Leiftan
Estava no corredor das guardas quando vi Miiko acompanhada de Huang Hua e um grupo de... sereias aladas? A caminho da Sala do Cristal (Já não é uma surpresa eles terem conseguido chegar tão cedo?). Com toda a certeza a Cris já devia estar cuidando dos contaminados na prisão. Vi Nevra carregando duas mochilas consigo ao sair de seu quarto.
– O que são essas mochilas e como é que foi a viagem?
– A viagem foi uma tremenda caixa de surpresas! E quanto às mochilas, são as bagagens da Cris e da Anya. Vou levá-las até a morada das mesmas e escrever o relatório dessa viagem o mais rápido possível. O que foi que aconteceu para que a Cris fosse levada à prisão?
– Permita-me acompanhá-lo e lhe explicarei no caminho.
Acompanhei o vampiro até o quarto da Cris primeiro para depois à casa de Anya. Ele quase não me acreditou quando falei o número de contaminados que havíamos capturado na prisão, muito provavelmente por causa do Novo Cristal, assim como eu também quase não acreditei nas descobertas meio que miraculosas que surgiram na viagem deles. Separei-me dele na biblioteca, onde ele iria escrever o relatório da missão à Memória (que não seria nada pequeno) e fui para a Sala do Cristal.
– Até que fim resolveu aparecer Leiftan. – repreendia-me a Miiko.
– Desculpe, estava com Nevra até agora pouco, adiantando-lhe os últimos eventos de Eel.
– Tá, tá, tudo bem. Apenas me entregue essas mensagens pra ontem, por favor. – ela me entregava uma pilha de pergaminhos – E depois auxilie Huang Hua com tudo o que ela precisar de Eel.
– Como desejar. – deixei a sala para começar o meu trabalho.
Ezarel com toda certeza ainda não tinha deixado o laboratório desde ontem à noite, ou do contrario não teria me questionado o pedido de tantas poções para pernas, pois já teria visto as evigêneias (será que Miiko convidará a rainha para o baile?). Também entreguei mensagens ao Karuto, à segurança, aos purrekos e à Ewelein. Ewelein estava bem ocupada cuidando de todos os faerys resgatados pela Cris (espero que elas não fiquem cansadas demais com tudo isso).
Terminadas as entregas, acompanhei Huang Hua e as evigêneias até a loja da Purriry (aproveitando também para apresentar-lhes Eel).
– Huang Hua, é uma honra tê-la em minha loja! Como posso serrvi-lhe, miau?
– Olá Purriry. Viemos em buscas de roupas para as evigêneias usarem depois de receberem as poções para pernas de Ezarel. – explicou Huang Hua.
Purriry observou as sereias aladas com cuidado – E o que exxatamente eles têm em mente?
Ouvi a rainha falar algo em que parecia ser grego arcaico (não sou muito bom nessa língua) e o tal de Kyrius nos falou que a rainha se daria por satisfeita com algo que fosse parecido com o vestido branco que a Cris havia vestido minutos antes de voltar à forma humana.
– Acaso é o mesmo vestido que ela usou quando partiu para Memória? – questionei e Huang Hua me confirmou assentindo.
Eu me lembrava bem daquela roupa, era linda e eu imaginava a Erika dentro dele. Descrevi a roupa em detalhes para a Purriry e ela não demorou em trazer algo parecido com ele, além de opções que atendiam às mesmas necessidades daquelas sereias (até peças com menos detalhes para Kyrius, que lhe agradou muito). Acabadas as compras, pagas por mim e por Huang Hua, receberíamos as poções solicitadas à Ezarel no salão principal.
Não importava aonde íamos, mesmo já vestidas antes mesmo de adquirirem as pernas, principalmente as mulheres, as evigêneias não paravam de chamar a atenção por sua beleza. Não pude deixar de escapar um riso quando ouvi um casal discutindo porque o rapaz havia as seguido com o olhar, provocando o ciúme em sua companheira.
Fomos ao salão para aguardarmos pelas poções. Erika estava lá, ajudando Karuto na cozinha para poderem servir as evigêneias e um prato reforçado para a Cris por conta do esforço que a obrigou a ser carregada depois de terminar de resgatar os faerys da contaminação (já imaginava algo assim por conta do número de contaminados que apareceu). Deixei Huang Hua e as sereias conversando em uma mesa e fui ajudar na cozinha também (cada minuto que pudesse estar junto de Erika era precioso pra mim) com Karuto me vigiando, é claro.
Cris
Aqueles contaminados iam mesmo acabar comigo, mas enquanto ajudava o nono deles, senti algo renovar-me as forças. Isso foi um alívio, acho que eu ia acabar desmaiando em breve se não tivesse recebido esse reforço, mas será que irá durar até o fim?
Foi por pouco, se tivesse mais dois ou três, desmaiaria com toda a certeza depois de tantas horas. Jamon me carregou nos braços até o meu quarto. Destrancado por Anya, que ficou cuidando de mim até conseguir me levantar outra vez (o que só aconteceu lá pra hora do almoço) e onde minha mochila me aguardava do lado de fora (quem será que a trouxe? Tenho que agradecer).
Quando finalmente conseguia andar novamente (meio cambaleando como se tivesse acabado de acordar, mas andava), Anya e eu descemos para almoçarmos. Chegando lá, logo vimos Huang Hua e as evigêneias sentados em uma mesa com Ezarel junto delas (acho que acabaram de receber as tais poções para pernas que Anya me falou).
– Tudo bem se nos juntarmos a vocês? – perguntei com Huang Hua e Ezarel, que estavam de costas, se virando para mim.
– Olha se não é a bruxinha favorita de todos! – Ezarel brincava.
– Claro que pode querida. Como se sente? – Huang Hua me puxava uma cadeira.
– Com fome. – respondi – Pensei que ia desmaiar de cansaço antes mesmo de terminar de cuidar de todos os contaminados.
– É só você ficar em Eel até que todos os contaminados de Eldarya acabarem! – Ezarel sorria de lado ao falar. – Capturar um contaminado é bem difícil sabia!?
– Ela encarou mais contaminados em um mês do que você em um ano, acha mesmo que ela não tem ideia do problema que um contaminado é capaz de causar? – defendia-me Anya – E quanto à ela ficar sempre em Eel, graças ao que descobrimos em Memória, não vai rolar. – Ezarel acabou por revirar os olhos.
– Dê espaço elfo! Não posso entregar a comida da Cris à ela se você ficar parado no caminho. – Karuto pedia com uma bandeja cheia de comida nas mãos.
– A rainha aqui é a evigêneia de nome Margaritári! – reclamou Ezarel ao ver minha comida – E não a Cris.
– Reclame menos e trabalhe mais Ezarel. – requisitou a Erika que vinha logo atrás com outra bandeja que colocava em frente de Anya. – Você não viu o quão exausta ela ficou depois de gastar tanta maana sem parar para ajudar aqueles faerys!
– E chegou a aengel mais amada de Eldarya. – Ezarel não tem limites não?
– Há algum problema Ezarel? – disse Leiftan apoiando uma das mãos sobre um dos ombros de Ezarel, com um sorriso inquietante no rosto que pareceu fazer Ezarel tremer.
– Leiftan... – Erika lhe chamou a atenção e Karuto ria disfarçadamente da expressão de Ezarel.
– Nenhum. – Ezarel se afastava com um novo sorriso – Se me permitem, tenho de voltar ao laboratório para terminar algumas poções. Mais tarde volto para comer. – e deixou o salão quase correndo (acho melhor tomar certo cuidado com Leiftan).
– Mas então Cris... – Karuto me observava comendo – Já encontrou algum par para o baile do Solstício? – quase engasguei.
– Baile? Que baile?!
– Não falou do baile para ela ainda Anya? – questionou Erika.
– Acho... que me esqueci. – encolheu-se Anya no lugar.
– Será que podem me explicar que raio de baile é esse? – perguntei olhando para todos eles.
– É o Baile de Máscaras do Solstício. Um evento que comemora a chegada do inverno e o inicio de um novo ano, e que acontecerá daqui duas semanas. – explicava Huang Hua (sabia que estava esfriando demais).
– As máscaras são para nos lembrar que não importa qual é a raça ou aparência de um faery, todos somos seres vivos... com os mesmos direitos à vida. – seguia Erika.
– Não é obrigatório estar com um acompanhante para esse baile, mas é quase um costume que os rapazes façam o convite, quando já não se é um casal declarado. – prosseguiu Leiftan, olhando de lado para Erika no final (e com um pouco de tristeza na voz). Pobre Leiftan...
– Imagino que Nevra só não lhe convidou ainda por estar ocupado. – disse Anya apoiada em um dos braços sobre a mesa (Nevra como par?? Nem pensar!!).
– Hehe, conhecendo aquele vampiro, ele vai é preferir convidá-la pra dançar durante o baile, e não para ser seu par nele. – comentou Karuto, fazendo Anya despertar para algo.
– Que quer dizer? – perguntei.
– Isso é porque se um rapaz tem seu convite rejeitado, ele é obrigado a deixar aquela que tentou convidar em paz até o fim do baile! – esclareceu Anya.
– Realmente o Nevra nunca convida ninguém para lhe ser par. – Valkyon apareceu – Erika me contou como foi tudo lá na prisão, está tudo bem com você Cris?
– Estou muito bem. Obrigada pela preocupação.
– Não tem como ela ficar fraca por muito tempo depois de comer da minha comida, hehe. – disse Karuto – Melhor voltar pra minha cozinha agora, antes que os tontos que estão lá façam alguma besteira.
– Muito obrigada Karuto. Ah! E só pra você saber, está uma delícia! – falei colocando mais uma garfada de comida na boca, ele voltou ao trabalho sorrindo. Notei que as sereias (agora com roupas e provavelmente com pernas também, já que ainda lhes enxergava as caudas e nadadeiras) não pararam de cochichar e rir durante toda a conversa. – Acaso nossos novos amigos também irão participar do baile? – Siece me sorria.
– Sim, elas participarão. – respondia Huang Hua – Miiko as convidou para podermos ganhar tempo em reunir representantes de outras nações e assim readicioná-los à lista de raças faerys que habitam Eldarya.
– Amanhã retornaremos ao nosso lar para repassarmos ao restante de nosso povo as decisões tomadas por nossa rainha junto à Fáfnir, e depois retornaremos para participarmos do baile. Além de efetuarmos a reunião mencionada. – declarou Kyrius.
– O que me faz lembrar! – Anya acabou chamando a atenção de todos da mesa – Temos que procurar uma roupa apropriada para você usar no baile Cris!
– Tenho mesmo que participar? Eu não sei dançar... – confessei.
– Não acredito. – era Valkyon agora – Não depois de como a vi lutar, você literalmente dançava enquanto manipulava a espada! – fiquei vermelha.
– Isso será muito interessante! – falou Huang Hua com um largo sorriso no rosto.
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