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História Em pé de guerra! - O Desaparecimento do Shinigami


Escrita por: A-ChanCrazy

Capítulo 47 - O Desaparecimento do Shinigami


Fanfic / Fanfiction Em pé de guerra! - O Desaparecimento do Shinigami

Maka on:

 

Pela manhã, quando fui visitar Soul, ele já não estava no quarto do hospital, e quando perguntei à enfermeira, ela disse que uma loira o arrastou pra fora, e foram em direção à Shibusen. Decidi ir até lá, mas enquanto subia as escadas, o vi descendo. Esperei até que ele chegasse até onde eu estava, mas ele nem me olhou. Continuou andando.

- Soul, o que foi?- o segui, mas vi que ele estava na mesma pose de sempre: mãos nos bolsos, ombros caídos, cara de tédio... É o mesmo Soul de sempre. Só que com um olho azul e outro vermelho. – Ah, eu ia te buscar no hospital hoje. Por que saiu sem me esperar? Sabia que a Blair está parecendo uma desesperada, revirando o estoque de feitiços pra achar uma roupa boa pra te receber? E por que ela está selecionando até roupas de couro? Que tipo de relação mantém com ela?

- Não estou transando com a minha gata, se é o que quer saber. – ele disse. A voz era indiferente, mas algo não parecia certo.

Desde o primeiro momento em que o vi, notei que ele estava diferente. Agia com mais folga e sorria mais, mas agora, ele parece o Soul de anos atrás. Um chato, indiferente, cínico.

- Então por que ela...

- Por que ela gosta de brincar comigo assim. – ele deu de ombros. – Não lembra de quando ela me acordava me afogando nos peitos e você me batia achando que era eu quem estava a atacando? Ela acha divertido. – ele me fitou por breves instantes. – Aliás, eu vou sair.

- Okay.

- Da cidade. - o encarei. Sair da cidade? Ele acabou de sair do hospital. Aonde pensa que vai justo agora? -Volto amanhã.

- O quê? Aonde vai? Por quê... Kid pediu algo? Posso te ajudar e... – me ofereci.

- Não. Um amigo me ligou e quer me encontrar fora da cidade. – ele disse, indiferente.

- Por que não posso ir?

- Quer mesmo ir?- ele parou em um degrau e me fitou. Eu estava dois degraus acima e finalmente estava na mesma altura que ele.

- Quero. – Cruzei os braços.

- Então pode vir. – ele disse, me fitando nos olhos. Não consegui desviar, e ver um olho de cada cor me deixou inquieta. É estranho ver os olhos de Soul de outras cores, agora que já estou acostumada com o vermelho... Esse azul passa a impressão de ele ter um olhar sereno, tranquilo. Um olhar calmo e passivo. Já o outro, parece ser selvagem, irritadiço, e até rebelde. Nem sei direito o que estou pensando, mas prefiro os olhos vermelhos. Soul e sua eterna cara de preguiça fica mais preguiçoso ainda com olhos serenos e azuis. Por isso sou à favor de ele ter olhos escarlate de volta. – Estou indo agora.

- Eh? E roupas? Não vai almoçar? Soul, sabe que acabou de sair do hospital, não é? Precisa descansar mais e... – vi ele piscar algumas vezes, antes de começar à descer as escadas, me deixando pra trás. – Soul!

- Relaxa tampinha. Não vou morar por lá. – ele riu baixo. – Vamos só ir e voltar. É rapidinho.

- C-certo, mas... - tentei contestar. 

– Minha moto deve estar na garagem, não é?

- Bem... Eu a achei esses dias. Ainda funciona e... Aproveitei pra tirar a poeira. – falei, começando à ficar com vergonha. Até poli aquela porcaria, achando que Soul iria gostar, mas agora me sinto uma idiota. Por que poli mesmo? – E só vamos sair depois que almoçar. – ouvi ele resmungar um “Hn” e só.

Um silêncio estranho pairou sobre nós, e o caminho todo, ele não disse mais nada. Sentia uma vontade absurda de puxar assunto, coisa que nunca aconteceu antes, mas ele não estava com cara de quem queria conversar, então me conformei com o silêncio. Quando cheguei em casa, a "madame" Blair estava usando um vestido elegante, de gala, preto, com uma fenda enorme na lateral da perna que ia até cintura, um decote que mostrava muito os bustos e as costas eram abertas em um corte V que parava um pouco acima da cintura.

Ela estava com um penteado chique, salto alto e até a porcaria de uma maquiagem perfeita. Soul nem a olhou direito, indo direto para o quarto. Ele se trancou lá, deixando Blair com uma cara triste.

- Ele nem me olhou. – ela voltou à forma de gato, se aninhando no meu ombro.

- É... Ele está estranho. – murmurei, e ela concordou. Resolvi fazer algo pra deixar pra "madame" Blair comer. Soul só saiu do quarto quando o chamei pra almoçar, e ele ainda parecia tranquilo. Isso sim é muito estranho.

Almoçamos nós três e deixei ele e Blair lidarem com a louça e fui me arrumar. É melhor vestir short e uma camiseta. Calcei tênis e quando saí, Blair se lambia, enrolada no colo do Soul, que estava sentado no sofá, acariciando atrás da orelha dela. Ao me ver, ele se levantou, colocando Blair no sofá e seguindo em direção à porta. Me despedi de Blair e o segui.

Ao pegar a moto, ele sequer esboçou aquele sorriso que ele abre sempre que a via, antes de nos separarmos. Lembro que ele dizia “Isso é que é moto, não?”, e se exibia nela, de todas as formas possíveis.

Ele a testou, girando o guidom algumas vezes, deixando o motor roncar alto, e lá estava, aquele sorrisinho irritante. O sorriso de “Que barulho incrível, não?”. Ele ama essa moto. Fazer o quê? Idiotas se apegam à esse tipo de quinquilharia.

Subi na garupa e enrolei os braços ao redor da cintura dele, e como sempre, sem nem esperar eu me ajeitar, ele arrancou a moto, como se estivesse testando em quantos segundos ela chegaria ao máximo. Resolvi que para evitar desgaste de coração desnecessário, era melhor fechar os olhos e esconder o rosto nas costas dele, e dei graças à Deus por ele estar mais alto e com os ombros mais largos. Assim o para-moscas é maior.

 

Não levou mais de uma hora sentada na garupa daquela moto para chegarmos ao nosso destino. A cidade era mesmo incrível, mas não era isso que me chamava a atenção. Foi o fato de Soul me mandar ir passear enquanto “resolvia seu negócio”, como ele mesmo disse.

Fiquei indo de loja em loja, entediada, enquanto o tempo passava como uma lesma. Pensei que poderia ir com Soul até o tal negócio, mas ele me negou à todo custo e até me entregou a carteira, cheia de cartões de crédito e me deu a senha. Aí não insisti mais. Agora, me arrependo, pois não vejo uma livraria por aqui. Resolvi ficar numa lanchonete próxima de onde estacionamos a moto, comendo e assistindo à TV, que mostrava reportagens locais.

Parece que aqui sumiram três crianças... A Shibusen ficou sabendo?

- É incrível não?- ouvi a voz de uma mulher e olhei pro lado. Uma garçonete estava parada ali, me observando. – O que a Shibusen faz. – ela explicou. – Você usa o uniforme deles. É uma deles, não é? Uma aluna da Shibusen.

- Bem... Sou uma artífice de foices, Maka Albarn. – falei.

- Maka? A que lutou contra o Kishin Ashura?- ela me olhava com os olhos arregalados. O Kishin... Ele... Ele está na lua, junto da Crona... Isso... – Vocês são...

- É ISSO!!- me levantei de repente. Tudo é tão óbvio! Alguém mais percebeu? Será?- Muito obrigada, moça!- sorri mais ainda pra ela, que me encarou como se eu tivesse problemas de cabeça.

A moça se afastou um pouco, assustada, enquanto eu mal conseguia conter o riso. Preciso ligar pro Kid, e...

- Maka. – ouvi a voz de Soul. – Acabaram de me ligar da Shibusen. – ele disse. – Kid desapareceu e a cidade está sendo atacada. – meu sorriso morreu. – Precisamos ir. – ele mal terminou de dizer e eu já deixava o dinheiro que havia sacado em uma máquina eletrônica em uma loja de conveniências antes de entrar aqui.

Saí da loja e Soul já ia subir na moto, a ligando.

- Onde Kid está?

- Ele desapareceu. Isso deixa claro que ninguém sabe onde ele está. – ele disse e bufei, subindo na garupa e segurado na cintura dele.

- Soul, agora tudo faz sentido. Por que nunca ocorreu algo assim quando a lua de sangue estava próxima?- perguntei, e ele apenas ligou a moto. – Por que dessa vez é diferente!- ele me fitou por cima do ombro e seus olhos se acenderam, como se se lembrasse de algo.

- Crona e o Kishin. – ele murmurou e concordei com a cabeça. – Acha que os outros lembram que a lua está selada?- ele disse, arrancando a moto.

- Não importa agora!- falei. – Temos outros problemas em mãos. Dois Shinigamis desaparecidos, uma cidade desprotegida e uma escola cheia de alunos sem um líder pra seguir.

- Isso está virando um... – ele parou de repente, desviando de algo e a moto quase virou, cantando pneu e até soltando fumaça. – QUE PORRA!!- ele esbravejou, olhando pra trás.

- O que foi?- o encarei, confusa. Não havia nada no nosso caminho. Ele desceu da moto, depois de desligá-la e se aproximou do lugar onde as marcas queimadas do pneu da moto eram visíveis. Ele parou e olhou ao redor, provavelmente irritado. – Soul!- o chamei e ele me encarou. – Temos que ir!

- Eu sei mas... – ele olhou pro lado. – Ele não vai deixar. – ele disse.

- O quê?

- Eater não quer que nós voltemos pra Death City!- ele disse, irritado, e franzi o cenho.

- Não interessa. Precisamos...

- O quê?- ele olhava pra baixo. – Tem certeza?

- Para de falar com ele!- exigi e ele nem me olhou. – SOUL!!

- PODE ESPERAR?! – ele me encarou. – Ele diz que... Diz que está sentindo uma alma poderosa demais vinda de Death City. – desci da moto e fui até eles.

- E desde quando ele sente presenças de almas?- Cruzei os braços, apoiando o peso do corpo em uma perna e com a outra, batendo o pé, irritada.

- Ele disse que não é da sua conta e... Que vamos ter mais sorte se seguirmos pra lá. – ele apontou pro outro lado. – Ele sente a alma do Kid indo pra lá numa velocidade absurda e...

- O quê?! Kid está indo... Soul, não podemos acreditar nele!

- Mas... Kid é o único que pode proteger a cidade de ameaças piores. – Soul disse. – Sem a alma dele, a cidade será invadida por tudo que é inimigo e as chances dos alunos da Shibusen darem conta é... São alunos da Shibusen, mas nem todos são fortes como eu e você, ou até o Black era aos doze ou treze. Maka, precisamos achar Kid e se ele diz sentir a alma dele... – ele murmurava. Não acredito que ele quer dar ouvidos à ele.

- Não acredito que quer dar ouvidos à ele. - disse, cerrando a mandíbula. – SOUL, ELE TENTOU TE MATAR! TENTOU MATAR NOSSOS AMIGOS USANDO O SEU CORPO! NÃO DEVERIA CONFIAR NELE!

- E deveria confiar em você?!- Soul disse. – Dizem que tentei matar meu irmão, mas não lembro disso! Não lembro de ele sequer ter existido antes daquele dia na ilha. Não lembro de nada, e nem sei por que passei à confiar em você. Não lembro nem de onde brotou nossa amizade e a unida coisa que eu sinto por você é empatia. – ele parecia calmo. – Eu tentei agir como agia antes... Antes disso, entende? Mas não dá. Não dá pra ficar trocando farpas com você ou... Ou te dando apelidinhos e agindo como se nada me incomodasse. Até falar gírias está me deixando louco. Não consigo ser o Soul que você conhece. E eu... Não consigo lembrar dele sendo tudo o que você diz que ele é. – ele... Está dizendo o que penso que acho que está dizendo?

- Soul... Você entregou a lembrança de atacar seu irmão?- murmurei. É óbvio que entregou. Se ele não atacou o irmão, Eater não surgiu em seu momento de fragilidade, não o induziu a confiar nele, não o fez comer almas humanas, não... Simplesmente não existiu na mente dele. Então... Ele não deve entender o por que de mudar tanto... Ele está voltando à ser o que era antes... – Tudo bem. Não precisa agir como... Agia antes do ritual... Apenas confie em mim e... Não dê ouvidos à ele...

- O tipo de pessoa que eu era antes de sair de casa... Era o tipo que... Não julgava por aparências e nem... Julgamento alheio... – ele disse. – E estou preocupado com Kid. Por isso eu acho melhor...

- Soul, a cidade está em perigo...

- Eles tem milhares de alunos prontos pra morrer em batalha... E professores... E alunos de rank elevado... – ele dizia. – Fora que Kid me pediu um favor... E eu pretendo ajudá-lo nisso...

- Favor?- o encarei, confusa, e ele desviou o olhar. – Certo. Mas que esse demônio não esteja nos enganando. – falei, decidida e dessa vez, ele quem me olhou confuso. Voltei até a moto e sorri. – Somos um duo, certo? Você pode não confiar em mim, como antes... Mas ainda confio em você. – ele continuava me fitando, confuso, quando um sorriso foi se abrindo em seus lábios. – E acho bom que esse demônio nos leve ao lugar certo. – falei, e ele concordou com a cabeça.

- Ensinarei a ele uma lição caso nos engane. – ele disse, se aproximando, e olhou pra baixo, ainda sorrindo. – Uma lição muito... Dolorosa... – ele semicerrou os olhos e tive a impressão de algo mover o guidon da moto. – Certo. – ele voltou à subir nela. – Vamos seguir o demônio do meu ombro dessa vez. – ele riu baixo. – Desculpe anjo. – ele me olhou e por algum motivo completamente ridículo, comecei à sentir meu rosto queimar. Subi na garupa e me agarrei as costas dele, escondendo o rosto nela. – Lembro que queria ser chamada assim. – ele riu baixo, ligando a moto. – Eater, da próxima vez, não pule na frente da moto. Não quero machucar você, seu feioso. – ele riu de novo, arrancando a moto.

Soul... Está muito diferente... E ele ainda tem o olho azul... O ritual deveria ter acabado... E a memória já deveria ter retornado...

Ele deu meia volta, acelerando à toda velocidade para a outra direção. Segurei mais firme, me encolhendo mais. Já começava à anoitecer e ele virava por esquinas como se só recebesse o caminho de última hora. Suspirei, decidida à acreditar que o pessoal da Shibusen dará conta. Eles não são fracos. Precisam proteger a cidade até que Kid esteja de volta.

E que Eater não esteja nos levando pra uma armadilha. Confio no Soul e se ele confia no Eater...

Preciso dizer à Kid sobre a lua também. Pela primeira vez em todos esses anos, a lua de sangue ocorrerá com dois seres poderosos selados nela. As bruxas com certeza planejam algo e quando a lua estiver cheia, aí sim as coisas serão complicadas.

Quando saímos da cidade, seguindo pela interestadual, pude sentir uma presença de alma idêntica à que senti enquanto éramos atacados no ar. Era tão poderosa quanto, e ficava cada vez mais distante em uma velocidade surpreendente. Junto dela... A presença da alma de um Shinigami.

Maka off:

 

Continua...



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