1. Spirit Fanfics >
  2. Em Memória. >
  3. Deluso.

História Em Memória. - Deluso.


Escrita por: willtraynor

Capítulo 16 - Deluso.


Fanfic / Fanfiction Em Memória. - Deluso.

– Você não pode sair desse jeito!
Entrei em nosso quarto pegando tudo o que me pertencia. Eu só queria fugir o quanto antes. Meu Deus, eu queria bater naquele homem, queria entrar naquele quarto e matar qualquer um que passasse na minha frente.
Como tinha conseguido ser tão idiota? Era óbvio que ele não ia se aguentar, afinal, ele era homem. E era isso que homens faziam. Liam estava em outro país e queria provar carne nova.
Suspirei fundo, estava sem ar, sem chão, sem nada. Sentindo apenas meu corpo inteiro tremer e uma bile subir pela garganta.
– Quer que eu faça o que Candy? Eu não posso ficar parada. 
– Luna, precisa se acalmar. Não haja de cabeça quente. – ela tentava me acalmar, mas era em vão.
Eu mal conseguia olhá-la. Estava me sentindo ridícula e humilhada. Como alguém poderia ser tão sem coração? Como ele poderia ter feito isso comigo? Talvez tivesse se arrependido por ter falado que me amava e queria dar um recado sem que houvesse dúvidas. Era isso. Ele havia se arrependido de tudo.
– Não me peça calma. Preciso pensar. – sentei na cama lembrando a noite passada.
Tudo estava sendo tão mágico que era nítido que em alguma coisa ele falharia. Payne estava longe de ser o homem perfeito.
– O que foi? Você está bem?
A garota estava assustada. Encarei seus olhos me fitando com pena. Neguei com a cabeça. Estava apavorada, não adiantava mentir.
– Porque não vamos até lá, não pode deixar isso baixo.
– E você acha mesmo que vou até lá e ser humilhada? Sou uma mulher Silverstone e por mais erros que posso cometer, mereço respeito. Quem ele pensa que é? Meu Deus, quem ele pensa que é!
Coloquei a cabeça entre os joelhos, me sentindo perdida. Eu ia desmaiar.
– Fica calma, por favor. – ela segurou meus ombros – Não faça nenhuma besteira.
Nunca na minha vida tinha chorado por homem nenhum. Eu chorava em novela mexicana, em filmes de romance e até em filmes de comédia. Chorava em propagandas e lendo livros. Chorava por histórias de superação ou simplesmente porque queria chorar, mas nunca por homem.
– Ontem...  – continuei soluçando – ele disse que me amava. Como pode estar fazendo isso comigo?
Ela me encarou sem saber o que falar. Parecia tão perdida quanto eu. Limpei as lágrimas, e me levantei decidida. Não podia ficar ali chorando por um cara que estava se divertindo, sem pensar em mim. Sem pensar na dor que me causaria.
– Eu vou embora. – disse – Vou pegar o primeiro avião pra qualquer lugar desse mundo.
– Não fuja dos problemas!
– Garota, você tem dezessete anos, o que sabe sobre problemas?
Ela engoliu seco me fitando com os olhos marejados. Droga, não devia ser tão ríspida, mas não sabia como agir.
– Desculpa Candy. – disse respirando fundo, abaixando o tom de voz.
– Tudo bem. – ela deu de ombros, mas sabia que estava magoada – Sei que está nervosa, mas, por favor, dê uma chance para o senhor Payne se explicar. Não acredito que depois de tudo que vi em vocês ele tenha coragem de fazer algo assim.
– Eu não sou especialista em homens, muito menos em relacionamento, mas não precisa ser quando se trata de alguém como Liam. – minha voz soava embargada, porém firme – Ele é empresário. Eu era carne nova. Ele conseguiu o que queria e fugiu quando percebeu que as coisas tinham ido rápido demais.
Candy assentiu levemente, sabendo que eu estava certa. Liam tinha fugido. Essa verdade me matava por dentro. Eu queria me bater por ser tão idiota. Por acreditar que estava vivendo um conto de fadas.
– O que você está fazendo? – ela perguntou quando viu que eu estava pegando minhas coisas.
– O que uma mulher com amor próprio faz. – respondi limpando as lágrimas que caiam – Indo embora.
Tudo o que mais queria aquele momento era sair do hotel. Desejava infinitamente fugir para algum lugar do mundo que me acolhesse, que me abraçasse e dissesse que tudo ficaria bem. Que não tinha problema se eu chorasse pelo resto da minha vida, por um homem que não valia nada. Que era totalmente aceitável eu fugir sem ao menos dar chance para ele de uma conversa. Porque afinal, nós não precisávamos conversar. Tinha visto muito bem o que estava acontecendo naquela suíte. Mais do que gostaria.
– Vai voltar pra Londres? – ela parecia indignada – Mas temos mais cinco dias aqui! Não é melhor sentar e conversar?
– Eu não quero conversar. Eu não quero saber das desculpas que ele provavelmente vai dar. Olha Candy, se quiser ficar tudo bem, mas eu não vou. 
Me encostei na parede, com falta de ar. Tinha que ficar calma. Não sabia como faria, mas ia embora do país o quanto antes. Ia sumir da vida dele o mais rápido possível. Precisava salvar o que tinha sobrado do meu coração e colar os cacos. Homem nenhum ia me deixar no chão. Nem Liam Payne.
– Respira, não chore!  – ela se aproximou de mim com cautela – Caralho, nunca imaginei que ia ver você chorando.
Sorri tentando me recompor.
– Me ajuda a pegar minhas coisas. Vou tentar pegar o primeiro voo pra casa. – minha voz soava fraca e rouca.
– Tudo bem. – ela falou com medo, mas decidida – Eu vou com você.
– Obrigada. – Foi tudo o que consegui dizer. 


                                                 Em Memória  
                       É pra você, por mim e todas as linhas sobre nós. 
 

Sinto muito em dizer, mas… É o último post do blog. 
Dor é uma sensação desagradável, que varia desde desconforto leve a excruciante, associada a um processo destrutivo atual ou potencial dos tecidos que se expressa através de uma reação orgânica e/ou emocional.
Será essa a verdadeira sinopse da dor? Eu sinto que meu peito está prestes a explodir e não sei quanto tempo posso aguentar. Existe uma linha tênue entre minhas lágrimas e o caos. Quando acordei do acidente a minha última lembrança antes de abrir os olhos foi uma risada. Com o tempo esqueci aquele som e a quem pertencia. Mas nunca mais esqueci o que em fração de segundos ela me fez sentir. E ontem eu senti esse mesmo sentimento. É estranho que mesmo depois de anos, esse sentimento me persegue e logo depois que sinto a melhor coisa que pode existir nesse mundo, vem à tragédia.
Eu não sei ao certo porque tenho esse sentimento quando tento lembrar o que aconteceu comigo há sete anos, mas hoje eu sei o que é sentir amor e vazio ao mesmo tempo.
Não costumo ser tão profunda assim em meus pequenos textos no blog, mas vocês sabem que comecei a escrever porque não tinha lembranças dentro de mim. E escrever estava me auxiliando com os tratamentos. 
Eu nunca havia amado. E por isso nunca havia escrito algo sobre.., Não tão especificamente.    
Eu esperava que escrevendo um pouco me ajudasse a entender o que está acontecendo ou talvez o que estou sentindo. A verdade é que fiz um blog para me ajudar a reviver minhas memórias, mas hoje eu só queria que elas se dissipassem. 
Obrigada por todo esse tempo e apoio.

Beijos, Luna Aniballe.

Duas horas depois, quando Candy saiu do quarto disse que tinha dado uma espiada e o mesmo rapaz estava cuidando da porta de Liam. Aquilo soava como uma faca em meu coração já despedaçado. Duas horas depois e nós já estávamos prontas para partir. Duas horas depois e eu ainda não conseguia acreditar que estava deixando o Brasil tão rápido e com tantas más lembranças e mágoas na mala. Duas horas depois e eu tentava dizer para eu mesma que aquilo era apenas um aprendizado um pouco dolorido, que logo ia passar. Porém duas horas depois era muito para quem havia acabado de levar uma punhalada pelas costas e pouco para quem queria se levantar.
– Já fiz cheque-out. – a informei – Está com tudo ai? 
– Sim. O táxi está nos esperando. – ela mordeu o lábio inferior apreensiva – Não quer pensar mesmo? 
– Vamos logo.
Já tinha pensando demais. Já tinha me torturado o suficiente e tomado uma decisão. Quando colocasse os pés para fora do hotel, não deixaria apenas a decepção para trás. Deixaria Liam também.
– Acha que ele vai surtar? – Candy perguntou quando entramos no táxi.
– Acho. O que mais me dói é saber que ele mentiu pra mim. Me tratou como se fosse única e na verdade eu só era mais uma. – pensei um pouco antes de continuar – Uma idiota.
– Vai ficar tudo bem. Não diga isso, o idiota é ele.
Concordei silenciosamente. Antes de desligar o celular mandei uma mensagem para Payne.

Nunca mais fale comigo. E estou me demitindo.

– Acha que não é demais se demitir da empresa? Liam não vai aceitar. 
Não tinha percebido que Candy estava espiando. Sorri amarelo para ela, sentindo meu estômago embrulhar. Era difícil deixar ele, mas as pessoas que vinham junto com a AEDAS também. Mesmo desconfiando que Zayn estivesse nessa, ele era um cara legal e ia sentir falta dele. Sem contar da garota que estava ao meu lado. Fechei os olhos tentando conter as lágrimas traiçoeiras. Podia até ser uma atitude nada premeditada e um pouco inconsequente sair assim, sem ao menos uma conversa, mas eu só havia me decepcionado com uma pessoa antes de Liam Payne e eu tinha oito anos na época. Keaton preferia a menina loira dos olhos claros que levava sanduíches para ele ao invés de mim, que ainda comia cola. Não sabia lidar com o que estava acontecendo. Eu jamais havia sido traída. Sequer sabia o que estava acontecendo.
– O Sr. Payne não tem escolha. – respondi, fungando – Não vou conseguir trabalhar para ele.
Essa era a verdade. Nua e crua. Eu não teria capacidade alguma de trabalhar com Liam depois de ter dito em alto e bom tom que o amava e com reciprocidade ele fazia do seu quarto um bordel. Eu ainda tinha um pouco de orgulho dentro de mim.
– Ainda não acredito que ele fez isso com você. – disse ela depois de um tempo – Como não quebrou aquele hotel inteiro? Eu teria quebrado.
– Ele não vale à pena.
Encostei a cabeça no vidro do carro, tentando não chorar mais. Payne realmente não valia à pena.
– Homens são tão ridículos e nojentos. – grunhiu Candy.
– Billy Crystal já dizia: “Mulheres precisam de um motivo para transar, e homens de um lugar.”
Senti a mão da garota em meu ombro. Me segurei para não desabar em nenhum momento. Algumas lágrimas caiam, mas não perdi a calma. Não podia bancar a desesperada.
Eu tentava entender como um coração como o meu podia ter se apaixonado por um coração tão cruel como o dele.
Eu nunca em minha vida tinha esperado um homem perfeito, um príncipe encantado. Eu nunca tinha mendigado amor ou atenção. Nunca tinha o proibido de fazer suas coisas, nunca tinha exigido absolutamente nada além de respeito. Nunca tinha pedido a Liam todos os seus presentes, nunca tinha exigido que ele não saísse mais com seu melhor amigo. Havia sido escolha dele.
Será que eu era tão ruim na cama? Senti uma pontada no coração. Eu havia feito de tudo, ou quase tudo que me sentia a vontade. Será que não tinha sido suficiente? 
Eu o odiava, mas fazendo o caminho para o aeroporto, direto para casa onde choraria por muito tempo, eu me odiava mais.
Não conseguia entender.
O que tinha feito de errado? Ele havia se declarado para mim uma noite antes. Havia dito que me amava. Havia dito primeiro, não eu. 
Olhei para Candy com os olhos transbordando lágrimas, que mal podia a ver me encarando com cara de pena.
– O que foi que fiz de errado? – perguntei com a voz chorosa e ela simplesmente me abraçou de lado. 
– Você é perfeita Luna. Você é perfeita.

Agradeci a Deus quando entramos no avião, me sentindo um pouco mais leve por fugir daquele lugar, mesmo perguntando há Ele, porque havia feito com que eu amasse Payne.
Era difícil dizer o que estava sentindo, desde que o rapaz abriu aquela porta.
No começo choque, as perguntas de que se aquilo estava realmente acontecendo comigo não paravam de ser sussurradas por um demônio que também mandava gritar e escandalizar da pior maneira possível. Depois senti vergonha, as lembranças vieram à tona e o desconforto por ter me entregue para alguém tão sujo me consumiu. Eu havia o desejado mais do que qualquer coisa, enquanto ele desejava outras. Eu havia dormido com ele na minha cabeça, enquanto ele nem dormia. Eu havia passado os dias pensando que ele finalmente tinha chegado que realmente tinha conhecido o cara certo, mas ele...Ele só queria saber de ter alguém para saciar suas vontades. Depois da vergonha senti raiva. Não conseguia imaginar como ele havia tido coragem de fazer o que fez. Me perguntava se ele não sentia remorso em cada palavra de carinho que me pronunciava. E ainda tinha os presentes. O apartamento. Como um ser humano conseguia ser tão falso? Será que ele achava que eu era mesquinha? Será que tinha passado a visão errada? Isso me fazia se sentir péssima.
Depois da raiva veio à dor. Porque as pessoas sempre falam que o coração dói? O que doía em mim era tudo. Meu orgulho estava ferido. Minha alma, meu corpo, tudo estava quebrado.
Tentei dormir e talvez tenha cochilado um pouco, minha cabeça doía muito, mas em nenhum segundo chorei na frente dos passageiros. Quando não aguentava mais fingir, corria para o banheiro chorar em uma tentativa falha de não demonstrar para todos que eu estava no fundo do poço.
 E Deus sabia o tanto que queria me deitar no chão daquele avião em posição fetal e chorar para o resto da minha vida. Liam parecia ser o cara perfeito, mas eu era a garota errada. A que havia o deixado escapar.

Foram doze horas de viagem. Doze horas confinada com pessoas estranhas e suas histórias. As piores doze horas da minha vida.
Às oito horas da manhã, quando coloquei meus pés desestabilizados no chão da cidade chuvosa que era Londres, me despedi de Candy. Eu iria a um lugar onde Liam não podia me encontrar. Se é que ele tentasse.
– Você vai ficar bem? – perguntou ela, quando finalmente pousamos.
Ela estava com olheiras profundas e com ar cansado. Não me atreveria a olhar no espelho, porque deveria estar um caco.
– Vou. Só de estar aqui já estou me sentindo melhor. – menti. – Me empresta o celular? Preciso fazer uma ligação.
Queria voltar pra casa ou para o apartamento, mas lá existia muita coisa que me lembraria ele. Pensei melhor e liguei para Megan, ela sempre sabia o que fazer e voltar para pequena cidade era a melhor opção. E eu faria tudo para que meu coração parasse de doer. Eu sabia que estava sendo fraca e tinha que aprender a encarar meus problemas de frente. Mas eu preferia fugir. 
– Acha que ele está desesperado agora? – Candy perguntou quando devolvi seu celular.
– Não sei.
Paramos em frente há um táxi que ela pegaria para voltar para casa. 
– Meu Deus, ele vai explodir esse país atrás de você. – disse ela, enfática.
– Não vai não. Esqueceu que ele me traiu? Eu quem tinha explodir alguma coisa.
– Que cretino. Não acredito que fez isso com você.
– Está tudo bem, não vamos mais falar sobre isso. – respirei fundo – Desculpa por estragar sua viagem.
– Não me peça desculpas por isso. Foi o mínimo que fiz. – ela me abraçou com força. – Vai sair da empresa mesmo?
– Vou.
– Espero que façam as pazes e nada disso aconteça. Não quero trabalhar com outra pessoa que não seja você.
Não queria ser rude com ela. Mas nós duas sabíamos que eu não o perdoaria. Se fosse mesmo perdoar Payne nunca teria ido embora do Brasil. Não sem ao menos uma conversa. Eu gostava de Liam mais do que queria, porém gostava de mim em primeiro lugar.
– Espero que vá me visitar. – dei um beijo em sua bochecha e me afastei o mais rápido possível, acenando de longe.
Tinha sido dolorido deixar Liam, mas pior ainda era saber que talvez perdesse Candy, ela estava sendo meu porto seguro. E depois da traição de Liam eu jamais poderia imaginar que ela me apoiaria em toda nossa loucura, afinal, ela havia abrido mão de alguns dias com Zayn. Eu sabia que não estava sendo fácil para ela, porque estava completamente apaixonada por Malik, mas Silverstone era uma garota incrível e amiga também. 

Peguei o metrô e em quarenta minutos desci na estação, sendo esperada por Megan. Ela me encarava preocupada. Tentei sorrir e fingir que estava tudo bem.
– Como está? – perguntou me abraçando.
– Acabada. Mas nada que uma cama e algumas horas de sono resolvam. – sorri torto e ela arqueou as sobrancelhas.
– Estou falando daqui. – ela apontou para meu coração.
– Ah... Acabado também.
Megan me encarou por alguns segundos, me analisando profundamente, como sempre fazia quando éramos crianças e ela duvidava do que falávamos. Ela me pegou pelo ombro e caminhamos para sua casa, que era bem próxima a estação por sorte. Não aguentaria mais ficar trancafiada. Eu precisava respirar, fazer meu coração voltar a vida novamente.
Quando chegamos em sua casa, ela já havia arrumado o quarto para mim. Deixei minhas coisas em um canto e fui tomar banho. A água caiu em meu corpo no mesmo instante e intensidade que as lágrimas começaram a rolar dos meus olhos. Eu nunca havia pensando que teria o coração partido por aquele cara que havia entrado na minha casa e falado que
era meu presente. Que belo presente, pensei.
Deitei no chão tentando chorar baixinho, não queria preocupar Megan. Sabia que enquanto estava ali toda despedaçada, ele provavelmente estava rindo com amigos.
E era o que mais me doía.
Meu mundo havia ficado uma bagunça em horas e eu não sabia como concertar. Aliás, eu sabia que não tinha concerto. Não enquanto eu mantivesse Liam dentro de mim.
Aparentemente não existia nada além do caos que se acomodava dentro do meu coração. Eu lembrava muito bem - o que era uma grande ironia - das palavras falsas ditas da boca dele. Ele me amava. Eu nunca havia me decepcionado tanto com alguém como tinha me decepcionado com Payne.
Não sabia quando tinha ficado cega, porque eu jamais tinha percebido o quão canalha ele era. No começo eu tinha leve desconfiança, mas não sabia por que havia deixado passar aquilo. Eu era uma tola.
Quando sai do banho, Megan estava sentada no sofá da pequena sala com duas xicaras de chá. Ela me observava por baixo dos olhos, mas eu sabia que estava me analisando.
Eu não fazia questão de esconder que estava mal. Na ligação breve que havia feito pedindo para ela um lugar pra me esconder, ela já sabia que tinha haver com Liam e estava respeitando meu tempo e espaço, porque ainda não havia me questionado sobre o real motivo de eu estar ali. E com aquela cara.
– Está melhor? – perguntou ela, me oferendo uma xicara.
Neguei com a cabeça, tomando um gole de chá.
– Liam disse em uma noite que me amava – comentei sentindo meu coração se comprimir dentro do peito – e na noite seguinte ele me traiu.
Não era preciso olhar para minha melhor amiga para saber que ela estava de boca aberta. Megan era escandalosa e soltou uma exclamação digna de Oscar quando terminei de contar a ela todos os últimos acontecimentos.
– Você está em um concurso para a Waterloo Bridge? Isso é incrível, nós deveríamos estar comemorando esse momento, não devia estar chorando por um canalha! – ela parecia mais extasiada que eu com a notícia, quando se deu conta da minha perspectiva para tal momento, se aquietou no sofá, perguntando com a voz mais baixa – Como está se sentindo agora?
Fechei os olhos tentando aceitar, mas a dor era horrível.
– Um caco. – respondi dando de ombros. – Mas vai passar.
Ela balançou a cabeça tomando um pouco do seu chá, criando um silêncio estranho. Megan sabia que não ia passar. Pelo menos não por hora. Essas coisas do coração aconteciam com ela diariamente e por inúmeras vezes estávamos em posições diferentes. Era estranho ser a mulher do coração partido.
– Vem, vamos assistir aquele desenho que ficávamos horas vendo. – ela estendeu sua mão me puxando para mais perto – Vamos passar a tarde como antigamente. Onde não existiam garotos e problemas. Era só eu e você.
Assenti levemente. Talvez isso me fizesse bem.
Megan mexeu em alguns canais e então a abertura do nosso desenho favorito começou. Sorri para ela aliviada por ter uma amiga de verdade ao meu lado. Era tudo o que precisava.
Um desenho, uma amiga, um sofá gostoso e comida. Nada podia me fazer mais feliz naquele momento.
Um momento de cinco segundos. Me mexi no sofá incomodada. E se eu tivesse feito à escolha errada? Meu Deus, eu não me perdoaria se tivesse feito à escolha errada. Talvez a culpa não fosse dele. Desde que Malik tinha se separado de Amber ele agia de forma diferente, um pouco festeiro. Talvez ele quisesse fazer uma festa em comemoração ao aniversário de Payne. Era uma hipótese.
Bom, mas isso não justificava absolutamente nada. Ele estava lá com garotas. Não que eu tivesse o visto, eu não tinha. Mas... Eu tinha feito à coisa certa.
– Luna, o que foi? – Megan perguntou assustada. Eu não conseguia ficar quieta – Aconteceu alguma coisa?
– Não. – neguei com a cabeça, encarando o nada – Só não consigo parar de pensar. 
Ela se arrumou do meu lado, me abraçando de lado. Era bom ter alguém que me conhecia durante toda a minha vida, que pudesse me apoiar de verdade.
– Você precisa voltar ao normal Luna. – disse ela limpando algumas lágrimas que eu sequer notara que caia.
– Não consigo. – sorri sem graça. 
– Estou falando sério. Olha, – Megan suspirou fundo antes de continuar – Liam não é homem para você. Eu sinceramente nunca gostei dele e acho que ele não merece… – ela indagou um instante antes de continuar e então apontou para mim – Isso.
– Nunca gostei de alguém o quanto eu gosto dele. – respondi já sentindo o choro violento invadir o peito – Eu não sei o que é isso que estou sentindo, mas tenho vontade de chorar o tempo todo. Meu peito dói tanto que às vezes acho que vai partir.
– Entenda uma coisa. Payne é um mentiroso ardiloso. Um falso que só queria alguém para saciar suas vontades… Bem eu nem sei se era apenas isso mesmo. Ele é doente.
– Megan! 
– Só estou falando minha opinião. Não gosto dele. Você deveria se afastar antes que aconteça o pior.
– O que pode ser pior pra você do que isso? 
– Eu … Eu não sei amiga. 
– Porque não gosta dele? Eu não sabia disso. Você nunca falou nada.
Megan nunca havia se pronunciado contra Payne. Sempre falava que ele era um homem lindo e quando nos conhecemos falava que deveríamos transar logo, ela ria da situação. Jamais falara ao contrário.
– Bem, não tinha porque eu me meter, mas agora olha o que ele fez pra você.
– Sei que se preocupa comigo, mas já sou grande o bastante pra saber com quem estou lidando.
– Só não caía de novo. – pediu ela – Quando a gente gosta fica um pouco cego. 
– Eu amo ele Megan. – comentei sincera.
Ela beijou minha testa sussurrando que sabia que eu o amava e então me puxou para um abraço.
– Acho melhor descansar um pouco. – disse se levantando – Vou pegar uns calmantes para você.  
– Não precisa. Vou ficar bem. – suspirei fundo – É que é tudo novo pra mim. Não sei se tomei a decisão certa em vir pra cá desse jeito abrupto.
– Amiga ele te traiu. – ouvir Megan falando em voz alta sobre aquela verdade era um martírio – Você fez mais do que certo em deixa-lo sozinho. Acho que Payne merecia o pior.
Engoli seco. Mesmo acontecendo tudo eu não conseguia desejar o pior para ele. Como havia dito para ela, eu o amava.

Era tarde da noite e eu ainda não tinha conseguido dormir. Me sentia exausta, arrasada.
Despedaçada.
E eu não sabia se um dia voltaria a me sentir inteira novamente. Eu não conseguia dormir nem por um segundo. Toda vez que pensava em fechar os olhos lá estava ele. Me perturbando. A primeira noite no avião havia sido horrível, mas agora, era pior. Com o passar do tempo, as horas... Tudo ia piorando e seu sorriso, seus olhos castanhos, sua boca macia, eu sentia falta, eu lembrava cada momento, cada toque.
Era a pior sensação em toda minha vida.
Quando me acidentei aos dezoito anos tentava voltar no tempo para reviver minhas memórias, minhas melhores lembranças, mas agora queria voltar ao passado para apagar tudo o que tinha vivido com Liam. Ele não merecia nada que viesse de mim. Principalmente as melhores lembranças.
Quando rolei para um lado tentado procurar uma posição melhor para dormir, ou nesse caso, tentar. Ouvi um barulho do lado de fora. Estremeci olhando de esguelha para os lados. Eu não era uma pessoa muito corajosa. Não tinha orgulho disso.
Fiquei parada quase sem respirar para tentar ouvir da onde tinha vindo aquele barulho. Provavelmente seria um gato, não me lembrava de Megan ter um bicho, mas era possível que fosse de algum vizinho. Puxei um pouco mais meu cobertor para me esconder e então uma porta de carro bateu. Respirei fundo relaxando. Era só alguém na rua. Deviam ser alguns garotos voltando da farra.
Fechei os olhos e instantaneamente lembrei da noite maravilhosa que havia passado na praia com Payne. Seria muito difícil esquecer de momentos como aquele.
Um filme passava na cabeça toda vez que fechava os olhos. Desde o dia que tinha o conhecido até quando o deixei. Era angustiante.
Ouvi outro barulho, dessa vez mais próximo. Vinha do quarto de Megan. Ela se remexeu e acendeu a luz se levantando entre tropeços. Sentei na cama assustada.
– Está tudo bem? – perguntei quando ela passou pelo corredor com cara de poucos amigos.
Não sabia se tinha me escutado ou não, mas ela não me respondeu. Eu ia me deitar novamente e então um barulho alto de porta se fechando com força me fez levantar rapidamente. Eu não estava entendendo o que estava acontecendo. Talvez Megan fosse sonambula. Me assustei com a possibilidade da minha melhor amiga dar uma de louca durante a madrugada e a segui para seu próprio bem. Mas quando cheguei à metade do caminho ela me encarou pálida com uma expressão preocupada nos olhos. Estremeci, pensando o pior.
– O que houve? – perguntei confusa.
– Ele está aqui.
 


Notas Finais


Gente primeira coisa: Se tiver algum erro nessa atualização me avisem por favor porque não estava conseguindo att e agora me perdi nas postagens, enfim...me avisem.
Segundo: Desculpa pela demora perturbadora que foi esse cap, prometo que tentarei colocar tudo em ordem.
Terceiro: Amei pra caralho os 37 comentários anteriores, to pasma/chorosa/ rindo com cada um deles.
Quaro: Acabei de postar o prólogo da fic DESCULPA SE TE CHAMO DE AMOR. Ela conta a história dos dois personagens Zayn Malik e Candy Silverstone. Espero que gostem, é só uma palinha sobre eles e ainda não é definitivo. Tanto que a capa é uma montagem meio brega que fiz deles. Hahahaha

https://spiritfanfics.com/historia/desculpa-se-te-chamo-de-amor-6384719

PS: AAH SABIA QUE ESTAVA ESQUECENDO DE ALGO. VOCÊS VIRAM A CAPA NOVA DE EM MEMÓRIA? CONTÉM TODOS OS PERSONAGENS LINDOS E ESTÁ DIVINAAAAAAAAAAAAAAA!

Espero que tenham gostado desse cap e comentem por favor e espero que gostem do pequeno pedaço de Zandy.
Beijos e boa vida a nós. <3


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...