinha.

– Sozinha?! – (Sozinha?) ouvia a Miiko – Tem certeza disso? Não é melhor que alguém entre junto com você? – (ou que Absol me tire daqui?).

– Totalmente desnecessário. – ?? – Eu sou a única que precisa falar com quem está lá dentro nesse momento. – (isto inclui a mim?) – Tratem de manterem distância da porta após minha entrada! Já bastam as sombras nos espionando...

Eu não sei o que essa mulher aí está planejando, mas acho que ela se referiu ao sanguessuga ao dizer “sombras”, e... Pra onde que o Absol foi? (não sei se é uma boa ideia essa mulher aí me ver...). Acabei entrando no banheiro...

– Tem gente à sua porta. – falei em voz baixa, causando um pequeno susto na Cris.

– Lance?! – ela tentava conter a voz – Você me assustou! Quem está lá fora?

– A sua visita.

– Hein?

– Ela está acompanhada. Do sanguessuga e da Miiko pelo menos, de acordo com as vozes que ouvi. E Absol já deu no pé!

– De deixando para trás? – apenas assenti – Ou ele se esqueceu de você, ou ele não se preocupou com você.

– Das duas eu arrisco a segunda. Mas não me sinto confortável com a ideia dessa tal Lunna entrando aqui sozinha.

– Mas você não disse que ela está acompanhada??

– Eu a ouvi falando que ela era a única que precisava entrar para falar com quem estivesse aqui dentro. Mas eu não sei se ela estava se referindo só a você, ou a mim também, pelas insinuações dela.

– Ai... Você já terminou de arrumar as coisas?

– Quase.

– Pois termine o mais silenciosamente possível e se esconda em seguida. Não sabemos o que exatamente essa mulher quer comigo e, se for seguro você aparecer, você para de se esconder e fica do meu lado.

– De acordo. – declarei.

– Agora, sai logo do banheiro e vai cuidar!

Um riso me escapou. Deixei o banheiro e fui terminar de guardar as coisas, sem fazer qualquer ruído. Absol não aparecia, o que aumentava a minha crença de que ele não se importava de eu estar ou não presente no quarto naquele momento. Quando a Cris deixou o banheiro, eu me escondi imediatamente, com alguém batendo na porta quase que ao mesmo tempo.

Através do espelho da penteadeira, pude assistir a “invasão” daquela mulher (aquele chapéu passou mesmo pela porta??) que fechou e trancou a porta tão rápido quanto entrou. Aquela mulher se apresentou mais ou menos e já foi seguindo para a mesa ao mesmo tempo em que pedia algumas coisas para a minha Ladina. Tendo terminado de arrumar seja lá o quê, sem tirar os olhos do que havia na mesa, ela estendeu o indicador na minha direção de modo a me chamar (ela realmente sabe que eu estou aqui?!?). Estava claro no olhar de minha Ladina, que ela compartilhava da minha preocupação, mas, no momento que percebi que aquela mulher erguia uma Sana Clypeus...

 

Cris 2

Mas que delícia de agua quentinha a daquele chuveiro... Sei que é desperdício de agua, mas a minha vontade era de passar horas debaixo daquele calor aconchegante. No entanto, quando o Lance apareceu dizendo que eu tinha visitas, quase que deixei o sabonete cair das minhas mãos (ainda bem que as cortinas tem efeito embaçante!).

O fato de Absol já ter saído, deixando o Lance para trás, e essa Lunna querer entrar sozinha para falar comigo, me preocupou consideravelmente (o que é que vai me acontecer agora, meu Senhor amado...). Me acertei mais ou menos com o Lance sobre o que faríamos e o mandei terminar de arrumar as coisas do treino de hoje.

Totalmente contra a minha vontade, me apresei para desligar o chuveiro e fui me vestir o mais rápido possível. Lance já estava envolto em suas ilusões quando eu deixei o banheiro, seguindo para detrás do biombo. Bateram na porta quase ao mesmo tempo.

No que eu abri a porta, quase caí para trás com a mulher que entrou com tudo no meu quarto (de onde foi que essa criatura espalhafatosa saiu??). O chapéu que ela tinha na cabeça (não havia uma outra bolsa para ela poder carregar as coisas dela não?) parecia ter o mesmo diâmetro de suas saias, que lembravam muito os vestidos das princesas da Disney. Ela foi rápida até para trancar a porta! Nem tive tempo de espiar quem mais aguardava lá fora com ela.

– Lys de Eldarya?

– O quê?! Oh, ah sim, sou eu. – (trate de se achar dona Cris...) – Mas por favor, me chame de Cris.

– Lunna Vega. – ela me estendeu a mão em cumprimento, que aceitei – Também conhecida como Lunna, a astronâmini. Desculpe aparecer assim do nada, mas é que foi preciso.

– “Preciso”?! Como assim??

– Eu já te explico. Mas antes... – ela observava o quarto – Você teria uma bandeja, prato ou sei lá o quê do tipo que seja bem raso e grande ao mesmo tempo?

Me lembrei de uma bandeja ornamentada de prata que achei linda e resolvi comprar para dar de presente a minha mãe quando fosse para a Terra novamente – Ter, tenho. Mas para quê?

– Apenas me empreste por uns momentos. – ela abria espaço na mesa ao mesmo tempo que tirava algumas coisas daquele chapéu dela – Logo tudo ficará claro como o sol.

Eu não estava muito confiante naquilo tudo, mas peguei a bandeja mesmo assim. Lunna afastou as cadeiras da mesa e organizou várias coisas sobre a mesa. Colocou agua na bandeja que estava posicionada bem a frente dela e pegou um pequeno baú de cima do chapéu que estava cheio de bolinhas que pareciam ser bolinhas de gude verde, mas aparentando ter um pequeno universo dentro delas.

Acho que fiquei apavorada quando ela começou a chamar o Lance com o indicador para perto (mas como? Ela é capaz de ver por trás das ilusões como eu por acaso??). Ele não se mexeu de imediato, mas quando a Lunna ergueu uma daquelas bolinhas... Ele se aproximou sem nenhum temor da mesa (o quê que é isso que ela está segurando??).

– Muito bem. “Extend Angerona potestate. Nos ab invitis auribus diligens abscondite nos a sono.” – declarou ela segurando a bolinha na palma aberta.

Eu não entendi o que ela falou, mas a bolinha começou a brilhar e a crescer depois dela ter pronunciado sei lá o que. Cheguei a querer me afastar daquela esfera que não parava de crescer e de... “engolir” o que ela tocava, mas Lance me impediu. Ele me manteve próxima dele e da mesa. E aquela bolinha só parou de crescer depois dela ter envolvido nós três e a mesa por completo!

– Sana Clypeus. – falava o Lance (Sana o quê?) – Em poucas palavras, um escudo acústico. – explicava ele (caramba!...) – Para a senhora trazer algo desse tipo é porque já pretendia manter algumas coisas em segredo. Pois duvido que ninguém vá tentar espionar essa conversa.

– Exatamente Draco. – (hãm?) Lance também parecia confuso – Na verdade, quem devia estar aqui e agora falando com vocês dois era a minha prima, Melídia Orakel. Também conhecida como Melídia, a suprema.

Quem?! – Lance se surpreendia – Isso é sério mesmo?!

– Desculpe, mas quem é essa? – perguntei.

– Melídia, a suprema, é simplesmente a única vidente de toda a Eldarya que nunca, mas é nunca, conseguiu errar uma previsão que seja em toda a sua vida!

– Precisamente. – falava a Lunna após a explicação do Lance – Alguns dias atrás, eu recebi a visita do mascote dela me trazendo alguns pedidos dela... Mas cadê? – ela procurava alguma coisa naquele chapéu enorme (só de vê-la já estou com dor no pescoço...) – Ah! Aqui está. – ela entregava um pequeno pergaminho ao Lance que ele lia – Na verdade... A Melídia é filha, do filho, da sobrinha, do neto, do filho, da tia do meu tataratataravô.

– QuÊ?

– E eu sou filha, do filho, do filho, da filha, do filha do meu tataratataravô! – (buguei).

– Vocês tem certeza que são mesmo parentes? – questionava o Lance – E que historia é esse de “Por causa do acordo, não posso deixar minha casa”? E você realmente trouxe todas as coisas pedidas aqui para ela? – terminou ele de questioná-la me apontando com o polegar (pediram para trazer o que para mim?).

– Nós duas também nos surpreendemos ao descobrirmos que éramos parentes! E nós duas utilizamos a Ahnenblut para conferir.

– Anem o quê?

– Ahnenblut. É uma poção arcana utilizada para identificar as ligações sanguíneas entre duas pessoas. A poção geralmente é dourada, mas, ao adicionar uma gota de sangue de duas pessoas que não sabem ou que querem confirmar, se são ou não parentes, fica vermelha para positivo. E negra para negativo. – explicou a Lunna.

– Ah entendi. É como um exame de DNA.

– DNA? – agora sou eu quem precisa explicar à ela...

– Bom, como eu explico... Todos os seres vivos, possuem uma espécie de mapa dentro deles. Mapa esse que carrega toda e qualquer informação sobre o corpo da pessoa: aparência natural, habilidades naturais, propensão à doenças, e antecedentes e descendentes. Geralmente, ele é utilizado para confirmar o tipo de parentesco que existe entre duas pessoas.

– Os humanos conseguem descobrir o tipo de parentesco entre eles?!? – se assustava a Lunna – Até que nível é possível confirmar a ligação sanguínea?

– Não tenho certeza. Mas acho que é menos de 10 gerações. – respondi.

– Pelas estrelas... A ahnenblut consegue identificar até 15 gerações, mas ela só denuncia a ligação! Quem quiser saber o tipo de parentesco, tem examinar toda a árvore genealógica das pessoas até encontrarem a ligação delas...

– E imagino que não foi nada fácil para vocês duas... – sorria o Lance.

– Ficamos duas semanas estudando isso depois que, em meio a uma conversa da qual nós duas estávamos muito afinadas, decidimos fazer o teste e a poção ficou vermelha... Mas não é por isso que eu estou aqui.

– E é porque então? – estou ficando cansada...

– Para ajudá-la com as suas viagens. – (heim?!?!).

 

 


Notas Finais


E é só por hoje.
Feliz Natal mais uma vez, e até semana que vem.


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