O tempo se arrastava naquela noite de domingo. Enquanto suas amigas saíam para se divertir, Rosé concentrava-se em terminar de ler um de seus livros favoritos — Harry Potter e a Pedra Filosofal. Já lera o volume, pelo menos, umas três vezes e, ainda assim, para ela parecia a primeira. Sozinha em seu quarto, sob a luz de uma vela enquanto lia, ela sentia-se em paz, mas não completa. Queria uma companhia, alguém para sair e se divertir, porém os afazeres a impediam de ter esse momento. E foi o que revelou às suas amigas assim que chegaram.
Após uma longa conversa em um chat com Jennie, Lisa e Jisoo, Rosé as convenceu de que as quatro deveriam morar juntas, já que, atualmente, todas moravam sozinhas.
Rosé recostou-se no travesseiro e fechou os olhos, tentando abafar a ansiedade que não a deixaria dormir. Para completar, a vizinha havia acabado de colocar EDM para ouvir em um volume razoavelmente alto, fazendo Rosé levantar-se da cama e fechar a janela, voltando à sua tentativa de dormir logo em seguida; enquanto ainda escutava o som da casa ao lado, que agora reduzira-se a um ruído abafado.
Tocava Sugar Free do T-ARA no momento, e Rosé descobriu que gostava da música, afinal. Quando EDM foi mudando progressivamente para Ballad, ela dormiu.
A manhã seguinte foi agitada. A todo momento Rosé movia algum móvel de lugar, arrumava algum quarto, a poeira subindo... Em algumas horas, a casa estava pronta para receber as hóspedes.
Rosé dirigiu-se até o banheiro a fim de tomar um banho e se preparar. Observando sua casa, concluiu que seu trabalho não fora em vão. A casa estava impecável!
Ding Dong!
Foi correndo abrir a porta ao soar da campainha. Jisoo logo entrou, carregando algumas malas.
— Onde estão as outras? — perguntou Rosé, curiosa.
— Estão no shopping! A Lisa ficou presa na porta giratória de uma loja de sapatos.
— E como ela conseguiu ficar presa?
Jisoo levantou as mãos, indicando não ter certeza da resposta.
— Trouxe as malas delas? — perguntou Rosé, olhando para a bagagem de Jisoo.
— Ah, não! Estas são as minhas!
— Uh, entendi.
— Gostei da casa! — admirou Jisoo.
— Vou mostrar seu quarto, traga as malas.
(...)
No momento em que a campainha tocou novamente, Jisoo levantou-se do sofá e foi abrir a porta, deparando-se com Lisa do outro lado. Não pôde evitar olhá-la com reprovação.
— Ela demorou muito tempo para sair? — Jisoo perguntou a Jennie.
— Muito tempo! — ela respondeu, erguendo as sobrancelhas.
— E as malas? — perguntou Jisoo, procurando-as.
Seungri surgiu na porta, carregando malas em suas costas e outras nas mãos. Jogou-as no chão e caiu, exausto.
— Ele perdeu uma aposta e as trouxe. — sorriu Jennie, vitoriosa.
— Chegaram! — descia Rosé da escada, empolgada. As meninas voltaram-se para ela. — Estão todas bem?
— Menos o orgulho dele. — Jisoo apontou para Seungri.
Rosé ficou a encará-lo, incrédula.
— Hoje, ele é meu lacaio. — sorriu Jennie.
(…)
— Bom, já sabem onde estão seus quartos. Agora eu vou dormir. Tenham uma boa noite!
Cada garota dirigiu-se até seu quarto.
A noite estava calma. O canto de uma cigarra, lá fora levava Rosé ao mundo dos sonhos. De repente, ouviu um barulho. Assustada, Rosé desceu a escadaria para conferir e percebeu que o som vinha do banheiro.
A casa estava totalmente escura se não fosse pela luz do banheiro.
— Quem está aí? — perguntou.
A porta se abriu, revelando Seungri, que estava com uma feição suspeita.
— Rosé, você tinha razão! Os pastéis que comi no almoço…
Seungri fez um gesto; Rosé caiu em desespero.
O dia seguinte foi extremamente cansativo para Roseanne Park que, ainda exausta pela noite anterior, teve que assumir as tarefas da casa enquanto as amigas iam a algum lugar fazer compras.
Jennie se assustou com o estrondo que a porta fez ao se fechar de repente.
— O que foi isso? — perguntou Jennie.
— Coloquei seu lacaio para fora.
— Coitado!
— Coitado? Ele não me deixou dormir ontem!
— Eu não tô falando do Seungri, ele tem casa! Estou falando do meu carro que ele ficou de lavar.
Jisoo assentiu.
— Hora de irmos! — exclamou Jennie.
— Mas, e o almoço? — perguntou Rosé.
— Desculpa, mas não vai dar tempo. Talvez a gente volte para o jantar.
Saíram e bateram a porta.
Rosé ficou sozinha, com a casa de cabeça para baixo. Perguntou-se como seria quando chegasse seu aniversário no fim de semana.
— Elas lembrarão! — Tentou convencer a si mesma de algo que não tinha certeza.
Dia após dia, a situação se repetia. Até que o grande dia chegou.
Rosé tentava repelir as expectativas, sem êxito. Ficou discutindo, sozinha em seu quarto, qual seria seu pedido. Momentos depois, desceu para checar o que as amigas faziam.
— Bom dia!
— Bom dia! — responderam em uníssono.
— Pretendem sair hoje?
— Não — respondeu Lisa.
— Entendo.
— Vamos jogar hoje — continuou Jennie. — No meu XBOX One.
— Ah, sim. Espero que isso não atrapalhe meu aniversário.
Rosé preparou o almoço, decepcionada. Ninguém lembrara do seu aniversário, afinal.
À tarde, as três amigas lutavam com zombies online; Rosé lutava com o alto volume do videogame.
Foi até a sala e puxou a tomada do interruptor.
Jennie protestou.
— Já chega!
As meninas ficaram sérias.
— Desde que chegaram aqui, eu tenho feito tudo quatro vezes mais nesta casa. Eu aguentei essa semana e tudo o que fiz em nome da nossa amizade, mas, justo hoje, no dia do meu aniversário, vocês esquecem o significado dessa palavra. Eu queria que vocês, por um dia, soubessem como é estar no meu lugar.
As meninas silenciaram-se; Rosé subiu para o quarto. Resolveu dormir um pouco, deixando de lado suas decepções num selar de pálpebras cansadas e sonolentas, regadas por doces lágrimas.
Ao acordar, no dia seguinte, notou que o fizera naturalmente, sem o auxílio de barulhos externos.
Desceu as escadas com preocupação. À medida que descia os lances, reparou em como eles estavam limpos e ficou se questionando se havia limpado a escada naquele dia.
Quando chegou na sala, tudo estava excepcionalmente limpo e arrumado. A casa estava vazia, pelo visto.
Ficou preocupada com as garotas. O que havia acontecido? Teriam elas ido embora após o discurso? Rosé fora muito dura?
— Tem alguém aí?
— Surpresa!!! — Jennie saltou de imediato atrás do sofá.
— Que susto! Onde estão as outras?
Jennie ficou em silêncio.
Só naquele momento Rosé reparou que Jennie usava suas roupas.
— Está usando minhas roupas… e estão sujas!
Jennie sorriu.
A luz se apagou e, de repente, começou a tocar a playlist favorita de Rosé. Enquanto isso, a casa era decorada, por Jennie e Lisa, com fotos das amigas e presentes incontáveis; até uma pessoa vestida de urso de pelúcia apareceu.
Os olhos de Rosé encheram-se de lágrimas.
— Rosé… — começou Lisa. — Eu preparei uma canção… espero que goste!
— Você vai cantar para mim?
— Espero que goste! — pegou o violão e começou a cantar One In A Million.
De repente, Jisoo surge na sala cantando a canção e Lisa se silencia.
— Jisoo? O que está fazendo aqui? Era pra você estar amarrada lá atrás cantando e eu dublando.
Após a canção ter sido entoada, Rosé quebrou o silêncio, ainda emocionada.
— Eu adorei! Muito obrigada!
As meninas sorriram.
— Só não entendi uma coisa, por que estão usando minhas roupas?
— Nós realizamos o seu desejo. Tentamos ser como você, mas não dá! Ninguém é tão boa quanto você.
Rosé olhou em volta.
— A casa está ótima! E essas coisas, de onde vieram?
As outras garotas se olharam.
— As malas! Todas aquelas malas…
— Sim! Presentes para você. Desculpe-nos por ter feito aquela bagunça, mas não podíamos deixar que descobrisse.
— Esqueçam isso, eu que peço desculpas.
O urso de pelúcia gigante caiu no chão, revelando que a pessoa que usava a fantasia era Seungri.
— Parabéns Rosé!
— Obrigada!
— Pastéis? — Seungri apontou para a mesa.
— NÃO!!!
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