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História Elipse - Selene


Escrita por: Kisara

Notas do Autor


Hey!

Trago a vocês mais um capítulo novinho, que eu fiquei até quase quatro da madrugada de segunda feira escrevendo.
Eu estou escrevendo esses capítulos bem frenética e rapidamente, honrando o trato de não demorar mais quatro anos por uma atualização rs. Elipse cada dia mais é uma fanfic que pede para ser escrita, e eu estou sendo bem obediente a isso, escrevendo-a sem questionar. Tenho várias e várias cenas na minha mente, além de algumas já digitadas, que quero muito postar e aos poucos vou encontrando espaço no decorrer dos capítulos para encaixá-las. Estou cada vez mais feliz com os resultados que estou obtendo.

Antes de prosseguirem com a leitura, no entanto, queria deixar apenas mais duas coisinhas evidenciadas:

1) Agradeço especialmente ao meu amigo Renkinjutsushi (eterno Liipe) pela inspiração concedida a esse capítulo ao comentar, no capítulo retrasado, que aguardava a “próxima fofura escrita nas estrelas”. Sinceramente? Se essa não é a frase slogan da fanfic, eu não sei qual é.

2) Este capítulo é dedicado ao DarkMasayuki (eterno Vinnie), como presente antecipado de aniversário. Obrigada por ainda estar comigo e estar com Elipse desde 2012, garoto. Toda a felicidade do mundo para você. <3


No mais, uma linda leitura a todos.

P.S.: Eu deixei algumas informações importantes nas notas finais, lembrem-se de lê-las.

Capítulo 9 - Selene


Fanfic / Fanfiction Elipse - Selene

“Mamãe, conta uma história, por favor?”, uma pequena garota pedia. Era baixa, tinha olhos prateados e cabelos medianos, na altura dos ombros. Estava deitada sob cobertores de veludo de tons prateados. Prateados como os olhos dela.

 “Claro, filha”, disse uma senhora bonita, de cabelos longos e azulados. Olhos tão prateados quanto os da filha e lábios rosados. Pele clara e um sorriso gentil. Uma saliência evidente na barriga, como reflexo da gravidez avançada, muito embora todo o restante do corpo fosse esbelto.  “Vamos ver...”.

Ela fez uma pausa, sendo observada pelos orbes curiosos da filha. Estava refletindo sobre qual seria a história do dia.

Pensou um pouco mais e começou:

“Era uma vez uma mulher que era a mais bonita de todo o reino em que vivia. O nome dela era Selene. Ela era alta, tinha cabelos longos e negros feito as noites mais escuras já vistas, olhos azuis que tinham o poder de enxergar a alma daqueles que viam e oferecer redenção aos que se mostravam arrependidos. Era uma época de muitas batalhas e muito sangue era visto nas estrada de terra todos os dias, então seu dom era mais do que bem vindo àquelas eras. Naqueles tempos, alguns lutavam por poder, outros para sobreviver”, a mulher começou a narrar, observando a filha franzir a testa com a descrição um tanto quanto pesada se comparada às histórias bonitas que ouvia todos os dias.

Mas ela continuou a narrar:

“Certo dia, enquanto as criadas penteavam os cabelos de Selene, ela ouvira batidas na porta. Era seu pai, ela soube assim que atenderam. O pai já estava bem velho e com a saúde bem comprometida; a mãe havia morrido quando tinha apenas cinco anos. Ele se aproximou da filha, que agora estava tendo os cabelos trançados por uma de suas criadas e a confessou que já estava sonhando com sua partida.”, ela fez uma pequena pausa, relembrando a história. “Naqueles tempos, os senhores de mais sabedoria sempre sabiam quando estavam para morrer. Era um presente concedido pelos deuses para que tivessem tempo de organizar as coisas para sua partida.”

“Selene ficou bem triste quando o pai a confidenciou isso, mas não tivera tempo de manifestar o que sentia, pois o pai ainda tinha muito que dizer e tinha pouco tempo, ao que parecia.”

“Nos minutos seguintes, ele lhe disse que já estava finalizando os preparativos para sua morte, que havia internamente organizado a transferência de seus bens para ela e que estes deveriam ser administrados pelo marido dela, quando se casasse. Que já havia lhe prometido para Ágdes, um cavalheiro louvável de um reino vizinho que ouvira falar sobre a beleza de sua filha. O casamento seria na próxima semana, ele dizia. As criadas já deviam começar os preparativos.”

“As estrelas iam ser testemunhas daquele casório, ele dissera a filha, por fim. Antes de se retirar dos aposentos dela.”

“As estrelas, mamãe?”, a menina de olhos prateados perguntara, interrompendo a narração precisa da mãe.

“Sim, Hinata”, a mãe respondera. “Naqueles tempos, a Lua ainda não era a grande testemunha de tudo, minha filha”, ela sorriu. “Os amores daqueles tempos eram observados e escritos pelas estrelas. Somente por elas.”

A pequena Hinata assentiu, sorrindo e preparando-se para ouvir o desenrolar da história, admirada com a forma como, enquanto narrava, a mãe não parecia estar ali presente, à sua frente, mas totalmente voltada à narração, entregue ao mundo que descrevia.

 

 

“Olá, Sasuke.”

Estava no corredor de Akatsuki High School, tentando abrir seu armário escolar para pegar os livros para a próxima aula quando fora interrompido pelo corpo de Karin, mais especificamente de suas costas grudadas no armário dele, impedindo-o de realizar seu intento.

E era ela quem o chamava, claro. Sasuke podia até perceber como ela se esforçava para que sua voz soasse o mais sexy possível.

Ele se limitou a encará-la.

Não era educado o suficiente para cogitar respondê-la ou sequer a de geralmente responder quem lhe cumprimentasse, mas achou que não seria tão ruim dá-la uma oportunidade de não ser tão invisível quanto às demais garotas que tentavam falar com ele.

 “Ora, ora... Vejo que ainda tem um minuto ou dois para velhos amigos”, ela disse, meio debochada. Havia um sorriso nos lábios finos e um tanto quanto ressecados, Sasuke notou. “Fique tranquilo, lindinho”, ela disse, um leve rubor em sua bochecha como resultado da sobrancelha dele que arqueara ao ouvi-la chamá-lo daquela forma. “Eu vou ser breve.”

Ele suspirou, disposto a abrir uma pequena exceção e dá-la mais do que alguns segundos da sua cronometrada atenção. Não pelo diabo dos velhos tempos, como ela parecia deduzir. Mas porque ela não saía da frente de seu armário e ele não estava muito a fim de vê-la começar um escândalo se ele a tirasse dali à força. Conhecia-a bem o suficiente para saber o quanto ela podia ser desgastante.

“Dois minutos”, Sasuke enfatizou, mascarando sua expressão de modo que não havia sequer um vestígio do que ele sentia em seus olhos ou semblante. Nem curiosidade, nem atenção, nem raiva, nem ansiedade. Nada mesmo.

Karin sorriu, colocando uma mecha dos cabelos longos e muito vermelhos atrás da orelha. Endireitou os óculos pequenos e arredondados sobre seus olhos rubros e o encarou, procurando uma fagulha, sem sucesso, de qualquer coisa nos orbes negros que fitava.

“Obrigada, lindinho”, ela tirou um pequeno envelope branco do bolso do short negro que usava e o firmou na ponta dos dedos finos e compridos. “Mas, pensando bem...”, ela afrouxou os dedos em torno do envelope, permitindo que Sasuke o apanhasse. “Acho que vou precisar de três”.

Sasuke abriu o envelope que ela lhe entregara. Leu rapidamente o bilhete e estreitou os olhos.

Apontou, em seguida, para o relógio prateado em seu próprio pulso.

“Tic-Tac”, ele sussurrou.

Karin umedeceu os lábios, muito lentamente, com a língua e seu sorriso alargou-se um pouco mais.

 

 

“Selene não achava que já era a hora de se casar, de herdar todos os bens do pai, bem como também não estava disposta a deixar que alguém que nem pertencia à família, administrasse tudo o que o pai e seus ascendentes protegeram durante eras com tanto suor.”

“Há de se frisar que quando Selene pensava em tudo que havia sido protegido pelos antecessores de seu pai, ela não pensava somente no que era físico, mas também no que era abstrato. No sobrenome, mais precisamente. Não havia em sua família alguém que integrasse a ela e não tivesse o mesmo sobrenome. Era costumeiro que primos casassem-se entre si, fosse qual grau fosse, chegando ao ponto de se casarem entre irmãos se não houvesse outra opção. Tudo pelo sobrenome inestimável da família de Selene e dos olhos muito azuis e sobrenaturais, capazes de fitar o âmago das pessoas, herdados quando os genes não se misturavam àqueles que jamais o possuíram.”

“Mas quando manifestara seu receio ao pai, este lhe fitara com seus olhos de mesma coloração e mesma capacidade de enxergar além do que se via, e lhe dissera que as estrelas já haviam escrito aquela história antes mesmo que ela nascesse, que os deuses o haviam comunicado isso como um conforto pela brevidade que o deram para se organizar tão repentinamente ao informá-lo tardiamente sobre sua partida.”

E por mais que a pequena Hinata ainda não estivesse pronta para dormir, a mãe precisou parar com sua história, começando a gemer de dor, colocando as mãos sobre a barriga. A menina pôde, inclusive, notar uma pequena lágrima escorrendo por seus olhos prateados.

Tanto ela quanto a mãe, pareciam ter sido trazidas de volta à realidade com esses acontecimentos e ela fitava a mãe com o coração apertado enquanto a via assentir para ela.

“Eu estou bem, minha pequena Hinata”, a mãe lhe dizia, sorrindo, mas ainda havia vestígios de dor em seus olhos. Beijou-lhe a testa. “Mas é bom que eu vá me deitar agora. Estou bem cansada.”

A menina assentiu.

“Boa noite, mamãe”, ela disse, fechando os olhinhos prateados.

“Boa noite, minha menina”, a mãe lhe sussurrou. “Continuamos nossa história logo que possível.”

 

 

Hiashi Hyuuga sempre fora muito dedicado aos negócios, Neji sabia. Mas sabia – e sabia com muita precisão, pois acompanhara tudo de perto – que sua dedicação ficara mais obsessiva quando Hiashi expandira a Hyuusoft² para patamares jamais imaginados anteriormente pelos seus ascendentes. O que antes era um sistema operacional para computadores, semelhante ao Windows ou Linux ou qualquer outro, era agora o sistema operacional do único computador que realmente importava em todo o mundo. O Olhos da Lua. Um computador imenso, cujo monitor era um painel enorme que ocupava a maior sala do escritório da Hyuuga Company, localizado no último andar³ de Akatsuki High School.

Apesar de pouco visto perambulando pela companhia, Hiashi estava sempre ao celular com Neji, passando informações ou detalhes importantes a serem rigorosamente observados no serviço que ali era realizado e/ou pedindo relatórios nada sucintos sobre o trabalho que era feito. Quando Neji finalmente chegava à mansão, antes de se permitir dormir e aliviar todo o cansaço que havia tido com o trabalho e colégio, ele ainda ouvia um pouco mais sobre a pesquisa que o tio realizara na mansão e sobre como poderiam incorporá-la ao projeto que arquitetavam, a fim de eliminar as pequenas imperfeições existentes nele.

O Olhos da Lua era um sistema completo e incompleto ao mesmo tempo – e era esse paradoxo que o tornava imperfeito. Ele possuía uma visão detalhada do mundo em que viviam e fornecia informações que tornavam possível prever-se o que iria acontecer em instantes futuros. Era tal como a Lua que testemunhava tudo e todos, com o bônus de que ao observar tudo e todos, poderia prever ações futuras ao analisar os intentos de cada ser humano do mundo. Mas era incompleto na medida em que embora fizesse tanto e pudesse calcular a porcentagem do que era imprevisível, não era capaz de bloquear a origem do que era imprevisível. Aquela que estava alheia à vontade e quereres humanos, mas que estava presente como um jogador invisível, tal como se todo o universo se tratasse de um tabuleiro com várias peças que às vezes tinham o poder de se movimentarem sozinhas e em outras vezes eram movimentadas.

“Eu me informei um pouco sobre aquela Elipse que o garoto Sai desenhou”, Hiashi começou, falando bem devagar e tranquilamente às três pessoas que estavam sentadas à mesa de vidro junto com ele: Itachi, Pain e Neji. “Se os cálculos que fizermos forem precisos, é possível que possamos aprisionar um instante de tudo dentro das dimensões que marcarmos.”

“Seria como se uma bolha achatada, inicialmente pequena, se expandisse de tal forma que pudesse envolver o mundo e todos os sentimentos humanos que um dia já foram sentidos fossem tragados todos de uma única vez por esta bolha em um nível tão extremo e tão central que tudo que estivesse alheio às vontades não seria capaz de suportar.”

“E podemos fazer isso?”, Itachi questionou.

“Se calcularmos exatamente as variáveis existentes podemos, sim”, Pain respondeu, fazendo breves anotações na prancheta que repousava sobre a mesa de vidro.

“Em outras palavras, calcular o ‘quando’ e estabelecer o ‘como’”, Neji traduziu.

Pain assentiu.

“Trabalhe no ‘como’, juntamente com os outros pesquisadores no subsolo, Pain”, Hiashi pediu. “Neji, Itachi e eu trabalharemos no 'quando.'

Todos assentiram.

“Reunião encerrada”, Hiashi declarou, já se levantando.

Neji pediu licença a Hiashi para assistir à próxima aula, já que sua presença não se fazia mais útil lhe foi concedido.

Manter as aparências era importante, afinal de contas.

 

 

A mãe de Hinata estava sentada aos pés da cama da pequena garota, encarando os olhinhos prateados curiosos da menina, que ansiavam pela continuação da história da jovem Selene. Passara-se alguns dias desde que interrompera sua narração devido à dor que sentira.

Mas aquelas dores eram costumeiras, Hinata sabia, por mais que a mãe tentasse disfarçá-las. Uma vez chegara a ouvir a mãe comentar com uma de suas amigas de que estava passando por uma gravidez complicada, todavia, que se recusava a interrompê-la. Que estava pronta para as consequências de ter a criança. Hinata não entendera o que tudo aquilo significava, mas uma vez que estava escutando uma conversa que não deveria, manteve-se calada. Discrição era uma das exigências para ser um Hyuuga de verdade.

“Você lembra em que parte da história eu estava?”, a mãe a perguntara, ao que ela prontamente assentira.

“Na parte em que o pai da Selene lhe disse que seu casamento já estava escrito nas estrelas e que seria testemunhado por elas!”

“Muito bem, Hina!”, a mãe concordara, recordando-se do restante da história e deixando-se ser arrastada pelo desenrolar da aventura que narrava:

“Ágdes somente chegara ao reino de Selene e seu pai um dia antes do casamento. As criadas do reino, prepararam-lhe um bom banho, bem como lhe providenciaram uma refeição digna para que ele se deliciasse antes de descansar nos aposentos que lhe foi reservado. Ele teve uma noite maravilhosa deitado em lençóis de seda e travesseiros feitos da melhor lã que as ovelhas do reino já haviam proporcionado.”

“O casamento, segundo os deuses informaram ao pai de Selene, devia ser ao anoitecer, sem convidados, testemunhado pelas estrelas, e os noivos somente se conheceriam naquela noite, quando os votos estivessem para serem proferidos. Selene quase achou que estava para se casar com um monstro, tal era o mistério que se fazia sobre o casório.”

“Quando anoiteceu e Selene já estava trajada com seu melhor vestido, as criadas lhe guiaram para as margens do pequeno riacho próximo ao palácio que morava. Ela estava tão aflita durante o caminho, que o cruzara de olhos fechados, somente se permitindo abri-los quando sentiu um toque em seu rosto.”

“Foi então que Selene viu Ágdes pela primeira vez. Ele era lindo, com cabelos castanhos e olhos de um verde muito vivo capaz de trazer esperança para os tempos difíceis em que viviam. A menina sentiu seu coração derreter em seu peito quando o viu, e ela soube, logo que o pai os declarou marido e mulher, e então o esposo a beijou, que a história dos dois só podia mesmo ter sido escrita pelas estrelas.”

“Ágdes carregou a esposa para os aposentos dos dois e o pai de Selene caminhou para o riacho, bebendo daquela água iluminada por estrelas uma última vez e então seguiu para seus próprios aposentos, esperando pela morte que viria buscá-lo ao amanhecer.”

“Selene teve um filho alguns meses depois. Ele tinha os olhos menos azuis do que os da mãe, mas de um brilho semelhante ao do pai. Não se sabia se, assim como os olhos dela e das gerações anteriores a ela, os olhos do bebê seriam capazes de enxergar a alma das pessoas, mas Ágdes e Selene juraram àquela criança todo o amor que tinham para oferecer e isso ele podia não só sentir, como enxergar.”

“Do palácio, Ágdes controlava bem todo o reino que era antes do pai de Selene e também o reino que era seu, a paz aos poucos circulava pelos ares. Tudo parecia estar bem.”

“Até que um dia o mau veio a terra. Começou devastando os reinos ao redor daquele em que viviam, incluso o que outrora Ágdes vivera, e por fim começara a destruir aquele em que estavam. Tratava-se de uma raposa enorme com nove caudas alaranjadas e olhos muito vermelhos. Era um demônio que desafiava os deuses e destruía tudo que tocava.”

“Quando as pessoas ao redor de Ágdes e Selene começaram a morrer, a jovem tomou uma decisão muito importante em sua vida, a fim de não permitir mais sangue derramado. Caminhou descalça até as margens do riacho em que se casara e implorou as estrelas que lhe ajudassem. Que se sua história estivesse escrita daquela forma, que elas testemunhassem sua súplica e a reescrevessem!”

“Bem quando a sombra gigantesca da raposa alcançava Selene, no entanto, esta caíra desacordada e somente o som grotesco do demônio de nove caudas uivando junto ao grito, um tanto abafado pela raposa, de Ágdes, que seguira Selene às escondidas, fez-se ouvido.”

“As estrelas fiz...”

A pequena Hinata, que já estava completamente envolvida na história, retornou à realidade, vendo a mãe interromper a história para gemer de dor.

“Fi-filha”, a mãe gaguejava, levando as mãos à barriga. “Li-ligue para o seu pai”, ela pedia. “O bebê vai nascer”, havia lágrimas nos olhos dela. De dor, de emoção.

A pequena Hinata levantou-se às pressas da cama e pegou o celular da mãe no criado-mudo em seu quarto, discando os números do pai.

Também gritou chamando as empregadas da mansão.

A mãe acabava de entrar em trabalho de parto.

 

 

 

As aulas custaram a passar naquele dia, Hinata notou.

Desde que tivera a conversa com Naruto no porão, ela não conseguira mais se concentrar no restante das aulas daquela noite. Ela até tentara, mas a todo instante sua mente ficava voltando naquele assunto de Olhos da Lua e sobre como ela ser uma Hyuuga deveria tornar óbvio tal entendimento.

Fazia tempo desde que se sentira tão curiosa sobre alguma coisa.

No entanto, daquela vez não podia fazer nada para saciar sua curiosidade, ao contrário de agora. E talvez devido a isso, sentia toda àquela coragem lhe invadindo. Fosse o que fosse, ela não perdeu muito tempo pensando, porque se pensasse era capaz de não ter feito o que fez:

Tão logo ela o avistara nos corredores, a caminho da saída do colégio, ela correra até alcançá-lo e o chamou:

“Naruto!”

Ela tentou não pensar que era uma aproximação súbita demais, que Sasuke e Sakura estavam bem ao lado do loiro, ambos com a sobrancelha arqueada, olhando para ela e sustentando um risinho nos lábios. Ela não estava raciocinando bem e não podia dar-se tempo para voltar a fazê-lo. Se o fizesse, desmaiaria tamanha seria sua vergonha.

“Podemos conversar agora?”

Ela perguntou, sem nem piscar.

“Claro, Hina!”, Naruto afirmou.

E ela agradeceu mentalmente aos dois amigos do loiro que caminhavam na frente sem nem mesmo se despedirem.

“Pode falar, Hina”, Naruto sorriu, seguindo a passos lentos com Hinata para a saída do colégio.

“Naruto, eu...”, ela começou, quase sentindo a coragem que a intoxicava anteriormente ser expirada de seus pulmões para dar lugar ao cheiro de relva de Naruto. “Eu queria saber sobre os Olhos da Lua”, ela falava sussurrando. “Eu sinto que preciso saber.”

Eu passei todo o restante das aulas do dia sentindo que precisava, ela guardou para si mesma, o pensamento. E parecia que podia sentir a Lua me olhando do céu, querendo que eu soubesse.

Ela não externalizava os pensamentos, mas ainda assim se sentia inebriada pela coragem que a necessidade da informação lhe fornecia.

“Ah!”, ele parou, de repente.

E se sentou na grama artificial que cercava os arredores do prédio do colégio. Alguns flocos de neve caíam suavemente nos cabelos e vestes de Naruto, e Hinata achou que só não estava tão frio porque ele estava sorrindo e o sorriso dele sempre a aquecia de uma forma sobrenatural.

Ela tinha alguns minutos, uma vez que Neji tinha aulas extracurriculares naquela noite e demoraria um pouco, então se sentou também.

Ao lado dele.

E acompanhou o olhar dele que se direcionava à Lua cheia no céu noturno. Ela podia sentir os olhos metálicos da Lua a observando e podia ver tudo se tornando prata ao toque dela.

 “Você nunca ouviu a história de Selene, Hina?”, ele perguntou, desviando os olhos da Lua para encarar as estrelas.

“Sim”, ela sussurrou, com receio de que, se falasse alto demais, pudesse quebrar o fascínio que ele demonstrava ao fitar o céu.

Mas ela se corrigiu:

“Uma parte”. E sentiu um aperto no peito porque a lembrança doía muito.

“Até que parte?”, ele a perguntou, encarando-a pela primeira vez desde que haviam se sentado.

Olhar nos olhos dele, ela se lembrava. Ela se pedia. Suplicava-se.

E lutava para não desviar o olhar.

A Lua sabia o quanto era difícil não desviar.

O olhar.

E parecia encorajá-la a mantê-lo.

“Até a parte que a Selene cai morta no chão e Ágdes assiste a tudo”, ela confidencia. Não conseguia não sentir a dor que sentia.

“Você não sabe o mais importante, Hina”, ele explica, e ele próprio desvia o olhar para fitar a neve que caía sobre o gramado artificial de Akatsuki. Ele se perde ali, por uns instantes, Hinata percebe, fazendo desenhos invisíveis na grama. “As estrelas fizeram levitar o espírito de Selene e fragmentos delas desceram prateados dos céus e se alojaram nos olhos do espírito dela, alterando a cor deles", ele narrava com o mesmo tom sublime que ela se lembrava de ouvir a própria mãe narrando há anos e com a mesma rapidez de quem repetia uma história há muito decorada.

“Ela ainda flutuava quando encarou o demônio de nove caudas olhando bem fundo em seus olhos vermelhos e após fitá-lo por alguns segundos, ela o reduziu a pó. Um pó energizado que subiu ao céu em forma de estrela.”

Hinata o observava, hipnotizada: ele ainda fazia desenhos na grama, que não pareciam ter sentido algum.

“Ágdes chamou por Selene, após assistir ao que acontecia. Mas Selene não estava prestando atenção. Ela sabia que havia sido arrebatada pelas estrelas e que precisaria deixar o reino, deixar Ágdes... Ela só não conseguia suportar a ideia de deixar o filho. Em um último sussurro às estrelas, ela pediu que a permitissem vê-lo uma última vez. E lhe foi concedido.”

“Selene fitou o filho por breves segundos, amando-o por longas eras mesmo naquelas frações de minutos. Amando-o tanto que antes de se juntar às estrelas, no céu, ela deixava um pouco das estrelas ali, com o filho. Ela tocou os pequenos dedinhos da criança que adormecia naquele que um dia fora seu reino e fagulhas de estrelas caíam de seus olhos em forma de lágrimas e alcançavam os dele. Tornando prateados aqueles outrora azuis brilhantes.”

Ela seguiu com os olhos, o olhar de Naruto. Que voltava a se fixar no céu.

“Selene se deixou ir, então. Tomando seu lugar ao lado das estrelas. Tornando-se a Lua, que naquele tempo ainda não era um satélite natural da Terra.”

“Naruto...”, ela sussurrou, sem saber mais o que dizer.

“Você sabe qual era o sobrenome de Selene, Hina?”, ele perguntou, olhando-a agora. Mas era uma pergunta retórica, ele não a deixou responder. “Hyuuga.”

Ela desvencilhou os olhos dos dele e fitou as estrelas. Fitou a Lua. Sentia os olhos metálicos dessa sobre si, de uma forma tenra. Notava a aura prateada em torno de tudo.

“É só uma história, Naruto”, ela disse. Não sabia por que, mas não acreditava tanto em suas próprias palavras.

“É o que muitos acham também, Hina”, ele falou. Ela sentiu o olhar azul pesar sobre ela e deixou que o dela, prateado, pesasse sobre ele, então. “Mas ao decorrer dos séculos, eu soube, outros demônios surgiram... E a Lua exterminou todos eles, a fim de proteger os olhares prateados que sucediam a geração de seu filho. Ela transformava a todos em pó energizado e os deixava chegar ao céu, tornando-se uma estrela, a qual ela mantinha sob seu cuidado.”

“Há dezessete anos, Hina”, ele continuou, sussurrando e atento a ela. Ela estava tão fascinada pela fala dele, que já não se esforçava para manter o olhar. Ela simplesmente o olhava como se não houvesse outro lugar para se olhar. “Houve um eclipse e uma interferência muito grande em todo o mundo, que ninguém soube explicar. Este eclipse e esta interferência bastaram para que as nove estrelas se desprendessem do céu e que as nove porções de poeira energizadas encontrassem abrigo nos olhos de alguém.”

Ele pausou.

E suspirou.

“Eu fui um deles.”

Hinata engoliu em seco, sem saber o que dizer.

Era surreal.

Realmente inacreditável.

Todavia ela vira, no início do semestre, como os olhos de Naruto realmente mudaram de cor quando ele se alterou com os homens que a cercaram na saída do colégio. Ela se lembrava também de como vira o mesmo olhar, anos antes, quando as garotas do colégio cortaram os cabelos dela.

Ela se lembrava ainda, além da coloração dos olhos, da força sobre-humana. Da voz arrastada e do timbre macabro, quase satânico, junto à aura pesada que o cercava.

Ela respirou fundo.

Respirou relva.

 

#

 

Hinata aguardava por notícias na sala de espera do hospital. Estava sentada com uma das empregadas da mansão e o pai.

De repente, o médico irrompeu pela porta da sala de cirurgia, e caminhou até eles.

“Nasceu”, ele disse, os olhos castanhos brilhavam e Hinata achou que ele sorria por trás da máscara que usava. “Foi uma cirurgia muito complicada. Mas nasceu. É uma menina!”

A pequena Hinata observou as feições de todos os presentes, com bastante calma. Estavam todos felizes e serenos. Tentou se lembrar de em qual outra ocasião, vira o pai sorrir.

Não tinha uma memória tão incrível assim.

“E ela...?”, Hiashi perguntou, referindo-se à mãe de Hinata. “Ela está bem?”

Havia medo em sua voz, Hinata notou.

Um misto de medo e preocupação.

Essa mistura tomava conta do sorriso que a garota vira há segundos.

“Ela não tem muito tempo. Algumas horas, acredito.”, o médico disse, baixo, aproximando-se de Hiashi, muito embora Hinata conseguisse ouvi-lo. “Ela está descansando, sugiro que vejam a bebê primeiro”, ele falou, “Quando ela puder recebê-los, peço para chamá-los.”

Hinata sentiu um aperto no peito.

E foram ver a irmã.

 

 

“Você sabe o que houve com os outros nos quais as estrelas caíram?”, Hinata perguntou, tão baixo que se ele não estivesse tão perto, não ouviria.

“Estão todos aqui”, ele respondeu. “Nós revezamos a ronda para proteção do colégio todas as noites. Estamos todos aqui.”

“Vocês protegem o colégio?”, ela questionou, achando não ter ouvido direito. Estavam falando muito baixo, afinal.

“Sim”, ele respondeu, o tom um pouco mais alto. “Akatsuki High School é mais segura que Hogwarts!”, ele riu.

Hinata surpreendeu-se.

Hogwarts?”, perguntou, arqueando uma das sobrancelhas.

“É... Harry Potter... Você sabe”, ele soltou um risinho satisfeito. “Aqueles livros da J.K. Rowling”

 A sobrancelha de Hinata continuava arqueada.

“É, eu sei, mas... Você leu Harry Potter, Naruto?”

Ele se fingiu ofendido pela surpresa dela.

“Ué... Você disse que eu devia ler mais!”, ele explicou.

Ela se perdeu na dúvida entre o assombro e o sorriso, optando pela segunda alternativa quando o viu rir.

“Você não leu.”, ela se convenceu.

“Não”, ele ainda ria, divertido. “Mas vi todos os filmes!”, exclamou. “Duas vezes cada um!”

Agora ambos riam.

“Por que o colégio precisa de tanta proteção, Naruto?”, ela perguntou, quando pararam de gargalhar.

Ele respirou fundo.

“Não é por que. É de quem. Mas eu não posso dizer, Hina.”

Ela abaixou o olhar, pela primeira vez desde que começaram a se fitar.

E gaguejara pela primeira vez desde então, também:

“C-Claro... V-você n-não t-tem que c-confiar em m-mim... E-eu e-entendo.”, ela entendia. Mas havia tristeza na voz dela mesmo assim. Uma tristeza que ela não conseguia esconder.

“Não é isso, Hina”, ele se apressou em dizer. Ela ainda não o encarava. “Eu não posso mesmo dizer. Para ninguém”, ele disse. Ela se permitiu fitá-lo, enxergando sinceridade nos olhos azuis. “Eu jurei que não diria. E eu não volto atrás com a minha palavra, Hina”, ele pausou. “É meu jeito de proteger àqueles que amo.”

“Mas de tudo que eu podia contar”, ele começou, levantando-se e esticando a mão para que ela se levantasse também. Os dedos de Hinata seguravam os dele, trêmulos, aceitando a ajuda ofertada. Ela não pôde deixar de corar por estar segurando a mão dele. “Eu contei mais a você do que já contei a qualquer um.”

E ele sorriu.

Aquele sorriso quente. Que iluminava a noite, que aquecia.

Não soltou a mão dele.

Não queria abrir mão do calor que os dedos dele emanavam contra os dela.

“Já podemos ir, Hinata”, Neji a surpreendera, chegando de repente.

Ela chegou a não respirar, tamanho o susto que levara.

“Eu tenho que ir também, Hina”, Naruto disse, desencaixando os dedos dela dos dele. Bem devagar. “Preciso assumir o lugar do Gaara”, ele explicou.

Neji arqueou uma sobrancelha.

Junto de Neji, ela o via se afastar.

“É meu jeito de proteger àqueles que amo.”

Ela repete a frase dele mentalmente.

Desejando, em seu íntimo, um dia ser uma dessas pessoas... Estas que ele amava.

 

 

“Mamãe, o que significa a senhora não ter muito tempo?”, Hinata perguntou, sentando-se na beirada da cama do leito de sua mãe.

A mãe de Hinata estava com o semblante muito cansado e uma tristeza não contida no olhar prateado.

“Significa, Hina”, ela falou baixinho, segurando a irmã recém-nascida de Hinata em seu colo. Hanabi, a mãe informara o nome. “Que a mamãe vai precisar ir embora e não vai voltar mais...”, ela disse, tentando amenizar a dor que ela própria sentia. Uma dor que não passava com morfina.

“Significa que sua mãe está morrendo, Hinata”, Hiashi explicou, sério. A mãe da menina lançou-lhe um olhar de reprovação, muito embora não parecesse surpresa com a frieza do marido.

Hinata sentiu os olhos lacrimejarem.

“Você não pode chorar, filha”, a mãe dizia, sentindo o coração se despedaçar. “Você vai precisar ser forte para cuidar desta família. Eles vão precisar de você, Hina”, ela explicava.

Hinata tentava secar as lágrimas que já rolavam grossas por sua face, mas a queda de mais era inevitável.

“Mas mamãe”, ela começou, fungando. “A senhora não pode morrer... Está no meio de uma história!”

Ela tentou argumentar.

A mãe a pediu com o olhar que se aproximasse e ela a beijou na testa. Hinata fechou os olhos.

“Filha”, ela falou, Hinata não se atreveu a abrir os olhos. “Mas é no meio das suas histórias que as pessoas morrem.”

 


Notas Finais


¹ Na Mitologia Grega, Selene era a deusa da Lua, considerada a personificação da própria Lua. Sua equivalente romana é Luna. Para esta fanfic, apenas foi considerado o nome e sua importância lunar, no que se refere à mitologia; nada mais foi tirado do mito – até porque não o conheço bem. Em resumo: todo o conto é fictício, obra de minha imaginação – com exceção da raposa de nove caudas e das demais bestas, que realmente existem no anime/mangá Naruto e possuem outra explicação para o modo como foram abatidas.

² Assim como a Hyuuga Company, foram nomes criados apenas para esta fanfic.

³ No capítulo 4 fora informado que o prédio de Akatsuki High School possuía um total de 7 andares, além da ala secreta e subterrânea, e que era ainda uma das sedes das maiores pesquisas do país.

Além disso, um pequeno parêntese: as cenas relembradas pela Hinata no final do capítulo, a respeito da coloração dos olhos do Naruto, estão todas descritas no capítulo 2.

Agora, eu tenho ainda algumas coisinhas para comentar, meus lindos:

1) Como eu disse nas notas do autor, este capítulo foi um presente para o DarkMasayuki, e como ele adora mitologia, criei este pequeno conto sobre a Lua para ele. A referência breve a HP também foi para ele. Já o final... Eu acho que a frase final desse capítulo não é bem o que se espera ler em um aniversário, mas ela estava tão bonitinha assim, na minha cabeça, que eu não me atreveria a mudá-la. I'm sorry, baby.

2) Acho que agora o universo dessa fanfic passa a ser um pouco mais claro, embora ainda hajam alguns mistérios envolta dessa obra enorme que será Elipse. Ainda resta saber coisas como de quem o colégio é protegido, o que é que cada personagem sabe, o que havia no envelope da Karin, qual é exatamente a função dessa Elipse que nomeia a história, mais sobre esse projeto que é o Olhos da Lua, o porquê dos olhos do Itachi e do Sasuke também serem diferentes, o motivo da destruição de Akatsuki High School, no Japão... Além de algumas novidades que ainda estão por vir. No entanto, este capítulo foi bem intenso, uma vez que além de começar a explicar algumas coisas, também entra com uma função especial de ressaltar a importância de algumas informações que já foram escritas. A ideia é justamente essa com essa fanfic, aos poucos ir explicando algumas coisas, preenchendo algumas lacunas temporais, e deixando um pouco de mistério no ar, sem imediatamente explicar, porque, afinal de contas, a fanfic é tão romântica quanto misteriosa. Vez ou outra vou fazendo algumas notas para que não se percam nesse universo louco que estou criando, com tanto flashback misturado ao presente. Vamos nos amando e nos atentando ao decorrer dos capítulos, que tudo vai se esclarecendo no tempo correto.

3) Por último e não menos importante: haverá - e já há - alguns casais nessa fanfic, vamos tentando seguir o cânon, mas não serão tão trabalhados – e tão enrolados, KKK – como será NaruHina. A intenção dessa fanfic é unir o idiota loiro à garotinha tímida de olhos lunares no tempo deles, de forma fofa e sem acontecer de um dia para o outro, todo o resto será um bônus.

Obrigada por estarem comigo. Tia Jac/Tia Kisa ama NaruHina e vocês. Não se esqueçam.

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Beijinhos

P.S: Não vou deixar o nome do próximo capítulo listado porque ainda estou me decidindo sobre como chamá-lo. Mas logo ele será postado.


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