História Em Meio a Máfia(Jikook) - 13-Capítulo

*Jungkook on*

Outra manhã se passava com nossas buscas sem sucesso. Estava quase na hora de voltarmos à procura. Apenas por insistência de nossa mãe, que estava  deveras preocupada, paramos em casa para almoçar rapidamente. 

Até parece que tínhamos apetite em um momento como aquele...

Todos seguiam em silêncio. Não havia papo à ser falado. Muito menos com nosso pai, que era o único presente alí.

Nossas atenções finalmente saíram dos pratos, quando Leon entrou na sala com uma carta em suas mãos.

—Com licença, sr'Wang. —curvou-se.

—O que quer, Leon? —nosso pai indagou, sem muita atenção.

—Chegou uma carta direcionada ao seus filhos, senhor. 

—A nós? —Namjoon tomou-lhe o envelope.

—Jian não deu detalhes, apenas disse que mandaram diretamente para os senhores.

Ele a abriu, tirando o papel em questão de dentro, e assim lendo-o. Vi seu rosto tomar uma expressão surpresa e incrédula.

—O que diz ai? Quem mandou? —pergunto me levantando.

—Isso é brincadeira? —riu sem humor. 

Tomei a folha de suas mãos e entendi  o porquê de sua reação.

—É... Do Collin...? —analiso melhor para ter certeza.

—O que?! —Dom exclamou.

—O que diz aí? —Hoseok repetiu meu questionamento, também vindo para próximo.

—É um... Número. —respondo ainda descrente.

—Que tipo de brincadeira ele está planejando...? —escutei com dificuldade nosso pai murmurar.

—O que vamos fazer? Quero dizer, não podemos acreditar que esse realmente é o número dele, certo? —Hoseok alternou o olhar entre nós. —Qual é! Ele não nos mandaria assim de bandeja... Não é?

—Verdade ou não, vamos verificar. Não temos pista alguma deles a não ser essa, sendo assim... Que seja. —Taehyung falou sério.

Tivemos que convencer o pai a nos deixar fazer isso. Poderia sim, ser uma armadilha como ele acreditava, mas... O que mais poderíamos fazer?

Emfim, Namjoon ligou por um telefone novo, que nos foi dado. Obviamente não usaríamos os nossos. Chamada de vídeo era o mais ideal para aquele momento. "Ver" seria mil vezes mais eficaz.

Diferente do que eu esperava, realmente começou a chamar, e fomos atendidos de imediato.

 —Eu não acredito. Só pode ser brincadeira! Você é tão ridículo ao ponto de realmente nos dar seu telefone?! —Hoseok bradou ainda mais descrente. Não entendia a ousadia de Collin.

Assim que vi seu rosto sorridente na tela, tive vontade de socar aquele idiota.

—Seu maldito! Onde estão os meninos?! O que fez com eles?! —gritei irritado.

—Jungkook! —escutei uma voz fraca...

—Jimin?! Está ai?! 

—Sim, ele está. Aliás, todos estão. Querem vê-los? 

—Não! Pare! —ouço o ômega gritar.

A tela foi virada em direção contrária, e podemos ver os três completamente nús, acorrentados por seus pulsos.

Meu rosto foi tomado inicialmente por uma expressão surpresa, mas logo uma fúria incontestável se apoderou de mim. E meus irmãos não estavam muito diferentes.

—Lindos, não é? —o infeliz nos provocou.

—COLLIN, SEUS DESGRAÇADO! O QUE FEZ COM ELES?! —rosnamos quase juntos.

—O que eu poderia ter feito? —o vi tocar de leve o abdômen nú de Jimin.

Sentí meu interior se agitar.

—Não toque nele! —meu lobo rosnou—Se tocar nele, considere-se um homem morto!

—Oh. Isso está ficando interessante. 

—Vocês estão bem? Jin?! —Namjoon se pronuncou em meio aquilo tudo. Mesmo com sua expressão de raiva, estava claramente preocupado.

Não houve resposta...

Derrepente todos nós paramos quando ouvimos a voz do Yoongi.

Ele estava... Cantando?

Não conseguiamos entender a cantoria repentina no meio daquela situação. Muito menos Collin e seus homens.

—Aah, chega! —foi tudo que disse antes de desligar sem aviso.

Tentamos outra vez e outra vez, mas o número, agora, dava desligado.

—Porra! —Namjoon arremessou o aparelho no chão.

—Aquele maldito...! —aperto o punho, forte o bastante para minhas unhas perfurarem minha pele.

—Vamos localizar de onde veio a ligação! —Hoseok sugeriu.

—Duvido que funcione. Collin já deve ter destruído o celular. —Namjoon focou seu olhar em um ponto qualquer. Tentava não pensar muito para não explodir de raiva. 

—Então voltamos à estaca zero?!  —encaro os mais velhos e prendo minha atenção em Taehyung, que parecia pensativo.

—Gente... —nos chama finalmente. —O Yoongi... Vocês lembram da música que ele estava cantando? 

—Huh?... Sim. —Jung o responde. —Aliás, por que ele estava cantando mesmo? Aquilo foi estranho.

—Talvez fosse um modo de controlar seu medo. —Nam deu de ombros.

—Eu já ouvi aquela música em algum lugar... Não sei onde, mas... —Tae forçou-se a lembrar. 

—Bem, agora que você falou. A canção também não me é estranha. —Hoseok pôs a mão no queixo pensativo.

—Oh! Espere! Já sei onde ouvi! —o Kim mais novo bradou animado. —É de um comercial de bebidas... Como era mesmo? Bebidas... Bebidas... Ah! Bebidas yeshi!

—Oh! Verdade. Me recordo agora. —Hoseok apontou para o mais novo. —Mas é realmente antiga essa marca. A fábrica deles não foi abandonada após a falência?

—Por que o Yoongi estaria cantando esse tipo de coisa? Sério, um comercial? —franzo a testa.

Como uma pancada surpresa, Namjoon foi atingido por seus pensamentos, à ponto de vacilar sua postura. O conheço suficientemente bem para saber que ele teve uma idéia... E das boas. 

—Nam? O que foi? —questiono já sabendo o que viria.

—Acho que sei onde eles estão...

*Narr on*

Eram quase 15h da tarde quando aquele carro preto estacionou próximo ao prédio abandonado. Os vidros pretos impediam que os de fora vissem os alfas. 

Mais atrás estavam seis carros, mandados por sr'Wang, aos quais serviriam de reforço.

Os quatros invadiram na frente. Não houve tempo para planos, muito menos discrição. Foram pela porta principal atirando em tudo que se mexia. Ao que parece aquele era um bom jeito de estravazar a raiva contida.

Aquilo estava diferente do que eles imaginavam. Não haviam tantos homens de vigia como criam que teriam... Hah, talvez Collin não os esperassem tão cedo. Bem, ao que parece eles ainda continham o elemento surpresa.

Os guardas de Dom seguiam um pouco  mais atrás, finalizando algumas vidas deixadas pelo caminho. Não haveria sobreviventes. Não haveria testemunhas.

Os ômegas ouviram, da pequena sala escura, vozes lhes chamando. Cada vez mais altas soavam, e quão mais próximas, mais conhecidas ficavam.

—Estamos aqui! —Jimin gritou, sabendo de quem se tratava.

—Aqui! —Yoongi reforçava com a ajuda de Jin, que batia com as mãos na grande porta.

Passos pararam frente à ela.

—Meninos, estão aí? —a voz grave de Namjoon soou.

—Nam! —Jin sorriu aliviado. —Estamos aqui!

—Se afastem da porta. Vamos derrubá-la.

Assim que deram espaço, um impacto fez a mesma cair no chão, causando um enorme barulho.

O alfa mais velho se aproximou para verificar se Jin estava bem, apesar de parecer maltratado.

—Jimin! —Jungkook foi até o menor, analisando seu corpo desidratado. —Você está bem? Ele não fez nada com você, não é?

—Agora estou bem. —sorriu mínimo. 

—Então nossa pista deu certo. —Yoongi se mostrou satisfeito.

—Sim. Namjoon percebeu o que a música do comercial poderia significar. —Hoseok falou com a atenção nos corredores. Não podia baixar a guarda.

Taehyung acariciou os cabelos de Yoongi, que inicialmente se assustou com o toque surpresa, mas suspirou aproveitando o calor do maior, que o puxou para mais perto.

—Graças aos céus está bem. —sussurrou.

—Precisam de muito mais que isso pra me abalar. —Min ergueu o rosto convencido.

—Ainda bem que você é durão então. —brincou.

—Está na hora de irmos. —Hoseok os alertou.

—Você e os guardas levem eles para o carro. —Namjoon mandou, sacando sua arma. —Jungkook, Taehyung e eu vamos atrás do Collin. 

Alguns homens iam na frente abrindo caminho, enquanto Jung caminhava atrás próximo dos ômegas para protegê-los.

Seguia firme, até uma dor aguda lhe atingiu no ombro, fazendo-o recuar.

Uma bala o havia acertado de raspão. Seus homens estavam muito à frente para impedir, e seu atirador se aproximava rápido para terminar o serviço. Ato não concretizado, já que o mesmo foi derrubado com outro tiro.

Todos olharam em choque na direção do disparo. 

—Y-Yoongi?! —Seokjin exclamou surpreso.

—Que foi? —guardou a arma, que segurava por baixo da camisa.

—Onde conseguiu essa arma?! Ou melhor, onde aprendeu a usar armas?! —Jimin indagou exaltado.

—Peguei em um dos corpos que estava caído no corredor. Legal, né? —sorriu. 

—Você sabe usar essa coisa?! 

—Pedi para o Taehyung me ensinar mês passado. —respondeu simples. —Se for pra se meter em uma família de mafiosos, que pelo menos eu saiba usar armas. —deu de ombros.

—Meu irmão vai pirar se souber que perdeu essa cena. —Hoseok riu de bom humor. Nem parecia estar ferido.

—Ah, seu ombro! —Jin apontou para o local encharcado de sangue.

—Tudo certo. Foi de raspão. —disse tranquilamente. —Felizmente isso não vai me matar.

—Ainda bem. —Jimin suspirou.

—A menos que continue saindo sangue, aí provavelmente morrerei.

—O quê??!! —o menor gritou assustado.

—Hum... Pensando bem, é só estancar o sangramento e tudo dará certo. 

—Ah... Que bom. —novamente pareceu aliviado.

—Se bem que eu já perdi muito sangue...

—DÁ PRA PARAR COM ISSO?!

—Se ele não morrer, eu mesmo mato. —Yoongi murmurou sem paciência.

Enquanto isso, os alfas procuravam por Collin nos andares de cima do prédio. O número elevado de seguranças indicava que estavam no caminho certo. 

Foi abaixo do terraço que o avistaram. O mesmo fugia, deixando seus homens para trás. Tentando de última forma atrasar os garotos.

—Pare aí mesmo, maldito! —Jungkook gritou, mas Collin já havia sumido de suas vistas.

Dois dos homens que ficaram para trás, partiram em cima do moreno, prontos para detê-lo. Porém, antes que o alcançassem, Namjoon e Taehyung os agarraram pelos braços.

—Aonde pensa que estava indo? —o Kim mais novo sorriu furioso para quem agora seria sua vítima. —Não ouse tocar meu irmão.

—Jungkook, pegue o Collin! Estaremos logo atrás de você! —Namjoon gritou, socando o rosto do cara à sua frente.

Ele assentiu, correndo até o terraço. Viu seu alvo olhando fixamente para um helicóptero que se aproximava.

—Então pretendia fugir naquilo? Grande estilo, huh? —soltou, sacando sua arma prateada.

—Bastardo... Vocês são um verdadeiro incômodo. —não ficou para trás, também mirando sua preciosa dourada em direção o alfa.

—Desista, Collin. Está cercado. —sorriu, divertindo-se com aquilo. —Sabe... Eu estive realmente preocupado com você esses meses. Porém agora vejo que seu tipo fala, fala, mas quando se trata de fazer é um completo idiota. Você nem mesmo deveria ter sido considerado uma ameaça. Não entendo porquê nosso pai tinha tanto medo de você.

Derrepente um sorriso perturbador tomou os lábios do mais velho. E ele riu. Riu alto, ao ponto de incomodar Jeon.

—Acha que meu primo tinha medo de mim? —encarou fixamente os escuros olhos à sua frente. —Yoon Wang... O medo dele não era eu, com certeza. Ele tem medo de outra pessoa. Alguém muito mais sujo do que eu. Alguém que agora ele sabe... Está dentro da  sua própria casa.

—O mesmo que te ajudou? Ele está por trás disso?!

—Não... Não confunda as coisas. Eu não tenho nada haver com ele. Na verdade, pretendia matá-lo assim que tivesse a chance.

—O que? —franziu a testa.

—Nossos interesses não se batem. Ou melhor! Se batem até demais. O desejo incomum pelo poder da família Wang nos tornou inimigos naturais, mas a vontade de acabar com vocês também foi o que nos uniu.

—Desgraçado...! Você vai me dizer agora quem é ele, ou vou abrir um buraco nessa sua cara feia!

—Oh... Eu acho que isso não vai acontecer. 

—Jungkook! —a voz de Namjoon, fez o mais novo desviar sua atenção por míseros segundos. Tempo usado por Collin para efetuar o tiro decisivo.

O barulho assustou o moreno, que rapidamente virou atirando contra também. A bala acertou por engano a perna de Collin, que estava perto demais da beirada...

Todos ficaram estáticos, sem reação, enquanto o mesmo caia em direção à morte. Puderam ouvir seus gritos até o último momento, quando o chão de concreto o silenciou.

Os três caminharam até a beira. Não vendo nada além do corpo em volto de uma poça de sangue.

—Só... Isso? Ah, saco! Achei que teríamos alguma diversão! —Taehyung bufou bravo. —Depois de tudo que ele fez merecia ao menos uma tortura, droga!

O mais velho o repreendeu com o olhar, apesar de concordar. 

—Isso foi... Rápido, mas pelo menos acabou. —Namjoon suspirou. Podiam emfim relaxar sem ameças de morte.

—Acho que não. —Jeon o contrariou pensativo.

—Como assim? 

—Ao que parece Collin não era o verdadeiro perigo. Comparado ao traidor de nosso pai, ele não é nada. 

—Te disse algo sobre quem é esse cara? 

—Não... Mas ao que parece ele está em nossa família há muito tempo. Porém, por alguma razão somente começou agir agora... 

—Isso é realmente difícil. Como vamos pegar alguém que não sabemos quem é? —Tae alternou o olhar parando em Jungkook, esperando sua resposta.

—Nós vamos descobrir... Pode apostar nisso! —decretou por fim.