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História Em cada cicatriz,uma história. Em cada história,uma canção. - Promises I can't keep


Escrita por: JulinhaSoldier

Notas do Autor


Feliz 2022,galera...Tudo de bom pra vocês.
Muita paz,saúde,felicidades e bênçãos.
Obrigada por todo apoio em 2021...
E pra começar o ano de acordo,vamos de ep ao som de um hinooo do meu marido Mike Shinoda "Promises I can't keep "

Capítulo 11 - Promises I can't keep


Fanfic / Fanfiction Em cada cicatriz,uma história. Em cada história,uma canção. - Promises I can't keep

 5 de abril, 2018

 

 

Amy não tinha a menor dúvida de quanto ela amava aquele ambiente e sua função.

Cantar por si só era a sua paixão, mas fazer parte do ministério da música e ser responsável por cantar em várias missas, grupo de oração e momentos da sua caminhada vocacional levava este amor para um outro nível.

Apesar de tudo que aconteceu nos últimos dias, aquele momento na companhia dos seus amigos do grupo e companheiros de ideal, tornava tudo mais fácil. Ela pensava enquanto a voz dela e de sua amiga enchiam a sala onde ensaiavam.

Assim que terminam de cantar juntas, ela comenta.

— "To love you more" é mesmo linda, Rafa. — É uma das minhas favoritas para o momento após a comunhão de ação de graças, mas por ora, me deixa meio triste... são tantas lembranças que você sabe tão bem.

Amy deixou o violão de lado enquanto comentava com sua amiga, num meio sorriso triste.

— Eu sei amiga, marcou mesmo o começo do nosso vocacional, né? — O dia que a gente converteu ela do português para o inglês e fez os vídeos, ficou tudo tão lindo. — O pessoal amou, diga-se de passagem, saudades viu! — Mas ainda bem que temos boas recordações de quando nossa turminha se junta.

— E você? — Como tem se sentido? — E seus pais?

— Tá bem tenso para assimilar Amy, do fundo do meu coração. — Mas a gente tem que acreditar mais do que nunca que o céu é logo ali, nossa estadia é só passageira. — Ninguém quer receber este tipo de notícia…

Rafaela respira profundamente.

— Eu havia viajado para Belo Horizonte no sábado, dia 17, aproveitando as nossas férias de primavera daqui. — Passei a Páscoa com meus avós e matei a saudade dos meus amigos e familiares.

Ela faz uma pausa e logo volta a falar.

— Doze horas de viagem não é fácil, mas o domingo estava tranquilo. — Eu fui à missa, saí com meus tios, vi o pessoal da missão, eles perguntaram por vocês.

Ela sorri com a lembrança.

— Eles são doidos para conhecer a galerinha daqui e não perdem os nossos vídeos. — Estava indo tudo bem, até que eu vi algumas postagens no perfil oficial, tanto da missão do Brasil, quanto a daqui de Londres, mas eu não li na íntegra, às quatro da tarde de lá, obviamente aqui já eram oito da noite, eu recebi o telefonema da minha mãe contando o que tinha acontecido.

Sua voz detona toda sua dor, como se aquele momento tivesse acabado de acontecer.

— Não foi fácil viu! — No momento eu chorei muito, eu não queria acreditar que não teria mais suas zoeiras... quando ele começava a me chamar de "Norinha da tia Anne", " Mrs. Styles".

Ela sorri com a lembrança dos apelidos.

— Ele ficava falando que ia arrumar o Harry pra mim e claro, o Lou faltava bater na gente quando isso acontecia.

Amy sorri e tenta segurar as lágrimas que teimam em querer cair com a mera lembrança da alegria do amigo.

— Ou que não vou ver mais as bagunças dele com você Amy. — As palhaçadas na sacristia com a Avril quando iam servir como coroinhas, quando era com o Niall, dizia que era o melhor ceroferário, por segurar tanta vela.

Ela sente o peso em seu peito e Amy fica atenta a tudo que a amiga diz.

— Eu via nossos vídeos, principalmente os que fizemos justamente cantando "Oferta", lembra?

Amy assentiu.

— Meu Deus do céu, eu dei trabalho para minha avó esses dias. — Aí o Pedro, Luísa e Carol foram lá, nós conversamos muito e com isso eu deixei de lado essa postura um pouco egoísta da minha parte.

— O tenso é isso, né? — Por pior que seja o sofrimento, as dificuldades visíveis, a gente sempre toma essa atitude. — Te digo porque me senti bem assim nos dias que antecederam.

Ela balança a cabeça em negativa.

— Minha mãe e a Avril tiveram que aguentar meu pior lado. — Miserihelp!

— Imagino, mas, sabe? — Não é o que o Zayn ia querer, você lembra as palhaçadas, as piadinhas que ele fazia mesmo nos piores dias, quando estava com dor, lidando com os efeitos colaterais dos remédios, com a mudança na rotina, o que quer que fosse, ele lidava com leveza e maturidade ao falar da sua condição. — O jeito que ele trazia a questão nos vídeos? — Então...

Amy assente.

— Eu estava conversando com a Chloe, ela me ajudou a ver por outro ângulo, de uma forma que não percebi nesses dois anos. — No fundo era como se tivesse aceitado o que viria e já tratasse de nos preparar para essa ausência um pouco longa. — Construindo boas lembranças e momentos, como ele mesmo dizia "tô igual àquela música do Oasis, “Live Forever”... “Talvez eu queira e vá apenas voar, vou ficar ausente durante um tempinho, mas a gente vai viver para sempre... em cada recordação."

— O que devemos fazer é acreditar firmemente num reencontro e na medida do possível seguir em frente, um dia de cada vez.

Amy completou.

— Isso aí. — Mas esta parte é meio complicada, né?

— Bota complicado nisso, eu que o diga.

Ela lembra de mais cedo e respira resignada.

— Infelizmente antes de vir ensaiar eu tive uma briga feia com a Avril. — Eu disse umas coisas bem desnecessárias, eu usei umas palavras bem pesadas e nós nos acusamos de uma forma sem sentido.

Amy está realmente chateada por ter brigado com a irmã.

— Ela falou que não aguenta mais fazer tudo que fazia, que não está sabendo lidar com essa mudança, que por isso quer morar com nosso pai lá em Cambridge, eu perdi a cabeça, chamei ela de egoísta, joguei umas "verdades" na cara dela, mas não deveria ter feito isso. — Eu tô bem arrependida, sabe?

— Sei sim, não é fácil... mas de tempo ao tempo, depois vocês conversam.

— Lá na escola está

bem complicado para ela. — Na volta às aulas os professores conversaram muito, foram bem empáticos, mas sim, há alguns colegas que já viu! — Bando de aborrescentes.

Amy se sentiu cansada.

— Na verdade, a gente não se fala muito, a não ser quando temos aulas juntas.

Rafaela tentou ser o mais discreta possível.

— Como falei, eu não quero ser mais uma que a enche de perguntas e não respeita seu momento e espaço. — Mas eu vi o vídeo que vocês fizeram com o Matt... foi bem tocante, ainda mais enquanto cantavam "The Messenger".

— Menina do céu, aquilo acabou comigo, foi muito pesado. — Você poderia ir lá em casa, minha mãe falou que você sumiu, o que me diz? — Tá ocupada depois do ensaio? — Qualquer coisa a gente faz algo no sábado.

— Hoje eu estou Amy, mas no sábado seria top. — Aqui, falando em visitar, você tem notícias da tia Trisha, tio Yasser e da Doniya?

— Ontem a minha mãe estava falando sobre a Safaa, disse que ela é uma gracinha no grupo de oração infantil, super alegre com o grupo de coroinhas, além de estar bem tranquila com tudo.

— Bem que Jesus sempre nos disse da pureza e da força das crianças. — Ela conseguiu captar de primeira o grande apelo do céu... de que a vida não termina por aqui. — Tava lá, contando que ela afirma que o Zayn tá com a Mamãe do Céu e por causa disso, não tem motivo para ninguém ficar triste.

Elas sorriram.

— Minha afilhada é danadinha mesmo. — Quem dá conta?

— Pois é. — Aqui, eu estava pensando em a gente fazer uma visita, já que são seus padrinhos, seria mais fácil conversar antes.

— Rafaella, para te falar a verdade eu ainda não tive coragem de ir lá. — Não sei o que dizer, ou o que esperar.

Amy deixa claro a sua preocupação.

— Não tem que se preocupar... a gente faz isso juntas.

Enquanto conversavam ouviram os passos e as vozes de Sarah e Kevin, que se aproximavam da sala onde ensaiavam.

— Boa taaaarde, quase noite meninas. Os dois enchem a sala de forma animada, dando fim àquela conversa e iniciando oficialmente o ensaio.

 

Sexta, seis de abril.

 

Seu pai tinha sempre o costume de telefonar no intervalo entre as aulas da manhã e tarde, naquele dia não foi diferente, mas quando Amy se sentou em um dos bancos do Campus, após ter feito um lanchinho rápido e pegar o celular, foi surpreendida por uma "leve" bronca de Thomas.

 

— Ok mocinha, eu vou direto ao assunto, tem algo que a senhorita queira contar, Amy? — Antes que retruque, a sua mãe me contou o que aprontou com sua irmã! — Vai pedir desculpas por si só, ou precisa que eu saia de Cambridge e vá aí em Londres resolver isto?

Amy sabia que seu pai falava sério, mas ainda assim não agia de forma grosseira, como a maioria das pessoas em situações parecidas.

— Tá bom pai, eu vou explicar para o senhor.

Ela ajeita seu corpo e solta uma longa lufada de ar.

— Foi no primeiro dia de aula, assim que a gente voltou para casa, Avril veio tentar desabafar comigo, dizendo o quanto foi complicado estar ali, como não queria ter que continuar a fazer nada do que costumávamos fazer, ainda mais quando comentei que o pessoal do grupo de coroinhas tinha perguntado por ela enquanto estava aí na sua casa. — Do nada, quando falei, ela meio que se exaltou, dizendo que não aguentava estar aqui, que queria morar de vez com o senhor e eu soltei o verbo, falando justamente o contrário do que eu queria dizer.

— A chamei de egoísta, que só pensava em si e várias outras coisas, infelizmente joguei muita coisa na cara dela... disse que seria melhor para todo mundo que ela fosse embora, sumisse ou o que quer que fosse. — Aí, estourou a briga e quando minha mãe chegou, teve o trabalho de separar

 

— Não justifica, mas explica Amy, eu vou ligar para sua irmã também, assim que ela sair da escola. — Mas eu posso te garantir que quero ver tudo se resolvendo, viu? — As duas já estão bem crescidas para isso.

— Tá bom pai, eu vou pedir desculpas.

— Ei, eu entendo os sentimentos, entendo o lado dela de querer ir embora, de não ter que lidar com a mudança desagradável. — Eu também entendo o seu medo de perder mais alguém, mas não é assim que a gente resolve. — Ela sabe que aqui em casa vocês são muito bem vindas e eu adoraria que morassem comigo, mas eu não poderia levar a sua irmãzinha nessas circunstâncias e deixar você e sua mãe tão sozinhas assim. — Sei que vocês estão chateadas, sentindo a dor da perda e vários outros sentimentos ruins com essa fase... além de não querer perder mais ninguém, aquele sentimento de culpa, a tal culpa do sobrevivente. — Eu também estou assim, inclusive eu estava aqui no consultório com um casal que infelizmente perdeu o seu bebezinho com poucos dias de nascido

— Nossa pai, sinto muito por eles. Amy se comove.

— Difícil demais amor. — E nisso, eu não pude deixar de mais uma vez questionar um pouco. — Por que tem que ser tão injusto assim? — Enquanto pais veem seus filhos crescerem bem, saudáveis e chegam até a conhecer os netos, bisnetos e assim por diante, outros têm que enterrar os seus que mal nasceram, ou nem tiveram a oportunidade de viver como deveriam? — É bem difícil entender as voltas que a vida dá, mas no fim dá tudo certo amor, pode acreditar.

— Não reprimam os sentimentos, não fujam da dor, mas mantenham a fé no reencontro e até lá estejam uma pela outra, por sua mãe, tios e amigos. — Como eu dizia, poderia buscar as duas para passarem o fim de semana comigo, ou acham que é coisa de criança? — Que o velho aqui tá bom de ir para um asilo e se preparar para morrer cheio de arrependimentos?

Thomas foi teatral ao dizer.

— Olha o drama ao som de Metallica, gente! — Meu Deus do céu, até assim é fanboy hein pai?

Amy riu.

— Sua mãe já contou que se fossem meninos, o nome da sua irmã seria Kirk e o seu James?

— Bom, como vô e pai duas vezes, já escolhi aqui. Kirk Sanders e James Haner... são os xodozinhos do vovô Thomas.

Riram.

— Agora eu vi, pai! — Acho que a questão do asilo não seria uma má ideia... mas do que nunca tenho mesmo que fazer as pazes com a Avril pra gente resolver a papelada... o senhor está mesmo caducando! — Besta, mas seria bom viajar para sua casa no fim de semana, ver também a vovó e meus tios, eu tô com saudade.

— Combinado, é sempre bom conversar com você querida, mas meu horário de almoço está acabando.

— O meu também pai, eu tenho que voltar para sala.

— Ah, antes que eu me esqueça, à noite eu vou perguntar à sua mãe se fez as pazes com sua irmã, certo?

— Okay... eu te amo pai, a benção.

— Também te amo, Deus te abençoe e juízo mocinha.

Amy desligou o celular e antes que pensasse em qualquer outra coisa já era hora da próxima aula.

 

**********

 

Amy sabia que Avril estava em casa, pois assim que chegou, Angel não veio latindo animada, como sempre o som do quarto da menina estava no último volume, tocando alguma música do Three Days Grace.

— A pirralha tem bom gosto, não posso negar, mas admiro que consiga estudar com esse barulho.

Riu com o pensamento, ela tentava não sofrer por antecipação, mas estava receosa com a conversa.

Além disso, se arrependia muito da dureza de suas palavras e odiava o fato de estar brigada com Avril. Logo as duas, tão amigas e inseparáveis?

Mas decidiu dar um passo de cada vez. Primeiro deixaria a mochila em seu quarto, faria algumas tarefas domésticas que sua mãe lhe pediu e só então estaria pronta.

Além disso, pensou em fazer aquele doce com chocolate e leite condensado que aprendeu com seus amigos no grupo de jovens.

Brigadeiro era o nome.

 

Já não dava para adiar ou evitar a conversa e Amy sabia muito bem. Afinal de contas ela que arrumou aquela bagunça toda, então devia mesmo um pedido de desculpas maduro e sincero para sua irmã.

Atravessar aquele corredor nunca foi tão difícil como naquele momento. Ainda estava tão confuso em lidar com a casa bem mais vazia que antes e com sua irmã bem mais silenciosa que costumava ser... E doía demais para Amy.

Ao se aproximar, foi até mais fácil do que imaginara, a porta do quarto de Avril estava aberta e a garota mais nova sentada na sua escrivaninha, claramente focada no dever de casa, nem se dando conta do mundo ao seu redor, por assim dizer.

Amy hesitou um pouco ao estar ali... não queria entrar no quarto da menina de uma forma invasiva e muito menos incomodá-la, mas nem sabia por onde começar e como puxar uma conversa inicial.

Mas depois de alguns segundos que mais pareceram eras, criou coragem e mostrou que estava ali.

— Boa tarde, Avril. — Posso entrar?

A loirinha virou sua cabeça para a porta um pouco sobressaltada e respondeu num tom seco, como o "esperado"

— Já que tá aí né garota! — Entra.

Ela solta um suspiro ao voltar para seus cadernos, deixando clara a sua impaciência enquanto Amy sentou-se em sua cama.

— Como... foi seu dia na escola? — O que fizeram? — Tô até surpresa por Camila e Taylor não estarem aqui, tá fazendo dever de qual matéria, Avril?

— Ai que fofa ela, fingindo que se importa!

Sua voz detona puro sarcasmo.

— Diz logo o que quer, Amy... não tá vendo que eu tô ocupada? A menina revira os olhos sem paciência. — Mas respondendo a sua pergunta, é de física. — Satisfeita? — Agora vaza!

— Avril... olha pra mim.

Pediu visivelmente chateada, pois odiava brigar com sua irmã e estar tão afastada assim.

— O que foi dessa vez menina? — Veio falar mais merda na minha cabeça ou… Amy a corta.

— Vim aqui te pedir desculpas... do fundo do meu coração Avril, desculpa.

Amy só faltou implorar, sua voz saiu quebrada ao falar.

— Eu sei que fui longe demais com as palavras e disse exatamente o que não queria, tudo que estava gritando aqui dentro, mas que eu não tinha coragem de externar.

— A verdade é que eu não quero me sentir ainda mais sozinha, sozinha e culpada. — Eu não quero perder mais ninguém, tá ligada?

A essa altura as duas choravam juntas.

— E pelo visto, eu não sou a única. — A gente precisa de você aqui, nossa mãe, os meninos do grupo de jovens e de coroinhas, os nossos amigos e quem mais aparecer... só não vai embora, doida. — Eu sei que falei muita merda, te joguei o peso dos meus traumas e te machuquei horrores... mas não queria ter feito isso, tá?

— Eu nunca fui tão sincera em um pedido de desculpas, caralho!

 

**************

 

— Bom, treta resolvida. — Lição de casa e brigadeiro feitos, bem que a gente poderia dar um passeio com a Angel na pracinha ou brincar com ela no quintal. — O que me diz, Avril? — Tá um tempo tão bom, com sol o que tem que ser bem aproveitado, são 15:30 ainda

— Seria bom Amy. — Só vamos. Avril riu. — Só vou calçar um tênis.

— Okay... vai ser algo rápido na verdade, mas vou preparar uma certa mocinha de quatro patas que tá toda animada com o fato de passear, né Angel?

Enquanto conversavam e brincavam com o cãozinho, Avril finalmente se sentiu confortável para fazer algumas perguntas meio complexas na sua opinião, para Amy.

— Aqui, como tem sido no estágio doida? — Tem notícias da Luna? — Ela... bom, já sabe o que aconteceu?

— Até tá mais tranquilo nesta semana Avril e sim, os pais dela tiveram uma longa conversa. — E como a Lexie mesma me contou, foi bem difícil para ela entender, tadinha.

— Eu imagino Amy, crianças não deveriam enfrentar algo tão pesado.

— E você, como realmente está, maninha? — E a escola? — Como pude ver aqueles trabalhos de física estavam bem puxados, né? Riram. — A irmã Katherine não brinca em serviço como professora de física, certo? — Diz pra ela que Nossa Senhora Auxiliadora e São João Bosco estão vendo uma irmã com espiritualidade salesiana dando deveres tão difíceis para os alunos. — Mas sinto saudade do colégio e das nossas aulas e claro, conversar com ela. — Sempre com os melhores conselhos, mas além das matérias, como está tudo por lá, suas aulas de música? — Os meninos e tudo mais? — Que notícia você me dá do Liam?

— Tenho uns trabalhos de música com a Camila, Taylor e a Karol, tá ficando até maneiro. — Por mais que não seja tão do rock assim, estava combinando com o Harry de gravarmos alguns vídeos por estes dias. — Bom, o Liam... eu nem sei o que dizer sobre ele, parece que tá fechado em si mesmo, meio que evita a gente de todas as formas e falando de novo sobre a irmã Katherine, ela tem conversado mesmo com a gente, tem sido legal.

— Imaginei mesmo Avril, mas sabe que não podem desistir dele né. — Sempre que possível converse com ele, dá um jeitinho de incluir nas coisas que fazem e não deixe que se sinta tão fora de lugar, viu?

— Okay doida, aqui, posso te perguntar uma coisa? — Não vai brigar comigo novamente, né?

— Não palhaça, ao menos se você não der motivo Avril! Amy soou descontraída, mas a sua irmãzinha parecia hesitante em continuar.

— Quando você me disse que não sabia o que era lidar com o peso de fazer um milhão de promessas e não conseguir cumprir, eu quero dizer que... não era o que eu estava pensando né?

— Infelizmente sim e acho que tá na hora de te contar desde o começo, algo que tenho guardado dentro de mim nesses últimos dois anos… sabe desse meu "defeito" de querer cuidar de todos vocês, de prometer mundos e fundos e tudo mais? — As vezes me sentir cheia de razão e "certeza", mas dessa vez eu perdi o controle total e parece que vou ter que lidar com o peso daquela promessa que não pude cumprir.

— Tá tudo bem se não quiser me contar, ou se não se sentir confortável... eu vou entender

— Mas falar vai ajudar doida.

— Tem razão, bora lá então

 

Flashback on

 

Cerca de 2 anos antes

 

Abril de 2016

 

 

 

— Achei que a piranha não viria mais. - Doniya falou ao ver Amy no outro lado da porta. — Entra aí, jumenta! —Demorou, hein.

— Pois é galinha, estava ocupada com um monte de coisas, mas lógico que não esqueci da nossa mini maratona de séries, inclusive passei no mercado ali na frente e comprei algumas coisas, como a amiga incrível que sou, não é? Amy comentou enquanto iam da sala para a cozinha guardar os refrigerantes na geladeira e preparar algumas coisas.

— Mas e aí, cadê meus dindos, a Safaa? — E por que... bem, é duas horas da tarde, eu acabei de chegar aqui e o cabaré ainda está fechado? — Cadê o escandaloso do Zayn? As meninas riram.

— Meus pais foram para casa do tio Said, a Safaa tava toda animada para brincar com o Hassan inclusive. — Faço ideia da bagunça, agora o Zayn tá no quarto dele. — Esse garoto tá bem estranho nos últimos dias. A menina perde o sorriso assim que explica. — Parece que está doente, com um resfriado ou algo assim, há uns dois dias, deu uma piorada... mas é teimoso igual uma mula, já viu né.

— Tô ligada amiga, se importa se eu der uma olhadinha nele?

— Acredita que eu ia te pedir isso? — Leu minha mente, é?

— Ao menos você ele escuta, fala sério, menino chato, meu Deus... imaturidade e aborrescencia pra dar e vender, haja paciência. — Doniya reclamou.

 

 

Depois de subir as escadas e se preparar para fazer o que tinha dito à Doniya, Amy se viu obrigada a deixar as boas maneiras de lado e entrar no quarto de Zayn sem bater na porta, mas avisando que entraria ali, ainda que não tivesse resposta.

Enquanto se aproximava da sua cama, percebeu que o menino estava ainda parado, nem se deu conta que ela estava ali, ela foi tomada por um pressentimento estranho, tinha algo fora do lugar.

Ele estava dormindo, bem encolhido nas cobertas ainda que fosse um dia relativamente quente, o que reforçou ainda mais a preocupação de Amy.

— Oi, filhotinho do Chuck, desculpa ter que te acordar, mas a Doniya pediu que viesse aqui. Comentou gentilmente.

— Ah, oi doutora brinquedos. Zayn tentou parecer animado e fazer a piadinha de sempre com a garota, mas o simples fato de tentar falar ou sorrir o custava muito.

Amy nem precisou pensar muito para perceber que o garoto estava com febre e sentia muita dor.

Seu rosto transitava entre a palidez e rubor, estava coberto de suor e seu semblante não era dos melhores. A situação estava mesmo complexa.

— Sei que você está com muito frio, sim? — Tá claro que a febre é muito alta, mas para te ajudar eu vou ter que tirar as cobertas e também a blusa de frio Zayn, pode ser?

— Tudo bem, Amy.

Assim que tirou o cobertor do Barcelona, percebeu que o menino se arrepiou inteiro e tremia ainda mais que antes. Aquilo a incomodava, mas não tinha outra alternativa para atenuar o quadro.

— Eu tô com muito frio, tem certeza que precisa ser assim?— Zayn parecia bem manhoso ao ver de Amy, óbvio que ela não deixaria passar.

— Aí que neném mais birrento! — Dá mais trabalho que a Safaa, meu Deus. — Se juntasse ela e McKenna, elas não ficariam nessa pirraça. — Quer mamadeira? — Vou mandar uma mensagem para o Liam que ele traz pra você!

— Pirraça o caralho, eu tô com frio noiva cadáver! — Queria ver se fosse com você. — Se bem que seu fogo no rabo é bem alto, é pior que o da Camila. — Ah... e a mamadeira eu quero viu? — Pena que não tô aguentando.

— Pra safadeza tá ótimo, né. — Dia 27 de novembro de 2001 foi o dia da sem-vergonhice, né? — Em pleno dia da Mãezinha das Graças, nasceu esse capiroto.

— Foi você que começou, agora aguenta. — Dia da safadeza foi o dia em que você nasceu, boba.

— Aí a criatura nasce no dia de Santa Luzia,13 de dezembro, mas não tem olho na cara pra ver a poc que Brian é, misericórdia. Tentou rir.

— Ah, vai se ferrar, Zayn. Me erra menino. — Mas agora falando sério, o que são esses hematomas no seu braço? — Você se machucou em algum lugar? — Eles são muito grandes! Assim que Zayn tirou o casaco Amy se alarmou. Aquele aperto no peito só crescia e tudo parecia se confirmar.

— Esses, sim. — Eu caí ontem, meu nariz tava sangrando muito, mais do que o normal e eu acabei ficando tonto, mas têm outros em mim.

"O que seria um sangramento normal?" Ela perguntou a si mesma

— Tia Trisha ao menos sabe, garoto?

— Sobre ontem não, mas já fui ao médico, fiz hemograma e estamos aguardando o resultado. — A minha mãe vai buscar na segunda-feira.

— Entendi. — Zayn, há quanto tempo você tem se sentido assim? Amy o olhou profundamente.

— Acho que há mais de três semanas. — Eu estava suando muito durante à noite e ficando cansado, sem apetite, além dessas manchas roxas e uma dor de cabeça leve. — Eu não dei muita importância e achei que ia passar, só que no fim da semana passada, os sangramentos ficaram ainda piores, a mesma coisa com a febre e o desânimo e a dor que estava só na cabeça e bem leve, passou a ser no corpo inteiro. — Aí meus pais marcaram uma consulta, como eu te disse, fiz os exames e vamos esperar os resultados.

Lógico que Zayn percebeu o quanto a Amy parecia tensa, preocupada e quis saber.

— Doutora Brinquedos, o que tá acontecendo? — Parece nervosa ou preocupada. Ela riu ao ouvir o apelido, o que desanuviou a tensão do ambiente.

— Nada cabeçudo, é que eu como uma boa doutora brinquedos que sou, tenho que cuidar bem do bonequinho de vodu na minha frente. — Filhote do Chuck.

— Se foder que é bom ninguém quer, né piriguete! — Sua sorte é que não tô aguentando quase nada, senão tacava esse travesseiro em você. Zayn tentou rir, mas o esforço o machucava.

— Palhaço.

— Cê me ama Amy, ou então não estaria toda preocupada comigo.

— Nossa, tadinho. — Tá delirando por causa da febre, a situação tá tensa.

— Eu vou chamar o Brian para você. — Aí para... você está precisando fazer uns cosplays da Anastasia Steele.

— Vai você e Liam, Zayn. — Que coisa!

Os olhares se encontraram novamente. Ao contrário de instantes atrás, a animação de Zayn deu lugar à apreensão e insegurança.

— Amy, posso te perguntar uma coisa meio idiota?

— Vai, fala chato do caralho.

— É que... bom... eu tava olhando umas coisas no Google sobre esses sintomas e não pude negar que senti medo. — Você sabe que o vô Nagib, pai do meu pai e meu tio morreram de câncer? — Será que eu também posso ter? — Será que estou com leucemia?

A sensação que a menina teve foi que uma viga havia caído nela.

Sim, Amy podia sentir o frio na espinha que tomava conta de si.

— Eu não sei Zayn. — Não tenho como diagnosticar, ainda não sou enfermeira e muito menos médica. — Vamos esperar os resultados e claro, não fica tomando como base o "doutor google" ou então, tá mais ou menos enrolado.

— Mas por que você parecia tão preocupada ao me examinar? Zayn reparava cada detalhe na garota, quase impedindo que fugisse do questionamento.

— É porque eu gosto de você, né piolhento! — Não é bom te ver assim pra baixo e doente, eu me importo com você, capeta. Deu um breve abraço no garoto.

— Suspeitei desde o princípio, minha fã.

— Agora vai fazer uma coisa que você odeia, que é tomar banho, ou daqui a pouco vai encher de urubu nesse quarto. — Você aguenta levantar sozinho, ou precisa que eu e a Doniya te ajude nisso...vendo esse grafite 0.5 que chama de piu-piu?

— Eu me chamo Brian Elwin Haner Jr, mais conhecido como Brianna Synystra? — Aquela poc ali que é passivona com o tal grafite.

— Te orienta capeta! — Mas agora é sério, você precisa mesmo que regule a temperatura? O rapaz negou com a cabeça. — Não deixa a água muito quente e nem tranque a porta. — Se você sentir algum desconforto ou mal estar chama a gente, okay? — E não fica sozinho aqui, bora ver The Vampire Diaries com a Doniya.

 

***************

 

— Desculpa o atraso filhote de Cruz credo que minha dinda linda adotou, eu me perdi no caminho da vida. Amy disse de um jeito animado, tentando desanuviar o clima tenso que os hospitais têm.

— Kakashi "sem seio" tá diferente gente. — Parece mais a noiva cadáver, mas se perdeu no caminho da vida ou no caminho dos bequinhos aleatórios com o Brian?

— Bem que eu queria estar, ao invés de estar aqui trocando ideia com uma certa lombriguinha empata foda. Amy mostrou o dedo do meio. — Á propósito peste, o que aconteceu para você parar no hospital? — Vim assim que a minha mãe me disse.

— É minha fã mesmo... toda preocupada, meu Deus.

— Sou o caralho, hora boa de te injetar ar e você logo ser tacado na jaula do inferno…

— Faz isso e te assombro pela eternamente. — Vai passar a vida num círculo de sal. — A parte boa é que vamos ver o Dean e o Sam de perto.

— Idiota, nem assim para de falar merda, Zayn.

— Você que sempre começa doutora brinquedos. — A palhaçada tá muito boa, mas a gente precisa conversar sério, em especial antes da minha mãe chegar... eu não aguento mais vê-la chorando. O tom de Zayn, deixa de engraçado ao pedir.

 

Amy perde o sorriso na hora, enquanto sentava-se na poltrona ali perto.

— O que tá pegando? — Tá me assustando!

— Amy, calma, eu vou te explicar. — Vai ficar tudo bem, garanto, mas eu preciso que você seja forte, tá bom? — E por favor, não chora doutora brinquedos. — Odeio ver pessoas tristes, ainda mais as que eu amo. Zayn estava desconfortável ao falar, ele não queria ser portador de notícias ruins e muito menos sendo sobre ele mesmo. — Lembra daquilo que te falei no sábado, como eu me sentia? — As dores no corpo, o sangramento no nariz e tudo mais? — Sabe também o exame que eu fiz e que a gente ainda não teve o resultado? — Enfim, aquela hora que a gente estava lá na sala vendo série, eu estava até bem, mas um pouco depois que você foi embora, eu piorei muito, bom... tivemos que vir pra cá e tô aqui desde sábado. — Precisei de algumas transfusões de sangue nesses dias, fiz mais alguns exames e tudo mais.

— O que tá pegando capetinha?

— A gente infelizmente acertou, eu tenho que ser bem direto, quer dizer, eu acertei naquilo que perguntei, tudo indica que eu estou com câncer Amy, e a situação não é das melhores.

Ela sentiu sua visão embaçada pelas lágrimas que caíam no seu rosto. Além de não saber nem o que pensar, agir ou o que quer que fosse.

— Vem cá, calma Amy, vai dar certo. — Ei... o que a gente tava zoando quase agora? — Você chegou aqui me enchendo a paciência com aquela frase épica do Kakashi, né? Riram em meio as lágrimas. — E falando nele, eu me lembrei de uma outra frase ainda mais foda Amy. — "Desde que você não desista, vai sempre existir salvação." — E por mais difícil que seja, eu não vou desistir. — Não é mentira e nem quero ou poderia ser hipócrita ao dizer que é fácil receber uma notícia dessa... poucos meses antes de fazer 15 anos e descobre que tá com câncer bem avançado? — Não mesmo, mas a vida ainda não acabou e isso não pode ser um fim... diagnósticos não nos definem. — Eu sei que terão dias bem difíceis, sei muito bem como eu sou ligado no 220 volts e nem sempre meu corpo vai funcionar como eu gostaria. — Ainda não sei como vai ser lidar com tudo isso e tá tudo bem desmoronar as vezes. — Ser fraco, ter medo ou se decepcionar não são defeitos, mas se tenho uma certeza é essa: Ainda sou o mesmo, ainda tô aqui e disposto a lutar, a vida não acabou, vamos continuar com tudo que fazíamos, vídeos com músicas de Animes, autorais ou covers, competições de skate, o vocacional na Comunidade Shalom e o que mais aparecer. — A gente ainda é "Fighting dreamers" né?

Amy se sente destruída por dentro, ela tenta não transparecer para o amigo, mas seu mundo está desabando.

— Pronto ou não, eu vou lidar com isso da melhor forma. Eu aceito tudo que vier, seja um bom desfecho ou, bem... ir embora.

— Sei que é um assunto que todo mundo evita, joga pra escanteio, mas a gente precisa falar sobre a morte também. — Se rolar, saiba que eu vivi o suficiente e estarei grato por cada coisa... e ainda vou amar todos vocês. — Só cuida dos meus pais, das minhas irmãs e do resto da cambada.

 

 

 

Aquela quarta-feira foi uma das mais difíceis para Amy. Depois do que soube, mal conseguiu dormir à noite ou focar como deveria nas aulas. Foi um dia longo e cansativo e quando viu que suas aulas haviam terminado, se sentiu mais aliviada do que nunca.

 

— Nunca pensei que "Powerless" seria tão literal, Bri-Amy soou triste ao ouvir a música que tocava no carro, enquanto saía da Universidade com Brian.

— Como assim, Amy, o que tá pegando? — O que quer dizer com isso?

— Nem sei por onde começar, mas você lembra o que te mandei no sábado? — Quando saí da casa da tia Trisha e a preocupação que tinha? Então? — Além do meu sumiço ontem e nem ter dado atenção pra você e para o Matt, mais uma vez furando o ensaio? —É que, bom...todo o meu medo se confirmou. Sua voz saiu baixa, sufocada pelas lágrimas.

— Você não tá dizendo que...

Brian se mantinha atento no volante, mas assim que pode, se voltou pra garota ao seu lado.

— Amy, me explica isso direito, pelo amor de Deus, você está me assustando.

— Infelizmente tudo que eu tava preocupada, com medo de causar um susto "desnecessário" era verdade Brian.

Contendo os soluços, Amy deu o seu melhor para contar ao seu amigo o que aconteceu no dia anterior, como parecia tão confuso e aquilo a machucava. Ele por sua vez, parecia atônito, rezando pra ser mais uma pegadinha, trolagem ou algo assim, mas não tinha para onde correr

— O pior foi ouvir tudo do Zayn, o jeito que tentava me acalmar, dizendo que ia ficar tudo bem, você nem imagina a dor quando me falou que não aguentava mais ver minha tia e o tio Yasser chorando, foi uma merda, mas o que me consola é que ele tá tranquilo e de cabeça erguida. — Apesar de que... bom... deixa pra lá Brian. — Eu só sei que é foda pra caralho ver alguém que você ama como um irmão mais novo, sofrendo com uma doença tão escrota e não tem nada que a gente possa fazer de imediato.

— Tô ligado Amy. Afirmou enquanto estacionava o carro para conversar melhor. — E a pirralhada, eles já sabem? — Puta merda cara, eu tô imaginando como vai ser para o Liam.

— Ainda não, Bri, da galera toda, você e eu somos os únicos que sabemos, tô pensando num jeito de contar, meu Deus, te garanto que vai ser ainda mais foda.

— E qual a outra coisa que iria me contar? — Não tem nada de "deixa pra lá Brian", não, diz aí.

Amy hesitou, mas acabou contando.

— É que enquanto a gente conversava, o Zayn me pediu que se ele morresse, que era pra gente cuidar e consolar todo mundo, sabe?

— Tá tirando é? — Esse moleque é mais forte do que até ele mesmo pensa e vai enfrentar o que quer que seja, tenho certeza. — E aí desse filho da...filho da minha tia comadre que faz o melhor bolo de chocolate do mundo inventar a moda de morrer, ficou doido foi? O tom de Brian foi descontraído, fazendo Amy rir. — Juro por Deus que se essa mistura de Mike Shinoda com Sasuke da deep web bater as botas antes da hora, eu mato ele. — Tá pensando que é bagunça? — Ele que nos respeite porque são quase 12 temporadas de Supernatural no currículo, então, tiros com balas de sal não vão faltar, esse mané que fique esperto. — Eu vou ter uma conversa bem séria quando eu ver esse pirralho. Caíram na risada.

— Gosto de te ver animada, linda. Abraçou Amy e deu um beijo leve na testa da menina.

— Valeu, Bri.

— Agora, bora lá em casa porque a McKenna e a Pinkly estão morrendo de saudades suas.

— Okay gatinho.

 

 

 

Flashback Off

 

 

 

— Então Avril, eu pensava que sabia o que queria, me sentia a top até acontecer né e com tudo isso tá na hora de ver se é verdade.

— O foda é que eu era cheia de certezas, até saber das notícias, ver toda a merda acontecendo na nossa frente e não ter o menor controle. — Eu pude ao menos ajudar, né? — Mas mesmo assim, não dependia de mim. — Assim, o medo do desconhecido, do futuro se tornou o meu pior inimigo, entende? — Só que, simultaneamente, tive que aprender a lidar com o fato de existir promessas que não posso manter. — Nunca contei também que à medida que a situação se agravou, quando nos piores momentos, quando a gente chegava pra ver esse themoninho e ele mal notava que algum de nós estava ali do lado, doía tanto vê-lo naquela situação, ou mesmo antes, quando ainda tava com as condições físicas até "boas", mas já não suportava mais o tratamento. — Perder a adolescência pra algo tão terrível e chegou ao extremo de falar abertamente e pensar em tirar sua vida, pensei em trancar a faculdade, tentar outro curso ou algo assim, já que pra mim não fazia sentido estar numa área onde a finalidade é cuidar e salvar vidas, sendo que a do meu maninho de outra mãe, que cresceu ao meu lado e significa muito pra mim, eu não conseguiria salvar. — Que caco de profissional eu seria, certo? — Eu tô tentando... tô tentando seguir em frente, eu acho... tentando me acostumar com a ausência que tá doendo tanto. — Por exemplo hoje, ainda que eu saiba, parte de mim achava que o quarteto da bagunça estaria lá em casa quando chegasse da faculdade. — Vocês dois, a Taylor e a Camila... na verdade, ainda não sei como vou seguir em frente.

— Te entendo, Amy. Também estou exatamente assim, caramba, é tão difícil reaprender, né? — Mas sobre o curso e a pressão que põe em si mesma, eu preciso dizer algo. — Você salvou a vida do Zayn de alguma forma... cara, eu me lembro como se fosse hoje o dia que a Safaa estava brincando com a McKenna e do nada pergunta para o Brian, o que era aquela corda pendurada numa parte do ventilador na hora que ela entrou no quarto do Zayn pra mostrar a fantasia da Sakura que a gente comprou pra ela. — Me lembro como tava afastando a gente e como ficou puto quando você e o Brian contaram isso para o tio Yasser e a tia Trisha.

— Mas, e se…? — Não que esteja fácil, mas seria muito mais doloroso se a gente tivesse lidando com o fato de que alguém que a gente amava muito, perdeu a batalha contra si mesmo, contra sua mente? — Saber que estava gritando por socorro de um jeito bem silencioso mas ninguém percebeu a tempo? — Mas ainda bem que conseguimos ajudar de um jeito ou de outro... — Você foi incrível em unir a nossa turma para isso, com os seus conhecimentos específicos e tudo mais, então vaquinha gótica das trevas, nem pense em desistir. — Se fizer isso, a Angel vai te morder eternamente, né filha? A cachorrinha lambeu a mão da Avril, numa espécie de resposta.

— Até parece né, Angel? — Cuido tão bem de você, amorzinho, não vai na onda dessa Temari doida que você chama de madrinha tá?

— Idiota. Mandou o dedo do meio para Amy e retoma o tom sério. —Tenho certeza que vai salvar muitas vidas como a melhor enfermeira do mundo e a Meredith Grey, a Madame Pomfrey, a Tsunade e o doutor House vão parar pra aprender com a senhora. Não se aguentaram de rir

— Eu não dou conta de você, Avril, valeu surtada.

— Sobre as nossas incertezas, essa época tão complicada eu posso apostar que muito em breve quando a gente amadurecer mais, vamos conseguir superar. — Tá que as memórias já ficaram lá atrás no passado, mesmo doendo tanto, mas um dia essa dor vai dar lugar para uma saudade e recordações lindas, uma sensação de missão cumprida.

— Mas a Temari surtadinha tá inspirada nas músicas do Skillet, né? Olha o plágio! — Agora, falando sério, a gente poderia gravar essa assim que chegarmos lá em casa, o pessoal tá pedindo mais vídeos nossos. Avril riu da sua irmã chamando-a por seu apelido.

— Mas é claro né! — Bora lá.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

...



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