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História Eldarya - Uma aventura inesperada - Cap.73


Escrita por: TsukiHime0713

Capítulo 78 - Cap.73


Cris

Aquela historia de luas e efeitos colaterais nos faerys me deixaram um pouco preocupada, sem falar que nós três continuamos com o nosso caminho até a cerejeira durante a conversa (em passo de lesma). Antes, eu não sentia nada quando ocorria uma Lua Azul, por exemplo, já que estava “dormente”, mas... e agora que comecei a ter controle da minha própria maana? Ou será que eu não havia me dado conta das mudanças?

– E então Erika? Aengels e dragões sofrem algum efeito com essas luas? – perguntei à ela e ela parecia refletir em alguma coisa.

– Olha, sinceramente, nunca senti ou percebi mudanças em mim durante a Lua Azul ou a de Sangue. Essa será a primeira vez que encaro uma Lua Púrpura! E Valk nunca me comentou nada. Se bem...

– Se bem que o quê?

– Preciso falar com ele primeiro para ter certeza. Não quero ser precipitada.

– Ok então. – (que tipo de suspeita será que ela guarda?).

– A última Lua Púrpura foi há uns dez anos atrás. – intercedia Anya – Meu pai, como elfo negro, sofreu influência naquela época. Minha mãe o manteve sobre efeito de soníferos até o amanhecer do dia se eu me lembro bem.

– Bom. Tenho certeza que em breve a Miiko estará fazendo um pronunciamento informando como que todos deverão agir, assim como ocorre com as Luas de Sangue. – declarou Erika.

– O último eclipse foi no meio de mesame que passou agora. – comentava Anya – Não esperava por um novo logo em p’irveli deste ano.

Mesame e p’irveli são nomes dos meses de Eldarya. Pela ordem são: P’irveli, 1º mês com 50 dias; Meore, 2º mês com 49 dias; Mesame, 3º mês com 50 dias; Sadzinebeli, 4º mês com 49 dias; Mekhute, 5º mês com 50 dias; Meekvse, 6º mês com 49 dias; e Meshvide, 7º mês com 50 dias (mas que nominhos hein!).

– Realmente, considerando que isso costuma acontecer uma vez a cada quase dois anos, está se repetindo rápido demais mesmo. E em cima de uma Azul!?

– O quê está se repetindo rápido demais? – Valkyon era quem nos questionava (já chegamos na cerejeira? Eu nem vi!).

Íamos começar a explicar quando a voz de Kero apareceu não sei de onde avisando que a Miiko ordenou que todos se reunissem no salão das portas para um aviso de extrema urgência – Não sabia que vocês tinham alto-falantes... – comentei.

– Alto o quê?

– Alto-falantes Anya. E não Cris, até onde eu sei, Eldarya não se dispõe desse tipo de equipamento, no entanto, eles possuem um feitiço cuja função é semelhante, que é o que o Kero acabou de usar com certeza.

– Nesse caso então, mais nova mascote da Obsidiana,... – Shiro me abraçava os ombros por trás (espero que Shiro esteja só na brincadeira. Já me basta aqueles dois) – ...vamos lá descobrir o que a nossa respeitável líder Miiko deseja para com todos nós de Eel.

Assentimos e seguimos todos para dentro do QG.

 

Miiko

Eu realmente não estou tendo sorte nesta virada de ano... O ataque vindo de Apókries, as ameaças lançadas contra a Cris (e contra mim), o Lance foragido e agora a “novidade” trazida por Keroshane.

Conversava com Oluhua e Ezarel sobre alguns itens que, graças à reunião efetuada por conta das evigêneias, não ficarão em falta por muito tempo. Levei um susto ao ver o Kero entrando na Sala do Cristal com cara de quem correu por Eel inteira.

– Mas o que foi que aconteceu Kero? – perguntei.

– Lunna contatou Eldarya. – (eu mereço...) – A próxima lua cheia não será Azul, será Púrpura!

– Ótimo! – fui sarcástica – Alguém se lembra dos procedimentos que adotamos na última vez?

– Se não me engano, a última vez ocorreu há exatos 15 anos atrás. Nessa época eu estava em missão longe daqui então não tenho ideia do que foi feito. – comentou Ezarel.

– E na época, Miiko estava doente de cama. – Oluhua está na guarda há bastante tempo (sem falar que por estar de cama, eu nem vi a Lua passar) – Não sobrou nada sobre o assunto não Kero?

– Só o que nos foi fornecido pelos próprios habitantes, depois do ataque daquela criatura que Lance soltou na biblioteca. – explicou Kero enquanto me estendia alguns pergaminhos contento os registros junto da mensagem de Lunna. Comecei lendo os registros.

– De acordo com isso... Os métodos utilizados foram semelhantes ao que fazemos durante a Lua de Sangue e a Lua Azul, porém, com cuidados estendidos aos adultos também. E também há a explicação de como reconhecer aqueles que são afetados e como são afetados.

– Ainda bem que eu sempre escapo! – revirei os olhos com as palavras de Ezarel – Mas quando irá repassar a noticia Miiko?

– O mais rápido possível. Kero, convoque todos com urgência na Sala das Portas para comunicarmos todos; Ezarel, ponha a Absinto para preparar o máximo de poções e feitiços possível para garantirmos a sobrevivência de todos antes, durante e depois da Lua Púrpura, e Oluhua, faça-me o favor de enviar o aviso sobre a Lua para todos que estão fora em missão, peça ajuda ao Purrero se necessário. Todos os afetados e suspeitos terão três horas para encontrarem um “guarda” para a noite depois que avisarmos todos.

– E quem vai ser o seu “guarda” Miiko.

– Pedirei a Jamon como sempre Ezarel. Agora vão logo!

– Sim senhora. – disseram todos saindo logo em seguida.

Saí da sala também acompanhada de Jamon a quem eu já estava deixando ciente que o queria cuidando de mim enquanto ajudava a preparar o palanque improvisado para poder dar o aviso. Vinte minutos se passaram e parece que todos já estão aqui considerando o quão apertado ficou o lugar.

– Peço silêncio, por favor. – metade ainda me ignorava (eu já não estou com paciência...) – SILÊNCIO!!!! – agora todos calaram – Fui informada mais cedo que Lunna, a astronâmini, alertou toda Eldarya de que a próxima lua cheia, que seria uma Lua Azul, na verdade será uma Lua Púrpura. – alguns cochichos começaram a se formar – E devido a isso, todos deverão seguir os procedimentos utilizados para as Luas de Sangue e Azul, com o diferencial que não haverá exceções por faixa etária. Ou seja, independente do faery influenciado ser jovem ou não, terá que se rebaixar às exigências impostas.

– E como são esses procedimentos? – alguém perguntava, provavelmente um novato ou recém-chegado.

– Como há muitos recém-chegados, eu irei explicar: 1º - todos os faerys influenciados pela Lua deverão ficar confinados em seus quartos ou residências durante a passagem da mesma até que o sol surja. 2º - para garantir que os afetados cumprirão com o exigido, os mesmos deverão escolher alguém de sua confiança que aceite vigia-lo durante toda a noite. No meu caso, como kitsune que geralmente sofro influência com a Lua Azul, já escolhi o Jamon para velar pelo meu confinamento. – alguns pareceram surpresos com isso – Os “guardas” que aceitarem passar a noite em claro terão folga no dia seguinte para que possam descansar. 3º - para uma maior segurança, as “celas” de vocês deverão ser reforçadas com encantamentos que só permitam aos seus ”guardas” as abrirem. Já imbui a Absinto de produzir e fornecer os mesmos, mas se alguém preferir usar métodos próprios para manterem seus “cativeiros”, confirmem com o líder da Guarda Absinto, o Ezarel, se eles possuem o mesmo efeito. 4º - no que se refere às missões, todas as de longo prazo estão suspensas ou adiadas até o dia seguinte da Lua Púrpura, para que assim saibamos se os responsáveis pela efetuação das mesmas estarão ou não em condições de prossegui-las.

– Oh Miiko... – vi a Cris levantando a mão – Como que sabemos com certeza quem sofre ou não efeitos da lua? – daqui de cima pude notar que a Cris não era a única com essa dúvida, e aposto que ela só perguntou isso por causa dela mesma.

– Segundo alguns registros que temos, assim como as luas de Sangue e Azul - cuja as listas de faerys influenciados são somadas para formar a lista da Púrpura - os afetados passam a assumir e/ou adquirir reflexos da cor da lua em questão em seus olhos. Aqueles que já possuem a íris da cor da lua, nesse caso, púrpura, apresentam um tom mais escuro, e de acordo com esses mesmos registros, os faerys em questão sofrem amnésia sobre a passagem. Se algum de vocês já passaram por uma Lua Púrpura, mas não recordam do fato, considerem-se como parte da lista. Há alguma dúvida?

– Tem alguma recomendação específica para aqueles que não sofrem influência ou que não trabalharão como “guarda”? – pude ver um rapaz perguntar.

– Sim. Aqueles que não sofrem influência e que não estarão auxiliando na segurança dos mesmos, evitem ao máximo de deixarem seus quartos ou casas por conta da possibilidade de um influenciado sair de seu “cativeiro”. Lembrem-se que tanto a nossa enfermaria como nossos enfermeiros e curandeiros possuem limites. – aguardei mais alguns instantes e ninguém mais perguntou nada – Muito bem, dentre os membros do QG, todos receberão uma pausa de três horas de suas respectivas atividades para se acertarem. Caso haja algum desinformado que não tenha comparecido a esta reunião, peço para que os presentes repassem tudo o que lhes informei. Já ordenei que aqueles que estão fora em missão neste momento sejam contatados por meio de mascotes. É isso, que tenhamos boa sorte e que o Oráculo olhe por todos nós. Estão dispensados.

 

Anya

Enquanto a Miiko deixava a mesa que ela usava de palanque com a ajuda de Jamon, metade daquele povo saiu para fora. Da metade que ficou, alguns subiram para o laboratório de alquimia e outros começaram a conversar entre si. Notei que a Cris parecia refletiva.

– Planeja adicionar as explicações sobre as Luas em seu guia Cris? – questionei-a.

– Ainda bem que eu deixei algumas páginas em branco, não é mesmo? – disse ela sorrindo, eu apenas concordei.

– Bom Estrelinha, acho melhor avisarmos sua mãe para que nós possamos ir nos preparando, tenho sua licença senhor? – meu pai perguntava ao Valkyon.

– Certamente. Como a Miiko acabou de declarar, todos estão suspensos por no máximo três horas para se organizarem, mas assim que acabarem assumam seus postos imediatamente. Irei falar com a Miiko sobre a segurança de Eel depois de amanhã.

– Boa sorte e... – Erika começou a cochichar alguma coisa ao ouvido dele – Nos vemos mais tarde?

– Claro meu amor. – o Valkyon beijava a testa dela – Até breve para todos. – e ele se foi em direção à sala do Cristal.

– Ô pai! Eu não posso ficar mais um tempo com a Cris não? Ela mal deixou a enfermaria e já temos uma Lua Púrpura para lidarmos. Tenho certeza que a mamãe já tem quase tudo pronto como sempre.

Meu pai deu uma risada que até chamou a atenção dos mais próximos – Concordo com você. Não duvido nada de que será moleza para a sua mãe cuidar de mim e, quem sabe, de você também Estrelinha. E duvido que aquele alquimista metido a engraçadinho irá discordar dos métodos dela que, se nós dois a conhecemos bem, ela já está trabalhando nisso.

Todos nós acabamos rindo de leve – Mas agora é sério papai. Posso permanecer com a minha amiga por mais um tempo?

Ele começou a nos encarar com um olhar sério – O quê vocês irão fazer? – meu pai encarava a Cris.

– Bom, graças a essa reunião, um monte de gente já sabe que eu deixei a enfermaria, então vou apenas até aqueles que considero mais próximos para dar um oi e depois vou ver se estudo alguma coisa já que não posso treinar ou “trabalhar” por enquanto.

Meu pai acabou erguendo uma sobrancelha, mas cedeu de boa (ufa!!). Ele nos deixou pra ir ver a minha mãe, nos mandando tomarmos cuidado. Erika e eu continuamos fazendo companhia à Cris e conversamos com algumas pessoas no salão principal. No meio disso, Absol apareceu com alguns objetos e acompanhado do Purral. Apesar de tudo, a Cris tem mesmo uma grande sorte, os itens trazidos por Absol eram os mesmos que Purral pedia hoje por uma de suas sacolas e a Cris acabou ganhando um par de brincos de ouro com pedras azuis (acho que ele disse que o nome da pedra era labradorita) que ela experimentou na hora!

Conversa vem, conversa vai, a Cris resolveu almoçar no quarto dela, “sozinha”, com Absol lhe fazendo companhia e eu... acabei indo pra casa.

 

Cris 2

Com o fim daquela reunião informativa e após Anya receber permissão de continuar comigo, as únicas pessoas que eu tinha certeza que talvez pudessem falar dois minutos comigo eram Karuto e Twylda. Seguimos até o salão e lá estavam eles trabalhando na cozinha. Erika continuou comigo, mas assim como a Twylda, ela quase deu um pulo quando Absol resolveu aparecer no meio de nós e com o Purral junto dele (que por sinal parecia se divertir montado em um black-dog).

Eu não sei sobre os mascotes de Eldarya, mas Absol chega a me parecer meio humano de tão esperto que ele é. Já que, graças à ele, eu pude ter a sorte de ganhar um par de brincos de argola que achei lindo.

Ao que entendi durante nossa conversa, brownies, sátiros e purrekos estavam fora da lista de faerys afetados pelas luas especiais. Para que mascotes sofressem algum tipo de influência, depende muito da espécie, pois poucas tinham um relacionamento especial com a lua.

Na hora de almoçar, achei melhor comer em meu quarto (Erika não parecia ter certeza sobre a relação dos dragões com a lua então... vamos falar diretamente com a fonte) antes que alguém achasse uma boa ideia me chamar para servir de “guarda” (meus olhos e amuletos, mais os treinos de Absol e meu chefe podem até me ajudar a me proteger, mas à noite eu prefiro é dormir!). Fui para o meu quarto e Anya para casa, antes que seu pai ficasse nervoso. Entrando em meu quarto, Lance estava meditando nos fundos e Absol foi logo se deitar na cama dele onde ficou só observando.

– Almoço. Vem comer? – falei enquanto separava a comida.

– O que temos para hoje. – via-o se erguer sem pressa.

– Purê de batata com mandioquinha, filé de peixe empanado e... – encarei o terceiro item – acho que um refogado de legumes?  Também trouxe suco de fruta da lua com maçã e laranja. E para sobremesa, um pedaço de bolo de chocolate. Objeções?

– Nenhuma! – ele sentava-se animado para comer – Ser a favorita do cozinheiro tem mesmo muitas vantagens.

Ignorei-o. Nos sentamos pra começar a comer e o fizemos em silêncio (silêncio até demais). Assim como hoje cedo, Lance parecia distante durante a refeição, frio até. Estava terminando de consumir a minha parte quando eu finalmente tomei coragem para falar.

– Me diz Lance... – ele continuou “longe” – A Lua de Sangue tem algum efeito sobre os dragões?

– Não. – (que seco!).

– E a Lua Azul?

– ...

– Não vai me responder?

– Porque você está perguntando sobre isso. – ele continua me evitando.

– Porque a próxima lua cheia será Púrpura! – mal terminei de falar e ele começou a me encarar surpreso (finalmente uma reação!).

– Como sabe que a próxima lua será Púrpura? – expliquei a ele sobre o aviso de Lunna e as medidas que Miiko tomou para seguirmos – Faz sentido. – e ele voltou para a cara vazia... Ahff!

– Mas agora diz, a Lua Azul afeta os dragões? Vou precisar ter cuidados especiais com você Lance?

De início ele pareceu pensar no que dizer de olhos fechados e depois de uns dois minutos, ele soltou um longo suspiro antes de voltar a falar.

– A Lua Azul em si, não mexe muito com nós dragões, no entanto... – apenas me concentrei mais nele enquanto ele dava outro suspiro – A Lua Púrpura consegue nos afetar um pouco.

– De que forma?

– Passamos a agir mais pela emoção do que pela razão. Quase sempre preferimos atender aos nossos instintos. Como Valkyon e eu fingíamos ser faelianos, para nos protegermos durante a Lua, nos dois nos isolávamos para ficar o tempo todo meditando e assim escondermos nossa verdadeira natureza.

– E o que mais? Vocês realmente sofrem amnésia como a Miiko disse?

– Mais ou menos. – (??) – Não nos esquecemos de tudo, e se tiver alguém junto, é possível controlarmos nossos atos se o mesmo nos lembrar de usarmos a razão.

– Então... a única coisa que preciso me preocupar é o possível efeito da Lua sobre mim? – Lance começou a me lançar aquele sorriso detestável (e sinceramente, prefiro ele à aquele gelo!).

– Se quiser podemos vigiar um ao outro durante a passagem da Lua, mas sugiro que ao invés de meditar como eu, você apenas reze o seu tal terço, pois com certeza sua maana estará muito mais forte.

Acabei revirando os olhos ao mesmo tempo em que respirava fundo – Você vai me ensinar o que me prometeu quando ainda estava internada ou vou ter que convencê-lo...

– A Língua Original ou a Crista de Maana?

– Qual é o mais fácil?

– Crista de Maana.

 

Nevra

Dormi como uma pedra. O crepúsculo ainda se iniciava quando despertei finalmente. Como estava com fome, fui direto para a dispensa pedir uma bolsa antes que eu começasse a procurar uma pessoa. Notei que o QG parecia mais agitado que o normal e quando estou com fome não consigo pensar muito bem. Peguei minha bolsa e sentei-me em uma mesa mais isolada, mas não demorou para que eu adquirisse companhia...

– Meu caro sanguessuga! – (estou quase ouvindo o Gelinho falando...) – Já se preparou para depois de amanhã!?

– Depois de amanhã?? O que terá depois de amanhã Ezarel?

– Mas aonde que você esteve durante o dia todo?!?

– Dormindo. Agora desenrola. – Ezarel sentou-se rindo da minha cara e repassando as novidades enquanto eu consumia a minha bolsa – Droga. Ainda há gente livre que possa ser o meu “guarda”?

– Só um quarto de Eel bem dizer não terá de ficar “presa” ou vigiando durante a passagem e dentre eles, metade vai estar trabalhando na segurança da cidade e a outra metade é de crianças, idosos e doentes. Eu já vou estar de olho nos elfos negros, que são sete, que fazem parte da minha guarda, então não posso ajuda-lo.

– Sabe quem que minha irmã e meu futuro cunhado chamaram para vigia-los...? – coçava a cabeça tentando pensar em quem procurar primeiro.

– Sei. Eles chamaram a Alajéa e o Sonse para cuidarem deles. Os dois não são afetados pelas Luas - apesar da Alajéa ser uma sereia - então os quatro já combinaram entre si.

– Tudo bem, uma preocupação a menos. Agora só preciso de alguém para cuidar de mim! – falei terminando finalmente de me alimentar.

– Nisso eu só posso lhe desejar boa sorte meu amigo...

Respirei fundo, e comecei a correr o olhar pelo salão sem me focar em nada especificamente, mas acabei retornando meu olhar sobre uma pessoa que... talvez? – Ezarel... – chamei-o.

– Fale Nevra.

– Sabe me dizer se a Cris faz parte dos que precisam se isolar? Quero dizer, ela é parte aengel/daemon e parte dragão não é mesmo?

– Bom... se ela for mais daemon que aengel, talvez. Quanto ao lado dragão, imagino que Valkyon teria nos contado depois que descobrimos a verdade sobre a natureza dele e do irmão. Se bem que ainda temos que levar a parte humana dela em consideração...

– Durante a Lua Azul, Valkyon gosta de meditar assim como os fenghuangs e Erika lhe faz companhia. Me questiono se ele o faz por costume ou porque não quer dar trabalho para a Guarda.

– O que está querendo dizer com isso Nevra?

– Você já chegou a ver os olhos de um deles na passagem da Lua Azul? Tanto os aengels quanto os dragões tem grande envolvimento espiritual. Será que eles nem notam uma possível influência?

– Você acha?

– A Lua Púrpura tem muito mais poder que a Lua Azul ou a Lua de Sangue, então... essa seria a chance de descobrirmos a verdade?

– Te achei finalmente! – Anya se aproximava de nossa mesa – Tem ideia de há quanto tempo eu estou te procurando Ezarel?

– E porque motivo você estaria atrás de mim pirralha?

– Aqui. – ela entregava um pergaminho a ele – Era pro meu pai lhe entregar, mas como ele está ajudando minha mãe para a Lua Púrpura, vim lhe entregar no lugar dele.

– Ok, já pode ir se for só isso pirralha.

– E era “rabujo”. – Ezarel lhe estendia um olhar confuso – Se me dão licença.

– Espere Anya... – a Cris já não estava mais na bancada da cozinha – Saberia me dizer o que a crylasm que me rejeitou hoje cedo planeja?

– Olha Becola, até onde eu sei, a Cris passou quase o dia todo no quarto estudando e fugindo de quem poderia pensar nela como “guarda”. Ela me pareceu bem preocupada com a possibilidade de poder sofrer algum efeito com a Lua.

– Isso quer dizer que ninguém teve a oportunidade de chama-la ou te tentar convence-la a aceitar ser uma “guarda”?

– Tira o sorriso do rosto Becola! E como é que o senhor faria para convencê-la a aceitar cuidar justo do senhor?

Dei de ombros – Absol... – (e Lance) – podem ajuda-la nessa missão.

– Pois vá falar com ela! – dito isto, Anya saiu meio que brava do salão.

– Você realmente pretende chamar a Caçadora para tomar conta de você? E se ela decidir dar um jeito em você e depois usar a Lua como desculpa? – um riso fungado me escapou.

Ignorei o meu amigo e fui bater na porta da Cris. Claro que antes dei uma escutada nas conversas deles (mas o que é que eles estão fazendo agora?).

 

Cris 3

Crista de Maana. Ou Escudo de Maana, um feitiço cujo propósito é criar uma espécie de segunda pele para proteger o seu corpo de feitiços e maldições e/ou permitir que você percorra ambientes inóspitos sem correr risco de vida. Há duas formas de se utilizar esse feitiço:

1ª - Você utiliza toda a sua concentração para criar e manter a segunda pele. A duração deste feitiço depende do quanto de maana seu corpo é capaz de armazenar. Mas, se você se desconcentrar por um instante que seja... o feitiço quebra.

2ª - Você utiliza de concentração para cria-la, mas com o auxílio de um encantamento na Língua Original, não há a necessidade de continuar se concentrando na pele para mantê-la. O encantamento o faz por você. E assim você pode se concentrar no que quiser, no entanto há um limite de duas horas.

De acordo com o Lance, a Crista de Maana é umas dez vezes mais fácil de se aprender do que a Língua Original (aham, sei...).

– Você não está se concentrando direito. Quantas vezes terei que lhe explicar? – Lance me dava bronca por não conseguir fazer o que ele dizia – Invoque a sua maana como lhe ensinei antes; imagine-a como uma bolha de energia maciça, para em seguida imagina-la crescendo e lhe envolvendo como se fosse uma pele. Não é difícil.

E o pior é que ele continuava frio comigo – Juro a você que estou tentando! E quando é que você vai parar de continuar frio desse jeito comigo? – ele respirou bem fundo antes de voltar a falar.

– Vamos fazer uma pausa, já devem até estar servindo o jantar agora. Eu vou tomar banho, nisso você busca o de comer para nós dois. – disse ele já se levantando.

– Tá! Como você quiser! – levantei-me meio irritada enquanto ele seguia pro banheiro e Absol bocejava na cama dele.

Nós dois estávamos sentados de pernas cruzadas no meio do quarto, só que um a frente do outro dessa vez. E ele estava certo, já era tarde. Começamos com aquele treino lá pra uma da tarde, e agora já é quase seis. E não fizemos pausa alguma durante o treino! Com tanto tempo sem comer mais a frustração de não conseguir avançar muito (a minha “bolha” tinha que sempre se estourar no segundo seguinte que a criava!?...) não é surpresa eu estar irritada agora.

Desci rápido e me desviando de qualquer um que pudesse querer me “convidar” a ser seu carcereiro (já tenho o Lance para me preocupar e eu nem sei direito como isso vai ser). Chegando no balcão da cozinha, vi Karuto ameaçando um par de faerys que o questionava justamente sobre a possibilidade de eu cuidar de algum deles (eu queria dormir nessa noite... _choramingando_), fazendo-os correr em disparada. Peguei um lanche e agradeci ao Karuto tanto pela comida quanto pela sua consideração para comigo. Não me demorei mais que o necessário.

Cheguei de volta ao meu quarto e o Lance deixava o banheiro. Dividi a comida (um sanduíche de frios e um de geleia com chocolate mais uns 400ml de suco (agua) de coco) entre nós e ele começou a me explicar com mais detalhes sobre como funcionava a lua Púrpura, além de me listar com precisão quais raças faerys sofriam com cada lua... sem abandonar aquela frieza esquisita (_fazendo beiço_). A conversa foi interrompida com alguém batendo na porta.

(Tenha santa paciência) – O que o vampiro mais chato de Eel deseja de mim agora? – perguntava ao Nevra.

– Lhe implorar por um imenso favor. – ele me respondia (já estou vendo tudo...) – Fico de joelhos se for preciso para poder obter o seu sim!

Que favor?...

– Que você seja a minha carcereira. – me espantei (é o quê!?) – Por favor, por favor, por favor, diga que sim! – ele já se ajoelhava diante de mim, me agarrando os joelhos.

– Posso saber por que raios você quer que EU te vigie? Eu nem sei se EU vou estar livre de influências! – tentava afasta-lo de mim (e pela forma com que Lance está apertando as mãos, ele está se segurando).

– Eu estou contando com as suas orações! Com a sua maana para ser mais preciso. Eu sempre me sinto mais calmo quando envolto por ela, tenho certeza que isso não só ajudara a te manter segura como a me manter mais sossegado também.

– Olha Nevra, eu...

– Pode ir acompanhada de quem você quiser se assim preferir! – pude notar um sorriso surgindo no Lance (esse vampiro tem ciência do que está me dizendo?) – Por favor, por favor! Atento qualquer pedido seu se aceitar! Mas diga que aceita... – vi que o sorriso do dragão alargava (meu Cristo amado!!).

Ergui as mãos fechadas em oração ao rosto, apertando os olhos, e respirei beeem fuuundo... (Mãe santíssima, seja minha guia) – Eu realmente posso levar quem eu quiser? – perguntei e ele me assentiu com a cabeça – E poderei mesmo lhe pedir qualquer coisa em troca?

– Se estiver no meu alcance... Pode! – respondeu ele ainda de joelhos.

Sentei-me em uma cadeira próxima, ergui a cabeça para o teto e respirei fundo mais uma vez (devo ou não devo...). Pensei em tudo que me foi explicado sobre as luas, sobre os faerys afetados (incluindo o Lance), sobre os comentários de minha maana... _suspiro_.

Dei uma olhada ao redor do quarto para poder disfarçar quando eu olha-se para o Lance (que me pareceu curioso com a minha decisão). Nevra ainda aguardava por minha resposta sem se erguer do chão ou se afastar da porta. Respirei mais uma vez (Pai que eu esteja fazendo a escolha certa).

– Tudo bem Nevra. – respondia o encarando (e ele nitidamente feliz com minha escolha) – Eu aceito ser a sua babá durante a Lua Púrpura...

– Muito, muito, muito obrigado!! – dizia ele ainda de joelhos e agora diante de mim, me beijando a mão (Lance se aguente, pelo amor de Deus!!).

– Mas fique ciente que vou lhe cobrar as promessas que acabou de me fazer! – falei vermelha.

– Sem problemas. Você pode ir acompanhada de seu guardião, guarda-costas, ou de seja lá quem for. E quanto ao pedido, mesmo que ele não me agrade, estando na minha alçada, irei lhe atender. – declarou ele me dando um último beijo na mão.

– Tá, tá, tudo bem! – (meu Pai, eu estou suando!) – Agora saia do meu quarto antes que eu resolva mudar de ideia!

Com um sorriso largo no rosto, ele se ergueu, me fez uma reverência, e saiu do quarto fechando a porta atrás dele. Não sei disser o que a cara que Lance fazia significava, mas meu Pai, no quê que eu fui me meter???

 

 

 


Notas Finais




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