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História Em minha tattoo diz - Capítulo Único - Dez para meia-noite


Escrita por: sekaibox e niut

Notas do Autor


Chegou mais uma vez com uma história vinda dos meus pensamentos meio emaranhados. Apesar de tudo espero que gostem e possam continuar a apoiar o nosso projeto.

Capítulo 1 - Capítulo Único - Dez para meia-noite


— Mamãe, acha que um dia encontrarei alguém que faça meu coração bater tão forte quanto uma tarde no parque de diversões? Porque... você sabe, não é? Montanhas-russas fazem minhas mãos suarem e às vezes, na subida, sinto como se fosse explodir de alegria e quando realmente começamos a descer, tudo parece ficar em câmera lenta, mesmo o brinquedo sendo tão rápido! – O pequeno Sehun desabafava com a jovem mãe em seu quarto escuro, mas ainda assim, tão bem iluminado pelas estrelinhas que brilhavam no abajur do menino. Ela tinha um sorriso nos lábios, sabia que aquela questão viria algum dia, principalmente pelo fato de tais palavras serem um tanto quanto estranhas e estarem em sua pele frágil desde que era apenas um pequenino bebê de colo, mas não pretendia que o entendimento do seu garoto fosse tão grande quanto aquilo.

— Veja, acredita no que está escrito bem aqui? – Os olhinhos brilhantes seguiram o dedo da mulher de unhas bonitas até a demarcação das palavras embaralhadas que logo formariam a bendita frase. Sehun concordou veementemente. — Então, vai chegar um dia especial, no qual você vai conhecer a sua metade da laranja, sabe? Esses dizeres são apenas confirmação do que virá pela frente.

— Mas, mamãe, como saberei? Isto se ouve todos os dias nessas cafeterias, não acha estranho que para mim vá ser especial? 

— Não, Sehun. Acontece que o amor tem dessas, poderá não significar nada para outras pessoas, mas para você será como uma ida para a montanha-russa. Poderá sentir medo ou apenas ansiedade diante daquela questão, suas mãos vão ficar grudentas e o seu coração baterá mais rápido. Isso significa que está rolando o “tchan”.

O garotinho fez uma careta diante do comentário da mais velha e um biquinho de dúvida se fez presente em seus lábios. Então quer dizer que quando encontrar a sua alma gêmea, sentirá o… tchan?

— Enfim, meu amor, já é hora de pregar os olhinhos, sim? Não pense demais nisso ou acabará surtando, apenas deixe acontecer naturalmente. 

E se seguiu a deixa da mãe deixando um beijo casto no rosto do filho e logo saindo dali, lhe desejando uma boa noite de sono. Sehun não demorou a dormir, caiu como uma pedra no travesseiro fofinho, mas não pôde evitar de sonhar com o que havia conversado com a progenitora. Ele andava ansioso, talvez fossem os hormônios que tanto se falava na pré-adolescência e mal podia esperar para que o seu embalo acontecesse.

[...]

 

— O que está havendo com o calouro? Está doente? – Um gentil veterano da faculdade, chamado Jongdae, se sentou à mesa dos colegas, se deparando com um Sehun prostrado e genuinamente cabisbaixo.

— Ele foi a mais um Starbucks hoje. – Kyungsoo foi o que respondeu como de habitual, mas pouco entendeu o rapaz que comia seu hambúrguer, acabou se sentindo um completo perdido na conversa.

— Sim, e…? 

— Oh, você não sabe? A tatuagem de Sehun é meio, digamos assim, peculiar. – Junmyeon tomou a frente para detalhar o contexto para o quase amigo.

— E o que diz? – Olhos curiosos foram em direção ao rapaz e este, sem paciência alguma, apenas expôs a parte do braço onde guardava a marca de nascença com os dizeres: “Bem-vindo ao Starbucks, no que posso ajudar?”

— Não acho estranho, o que realmente te faz ficar tão emburrado?

— A questão é que desde que passei a sair em busca da minha alma gêmea, minha vida se limita em fazer viagens de carro até várias cafeterias e sempre se resulta na mesma coisa. 

— Vários cafés? – Jongdae arriscou.

— Sim. Vários cafés e nada além disso. Mamãe me disse uma vez que eu sentiria quando ouvisse a minha pessoa dizendo tais palavras, que seria como a sensação de estar em uma montanha-russa potente, mas é frustrante comparecer em vários estabelecimentos todos os dias e não sentir nada além de náuseas de tanto tomar café.

— Coma um bolo da próxima vez. – Kyungsoo ditou, como se aquela pudesse ser a solução da agonia de Sehun. Houveram algumas risadinhas vindas daquele projeto de piada, inclusive um pequeno sorriso do rosto de quem tentavam animar.

— Fica calmo, cara. Um dia acontecerá naturalmente, sim? – Alguns tapinhas no ombro e mais piadinhas infames, assim foi a saída do veterano daquela mesa que voltou ao silêncio que estava antes. 

Era sempre aquilo de deixar acontecer naturalmente. Talvez este fosse o seu erro, não estava sendo tão natural assim, ou melhor, nada. 

Por mais que se interessasse bastante pelo fato da vida proporcionar aquelas pistas para as pessoas encontrarem quem realmente as completavam, se perguntava ao mesmo tempo se tudo aquilo era necessário. Podia dizer que se sentia em um jogo de caça ao tesouro, mas o mapa se encontrava longe demais.

— Vocês já sentiram? Digo, sentiram o tchan? – Oh despertou sua curiosidade, instigando os amigos a contarem um pouco mais sobre suas relações amorosas, porém, na verdade, queria saber se o fracassado dali era apenas ele. 

— Eu estou bem, quer dizer, ainda. Fico nervoso no supermercado quando imagino que qualquer pessoa que disser “Área 02 de reposto” será o tchan. Mas ultimamente, tenho sentido algo diferente quando piso os meus pés lá dentro, acho que está para acontecer. Ou talvez não, pode não ser um supermercado. Tudo é um mistério.

Junmyeon suspirou em seu misto de inveja e compaixão. Estava feliz com a possibilidade de dar certo para Kyungsoo, mas sentia vontade de ter algo assim, já que desde quando disse para Yifan sobre sua tatuagem, ele pouco teve interesse nos dizeres marcados em preto, logo o rapaz chegou a pensar não ter aquilo que chamavam de alma gêmea. O mais novo naquela mesa desfrutava dos mesmos sentimentos, um tanto quanto afoito demais em relação aos outros.

— Não vamos nos forçar a pensar nesse detalhe agora, sim? Devemos sair hoje? – Kim quem quebrara o momento de decadência, porém logo remetendo a algo que Sehun teria que fazer assim que anoitecesse.

— Não rola para mim, tenho que trabalhar.

— Irá se fantasiar em festas infantis novamente? Cara, já lhe disse, não creio que seja essa a sua praia.

— E está certo, Soo, realmente não me alegra, mas foi minha última alternativa após ter sido rejeitado em tantos outros empregos. Além de que, me pagam bem para passar horas e horas fantasiado naquelas roupas. Pelo menos, hoje serei um príncipe.

— Deveria ser um sapo, quem sabe assim não recebe um beijo de quem tanto espera? – Os amigos fizeram piadas até que o primeiro sinal tocasse. 

Andar naquele tumulto de pessoas entre os corredores da faculdade, sempre fazia Sehun sentir calafrios pelo corpo inteiro. Seus sentidos pareciam aguçar e seu olfato trabalhava como um sensor atrás do indivíduo que emanava o cheirinho bom de jardim-da-espanha e rosa centifolia – fragrâncias essas que passou a entender após procurar por artigos de aromaterapia em sessões de perfumarias nos shoppings que passava por perto todos os dias. Aquilo o instigava, até a sensação familiar passar segundos depois. Sua intuição gritava como um aviso, mas seu lado desacreditado preferia imaginar que aquela cena rotineira era como o aroma de produtos de limpeza quando limpam o chão.

[...]

 

— Quero um cachorro! – A dona da festa infantil gritava para o príncipe Oh, este que tentava dar seu máximo para dobrar aquela maldita bexiga. Já estava a uns bons minutos pensando em como faria tal coisa, mas nada saía além de um projeto de cobrinha elástica. Seu trabalho era mais difícil do que pensava que seria antes de aceitar ser o alvo de dardos de plástico nas mãos de crianças movidas a alguns quilos de açúcar. Elas o assustavam e podia jurar que a menininha de cabelos curtos e janelinha nos dentes o atacaria, caso não fosse salvo pelo gongo bem no momento do anúncio do partir do bolo. 

Pôde respirar aliviado quando a tropa de pequeninos saiu correndo atrás de mais doces. Se perguntou como aquelas veias aguentavam a sacarose em excesso, mas preferiu não mentalizar muito para que pudessem esquecer de sua existência momentaneamente e apenas focar no chantilly daquele bolo colorido e cheio de granulados.

Aproveitou então para ir ao banheiro e se trancar em uma das cabines para viver alguns míseros minutos de tranquilidade. Seu corpo clamava por descanso após o longo dia de estudos e apenas meia hora de trabalho fora o suficiente para acabar com o pingo de sanidade mental que restava. 

Todo aquele esforço não era de fato necessário, os pais o apoiavam o bastante para que pudesse apenas focar nos estudos até que se formasse, mas achou nos afazeres um modo de evitar idas desnecessárias à cafeteria principal da cidade. Tinha certeza de que os funcionários do lugar achavam estranho a sua estadia que durava horas, com a desculpa de que era um ambiente calmo para se pensar. Sabia que estava precisando estabelecer limites em sua vida e talvez aquela exaustão fosse resultado do seu problema, já que desde que ingressara naquela vida de animador de festas infantis, mal tivera a chance de visitar o local naquela semana. Compareceu ao do shopping vizinho apenas naquele dia mais cedo e já considerava aquilo um belo de um avanço.

— … E cara, você não vai acreditar no que ele me disse. – Não que Sehun fosse considerado fofoqueiro ou algo do tipo, mas de repente a conversa dos dois rapazes que entraram no banheiro logo em seguida lhe pareceu bem interessante. Um contava para o outro como havia sido ignorado pela pessoa com a qual saía e aquilo estava causando boas risadas internas em si.

— O quê? – Perguntou o acompanhante do que falava aos montes.

— Bem-vindo ao Starbucks, no que posso te ajudar?

— Está brincando? Mas que absurdo!

— Sim, não é?

Caso não fosse pelas paredes da cabine de alumínio, Oh cairia ali mesmo, no meio do banheiro. Estava acontecendo. Era como a descida emocionante de uma montanha-russa, e podia jurar estar sentindo a famosa sensação de borboletas no estômago, só não podia afirmar se era por falta de bombeamento de sangue no local ou se eram efeitos colaterais do tchan.

Destrancou a porta o mais rápido possível, chamando a atenção dos jovens, que o olharam como se fosse um louco. E talvez realmente estivesse parecendo um, já que seu cabelo não estava em um de seus melhores momentos ou o rosto manchado de tinta facial.

— Sehun? – O de jaqueta universitária chamou seu nome, o fazendo voltar para a órbita. Precisou piscar alguns segundos para reconhecer o veterano da faculdade. Estava sendo pego de surpresa e seus neurônios trabalhavam ensandecidamente em busca de respostas sobre Jongdae ser ou não o sortudo.

— Oi… – Ele podia escutar as batidas do coração e quase podia jurar que os dois em sua frente também podiam. O garoto ao lado de Jongdae tentava conter um sorriso no rosto, deixando Oh ainda mais nervoso, tanto que não pôde deixar de dizer outras palavras além daquelas: — Seu cadarço está desamarrado.

— Já disse para Jongin que ele irá quebrar a cara algum dia se não aprender a amarrar direito seus tênis, mas ele nunca me escuta!

“Mãe, está acontecendo!”. Era o que ele tinha vontade de gritar naquele momento. Se sentiu grandemente aliviado por ter a certeza que de Jongdae não era o seu tchan – fantasiar romances com colegas antes de dormir não era a sua praia –, isto porque o tal Jongin o olhava assim como ele; pareciam afoitos. Ambos tinham aquele brilho no olhar e houve a confirmação ali. Seria prolongado, se não fosse por Sehun sair apressado do banheiro ao se lembrar de que tinha um emprego a zelar. 

Jongin tinha a respiração descontrolada e mal conseguia entender direito a situação que se seguiu antes da saída brusca do príncipe na cabine. 

— Você escutou? – Ele sacudia o amigo pelos braços, deixando Jongdae com uma grande feição de dúvida no rosto.

— Disse alguma coisa?

— Não, não eu. Ele!

— Ele quem? Sehun? 

— Sim, você escutou?

— Creio que sim. “Seu cadarço está desamarrado” ou algo assim.

— Exatamente. E sabe o que minha tattoo diz?

— Não brinca! 

— Eu falo sério, Jongdae. Cara, acho que rolou.

— É, acho que sim.

[...]

 

A mãe do Oh estava tentando entender o que o filho falava tanto entre os dentes e soluços. Estava fora de si desde que chegara do trabalho fantasiado de príncipe e cara de chorão, e mesmo após um banho quente, não conseguia expressar direito o que estava sentindo. Por outro lado, ele estava tão alegre e medroso de finalmente ter encontrado o alguém que o fizesse sentir a sensação de queda livre, que mal conseguia colocar em palavras a cena que havia acontecido dentro do banheiro da lanchonete onde ocorrera a festa.

— Mas então, eu corri. Sabe, quase até tinha me esquecido de fazer os balões em formas de bichinhos e acredite ou não, consegui fazer o bendito cachorrinho depois de mais uns dez minutos.

— Rebobine. 

— Qual é, mãe? Acabei de te contar o fato mais surpreendente da minha vida e você não entendeu nada?

— Como quer que eu entenda se quase não diz algo com sentido?

Sehun suspirou.

— Jongin disse as palavras.

— Quer dizer, as palavras? Digo, as que ninguém dizia até então?

— Sim, e em um lugar totalmente diferente de um Starbucks. Ou seja, passei tempos indo e vindo em cafeterias e me enchendo de café, para no fim, ele me encontrar em um banheiro.

— Eu te disse, Sehun. O amor tem dessas, às vezes nos prega peças em momentos onde não esperamos absolutamente nada.

— Mas e agora? – O olhar confuso recaiu sobre a progenitora, que para piorar sua situação, apenas deu de ombros; ele esperava mais do que aquilo.

— Não sei.

— Como assim não sabe?

— Simplesmente não sei, oras. Não posso prever o futuro. Você não ficou para saber o final da história.

— A culpa não foi minha!

— Sei que não, mas nunca se sabe o que aconteceria caso não tivesse corrido, nem ao menos trocaram seus números.

Ela tinha razão e ele sabia disso. Não fazia a mínima ideia de onde encontraria o rapaz novamente, sua única esperança era que Jongdae passasse o contato do amigo sem pestanejar e que Jongin fosse conivente com a ideia de um encontro a là vontê e que ao menos saíssem dali simpatizantes um do outro.

[...]

 

Enquanto voltavam para casa, bem mais tarde do que o combinado, Jongin tentava manter a feição neutra enquanto Jongdae contava sobre o fato de todos os três cursarem a mesma faculdade. Ele se perguntava do porquê nunca ter visto Sehun por aquelas bandas e não precisou de explicação maior quando o amigo citou sua falta de interesse no quesito romance. De fato, nunca fora uma pessoa que esperava o amor bater em sua porta, tanto que sua tatuagem quase nunca fora algo realmente de importância em sua vida. Então, consequentemente, nunca se atentou na possibilidade de sua metade da laranja estar bem mais perto do que imaginava. 

Não esperava ter a reação que teve, sua mente tentava criar argumentos que provassem que aquele momento foi apenas um delírio e que não ficara encarando o garoto vestido de príncipe de forma estranha. Contudo, era algo que sua avó já dizia há longos anos atrás: “Quando é para ser, vai acontecer. E se você não se permitir, vai enlouquecer, está me entendendo?”

Não sabia exatamente o que fazer dali para frente, havia conhecido a pessoa que, por um acaso e segundo as batidas loucas de seu coração junto dos dizeres medíocres sobre sua pele, viria a ser sua alma gêmea. Mas e daí? O que deveria acontecer? 

— Me escutou, Jongin? – Sentiu um tapa de força moderada em sua nuca. Estava tão fora de si que demorou alguns segundos até entender que seu amigo havia lhe dado um tapa.

— O que foi? 

— Em que mundo você está? Eu disse para investir em Sehun.

— Mas assim, do nada?

— Não é do nada, é coisa do destino.

O Kim não pôde deixar de revirar os olhos diante da fala meio boba. Jongdae tinha sempre que ser o cara que é extremamente irracional quando se trata de assuntos emocionais e isso desde que conhecera a garota de seus sonhos. Ele era um bobo apaixonado.

— Certo, vá para casa.

— Vou já, mas não se esqueça.

— Que irritante, vá logo! – Ambos riram daquela situação e Jongin acompanhou com o olhar a saída alheia até o complexo de apartamentos pequenos ao lado do seu. Até nisso combinavam, se tornaram vizinhos coincidentemente. No entanto, se tem uma coisa que não eram nada parecidos, era no quesito bravura. Jongdae era corajoso, parecia não ter medo das consequências que suas atitudes tomariam, diferente do rapaz que tivera a noite mais louca de sua vida. 

Pensava seriamente em não seguir os conselhos do amigo e apenas esquecer da cena do príncipe de cara pintada dentro daquele banheiro de lanchonete.

[...]

 

Se passaram duas semanas. Era o que Sehun mais repetia em sua mente. Quatorze dias haviam se passado desde o fatídico dia do aniversário e nada tinha acontecido. 

Fantasiava desde pequeno narrativas onde assim que conhecesse a pessoa que diria as palavras mágicas de sua tattoo, viveria um romance de cinema. Entretanto, recebeu apenas uma breve encarada no corredor da biblioteca e um “até logo” corrido. Sua mãe, querendo ser otimista, dizia que talvez Jongin fosse apenas tímido e estava esperando uma deixa para conversar com ele, mas Oh não era tão bobo assim e bem entendia quando estava sendo evitado por alguém. Será que tinha feito algo de errado? Mas o que poderia ter feito se nem ao menos tiveram tempo de conversar? 

“Psiu!”

Pensou ter matado a charada. Certeza que era porque tinha corrido como um covarde!

“Psiu!”

Tinha causado uma má impressão no rapaz. Principalmente vestido daquele jeito. Estava parecendo um lunático.

— Caramba, Sehun. Estou te chamando! – Uma mão impaciente lhe cutucou pelas costas. A bibliotecária não havia gostado nada da fala alta de Jongdae, que levou uma bronca daquelas e não tivera outra opção a não ser sentar ao lado do garoto e fingir que entendia bastante de cálculo vetorial.

— Aconteceu alguma coisa?

— Sim, vocês são dois bobos. Tome. – Um endereço escrito por uma mão de caligrafia estranha.

— O que é isso?

— O lugar onde Jongin trabalha.

— Por que está me entregando isso? Eu não vou forçá-lo a nada, se ele não quer sair comigo, tudo bem.

— Acredite, ele só está sendo um bundão. 

— Não sei, Jongdae. Me parece estranha demais essa situação.

— Ambos pensam da mesma forma. Apenas tente, ok? Ele é meio cabeça dura, então não irá cair na minha lábia.

— E acha que eu vou? – Se Sehun, não fosse tão centrado, talvez pudesse se sentir ofendido com a fala do veterano. 

— Sim, eu acho. Até logo. – E assim como ele apareceu, sumiu, deixando Oh com mãos nervosas revirando o pedaço de papel amassado.

Mil e uma possibilidades passaram por sua mente, das melhores até as piores, onde era expulso do local e colocavam uma foto sua na entrada para indicar clientes não tão bem-vindos assim. No final, decidiu: o que é uma gota d'água para quem já está molhado?

[...]

 

Estar em um estabelecimento apenas por estar já era quase rotina para ele, mas nunca esteve em um restaurante tão chique quanto aquele e estar sozinho, diante de tantos casais fingindo classe, estava quase que insuportável. Queria apenas que Jongin visse que estava ali e assim ter a oportunidade de iniciar uma conversa, porém já haviam se passado quarenta minutos desde que pisara os pés ali e uns três garçons diferentes já tinham passado por sua mesa.

Obviamente não tinha dinheiro para nada daquele cardápio que variava entre opções de preços com bastante zeros – coisa essa que ele nunca havia pensado que um prato de comida poderia chegar a custar tão caro quanto os tênis que usava. Então, pediu apenas um copo de suco para todos os funcionários que chegavam nele perguntando o que desejava. 

Fez uma hora que seu corpo se encontrava prostrado naquela cadeira refinada e chegou a pensar que se Jongin não estava no meio dos homens de preto ali, só poderia significar que ele era o gerente. Sendo que na verdade, apenas não era seu dia de trabalho, portanto o rapaz deveria estar em sua casa relaxando, talvez assistindo um filme e comendo pipoca. Se xingou mentalmente e xingou Jongdae quando um senhor gentil lhe informou a situação.

Saiu dali com vergonha, pensando na possibilidade de terem suposto que havia levado um bolo e por isso estava indo embora sozinho. Malditos sejam!

Estava desanimado, confessava, e tudo que queria naquele momento era chegar em casa e dormir até que seus olhos inchassem. Entretanto, a noite estava bonita, as estrelas brilhavam tanto quanto o sorriso de sua mãe, aquela pessoa que ele mais amava no mundo e que provavelmente estaria lhe dando um sermão sobre ser tão dependente de alguém naquele momento. Se sentou no balanço infantil que tinha na praça ali perto e pouco se importou se algumas crianças lhe olharam estranho por ser “grande demais” para brincar. Tirou os tênis também, logo fincando seus pés na areia fofinha, enquanto seu olhar permanecia na Lua brilhante no céu.

E mal sabia ele que Jongin o olhava poucos metros dali. Pensava em como pedir desculpas pela loucura de Jongdae, que se recusava a pedir ele mesmo. O mais velho entre os três havia instigado Sehun para ir até o local de trabalho de Jongin, em seu dia de folga, apenas para que Kim fosse buscá-lo e assim, conversarem. Se sentia um gênio pela ideia mirabolante, mas o amigo apenas pensava que ele era um idiota que não havia saído da 5° série.

— Quer que eu te balance também? – Oh se assustou com o rapaz puxando as correntes do brinquedo, negando firmemente para que ele não fizesse aquilo.

— Não o faça, por favor.

— Tudo bem, me desculpe.

— Então, o que faz aqui? – Embora Sehun já soubesse a resposta, queria ter a confirmação para que assim pudesse ter uma justificativa diante da conversa que gostaria de ter com o colega de faculdade.

— Jongdae. Ele é um bobo, sinto muito por ter vindo aqui por nada.

— Até que não foi por nada, veja o quão bonito o céu está, eu não poderia ter essa vista caso não tivesse vindo até aqui.

— Então não está bravo? – Jongin estava surpreendido pela calma alheia, se fosse ele, certeza que estaria praguejando por aí. Sehun apenas negou.

— Estou bem.

— E sobre aquele dia, digo, pelo que não aconteceu…

— Está tudo bem, Jongin. Eu entendi.

— Espere. É só que é estranho, você não acha?

— O que é estranho?

— Vamos, Sehun. O fato de estarmos marcados por uma mera frase que diz significar aquilo que nossa alma gêmea dirá. A mágica acontece, mas e aí? O que faremos logo em seguida? Você nem sabe bem quem é a pessoa, ser sua cara metade não significa nada. E se sua metade da laranja for um psicopata?

Oh riu.

— Nunca tinha chegado a pensar nesse ponto. Estive sempre tão focado em conhecer alguém que me fizesse sentir algo bom, que não me passou pela cabeça sobre o que realmente aconteceria.

— Você sentiu o que eu senti? – Os olhares dos dois se encontraram em uma pergunta. 

— O frio na barriga de quando estamos em uma montanha-russa?

— Eu diria mais como pular de bungee jumping.

— E você já pulou alguma vez?

— Não, mas imagino como deve ser. Você praticamente está saltando para o desconhecido, consegue enxergar o que tem lá embaixo, mas não sabe realmente o que pode acontecer durante o percurso.

— É, acho que você tem razão.

Houve silêncio durante um tempo. Os jovens no balanço apenas olhavam ao redor e riam em sintonia quando alguma criança destruía o castelo de areia do colega e recebia um tapa em troca. Não chegava a ser algo desconfortável, finalmente estavam desfrutando de algum momento onde nenhum dos dois precisavam de fato fazer algo para tornar o clima menos anormal.

— Ei, Sehun.

— Diga.

— Seja lá o que tiver que acontecer daqui para frente, gostaria de pular de bungee jumping comigo um dia?

— Isso é algum tipo de metáfora por acaso?

— Não sei, depende da resposta.

— Então sim, Jongin.

— E tomar um café, aceita?

— Não.

— Não? – Os olhos alheios se surpreenderam.

— Sabe, durante essa minha busca incansável por você, viajei muito tempo por alguns Starbucks da cidade e consequentemente, tomei muito café. Mas, fato curioso, não sou um apreciador de fato.

— Um sorvete então?

— Pode ser.

— Amanhã?

— Por que não agora?

Eram quase onze da noite e os dois sabiam que dificilmente encontrariam uma sorveteria aberta, a menos que fosse em uma loja de conveniência 24 horas, mas preferiram ignorar esse fato e apenas caminharam juntos sabe-se lá para onde. Como o mantra que sempre repetiam para Sehun, ele deixaria acontecer naturalmente a partir dali. Se fosse para partir em aventuras em dois dias ou apenas em dois anos, ninguém sabia, mas como a mãe de Oh teimava em colocar na mente do filho, aqueles dizeres eram apenas confirmação do que viria pela frente e ele esperaria de bom grado.

 


Notas Finais


Plot por: @rainfiorest
E mais uma vez gostaria de agradecer a equipe pela grande força para que essa história chegasse aqui. @sanawaist pela betagem e a gradíssima @mingtanas pela capa maravilhosa.


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