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História EmMUSAS - The Lost Canvas - Converse comigo


Escrita por: guerrakkya

Notas do Autor


Boa tarde, queridxs leitorxs!
Como dito antes, não vou mais demorar pra postar os caps. Entretanto, ficarei nessa de 4~5 dias, ok? Como eu disse também, vou atiçar certas curiosidades de vocês (espero) pq sou sádica demais pra fingir que o mistério não existe, prefiro torturar mesmo. ~meia brincadeira~ huhuhu Tá, enfim hahaha Acho que uma parte de um dos mistérios ficará bem óbvia neste capítulo, só que o que interliga ele com os outros ainda não...

Bom, boa leitura!

Capítulo 28 - Converse comigo


Fanfic / Fanfiction EmMUSAS - The Lost Canvas - Converse comigo

Capítulo 28

- Hmm, você por aqui? – Tália perguntou, divertida, assim que viu Melpomene entrar no quarto. – E, pela sua face vermelha, teve uma ótima noite. – dessa vez, um pingo de irritação foi sentido na fala dela.

- Está com ciúme? – Mel revidou, sorrindo.

- Claro que sim! Você vem, finge que dorme, aliás, nem isso, depois entra correndo no banheiro, toma banho, se arruma e sai de fininho. FININHO, MEL! Achou que eu não veria você só porque fingi dormir?

- E depois diz que eu finjo! – retrucou, rindo de leve.

- Nem pense em argumentar agora, Melpomene. – Tália se levantou da cama e colocou as mãos na cintura. Cômico. – Diga-me onde esteve, apesar de eu já saber.

- Se já sabe, então...

- Não, não é assim. Quero saber o que aconteceu, porque sei que passou a noite fora! E se você estiver escondendo notícias boas de mim, senhorita irmã gêmea, pode manter os olhos abertos durante o sono porque terei prazer em pregar peças em você!

- Tália, você não vive dizendo para eu sorrir mais? O que pode observar na minha face agora? – ela movimentou o indicador em círculos diante do rosto enquanto sorriu.

- ... – a musa da comédia observou. Realmente, Mel parecia mais brilhante e... Cansada?

- Ótimo, e o que deduz com isso? – perguntou, após o silêncio da irmã. Tália arregalou os olhos. - Exato, então pare de fazer drama. – por fim, Mel pediu e seguiu em direção ao banheiro.

- AHHHHHHHHHH!!!! – Tália não aguentou e pulou na irmã, enforcando-a num abraço. – Não sei o que dizer! Oh, céus, não sei o que dizer! Odeio não saber o que dizer!

- Tália, respire.

- Não!!! Deixemos pra respirar depois! Me conte tudo!!! – não conseguiu parar de pular de felicidade, mas Mel tratou de segurá-la pelos braços, totalmente corada.

- Agora não, preciso me banhar e depois encontrar Redka. – Mel se afastou e entrou no banheiro. Antes que Tália pudesse segui-la, ela fechou a porta fortemente, no intuito de dar a entender que não falaria sobre isso.

- Mas é um absurdo mesmo. – Tália recolocou as mãos na cintura. – Mesmo você escondendo a melhor parte de mim, eu ainda lhe desejo o melhor, está ouvindo?! Mas se cuide, Mel, se cuide. E DEPOIS ME FALE SE FOI BOM E SE FOI COM QUEM EU ACHO QUE FOI!!! – gritou.

- TÁLIA, PARE DE GRITAR! – Mel berrou de dentro do banheiro.

E ela parou, deixou um tchau para a irmã e seguiu para a Sala do Grande Mestre. Não programou absolutamente nada para o dia, até sentiu tédio ao tentar fazê-lo. Suas irmãs, provavelmente, programaram coisas desinteressantes; Terpsícore continuava distante; Calíope, metida; Urânia, comprometida; Clio, escondida; Mel... condenada. Sim, condenou-se no momento em que se negou a narrar o que fez na noite passada!

Não que não gostasse de assistir ao treino dos cavaleiros – pelo contrário, gostava até demais de vê-los sem camisa e suados -, mas queria algo diferente. Suas opções continuariam reduzidas se não fizesse mais amizades, definitivamente.

- Ah, Tália, que bom lhe ver! Bom dia, querida. – o Grande Mestre cumprimentou. Sage, de todas as pessoas que ela conheceu, era, de longe, a mais simpática.

- Bom dia, Grande Mestre! – ela saltitou até próximo dele, que estava sentado no trono da sala. – Vim em busca de uma preciosa sugestão de o que fazer hoje.

- Hmmm, compreendo. Manigold está treinando, certo? – perguntou. Tália corou e engoliu seco.

- Sim, e o que há? Não que eu quisesse a companhia dele... – mentiu. Sage riu, ela era graciosa demais.

- Querida, você esqueceu que eu observo tudo que acontece nesse Santuário?

- Ugh, é mesmo. Mas, mesmo assim, falo sério. Queria algo diferente. Aquele arbusto azul mal picotado dele já me dá tédio, se quer saber... – disse ela, enquanto observou a vista da janela. Sage riu do comentário.

- Arbusto azul mal picotado? – fez cara de quem pensou. – Você tem razão, é mal picotado. – e riu novamente. Não tinha como deixar de se sentir bem com a companhia da musa da comédia. Sage sabia que poucos viam isso, mas era gratificante tê-la ao lado. – Mas, me diga, ele tem lhe tratado bem?

- Todos têm, Grande Mestre. – ela respondeu de imediato. – Manigold é apenas biruta demais de vez em quando, assim como eu.

- Você é uma criatura de essência única, Tália. – Sage disse docemente. – Mas admito que meus pensamentos não me permitem pensar muito bem numa sugestão interessante. – ele suspirou.

- É a Guerra, não é? – ela suspirou de volta. – Grande Mestre, assim como minhas irmãs, não compreendo o motivo de estarmos aqui. Pensei em vir porque já estava cansada do vale e... Bom... Visitar certas cidades não me é mais uma opção convidativa. – assim que disse isso, Tália murchou. Lembrou-se imediatamente do episódio triste que passou tempos atrás. Logo mexeu a cabeça no intuito de afastar os pensamentos. – De qualquer forma, gostaria de saber se você tem algum conhecimento sobre isso.

Sage franziu a testa.

- O que aconteceu tempos atrás, Tália? – perguntou, preocupado ao ver o semblante dela mudar. Mas ela negou com a cabeça e um sorriso triste no rosto. Ele entendeu que era melhor não mexer na ferida, pois, provavelmente, tinha a ver com a cicatriz. – Então, por que não acompanha Dohko até a vila? Sei que você é uma das poucas que não frequenta a vila de Rodório, acho que seria interessante conhecê-la melhor, querida.

Sage quase estremeceu com o belíssimo sorriso que brotou no rosto da musa. Ah, era gratificante vê-la sorrir!

- Sim! Gostei da ideia, Grande Mestre. Admito que pensei em chamar Sasha para uma volta, mas ela é uma deusa ocupada. – Tália riu de leve. – Às vezes me esqueço disso, e não sou útil para ela nessa pesquisa em que Urânia se envolveu.

- Haverá outras oportunidades para ficar com ela, Tália. – ele disse amavelmente. – Não se preocupe. Infelizmente, vou ter que me ocupar agora do mesmo jeito.

Antes de Tália falar algo, Kárdia entrou na Sala apressadamente e fez uma reverência rápida diante dos dois.

- Grande Mestre, preciso de uma autorização. – Kárdia pediu, tentando ser sério. Sage fez um movimento de cabeça para que ele prosseguisse. Antes, o escorpiano fitou a musa com um olhar estranho. – Certo. Enfim, preciso descontar minha inspiração.

Sage e Tália se entreolharam.

- Explique isso, cavaleiro. – pediu Sage. Tália não se importou com o olhar incômodo do escorpiano, apenas fitou de volta, curiosa.

- Digamos que eu pensei num momento de alívio para todos nós, nessa noite. Eu... Como posso dizer? – Kárdia apertou os olhos e suspirou. – Consegui um cistre e... Queria muito tocá-lo numa fogueira. Achei que seria interessante como um momento de distração nesse Santuário. Afinal, precisamos aproveitar o tempo que temos. – queria ter falado muito mais e extravaso com suas intenções, mas, diante da figura do patriarca, todo polimento na fala era pouco.

Sage não gostou da última frase porque a verdade nela era totalmente plausível. Realmente, os cavaleiros treinavam todos os dias arduamente e, em pouco tempo, enfrentariam a Guerra Santa sem tempo para respirar. Athena já havia dito algo sobre proporcionar melhores momentos para seus cavaleiros e amazonas antes do período tenso que se aproximava, mas Sage achava um tanto quanto desnecessário. Entretanto, não era e nunca foi. Lembrava-se perfeitamente do estado em que ficou quando ele teve de enfrentar a guerra santa antes de se tornar Grande Mestre. E, por mais estranho que fosse, Kárdia estava certo.

- Autorizo, Kárdia, contanto que organizem-se na terceira arena. Ela é menor e os treinos lá acabam mais cedo. Assim, quem quiser usar as outras, terá liberdade. – disse Sage, Kárdia assentiu e Tália permaneceu pensando. – Antes, poderia me dizer onde conseguiu o cistre?

- Ah, Grande Mestre, descobri que algumas mulheres aparecem na nossa vida não apenas para nos presentear com prazer e... – Kárdia ouviu Sage pigarrear e olhar para a musa. – Aham... Certo. Ganhei numa aposta, toquei com o dono do Toca do Desafinado e ganhei, depois de ter sido escolhido por uma bela dama. Foi bastante... Inspirador.

- Hãããããã!!! – Tália exclamou e levou as mãos à boca, interrompendo a fala do escorpiano, depois gargalhou escandalosamente. Os dois a olharam intrigados e esperaram resposta. Ela pigarreou, após se recuperar, mas continuou sorrindo. – Que safada...

- Quem é safada? – Kárdia perguntou, visivelmente incomodado.

- Nada. Ninguém. Eu. Eu sou safada. – em seguida, riu novamente. Kárdia bufou e se retirou, após agradecer ao Grande Mestre pela autorização.

- Tália, o que está escondendo? – o Grande Mestre a reprovou com o olhar, mas Tália apenas riu.

- Acho que vocês verão em breve. Se bem que... – ela franziu o cenho. – Por que...? – levou o indicador à boca e pensou um pouco mais. – Estranho... Enfim, vou descer, Grande Mestre, e falarei com Dohko sobre a vila. – ela sorriu.

~

Mel não demorou muito para se arrumar; tomou um banho rápido, colocou um vestido branco de alça e saiu do quarto. Já estava com mal-estar devido à falta de veneno e, com certeza, a dose da tarde seria maior. Se quisesse ter mais noites como aquela – e queria – com Albafica, teria de dar um jeito de tomar mais. Entretanto, assim como as irmãs, percebia a mudança em sua áurea e, principalmente, em seu corpo.

Apressou o passo assim que adentrou o corredor para a Sala do Grande Mestre, mas foi puxada para um quarto com certa delicadeza. Deixou-se ser puxada, pois sabia quem era; inclusive, agradeceu por ter sido lembrada.

- Não vai fugir de mim novamente! Não lhe deram o recado, Mel? – Urânia acomodou a irmã em sua cama e se posicionou de frente. – Preciso falar com você!

- Desculpe-me, Urânia. Eu recebi o recado sim, mas me esqueci dele completamente. – Mel falou, ofegante.

- Está com pressa, certo? – Mel assentiu. – Pois deixe-a de lado por um instante e converse comigo.

- Certo, mas... Vai demorar?

Urânia observou a inquietação da irmã. Na verdade, vinha observando há tempos - o que abriu seu olhar completamente. Como sempre, soube que a irmã escondia algo; não que Mel fosse de esconder, mas Urânia tinha essa habilidade de identificar mais precisamente o que envolvia um erro das irmãs. A mudança na áurea de Mel, a felicidade ameaçadora em seus olhos tristes, a mudança de comportamento quando o assunto era o cavaleiro de peixes... Albafica era o mais perigoso dentre todos, e não exatamente porque seus poderes eram maiores, mas pelo fato de possuir um detalhe cruel em seu dia-a-dia: o sangue venenoso, o toque mortal, a aproximação impossível. Entretanto, Mel contornou esses obstáculos, então isso só podia significar uma coisa.

- Eu sei que você está fazendo, Mel. – Urânia falou, como se tirasse um grande peso dos ombros. Mel sentiu cada músculo contrair e congelou.

- Em relação a quê? Como... Como assim?  - estremeceu.

- Sei como você consegue ficar perto do cavaleiro de peixes. – Urânia disse. – Sabe como sei? – Mel quase negou, mas assentiu. Claro que sabia... – Isso me preocupa, Mel, me preocupa demais, mas eu não posso pedir para que pare, infelizmente.

Urânia se levantou e caminhou até o parapeito da janela, onde se inclinou um pouco para apreciar a vista. Entretanto, sua mente não estava ali. Teve de pensar muito no lado que tomaria quando descobriu o que a irmã estava fazendo, a decisão, com certeza, não foi fácil. O problema não estava apenas em permitir que Mel continuasse, e sim o que as estrelas mostraram para que Urânia enxergasse isso. Por mais que suas representações tivessem dado o mínimo de resposta, ela compreendeu.

Melpomene estranhou subitamente e levantou em seguida, mas não se moveu mais.

- Não vai me parar? – a fala saiu feliz, porém preocupada. – Por quê?

Urânia riu sem graça.

- Primeiro, porque você não pararia se eu pedisse. Está apaixonada, é evidente. – ela suspirou. – Segundo, porque isso vai lhe afetar apenas por um tempo, enquanto estiver se envenenando, mas depois vai passar... Terceiro,-

- Como assim “depois vai passar”? Não pretendo deixar Albafica. Se tiver que continuar com isso, continuarei. – por mais inesperado que fosse, a voz de Mel se agravou e seu semblante se tornou sério demais.

Esse não é o problema, Mel. O problema é até quando. – Urânia pensou.

- Eu sei disso, Mel. O que quero dizer é que isso não vai lhe prejudicar seriamente na sua existência. Você pode se sentir mal e ter a áurea modificada, porém são efeitos que continuarão enquanto você se envenenar. No momento em que parar, não haverá sequelas. Então, isso não é o que me preocupa...

- E o que lhe preocupa? – Mel sentiu um arrepio. Urânia preocupada nunca significou algo bom.

Urânia ficou sem chão. Como explicaria para a irmã o que viu na constelação de peixes? Aquele movimento estranho não foi pequena coisa, foi um aviso prévio – não muito claro, porém. Nunca viu a musa da tragédia tão feliz; seria absurdo cortá-la dessa forma esclarecendo o problema. Ao mesmo tempo, sentia a necessidade de informar seu apoio quanto a o que Mel estava fazendo; afinal, a irmã se movia pelo elemento mais inspirador de todos.

- Nada certo o bastante para ser informado, Mel. – ela sorriu para a irmã, que franziu a testa. Urânia sempre foi misteriosa demais. – Quero que saiba, irmã – caminhou até onde Mel estava e se sentou ao lado. -, que lhe apoio independentemente do que acontecer, mas não conte para ninguém e peça para que Redka seja firme nesse segredo. – pegou a mão dela. – Confie em mim. – Mel assentiu precisamente.

- Eu confio. Só queria que fosse sincera e delatasse o problema pra mim.

- Deixe-me identificá-lo antes, certo? – Urânia sorriu forçadamente, mas Mel não viu, apenas assentiu.

- Urânia, eu senti uma energia estranha outro dia, mas não dei muita atenção.

- Acho que sei do que está falando...

- Se for o que acho que é, por que ela não se manifestou ainda? – Mel perguntou, manhosa.

- Não sei, confesso que isso é um ponto que me preocupa um pouco.

- Foi assim daquela vez, não foi? Ela ficou na espreita enquanto você-

- Foi, foi assim. – Urânia cortou, não quis se lembrar daquele tempo. Ainda guardava uma dor pequena por causa dele. – Mas não se preocupe com isso, não junte fatos incertos e muito menos especule se baseando naquele tempo. Uma hora ou outra, ela vai se manifestar.

Mel nem percebeu algumas lágrimas deslizarem em sua bochecha, só depois que Urânia as limpou com os dedos.

- Por que está chorando? – a musa da astronomia sorriu docemente dessa vez.

- Não sei... Estou feliz. Pode não parecer, mas estou feliz. Estou tão feliz que dá vontade de chorar. – Mel disse, sorrindo junto. A outra musa riu do pequeno drama. – Por que não me disse que era tão bom?

Urânia parou de sorrir e se endireitou. Não esperou pela pergunta, mas compreendeu seu sentido imediatamente. Maldita pergunta que trouxe de volta seu miserável passado.

- Oh, desculpe! – Mel abraçou a irmã assim que a viu. – Não quis tocar nesse assunto dessa forma.

- Tudo bem, Mel, acontece. – deu três tapinhas nas costas da irmã que chorava. – Pode perguntar, esse outro caso está enterrado fundo o bastante para me afetar. – deu um sorriso incentivador. – Além disso, me interessa ouvir você sobre isso. Quero saber de tudo o que for conveniente – riu. – Poupe os detalhes, mas expresse sua felicidade!

- Minha felicidade que só cresceu com seu apoio?

- Essa mesma. E digo mais: aproveite muito seu cavaleiro!

- Aproveitarei, mas não fale assim, parece até que ele vai embora logo! – Mel fingiu-se de brava e colocou as mãos na cintura, fazendo Urânia rir.

Esse riso dela, no entanto, não foi tão feliz assim, pois, de alguma forma, sentiu que Mel acabara de jogar a resposta para o dilema do movimento estranho na constelação de peixes. Droga.

~

Tália desceu as escadas cantarolando até chegar na Casa de Libra, onde viu Dohko em sua bancada da cozinha, tomando café. Ele não esperava aquela visita, mas abriu um sorriso cordial assim que a viu.

- Bom dia, senhorita!

- Vamos fazer o seguinte: eu lhe chamo de Dohko e você me chama de Tália, que tal? – ela disse, antes de tudo. Não queria formalidade entre eles. Dohko riu.

- Acho ótimo, até porque, coincidentemente, o primeiro é o meu nome! – decidiu participar da brincadeira. Tinha que ser a incrível Tália para incentivar o bom humor matinal.

- Olha só! – ela riu graciosamente. - E o segundo é o meu, acredita?

- Perfeito! – ele gargalhou; ela era adorável. – Por favor, Tália, tome café comigo. – posicionou-se para servir uma nova xícara, porém ela o parou.

- Já tomei, mas agradeço mesmo assim. – sentou-se ao lado dele. – Na verdade, vim lhe informar que terá uma nova acompanhante para ir à vila hoje.

- Hmm... – fez cara de quem pensou no assunto e sorriu. – Por acaso, minha acompanhante se chama Tália?

- Sim. Conhece?

- Adoraria conhecer melhor! – ele riu e bebericou o café. – Isso me agrada muito, Tália, de verdade. Às vezes, é tedioso ir para lá e para cá sozinho, apesar de que um tempo assim pode ser muito bom para a mente.

- Concordo, mas tempo para mente é só o que temos desde que chegamos. De certa forma, sinto-me entediada por não poder ajudar em alguma coisa.

- Você ajuda nos ânimos, garota. – ele sorriu e ela revirou os olhos com graça.

- Não é a mesma coisa. – bufou. – Lá no vale, eu costumo ajudar os servos e, quando consigo, faço o trabalho deles sozinha. Acho bobo pensar que os outros devem fazer tudo na minha casa. Afinal, ela é minha!

Dohko se irradiou. Uma ótima chance para conhecer melhor o que envolve as musas sem ter que perguntar para cada uma delas. Claro que levaria a regra em conta, mas suas perguntas não seriam pessoais.

- Tália, por gentileza, poderia me falar como vocês vivem? Desde que vocês chegaram, sinto que minha curiosidade vai me matar. – Dohko disse, calmamente.

- Se não for pessoal, tudo bem. E se for para mim, cuidado com as perguntas. – ela respondeu, divertida, porém dando o recado.

Ele entendeu perfeitamente onde ela quis chegar e guardou em seu interior a curiosidade sobre a cicatriz.

 - Pois bem, vocês vivem juntas num vale só? – bebericou mais o café.

- Mais ou menos. Existe o Monte Parnaso, local onde nosso templo principal se encontra, mas, em volta, há vários vales muito belos e verdes, repletos de fauna e flora! – juntou as mãos e piscou os olhos. Tália era apaixonada pela paisagem que tinha em casa. – Cada uma de nós tem seu templo em seu vale, porém cada um deles fica perto do Monte Parnaso e precisa de autorização para ser visitado. Como se fossem as doze casas, entende? Vocês se formam em linhas quebradas e, nós, num círculo. Círculo medonho, mas círculo. – ela riu do próprio comentário.

Os olhos de Dohko brilharam com a informação. De fato, ter tal conhecimento era maravilhoso, mas ouvir e ver a musa contando da forma que estava fazendo tornava tudo mais encantador. Ele quase absolveu o brilho dela ao imaginar o belo vale da narrativa. Acabou expressando um “quero saber mais” nos olhos, o que ela entendeu perfeitamente.

- Hmmm, vejamos. – ela levou um dedo à boca enquanto pensou. – Os servos ficam no templo principal, geralmente. Pode não parecer, mas somos muito reservadas. Eu, particularmente, não gosto de sair do meu vale e prefiro ficar sozinha, então dispenso servos. Assim sobra mais trabalho para mim e, cá entre nós, trabalhar para a natureza é divino! – ela riu novamente e, dessa vez, Dohko teve que rir junto. A boca dele já doía de tão aberta em sorriso. – Assim... Gosto de ficar sozinha, mas vivo importunando Melpomene para ficar comigo também!

Os dois gargalharam e Dohko quase derrubou o café, o que fez Tália intensificar o riso.

- E por que você não usa colar como as outras? Quer dizer, observei esse ponto, não sei se há relação com obrigações... – Dohko se perdeu um pouco enquanto limpou o balcão sujo de gotinhas de café.

- Ah, não sou a única. Erato e Polímnia não usam também e... Ops! – levou a mão à boca. – Quase falei o que não devia. Oh, ainda bem que percebi cedo! Não posso dizer por que elas não usam... É pessoal. – ela sorriu e se acalmou. – Certo, na verdade, não uso porque não tenho um colar. Na verdade, tenho, mas deixo embaixo de uma das árvores do meu vale.

- Por quê? – ele levantou uma sobrancelha, intrigado.

- Porque o lugar dele é lá. Meu colar é uma semente! – falou, como se fosse óbvio. Dohko não deixou de sorrir, pois Tália foi poética demais na intenção.

- E esse lenço? Você nunca o tira...

- Que curioso! – ela comentou.

- Um curioso reconhece outro, Tália. Pode me perguntar o que quiser depois. – virou o café e olhou-a de canto, arrancando uma risada leve dela.

- Vou cobrar! – Tália apoiou o queixo na mão. – Então... Meu lenço é uma parte de Melpomene. Quero dizer, do lenço que ela tem desde que passou a existir do mundo. Como não fiquei com o colar, pedi a ela que me desse uma parte do lenço para que pudesse ter uma conexão com ela sempre. Afinal, somo gêmeas, e a conexão natural não basta para mim. – ela riu. – Foi como um pacto divino, porém não consumado tradicionalmente. É especial porque é só nosso. Um pedaço dela comigo sempre.

Dohko ficou incrédulo após perceber a capacidade da musa de emocioná-lo. Ela não percebeu, mas ele ficou abobado depois de conhecê-la minimamente melhor. A cada informação, o cavaleiro sentiu um calor diferente no peito. (Mal sabia que estava sendo inspirado naquele momento). Realmente, Tália era incrível e extremamente cativante, além de que passava a melhor das energias. Sentiu uma tremenda necessidade de protegê-la, o que estranhou imediatamente, mas, antes que ela pudesse falar mais, ele a parou e a olhou profundamente.

- Tália. – pegou a mão dela com suas duas. – Sempre que precisar, converse comigo. 


Notas Finais


Dohko é só amor!

SPOILERS: 1. Em breve, daremos um pequeno adeus à Tália.
2. Amor perfeito não existe; em algum momento, essa ilusão se quebra.


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