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História Em pé de guerra! - Apuros


Escrita por: A-ChanCrazy

Capítulo 44 - Apuros


Fanfic / Fanfiction Em pé de guerra! - Apuros

 

Soul on:

 

- É impossível... – ouvi ele dizer.

- Calado. – resmunguei, enquanto olhava ao redor. Nada para me segurar... Por que tinha de ser liso? Não há fendas... É rocha pura e minha lâmina não a atravessa o suficiente pra se prender... Apenas a corta, fazendo uma fenda...

- "Como faço pra sair daqui?"- olhei pra cima outra vez. Deve ter uns trinta metros... Ou mais...

De tantos lugares para eu vir parar... Tinha de ser em um precipício?

- Reclama não. Poderia estar nadando no fundo do oceano agora. – disse Eater. – Ou dentro da barriga de um tubarão.

- Vem cá, você só surge pra me atrapalhar ou..

- Eu gosto de conversar. – ele deu de ombros.

- Então saia de cima de mim pra conversarmos!- falei, já irritado, mas ele apenas desapareceu do topo da minha cabeça, para aparecer flutuando de cabeça pra baixo à minha frente.

- Desiste. – ele disse. – Já foi de um lado pro outro. Tudo o que tem aqui são quilômetros de extensão, pedras e desfiladeiros. Isso aqui é uma enorme fenda... Não tem como escalar. Não com essa sua lâmina exageradamente bem afiada...

- E o que quer que eu faça então?- perguntei, ironicamente.

- Se lembre de mim!- ele exclamou.

- Me deixa em paz... – me lembrar dele? Já tentei! Mas por mais que eu tente, é impossível! Nada me vem à memória... Ele já me contou como ele surgiu e acho difícil acreditar que eu usei minha lâmina contra meu irmão. Eu nunca machucaria Wes de propósito... Talvez quando ele me irrita e tira do sério, mas nunca com intenção de matar...

- Escuta garoto, aquela garota... A tal da... A...

- Maka?

- Essa mesma! Pergunte à ela! Ela sabe muito bem quem eu sou! Ela até lutou contra mim quando eu tentei comer sua alma e possuir seu corpo!- e ele fala isso com tanta naturalidade... Sequer se arrepende.

- Eater, poderia parar de me atrapalhar?- falei, enquanto dava meia volta e seguia pela fenda. Em algum lugar deve ter uma abertura. Algum modo de sair. Alguma...

- Caverna?- ele disse, em tom de tédio. Me virei e o encarei. – Precisa mesmo olhar pra mim assim? Estou tentando te ajudar.

- Igual ajudou da última vez?

- Fui ganancioso. Falhei nos meus planos. Não precisa me temer agora, pois estou no mesmo barco que você. Se morrer, eu morro. Por isso, vou te ajudar à sair da foça, amigo. – ele sorriu, flutuando na direção contrária à que eu ia. – Como conseguiu passar por ela duas vezes e sequer enxergá-la.

- Ainda não desenvolvi super visão. – falei, enfiando as mãos nos bolsos. Ainda está de madrugada e ainda não acredito totalmente que esse cara vai me levar até uma caverna. Mas é melhor do que nada...

 

Soul off:

 

Maka on:

 

Soul desaparecido, Black Star desacordado. Esses homens também... 

Enquanto Tsubaki improvisava um curativo no braço dele, eu informava ao Kid tudo o que havia acontecido. Ele disse para esperarmos aqui, pois mandaria reforços. Com certeza as bruxas nos atacarão outra vez caso voltemos à voar. E com uma arma e um artesão à menos, não há muito o que possamos fazer.

Tsubaki se aproximou e sentou ao meu lado. Ficamos olhando o mar por algum tempo, até vermos o sol surgindo aos poucos no horizonte. Era mesmo uma vista incrível, mas não tínhamos tempo pra isso. A lua cheia começou à se formar ontem e logo ela vai ficar completa. E vermelha. 

Iríamos esperar o Black Star acordar para partirmos. Tsubaki resolveu ir pescar algo para comermos e eu adentrei na floresta, atrás de gravetos. Não sabemos quanto tempo iremos esperar, e precisamos comer. Por que raios não nos preparamos bem, hein?

Fizemos uma pequena fogueira e Tsubaki conseguiu alguns peixes. Apenas os enfiamos em galhos e colocamos pra assar. Estava com frio, cansada e faminta. Fora a preocupação com Soul. Onde raios ele teria ido parar?

Podia sentir a alma dele próxima. Mas estávamos na mesma ilha, e como não sou um GPS, esse é o máximo que consigo saber. Sei que ele está por aí, na mata. Deve conseguir se virar bem, mas e se estiver ferido? Caímos de uma altura incrível e tivemos sorte de sair ilesos... Black Star foi ferido por uma bruxa... Me pergunto se isso não pode virar algo sério depois...

- Maka-chan... – Tsubaki colocou a mão no meu ombro. – Não se preocupe. Black Star é forte e Soul irá conseguir sobreviver sozinho. – ela disse. Ela adivinhou o que eu pensava? Devo estar com uma cara óbvia... – Somos alunos da Shibusen, no final das contas. – ela sorriu gentilmente e retribui seu sorriso.

O cheiro da pesca já começava à exalar, e como que por ironia, Black Star se sentou de repente.

- A comida parece boa. – ele disse, com baba escorrendo pela boca, e Tsubaki suspirou.

- Não falei?- ela sorriu torto, enquanto Black Star pegava um dos peixes. Comecei à rir quando ela tomou o peixe dele, colocando pra assar de volta e os dois começaram uma discussão sobre “Fome de Matar” e “Não se Come Peixe Cru”. Irônico ouvir Tsubaki dizer isso, visto que, assim como eu, é japonesa e somos conhecidos pelo “Povo do Sushi”.

Depois que comemos, apagamos o fogo e cobri a fogueira com areia. Nos embrenhamos na floresta, à procura de Soul. Podia sentir sua alma próximo, e estava torcendo pra que ele não retivesse desacordado. Vai saber se há feras nessa mata?

Andamos até o sol já estar alto, quando senti minha garganta já arranhando de tanta sede. Black Star e Tsubaki se disponibilizaram pra ir procurar água. Eles entraram no modo lâmina demoníaca e saíram pela floresta. Resolvi ficar e esperar. Obviamente estou enferrujada pelos anos de sedentarismo.

Sentei em uma raíz alta e fiquei observando a mata. Estava silenciosa, e podia ouvir o som de cigarras pra todo lado, junto do bater de asas de lá pra cá.

Quando estava quase dormindo, de tanto esperar, ouvi o som de galhos se mexendo.

- Black, Tsubaki, já voltaram?- perguntei, olhando pro alto, mas sequer tive resposta. – Black Star, para de... – ouvi um grasnado, como o de um corvo. Só que muito mais alto e grave. Me pus de pé, ouvindo os sons de folhas se remexendo aumentarem. Tentei sentir a presença de alguma alma, mas foi em vão. Não era humano/bruxo/kishin pelo menos.

De repente, as folhas se agitaram mais e uma forte ventania bateu contra meu rosto. Fechei os olhos, sentindo poeira entrar neles, e de repente, senti coisas afiadas cravarem nos meus ombros. Urrei de dor, enquanto sentia o chão ficando cada vez mais distante. Abri os olhos lacrimejando e olhei pra baixo. Vi as árvores ficando cada vez mais distante e olhei pro alto, vendo um monte de penas laranjas e vermelhas, passando para o amarelo e verde escuro, com patas enormes e laranjas e garras afiadas cravadas em ambos os meus ombros.

Fui raptada por um pássaro?!

- NÃO SOU COMIDA, SEU ESTÚPIDO!!- tentei chutá-lo, mas o movimento só fazia meus ombros doerem mais. Não conseguia sentir meus braços e minha visão começava à ficar turva. Sentia o cheiro do meu sangue forte e podia senti-lo escorrendo pelo meu braço. – ME SOLTA!!- tentei uma última vez, tentando ignorar a dor de ter aquelas garras cravadas na carne e tentando girar o meu corpo para chutar o bicho, mas de repente ele subiu tão alto, parando de agitar as enormes asas e deu um mergulho no ar. Senti meu estômago embrulhar e tudo girar, enquanto ele dava voltas no ar em queda livre. Apavorada era pouco. Eu estava perdendo a consciência, com a respiração presa na garganta e tudo girando. Era um péssimo passeio de montanha russa, na verdade.

Quando ele de repente começou à planar, próximo às árvores, tentei respirar com mais tranquilidade, mas não consegui evitar gemer de dor quando senti suas garras apertarem mais em meus ombros. É assim que vou morrer? De lanche pra pássaros gigantes?! Primeiro: lobos gigantes; agora: pássaros gigantes?! Falta os esquilos titãs e as formigas colossais!

A criatura soltou um grito alto e estridente, quando de repente, ouvi outros dois gritos do mesmo, porém mais fortes. Inclinei um pouco a cabeça pra trás e pude ver duas outras criaturas idênticas à que me sequestrava. Bufei. Não acredito. Era só o que me faltava: brigas pela presa.

- NÃO VEEM QUE EU SOU PEQUENA DEMAIS PRA SERVIR DE LANCHE?! ACHEM UMA MINHOCA GIGANTE! ELAS DEVEM SER MAIS GORDAS!!- gritei irritada, quando vi elas começarem à se bicar. Uma tentou bicar meu pé, mas chutei entre seus olhos, e quando outra bicou uma das patas que me segurava, enfim vi um ombro livre. Resolvi aproveitar a deixa e girar meu corpo, segurando na pata que ainda me segurava, tirar a pedra que estava na minha mochila e acertar a pata até sentir as garras se afrouxarem. Quando ela enfim me soltou, segurei firme na sua pata, enquanto ela era atacada pelas outras duas aves. Pena pra eles, pois não vou ser lanchinho de ninguém.

Soltei a pata, tentando me equilibrar em queda livre, e enfim consegui ficar de ponta cabeça.

Lance de gênio. Agora vou morrer espatifada. Que seja. Melhor que ser bicada até a morte. Fechei os olhos, esperando o infindável baque contra o chão, e mesmo que estivesse pra morrer, não vi nada daquilo que todo mundo sempre diz que vê à beira da morte. Não vi flashes da minha vida e nem nada.

Podia ouvir as três aves gritando. Estavam me seguindo. Poderiam me comer depois que eu morresse.

Estava ouvindo seus berros cada vez mais próximos, e respirei fundo, abrindo os olhos. O chão estava próximo. Muito próximo. Assim como uma figura que corria contra a parede e a escalava, saltando minha direção. Fechei os olhos, ao sentir o impacto do meu corpo bater ao dele, enquanto sentia seus braços me abraçarem e de repente nos chocarmos contra a parede do outro lado. Ouvi sua lâmina fincar em uma pedra e escorregar, fazendo um som estridente e abri os olhos apenas para ver fagulhas, enquanto caíamos por mais de dez metros, tendo nossa queda freada vez ou outra pela lâmina que nos sustinha na parede. De repente, a lâmina soltou-se e despencamos de vez, e pude ouvi-lo gemer de dor quando caímos no chão. Ele outra vez me protegeu com o próprio corpo, estando debaixo de mim.

Me sentei na mesma hora e o sacudi, ainda com o coração à mil.

- Soul... Soul, você... – perguntei, enquanto o observava. Ele estava desacordado. Além de bater na parede pra me proteger ainda caiu lá de cima me servindo de travesseiro de novo. – Soul, você... – ouvi os grasnados das aves, e quando olhei pra cima, vi elas planando lá no alto do precipício. Elas não entravam na fenda, apenas a rodeavam, gritando revoltadas, provavelmente por terem perdido seu lanche.

As observei, atenta, para saber se iriam descer ou não, mas de repente, uma delas deu a volta e subiu, sumindo da minha visão. As outras duas estouraram meus ouvidos mais um pouco, antes de seguirem a outra. Respirei com dificuldade, sentindo meu corpo todo dolorido, quando olhei pra Soul. Ele tinha tinha alguns hematomas, provavelmente da queda anterior. Mas eu precisava saber se ele havia quebrado algo. Se ele caiu aqui, significa que deve estar mais ferido... E ele ainda me protegeu daquele jeito...

Me forcei à sair de cima dele, me sentando ao lado dele. O fitei. Não parecia ferido... Mas aparências enganam, não?

Com cuidado, o ajeitei no chão, abrindo a blusa dele. Custei à tirá-la sem mover ele muito, e ergui sua blusa. Nas costelas, havia alguns roxos, e podia ver pelo menos três costelas quebradas. Mas o que me aterrorizou foi ver um osso pra fora, rasgando a pele. Ele estava sangrando muito, ao ponto de manchar a roupa toda.

Peguei o espelho dentro da mochila, mas de repente, me lembrei de algo que faltava: a pedra. Durante a queda, não sei aonde ela foi parar. Olhei ao redor e respirei aliviada ao ver ela caída alguns metros à frente. Manquei até ela e peguei, a enfiando na mochila. Depois, peguei o espelho e disquei o número da sala da morte.

- Kid... – falei assim que ele atendeu. – Kid, precisamos de médicos. O Soul se machucou muito quando me salvou e... – senti minha respiração falhando e vez ou outra tudo ficando escuro. Um zumbido alto ecoava nos meus ouvidos e parecia que eu estava quase desmaiando. – Kid... Precisamos de médicos... Estamos... Numa fenda e...

- Maka, aguente firme. – disse ele. – Mandarei os médicos da Shibusen imediatamente. Deverão chegar no máximo em uma hora. Já os reforços, apenas ao entardecer. – ele me fitava. – Está bem? Me explique o que aconteceu. Onde estão Black Star e Tsubaki?

- Eles... Eu... Kid, vocês precisam ajudar o Soul... – murmurei, piscando algumas vezes. Não podia desmaiar. Soul precisava de mim. – Eles foram buscar água quando eu fui raptada por pássaros gigantes... Acabei caindo em queda livre e quando Soul me salvou, bateu em um rochedo e... Depois de realizarmos alguns metros, caímos de novo... Ele amorteceu minha queda, mas ele não está nada bem. Tem um osso pra fora e vários roxos que ficam maiores. Podem apressar as coisas.

- Somente em uma hora. Infelizmente, a ilha onde estão fica longe da cede da Shibusen. Contatarei a embaixada russa, o país mais próximo. Caso eles nos ajudem, os reforços chegarão em menos de vinte minutos. Maka, preciso que fique acordada e mantenha a ligação, para termos sua localiza cão exata, me ouviu?

- S-sim. – confirmei, sentindo gosto de sangue. Caminhei de volta até Soul e me joguei ao seu lado. Deixei o espelho ainda com a chamada ativa, de lado, e tirei o sobretudo. Haviam três furos em um lado do meu ombro, e dois no outro. Sangrava bastante, e como estávamos em batalha direto, desde a madrugada, estava mais que exausta. Olhei para Soul, e suspirei. Ele me protegeu de novo, como sempre fez. Ele estava desacordado, e decidi não movê-lo, pra não agravar a situação.

Me inclinei em sua direção e beijei sua testa.

- Obrigada, idiota... – murmurei, enquanto escorava minha testa na dele. Primeira missão juntos depois de tanto tempo e estamos, literalmente, ferrados.

Suspirei, fechando os olhos e tentando não chorar. A dor que sentia era intensa, e só piorava. Queria tomar um banho, dormir, comer de verdade, dormir mais, assistir algum filme, usar internet e relembrar que não vivo na era medieval, dormir outra vez. Estou tão cansada... Faz dias que não prego o olho, e isso é meu limite. Tornei à abrir os olhos e vi Soul respirando com dificuldade. Ele apenas arfava, na verdade, e fiquei observando seu peito descendo e subindo, lentamente, diminuindo o ritmo. Ele está morrendo? O fitei, apavorada. Ele não pode morrer.

- Soul?- o chamei, sacudindo de leve. – Soul, não morre. – falei, num fio de voz, quando ele parou de respirar de vez. Senti meus olhos marejarem, e meu coração se apertar, como se algo o espremesse. Peguei o espelho e olhei na tela. Kid estava na cadeira, mas olhava diferentes papéis enquanto falava no telefone. – Kid? Kid, ele não está respirando. Ele parou de respirar aqui. – falei, e Kid me olhou.

- Soul parou de respirar?- ele se aproximou da tela. – Maka, faz massagem. Não deixa ele morrer, não ainda.

- M-massagem? Eu não...

- Coloque as mãos entre o peito dele, Maka. – obedeci, sem questionar. – Use o peso do corpo, pressionando o peito dele com os braços esticados. Dois empurrões por segundo. Deixe o tórax voltar ao normal entre cada empurrão, Maka, senão vai matar ele de vez!- ele disse e tentei aplicar a técnica, mas minhas mãos tremiam e mal conseguia parar de chorar. – Se concentra, Maka!- Kid gritou.

- N-não dá! Ele ainda não tem pulso!- falei, enquanto aplicava a massagem, mas Soul não reagia.

- Calma. Precisa reanimar o coração.

- É difícil quando tem um osso saltando da costela dele! E se eu quebrar mais alguma...

- Não concentra nisso!- ele exigiu. Respirei fundo algumas vezes, reiniciando as massagens. Quando comecei à me cansar, não conseguia mais colocar a mesma força, e já entrava em desespero de novo.

- K-Kid, ele não... – eu ia dizendo quando ele respirou fundo de repente, tossindo um monte de sangue. – Soul! Você tá vivo... – murmureu, o abraçando, quando ele gemeu de dor de novo e me afastei de repente. – Achei que tinha morrido de vez, por minha culpa e...

- Maka, como ele está?- Kid perguntou.

- A-acordado. – falei, em meios aos soluços. – Você morreu, seu... – falei, tentando enxugar as lágrimas, mas não conseguia. Ele não havia aberto os olhos, mas deu um sorrisinho ensanguentado. Respirei com alívio, enquanto respirava fundo outra vez. – Não morre de novo, por favor... – murmurei, sentindo meu corpo ficando sem forças. Ouvi Kid me chamando de novo, mas não conseguia mais. Era dor demais, cansaço de mais, sangue demais...

Acabei perdendo os sentidos.



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