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História Ele está logo atrás - 21- Após tudo o que houve


Escrita por: Srta_Coruja_

Capítulo 41 - 21- Após tudo o que houve


Fanfic / Fanfiction Ele está logo atrás - 21- Após tudo o que houve


As aulas eram boas quando Kenan estava, tirando a parte da existência de um outro garoto delinquente e vulgar. Nunca imaginou como era a sensação de estar apaixonada como naquela época, os sentimentos criavam uma escada e tudo o que fez foi seguir pelo caminho oferecido.

Ela nadou com ele, como dois seres aquáticos fazendo uma bela dança na água cristalina. Um erguendo-a sobre a água, não só ensinando a flutuar como a sentir algo que jamais sentiu.

Então tudo era único, não havia sentimento restando para nenhum outro homem senão aquele. A sensação de união era tão intensa quanto sua presença. Ele a fitando sem poder enxergá-la, explicando tudo para ajuda-la nas lições, ou tirando seu tempo precioso para compartilhar seus gostos por músicas jazz.

Aquele embalo cada vez maior, gastando todo o tempo com eles, substituindo os estudos pela relação inseparável.

Inseparável?

Era o que Jane achava, mas passara anos separada de alguém que almejou por dias e noites sem parar, evitando todas as proximidades de interessados acreditando que ele voltaria.

E voltou.

A frase seguia seus pensamentos como uma flecha venenosa:

-Você é Jane Willis, Certo?

A jovem despertou assim que sentiu seu corpo deitar sobre a maca hospitalar; a primeira impressão que tivera, era que estava correndo perigo. Mas as lembranças de sua fraqueza segundos depois do encontro inesperado era chocante.

Comprimiu os olhos contorcendo a boca, a luz branca da sala machucava sua visão; ela lutou um pouco para sentar na maca sentindo o desconfortável tecido abaixo de si e ignorou o murmuro de alguém lhe pedindo para se deitar. Estava esfregando os olhos, parecendo que havia adormecido por horas mesmo que a sensação fosse de ter piscado e acordado ali.

-Jane você está bem?- Giulia tocou as coxas da amiga para acordá-la mais ainda.

-Diz que foi um pesadelo. – Jane resmungou recordando de como foi parar ali, na sala de enfermagem. A morena ao seu lado não respondeu esperando que a jovem fosse confirmar. Quando se acostumou com a luminosidade e principalmente o frio do ambiente afastou as mãos dos olhos e observou as cores excessivamente brancas da sala. A cor dos cabelos ruivos de Miranda se destacavam primeiro no canto da sala, ela também estava sentada numa maca distante observando-a curiosamente. Logo em seguida a única porta dupla do local se abriu com facilidade rangendo baixinho, a enfermeira sophia foi entrando com as pressas com uma cara fechada, seguida por Kenan que adentrou sem muita paciência. -Oh céus, não é um pesadelo!- Jane não estava entendendo nada.

-Eu cuido dela senhor K.M. -A enfermeira avisou sem esboçar seu sorriso. -Sou enfermeira. -Cruzou os labios mordendo os lábios após virar-se para o rapaz que suspirou irritado.

-E eu sou médico além de psiquiatra. -O homem virou na direção de Jane parando ao notar seu despertar, e mais uma vez ela pode sentir a mesma falta de ar. Assim como ela, ele também parecia fita-la com certo interesse e confusão.

-Não há nada a se fazer. -Interveio Kinasota descendo de uma das macas. -Ela já despertou.

-Preciso analisá-la. -K.M a repreendeu friamente.

-Senhor eu cuidarei dela, é o meu trabalho. -Sophia tentou.

-Ordens do senhor pollgs. -Ele relanceou um olhar afiado. -Agora eu preciso que se retirem da sala. Você também Miranda.

Elas ficaram confusas, Sophia fechou a cara sentindo-se desnecessária pela grosseria de K.M e Miranda insistiu em ficar mais não obteve resultado.

-Eu não estou entendendo. -Miranda parecia uma garota mimada.

-Vamos bruxa. -Giulia revirou os olhos a guiou colocando as mãos em seus ombros. -Nós precisamos voltar para as seções, é o nosso trabalho aqui.

Rolpher trocou olhares com J.W e foi praticamente puxando a ruiva para fora da sala de enfermagem, a curiosidade dela também afetava Willis, talvez não mais do que estava acontecendo agora.

Ele voltou a atenção para ela, seu olhar era tão intenso e penetrante que a fazia se sentir timida com a presença do homem. Nunca se sentia assim antes, nunca tivera motivos para não olhar em seus olhos, envergonhada.

Kenan carregava uma prancheta nas mãos junto com uma caneta azul, ele a estudou atentamente uma ultima vez pensativo antes de voltar a observar algumas folhas rabiscadas sobre a pancheta, havia um papel pardo abaixo do objeto pela qual ela se recordava ser um arquivo de informações de um paciente. Ela imaginou porque ele estaria com aquele documento importante em mãos.

-Muito bem. -Falou primeiro. -Antes de iniciar as perguntas posso adiantar o que houve na reunião, onde era para você comparecer.

-Ei...- Os lábios dela tremeram, achava tudo tão confuso que estava adotando algumas teorias, pensava que a qualquer momento, inclusive quando estivessem a sós, ele se explicaria porque agiu como se não a conhecesse. Que pediria desculpas e diria tudo. Mas quando nada disto ocorreu, Jane sentiu medo, um medo incomum que apertava seu coração e a fazia querer chorar.

-Os investigadores da FBI foram informados, eles estão tentando encontrar o meu paciente. -Interrompeu.-Não conseguiriam encontrá-lo em lugar algum, mas achamos que ele possa estar se escondendo na floresta local, já que não possui nenhuma moradia próxima. -Ele finalmente voltou a atenção para ela, arqueando as sombrancelhas agindo de modo indiferente, quando fez isso, jane murmurou um “pare” negando com a cabeça enquanto o encarava, enraivecida e Incorfomada. Aliás, dane-se o paciente, Jane queria saber sobre Kenan, queria entendê-lo, aquilo não fazia sentido, parecia uma brincadeira de mal gosto.

Ele não parou:

-Porém precisamos continuar mantendo essa fuga em segredo, não precisamos de mais cabeças pensando num pacientes da clínica local que escapou. -Pausou, percebendo que a jovem parecia estar em transe. -Agora quero que me conte quais mudanças de comportamento você não citou nos papéis de diálogos dias antes da fuga. -Observou as folhas com as escritas de J.W, - Você entendeu? -Cerrou os olhos.

-Pare. -Finalmente abriu a boca, e fez um gesto para que ele não insistisse, fechou os olhos e respirou fundo antes de abri-los. Ela não queria responde-lo, aquilo não resolveria os problemas dela, e sim da clínica. -Pare com isso.

-Isso o quê?

-Isso. -Implicou. -Pare de fingir que não me conhece! Apenas pare!

K.M jogou a prancheta com a papelada levemente ao lado dela e cruzou ao braços como se quisesse compreender e esclarecer aquela situação.

-Escute-me. Se eu a conhecesse teria agido de outra maneira; mas não a conheço, isso significa que você deveria simplismente responder minhas dúvidas. -O rapaz disse um pouco áspero.-A sua falta de cooperação me irrita.

-Pare de ser tão rude! -J.W fechou a cara esbravejada pela situação, ergueu-se para trás tentando reconhecê-lo, mas aquilo parecia um pesadelo. – E não minta para mim. -Alterou a voz.

-Não estou mentindo.

-Por que você se afastou de mim? -Questionou outra vez, uma lagrima despencara de seu olhar triste, mas o homem não compreendeu a situação.

-Quer saber. Vamos fazer assim. -Ele lambeu os lábios. -Você colabora comigo e eu colaboro com você.

Mesmo irritada com o jeito estranho que Kenan estava agindo depois de tanto tempo, Willis aceitou que a única forma de entender era colaborar com o rapaz primeiro, o mesmo no mesmo momento em que ela assentiu começou as perguntas.

-Ótimo. -Suspirou. -Como ele reagiu a primeira vez que entraram?

-Ele não disse nada em todas as seções que tivemos. -Lembrou. -Não foram muitas. -Ele parecia assustado com a nossa presença.

-O que mais? -Exigiu analisando a resposta pensativo. -Qualquer coisa que não anotou na folha é importante.

Houve um momento em que se mecheu constrangida ao lembrar de algumas cenas em questão que a princípio ignorou por não serem muito importantes. Jane engoliu em seco pressionada pela impaciência e presença de K.M com ela. Se ela parasse ali mesmo, ele não poderia explicar nada sobre o que desejava.

-A maioria das vezes o paciente olhava para mim, mas não sei explicar o que estava se passando no olhar dele. É tão difícil já que usa uma máscara.

-Ele tentou manter algum contato físico?

-Chegou a encostar a perna na minha, ele também me parecia muito ansioso, chegou até a quebrar a caneta da Giulia. -Respondeu.

-Perfeito. -Refletiu. -Você fez alguma coisa para ele, algo que o irritou? -Indagou.

-Não faço nada além de escrever. -Deu de ombros, tensa.

-Eu sei -K.M voltou para trás abrindo um armário de metal procurando algumas coisas que trouxeram curiosidade a jovem. Parecia tão forte naquele jaleco levemente apertado que a mulher sentiu vontade de sentí-lo, seu cabelo esta tão curto a ponto dela sentir saudades dos longos fios que chegavam até os ombros.

-Richard contou tudo o que houve segundos antes do paciente escapar. -Ele a estava olhando através do reflexo da janelinha de vidro do armário, aquilo fez Willis ruborizar em vergonha por ter sido pega observando-o. -Quero que me conte em mais detalhes. -Virou-se com uma bandeija com um curativo e outros acessórios, sua mãos estava coberta por uma luva.

-Foi o que aconteceu. -Ela tocou o próprio pescoço e percebeu que o curativo havia caído provavelmente durante seu desmaio. -Ele estava nervoso e Giulia precisou dar-lhe um calmante, então ela pediu para que eu enchesse o copo com água e foi o que fiz. -Estava com a bandeija ao lado dela, sua proximidade a deixava enlouquecida. O observou de canto enquanto este preparava um curativo. -Escutei um barulho esquisito e quando me virei ele estava atrás de mim e Giulia estava desacordado sobre o chão. James deveria ter tentado escapar, Rolpher tinha o cartão em volta do pescoço, não é estranho? 

-Não.-Respondeu.-Continue.

-Hum... Tentei escapar mas ele me agarrou, tentou me enforcar, mas parou e bem... -Apontou para o pescoço. -Me deu este presentinhos aqui.

-Posso? -McKausen perguntou erguendo a sombrancelha de um jeito que o deixava sexy.

J.W assentiu enquanto ele tocava a extremidade da ferida com a ponta de seus dedos, sentiu o calor do corpo dele próximo a ela, e isso fora o suficiente para fazê-la arrepiar, o toque mesmo que pela luva de látex, era o principal responsável.

-Alguns pacientes tem seu modo de defesa. -Ele explicou enquanto analisava cuidadosamente.-Alguns do último setor mordem, outros arranham, outros perfuram; ou alguns tentam se machucar e sujar os psiquiatras com o sangue. -Suspirou enquanto posicionava o curativo. -Por mais que meu paciente não represente essa característica, ele deve ter ficado violento com a troca de profissionais; isso... -Ele terminou de colocar o curativo tão rápido quanto se afastou com a bandeija. -É só uma forma de vingança pelo estresse que passou.

-Quando James saiu de cima de mim, alguém havia aberto a cela para que ele escapasse. Alguém estava falando para fugir rápido mas ele queria me levar junto. -Willis achou importante ressaltar aquela parte, agora que cada detalhe era importante. Agora sabia que James a mordeu por vingança, e isso não a deixa tão confortável assim.

O homem já tinha guardado a bandeija no armário e tinha parado ali mesmo de costas para ela como se estivesse pensando.

-Ele queria levá-la ?- Virou sem compreender. -Isso não faz sentido. -Murmurou mais para si do que para ela.

-Bom agora você me deve explicações – Willis desceu da maca crispando os lábios.

Kenan não disse nada, apenas continuou ali a encarando sem um pingo de interesse.

-Por que está mentindo pra mim? -Ela insistiu. Entretanto foi cortada quando ele revirou os olhos fadado pela insistência e andou para longe dela, em direção a porta.

-Já lhe disse que não estou mentindo. -Ele afirmou sinceramente.

-Bom então pelo menos diga a verdade! -Jane pediu constrangida.

Ela negou-se, e virou para ela sem compreendê-la por um momento, seus olhos intensamente azuis transpareciam confusão e relutância. Foi quando a moça finalmente compreendeu a verdade, um choque já comum em sua vida. Aquele olhar que ela reconhecia dizia totalmente a verdade. Kenan não fazia idéia de quem ela era.

-Você sabe quem sou? – Interrogou a escritora.

Ele parou por um tempo, a fitando como se estivesse lendo os pensamentos dela; e quando ela pensou que ele sorriria e admitiria que tudo aquilo era uma brincadeira sem graça dele, deu de ombros e respondeu antes de ir embora:

-Claro que sei, você é Jane Willis, uma garota como todas as outras.

Não, ele não sabia quem era ela. Um enigma indecifrável que chacoalhava suas emoções.

                      ***

Quando o horário do intervalo chamou a atenção de quase todos, Jane tinha reunido forças para atravessar o salão do refeitório, ignorando totalmente o aceno de William que sorria animadamente sentado no fundo do local. Os braços dela tremiam, sentia a cabeça latejar de dor e o pescoço arder. Miranda estava de braços cruzados conversando com Giulia do lado de fora do refeitório, a ruiva era o tipo de pessoa curiosa e rancorosa, assim que viu a escritora fez cara feia, e saiu de perto de Rolpher, para poupar seu possível descaso com Willis.

-Finalmente! Aonde se meteu? -Rolpher já tinha analisado a amiga de longe, e parecia matutar as inúmeras perguntas que ela faria.

-Eu precisava de um tempo. -Jane recuperou o ar, como se estivesse cansada; havia se escondido na sala de Rolpher, e ficará por lá até ter forças para sair. Pois nada seria resolvido se ela não agisse.

-Ainda bem que apareceu. -Suspirou. -Miranda! Aquela bruxinha curiosa! Estava louca para saber o porquê daquela confusão toda!.

-Giulia! -Willis passou as mãos pelos próprios cabelos de forma impaciente e andou alguns passos sobre o gramado coberto de neve. Ignorando o frio, branco, que trazia a neve acumulada no jardim. – Será que estou enlouquecendo?

-Oh céus, acho que também estou! -Dramatizou a morena. -Não acredito no que houve, será que vimos um fantasma!?

-Mas como ele pôde aparecer tão de repente e... -Pensou. -Enxergando!

-Será que Kenan tem um irmão gêmeo com o mesmo nome? -Tentou Rolpher ingenuamente.

-E porque ele se esqueceu de nós? -Franziu o cenho inconformada. -Ele não faz idéia de quem somos, parece brincar com a nossa cara.

-Quer descobrir? -Rolpher perguntou, erguendo a sombrancelha. -Podemos ir na sala dele agora e interrogá-lo.

-Ele não é tão acessível como pensei que fosse.-Bufou a escritora, vagando o olhar por todo o refeitório, até então entender que Miranda estava encostada próximo a elas, comendo uma suculenta maçã vermelha, seus olhos azuis se lançavam curiosos e felinos. Talvez durante aquele curto período de tempo em que Jane e McKausen se encontraram foi o suficiente para que Kinasota compreende-se que havia algo no passado de ambos, e que desta maneira, se interligavam. -Temos a quem recorrer.-Avisou Jane, reduzindo o tom de voz.

-Quem? -A morena não seguiu o olhar da colega. -Pollgs?

-Miranda!

-Miranda!? -Demorou um tempo para entender, e então deu um tapa médio na própria testa.-Ó céus, me esqueci.

-Você pode tirar informações, preciso saber mais sobre o Kenan...Hum... Esqueceu do que?

Giulia revirou os olhos, chacoalhou a cabeça e cruzou os braços tendo em conta de que xingava a si mesma pela sua lerdeza. Jane sabia que alguma coisa havia de se explicar, principalmente quando a morena olhava para todos os cantos, menos para Jane, como se tentasse tomar coragem para esclarecer.

-Vai mesmo matar-me de mais curiosidade ainda? -Forçou Willis, já impaciente.

-Ahn, pois bem. Nunca lhe disse isso, não gosto de me intrometer nos relacionamentos dos outros.- Começou ela, à medida que a escritora parecia deduzir o resultado. -Mas obviamente Miranda e Kenan namoram à um semestre.

                    * * *

Jymi a olhou curiosamente, seus olhos totalmente negros e pequeninos quase sumiam em suas penas, piava pra cá e pra lá, voando de galho a galho, na única árvore que lhe serviu de moradia naquele jardim pequeno e coberto de neve. Sabiá compreendia a tristeza de sua acolhedora, de uma forma inquieta.

Ela lhe fizera companhia naquela mesma noite, usando um agasalho de inverno azul e calça preta, se encolheu na cadeira de madeira mais próxima da árvore que estava úmida pela neve; e suportou a ventania gelada. Em seu colo repousara o notebook com o arquivo do livro novo vazio, ela havia apagado todo o seu recente projeto, e tudo isso bastou alguns clicks sem muito hesitar. Ela havia lido algumas partes, e relido outras, com um certo choque que lhe doeu como um golpe em sua face – pois fizera um livro semelhante ao seu passado – E agora, estava com medo. Medo de tudo, e principalmente, medo de Kenan McKausen.

O sabiá assoviou tristemente, e parecia tremer de frio, Jane jogou o notebook em cima da mesa da varanda e encolheu-se abraçando as próprias pernas após dobrar os joelhos. Repetindo a si mesma que faria um livro melhor, algo mais excelente, que não puxasse seu passado sombrio, faria algo mais repleto de figuras e auto ajudas; algo que não faça entenderem que ela ainda não tinha se esquecido e se afastado dos traumas.

As mãos enluvadas tremiam de frio, a rua levemente escura deu espaço para dois pontos de luz que se aproximava cada vez mais, o veículo parou bem em frente a sua casa com uma certa habilidade em estacionar. Um homem médio vestido de um jeito formal de mais saira do carro e andara às pressas na direção de Jane. Era William, mas Jymi não pareceu assimilar o rapaz como uma boa visita, piou tanto que quase caiu do galho, e só parou quando J.W lhe acariciou as penas.

-Você não me parece contente! -Assumiu William que fora chamado por ela a uma hora atrás, não era a melhor ideia, Jane tinha à Giulia, mas precisava de qualquer outro ser para desmanchar seus problemas. Concordava que William era de longe a pessoa decente para esta tarefa, mas junto com o tempo que passariam, talvez ele considera-se aquilo como um encontro.

-Já estive melhor pra ser sincera. -Ela respondeu, encostando a lateral do corpo no tronco da árvore. William hesitou por um momento, mas logo se sentou também, à frente de Jane, entre a mesinha com o notebook, e seus olhos levemente claros pareciam curiosos também.

-O que aconteceu? – Perguntou .-Não vá me dizer que esta passando por um momento difícil. -Riu. – É difícil vê-la decaida, é tão vibrante e atenciosa nas telas e com algumas pessoas.

-Até as pessoas felizes tem seus dias nublados, William. -Ela disse um pouco insatisfeita com a presença dele, aliás, esperava uma atitude mais compreensiva desde o princípio.

-Bem... -O rapaz a olhou envergonhado e encarou o chão. -Você estava assim hoje antes de sair do trabalho. O que aconteceu?

-Ahn...- Jane o fitou, e respirou fundo, tomando coragem para desabafar. -Aconteceu uma coisa hoje, que se interliga à alguns anos atrás.

-Sobre o seu passado? -Indagou confuso. -Você nunca me contou sobre seu passado, na verdade, não contou a ninguém.

-Eu não confio o suficiente em você. -Ela deu de ombros. -Não posso contar algo assim de bandeija a alguem que mal conheço...

-Uou, já posso me sentir ofendido! -Ele deu uma pequena risada, mas estava nervoso.

-Mas preciso... -Continuou ela. -Preciso desabafar, preciso que alguém além da Giulia saiba que nada foi fácil para mim.

William ficou surpreso, avistou o passaro que balançava a cabeça, olhou para Willis, que parecia sumir naquele agasalho grande demais para ela.

-Então vai me dizer? -Perguntou retórico. – Sou um bom ouvinte.

-Bom... -Jane desceu o olhar até o aparelho sobre a mesa, e suspirou. -Foi em 2013 que tudo certamente deu início. Era meu último ano na escola assim como Giulia, foi lá onde nos conhecemos.

-Então vocês são realmente amigas de muitos anos. -Analisou o homem.

-É, amigas de longos anos. -Jane deu um sorriso fraco. – Naquele ano, fui alvo de críticas de algumas pessoas, elas pararam depois de um tempo, porém, só percebi que havia alguém por trás de tudo querendo me derrubar, quando de fato estava conseguindo. -William a observou com interesse na história, jane fixou um olhar vasto e triste num certo ponto onde a neve batia e se acumulava no telhado de sua casa, era um olhar diferenciado, trazia algo sombrio e horrível. -Seu nome era Kyle, Kyle Portman. -Ela disse depois de hesitar, a palavra fez seus lábios tremerem, mas de frio. -Naquele ano, aquele homem fizera de tudo para fazer-me infeliz ao lado de todos, me ameaçava, e quando estavamos sozinhos, tentava me agarrar a força. Era mimado. -Deu de ombros. -Não era acostumado a ser rejeitado, sempre incentivado pelos pais, Bertha Mackenzie, e Nick Portman. E quando surgiu outra pessoa, pude ter certeza que tudo passaria bem, e certamente estaria protegida.-Um triste sorriso de canto escapara, lagrimas queriam se acumular. – Seu nome era Kenan McKausen. -Fungou. – Pra ser sincera o único homem que amei em toda a minha vida. E na época, fora acusado de assassinar uma garota e sumir com muitos outros corpos, ele sempre foi um homem indefeso, inocente, não seria capaz dessas atrocidades. Rupert, um detetive da FBI, me ajudou a procurar o verdadeiro culpado, sabiamos que haveria um outro alguém, que provavelmente seria o verdadeiro assassino. Ele me ajudou muito, mas foi morto... Quando tentou me salvar das mãos de Kyle que havia me sequestrado, descobri que o culpado de tudo por trás dos desaparecimentos é o Portman, a gravação que mostrei para os juizes na época só comprovou tudo, e no dia seguinte quase todas as unidades da FBI estavam nas ruas à procura dele, a mídia havia divulgado o verdadeiro culpado. Mas então... -Uma dor na garganta lhe calou, doia junto com as lagrimas que não se derramavam.

Jane tentou respirar e se controlar, lembrava-se de cada detalhe, e apesar de tudo, lembrava-se do prazer de perfurar portman para salvar-se.

-...depois de Kenan reaparecer para mim, tudo mudou. Kyle tinha voltado para a escola e atirou em quem podia ver pela frente, insano! Foi horrível! Horrível. -Negou-se abalada. -Toda aquela correria de pessoas assustadas, feridas, caídas. Havia tanto sangue e tanta gente sendo morta naquele colégio, que me perdi do Kenan por um tempo. -Limpou as lagrimas que estavam prestes a cair. -Fui praticamente a única pessoa que ficou para trás a procura dele, igual uma doida. E quando eu o vi, tão perdido, sem saber para onde ir, sua deficiência visual o Atrapalhava em todas as ocasiões, Kyle o espancou brutalmente sem hesitar. Não posso deixar de lembrar daquela cena, e de quando quase fui morta para salvar Kenan. No dia do massacre do colégio Jayslick, não é algo que as pessoas comentem com frequência, mas é lembrado todos os anos.

-O que aconteceu? -William chamou sua atenção, seus olhos estavam estranhamente arregalados enquanto tremia as mãos. -O que aconteceu depois? -Insistiu fissurado, parecia vermelho de raiva, ou algo aparente, Jane ficou confusa, mas prosseguiu dando sua resposta.

-Kyle foi preso logo em seguida, acabou em uma clínica psiquiátrica em Los Angeles, mas foi morto na Geórgia, estava arruinado pela própria esquizofrenia. E Kenan, bem... -Ela hesitou mais triste ainda.-Kenan sumiu, nunca mais me deu sinal, nunca mais voltou para mim.

-Nunca mais?

-Na verdade...- Jane pensou se faria mal dizer sobre K.M para o amigo, tomada noção das consequências pensando mais de duas vezes, e persistiu.-Ele esta conosco agora.

-Como assim?

Jane ficou em silêncio, e tentou encontrar alguma estrela no céu escuro, seu coraçao acelerava machucado, desde quando ele a olhou nos olhos sem reconhecê-la, até quando descobriu que McKausen esta comprometido. E pior, com Miranda!

-Acontece que K.M, o psiquiatra querido de pollgs que vocês tanto falam, é Kenan McKausen.-Afirmou com a voz baixinha.- E hoje de manhã, quando nos escontramos, ele estava enxergando, e não reconhecia a minha voz. Kenan simplismente ignorou nosso passado, como se não lembrasse do mesmo.

-Ah é claro.- William deu uma risada e escondeu a indignação virando o rosto para o lado, olhando qualquer outra coisa. -É claro...

-O que foi?- Jane franziu o cenho.

-Me desculpe Jane, me perdoe de verdade.- William se levantou rapidamente, desorientado e nervoso.- Preciso fazer algo. -Andou a passos rápidos na direção de seu carro.

-Mas como assim? Eu acabo de contar uma coisa muito pessoal e é assim que você vai agir?- Jane o seguiu boquiaberta.

-Não foi em vão. -William abriu a porta do carro.- Voltarei, mas agora preciso fazer algo urgentemente.

- O quê?

Entrou no carro fechando a porta e em seguida, avançou rapidamente, como se estivesse numa corrida. Willis fitava o carro já a distância com tamanha confusão, sem ao menos obter uma resposta ou algum conselho, só mais dúvidas e mais dúvidas. Ela xingou a ação do amigo, e xingou a si mesma por confiar no jovem, se perguntando aonde diabos teria ido William com toda aquela pressa.

        rosas.      * * *

Os corredores estavam quase sempre cheios, Jane ouvia dizer que K.M sempre almoçava dentro de sua sala, e vivia trancado lá, se não para atender seus pacientes; agora o homem saia de um canto para outro, observando o que Stefan informava, apontando cada detalhe feito da possível fuga de James. O dia de Jane e Rolpher fora corrido, tiveram que passar mais horas com Genna para poupar as duas horas na sala de Foster sem fazer nada, (já que o paciente havia escapado). As duas não tiveram tempo para trocar dúvidas entre si, e muito menos Giulia pudera arrancar algo de Miranda; para Jane, olhar para aquela ruiva branquela estava ficando cada vez mais insuportável. Tão insuportável quanto a noite de insônia que fizera pensar sobre McKausen, tão insuportável quanto a ausência de William na clínica.

-Droga! – Resmungou Willis que acabara derramar suco em sua refeição, algumas poucas pessoas observaram seu desastre no refeitório.

-Ei você esta nervosa hoje! -Notou Jeremy inocentemente. -O que se passa?

-Ela esta estressada com a fuga do paciente! – Explicou Giulia ao seu lado.

-Shhhhhh!-A escritora olhava para os lados.-Isso fica em segredo! Esqueceu?

-Ta bom! Esqueci! -Revirou os olhos, e mordeu seu sanduíche de atum que Jane ainda detestava.

-Mas e então? -Jane disfarçou, erguendo uma sombrancelha. -Alguma coisa sobre...?

-Nada, esta desviando do assunto. Seja lá o porque!

-Ei, do que vocês estão falando? -Jeremy se esticou todo curioso e animado para fofocar.

-Sobre o quanto você ama se intrometer nos nossos assuntos. -Giulia lhe relanceou um olhar mortal.

-Prontinho! -Miranda chegou com seu prato escasso de alimentos gordurosos, ela vestia um belo vestido rosado que combinava perfeitamente com seus lábios carnudos e rosas.

-E onde está seu futuro marido? -Giulia fingiu, cutuvelando a ruiva. Seus olhos azuis cortaram J.W por um segundo antes de voltar para a refeição composta de legumes.

-Esta na sala dele, como sempre. -Suspirou. -Acabou de sair de uma conversa com Pollgs.

-Falando nisso. -Jane se levantou meio alerta. -Preciso conversar com Richard agora!

-Tudo bem. -Rolpher a olhou desconfiada, pois sabia de seus planos.

Jogou o restante do alimento no lixo, e ignorou o olhar fuzilante da cozinheira ao avistar a ação. Jane subiu para o segundo andar de uma forma inquieta e ansiosa, parou para fitar -se no espelho do elevador, e se xingou por estar fazendo aquilo porque iria até sala de Kenan. Ela bufou, esperou o elevador abrir, e saiu se desviando dos outros profissionais que entravam a fim de descerem para o hall. Ela já sabia onde ficava a sala do homem, sabia tudo sobre ele, mas agora, nada disso parecia valer a pena, Kenan era outra pessoa, outro alguém muito diferente.

Quando chegou em frente a sua porta, fez um punho com a mão e vacilou inúmeras vezes antes de bater. Escutou a voz rouca do outro lado que permitiu sua entrada.

-Entre.

Jane cripou os lábios e abriu a porta revelando sua identidade lentamente, sentia-se envergonhada, mas estava certa em buscar respostas. Ele estava sentado em sua cadeira de frente para a mesa, com uma blusa preta por baixo de seu jaleco; a fitou lentamente como se estivesse paralisado com algo, a mesma sensação que J.W tinha quando o via. Não estava acostumada com seu cabelo cortado, e muito menos com a seriedade expressada no rosto do rapaz enquanto ela fechava a porta.

-Eu... -Jane observou a sala, limpa e bem organizada, não havia nada grudado à parede se não anotações sobre seus pacientes descritos em pequenos papeis coloridos. – Não gosto de interromper ninguém, mas preciso muito esclarecer as coisas.

Kenan ficou um tempo a fitando para realmente compreender que ela não sairia dali sem respostas, seus traços de pouco interesse feriam os sentimentos sensíveis de Jane, que parecia mais frágil que uma folha fina, e provavelmente estaria prestes a chorar por qualquer coisa.

-Faça. -Proferiu lambendo os lábios e cruzando os braços, prestando a atenção na jovem, sobre a mesa havia um tablet junto com alguns documentos de cor pastel.

-Você já me viu em algum lugar? Como nas televisões? Ou revistas?

-Não... -Kenan assumiu. -Não sou muito ligado à estas coisas.-Suspirou.-Mas Pollgs me disse que é uma escritora.

-Sim! Eu... Eu escrevo livros, romance, mistério, terror! -Jane riu, enquanto ele encarava seu sorriso, esboçando também um sorriso de canto.

-Particularmente não sou ligado a esses livros. -Arrumou os papéis sobre a mesa. -A menos que sejam sobre minha área, algo do meu interesse.

-Você pelo menos gosta de Jazz? -Jane interrogou espantada com tamanha frieza de Kenan.

-Esta aqui para esclarecer as coisas ou para saber sobre meus gostos?

-Oh céus como você ficou insuportável! -admitiu Jane revirando os olhos e bufando.

Kenan a observou mais uma vez e se levantou andando até a janela, a luz iluminava cada traço seu, como um anjo, que infelizmente não estava com as asas abertas para Jane. O rapaz se mostrou estranhamente confuso, apesar de esconder isto com suas respostas um tanto rigorosas, ficou com os braços para trás, observando nada mais do que a neve que caia dos céus como bolinhas de algodão voando com o vento; enquanto aguardava a jovem se recompor.

-Você não lembra mesmo de mim não é? -Willis murmurou respirando fundo, fitando as costas do rapaz. Ele não respondeu. -Não se lembra da Giulia, nem mesmo do colégio em que estudamos, não é?

-O que você quer ?

-Quero saber porque não se lembra de mim.

-Eu não sei. -Disse um pouco abatido. – Não a conheço.

-Passamos um ano juntos Kenan. -Jane deu um passo a frente e apontou para o chão. -Um ano juntos, e você sumiu. Como não se lembra?

-Quando?

-Em 2013.-Jane quis chorar. -Céus, nem de Kyle Portman você se recorda?

Kenan virou-se para ela, e daquela vez algo semelhante a espanto estava estampado em sua face, receio, confusão. Podiam observar a respiração de ambos tão ligeiras, como se estivessem cansados, mas agora, movidos pelo combustível do passado conturbado.

- Você e eu estudávamos juntos em Jayslick, nadavamos juntos nas aulas livres. -Jane acrescentou.

-Como assim? -Kenan franzia o cenho repleto de mil perguntas, seus olhos azuis estavam retraídos, os labios semi-abertos, e a face contorcida em sentimentos que Jane não pôde deduzir. -Quem é você?

-Jane Willis. -Ela disse segurando as lágrimas, o nervosismo de Kenan para compreendê-la a feria totalmente, a falta de memória no rapaz parecia ser algo impossível de se acreditar.- Mas você costumava me chamar de Willis, no passado.

-Eu não tenho um passado. -Kenan engoliu em seco.

-Tem sim, claro que tem. -Pausou. -Mas não se lembra.

-O que esta havendo aqui? -Kinasota adentrou na sala sem antes bater na porta, como uma bomba prestes a explodir, encarando Willis tão ferozmente, como se fosse atacá-la a qualquer momento.

-O que você quer com o MEU namorado? -A ruiva rosnou.

Antes de você, eu era a namorada dele. Mentalizou Jane, a ignorando por completo, ela estava mais do que decidida, não queria mais absorver toda aquela energia negativa que todos estavam gerando naquela clínica.

-Jane, acho melhor você ir. -Kenan respirou fundo, e parecia exausto.

-Eu sei. -Disse ela sem esconder o desapontamento. -Acho até melhor nunca mais reaparecer aqui, estar nesta clínica diante de algumas pessoas não é algo que eu esteja disposta a passar todos os dias.

Sair daquela clínica, a única solução; um trabalho diferente que virou um fardo, como se já não bastasse o passado.


Notas Finais


Volteeeei, e logo logo vou sumir de novo!
Ouçam a música: Who you are - Jessie J ! Indicado pela giosena-fic, que tem haver com o estado da nossa personagem sofrida Jane Willis.
Bjss da Tia Coruja.


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