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História Em Nome do Amor - Capítulo I


Escrita por: ALuluzinhaC

Capítulo 2 - Capítulo I


Fanfic / Fanfiction Em Nome do Amor - Capítulo I

15 de fevereiro, 2023, 11p.m.


A primeira noite de volta a Miami está, para dizer o mínimo, caótica. Chegamos aqui cinco da tarde, e eu já havia combinado com minha amiga, Kate, de irmos a uma boate conhecida que costumávamos frequentar quando eu morava aqui, em 2020. Legalmente, estou proibida de beber, ela também, pois tenho 20 anos e a lei permite apenas dos 21 para cima. Nunca ligamos para isso, e nem o barista que nos atendia todos os fins de semana. Aparentemente, o novo dono do empreendimento liga bastante para isso.

Pois bem, hoje, além de ter sido expulsa da minha boate favorita, descobri da pior forma possível que ser herdeira da mais influente máfia brasileira não serve de mais nada aqui em Miami, porque acabei de ser assaltada por um motoqueiro e uma idiota risonha que ele levava na garupa. Como ambos estavam de capacete, não pude ver seus rostos ou cabelos, exceto o da mulher, que tinha longos fios loiro-escuros.

O homem pôs uma arma em minha cabeça —engatilhada, acredito—, tomou minha bolsa e mandou a mulher risonha abrir. Ela confirmou que estávamos, os três, em posse de uma Prada legítima, um celular e uma carteira com dinheiro vivo, além dos cartões sem limite em meu nome. Com um riso satisfeito e rouco, o motoqueiro manda-a fechar a bolsa e ordena que eu tire os sapatos. A contragosto, o faço, e entrego o par caríssimo e novo em folha à mulher. Sei que as unhas dela são longas e brancas, como se tivesse passado corretivo nos dedos —talvez eu ache isso porque estou sendo assaltada por dois idiotas que riem do vento—, e sua pele também é branca. A moto não tem placa, é claro.

Depois de me deixar descalça, reparo que o motoqueiro está usando uma corrente prateada, com um pingente redondo com a letra S cravada bem no meio. Observo, em seguida, as tatuagens em sua mão direita, mais especificamente, a no centro do dorso: um ano, 1970. Certo, isso é promissor, podem encontrá-lo se eu der essas características.

Depois de me dar boa noite, ele vai embora com sua moto e sua aspirante a assaltante. Digo isso porque está claro, para mim, que essa garota não tem prática alguma com assaltos, esse foi, provavelmente, seu primeiro.

•••


Chego em casa com os pés latejando, afinal, vim andando até aqui, e sou recebida pelos funcionários da casa e meu pai, Luiz. Antônio, meu irmão mais novo, está na quadra de futebol nos fundos, jogando, consigo vê-lo daqui. Papai está servindo-se com um copo de whisky puro, enquanto minha madrasta, Viviane, bebe vinho tinto no sofá da sala, mexendo no celular.

Meu pai falava alguma coisa com ela antes de ser interrompido pelo som da porta da frente abrindo e fechando, então ele me olha, e parece perplexo com meu estado. Viviane está sem palavras, e apenas me encara, confusão estampada no rosto jovem.

—Querida, como isso aconteceu?— Luiz se aproxima de mim apressadamente.

—Fui assaltada por dois idiotas, e levaram minha bolsa e meus sapatos.

—E sua amiga?

—Já tinha ido para casa, pai. Eu estava a pé, na orla.

—Viu os rostos?

—Estavam de capacete.

—Moto?— Assinto. —E a placa?

—Não tinha.

—Então, eram experientes.

—O homem era, mas a mulher, não. Ela estava gargalhando, parecia estar se sentindo em um filme. Unhas brancas e longas e cabelos loiro-escuros longos.

Com um estalar de dedos do patriarca, um funcionário de nossa máfia aparece e anota tudo em seu tablet.

—Ah, e o motoqueiro tinha uma tatuagem na mão com o ano 1970 escrito no dorso. Ambos eram brancos.

—Certo, filha, ótimo trabalho. Suba e descanse, amanhã temos o jantar com a família do Patrick.

Patrick é meu namorado de seis meses; nos conhecemos em uma praia do Rio de Janeiro, minha cidade natal, e não nos desgrudamos desde então. Quando soube que ele era da máfia Buchanan, fiquei aliviada, e minha família, eufórica.

O alívio vem de eu não precisar esconder minha vida dele, posso contar sobre os treinos e as missões e mortes e lembranças calorosas e criminosas, porque ele está habituado a isso.

A euforia vem mais de meu pai e Vivi, porque os Buchanan são uma máfia extremamente influente aqui em Miami, e sempre dividimos o território com eles. Acho que, com o namoro oficial de dois membros da família, meu pai e minha madrasta acreditam em uma futura aliança concreta com os Buchanan, o que seria, de fato, ótimo para os negócios e para os nervos de Luiz, já que seria uma máfia a menos para se preocupar.

A outra preocupação são os Smith, os comandantes de diversas partes do mundo. Eles possuem armamento pesado e são sempre impiedosos com suas vítimas. São nada discretos e podres de ricos, e têm três filhos: Sammuel, Nicholas, e Dawson. Nunca conheci nenhum integrante da família ou da máfia Smith, mas meu pai e Gerard Smith mantém contato frequentemente, em negociações ou coisas do tipo.


•••


16 de fevereiro de 2023, 7p.m.


Bem, o vestido vermelho que desenha minhas curvas foi a escolha perfeita para esse jantar, por três motivos. Primeiro: porque eu me sinto muito confiante nele. Segundo: porque vermelho é a cor do poder, não é o que dizem? Terceiro: porque não vejo meu namorado há semanas, e quero que ele me veja hoje como a concretização de todas as suas fantasias.

Quando desço as escadas, meu saltos YSL fazem barulhos no piso de mármore acinzentado, ecoando pela casa, a qual está tomada pelo aroma de camarão cozido e uma mistura de outras delícias preparadas por nosso chef. Além disso, o som de música ambiente acalenta os ouvidos, em volume baixo, mas não exageradamente. As vozes que ouço são de meu pai, que conversa com Joel Buchanan —o pai de Patrick—, de Ryle —o irmão de Patrick—, de Viviane, Mariah, Antônio e mais algumas pessoas cujas vozes ainda não decifrei.

Ao me verem, todos se calam, meu pai sorridente e orgulhoso com minha figura, e Rick com um sorriso de orelha a orelha, a taça de vinho tinto em sua mão esquerda, a mão direita estendida quando ele caminha ao pé da escada, oferecendo-a a mim. Aceito, sorrindo para ele quando sinto o puxão que dá em minha mão, colando nossos corpos, seu cheiro cítrico e comum, mas bom, entrando em minhas narinas. O toque de nossos lábios é suave e rápido, quase como se fosse habitual.

Meu pai pigarreia e nos descolamos apenas para mantermos um ao lado do outro, mesmo quando me aproximo de Joel e o cumprimento com um aperto de mãos firme. Eu já o conheço, é claro, porque antes de voltar para cá, seis meses atrás, Patrick e eu fomos jantar juntos, à família inteira reunida em um delicioso restaurante do Rio. Foi ótimo, de verdade.

No entanto, há figuras que não me são familiares. Quatro homens, uma mulher em seus cinquenta e poucos anos.

—Querida, gostaria que conhecesse nossos convidados essa noite, os Smith.

Com breves acenos de suas cabeças, os três homens mais novos, que imagino serem Dawson, Nicholas e Sammuel, me cumprimentam. O mais velho, que já deve estar na faixa dos cinquenta anos, é mais simpático e me cumprimenta com um aperto de mãos forte e um sorriso.

Conforme analiso nossos convidados surpresa, um deles se manifesta, um ar de mistério inundando suas palavras, e uma expressão indecifrável, fria:

—É um prazer finalmente conhecer a herdeira dos Annenberg— o rapaz tem cabelos castanho-escuros, lisos, curtos, é alto.

Consigo ver seus músculos por baixo da camisa social azul escura, as mangas dobradas até os cotovelos, mostrando os antebraços tatuados, assim como uma das mãos. A mão direita, com desenhos diferentes em cada dedo, mas o que mais me chama atenção está no dorso dessa mão, grande e no centro: 1970.



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