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História EmMUSAS - The Lost Canvas - Surpresas


Escrita por: guerrakkya

Notas do Autor


Olá, queridxs leitorxs!

Antes de qualquer coisa, queria esclarecer um ponto pra algumas pessoas que acho que não entenderam o meu atual esquema de postagem. Bom, antes eu postava de 4 em 4 dias, certo? E os caps tinham em torno de 3 mil palavras. Mas, agora que os caps aumentaram (7 a 8 mil palavras), as postagens estão de 8 em 8 dias, aproximadamente – sim, porque depende do meu tempo também, amores. Fazer um cap grande requer TEMPO, então... E olha, agora que eu to fazendo Kung Fu, tudo vai mudar hahahaha É barra, amigxs, to quebradíssima, mas feliz.

E estou muito feliz também porque recebi mais uma recomendação, feita pela minha querida leitora Nika, lá no Nyah! Um beijo especial pra ti. É sempre gratificante saber que estão se envolvendo com a estória!

Enfim, boa leitura! Nos vemos lá embaixo.

Capítulo 57 - Surpresas


Capítulo 57

Algo prendia seus pulsos, que estavam pousados acima de sua cabeça, enquanto o corpo todo estava encostado na cabeceira da cama, completamente solto ali, na penumbra - apenas uma camisola fina o vestia. Identificou três pontos sutis de iluminação, derivados de velas acesas, estrategicamente espalhadas, que tornavam o ambiente bastante sugestivo. Varreu os olhos pelo quarto – ou melhor, pela toca da besta – e respirou fundo, já esperando o dono, ansiosamente. Estava acostumada com esse prólogo, e até gostava bastante, mas o tempo já passava sem resposta alguma.

E sem presença dele também.

Sem a dele, porém a de alguém. Alguém que ela não reconheceu, mas que se apresentou assim que deixou os olhos parados à frente. Duas esferas azuis a observavam, cujo dono estava apoiado no fim da cama. Ele era igual a quem ela esperava, mas não era o mesmo. Além da energia estranha que emanava, tinha uma essência sombria ainda mais explícita.

Não era o dono do quarto, mas estava ali, encarando-a como se a encurralasse. Ela poderia muito bem sair correndo, apenas os pulsos estavam presos. No entanto, o olhar feroz dele não a deixava se mover. Estava hipnotizada por olhos que lembravam os de seu desejado cavaleiro.

Mas não eram!

Terps suspirou diante da figura. Acabou reconhecendo-a de imediato. Se aqueles intensos olhos azuis e aqueles ondulados cabelos azuis não eram de Defteros, então eram de Aspros. E, quando a figura se aproximou lentamente, ela percebeu o tom de pele mais claro e a ausência do tão adorado canino. Aspros, felinamente, engatinhou até chegar aos seus pés, cujos dedos se encolheram por pavor.

O olhar dele era gentil, mas também descaradamente malicioso.

- Achei que enganaria por mais tempo, mas vejo que já me desvendou. – ele disse, sorrindo. A sonoridade da voz aveludada preencheu os ouvidos dela deliciosamente, a ponto de fazê-la fechar os olhos. Mas Terps rapidamente os abriu ao sentir o calor de uma mão em seu tornozelo.

Aspros afagou com delicadeza aquela pequena parte do corpo atraente da musa, deslizando a mão para cima e para baixo e ousando, cada vez mais, na subida, até chegar na panturrilha, onde apertou levemente. Embora movimentasse dessa forma, seu olhar não deixou de seguir as expressões hesitantes dela.

Terps imediatamente se arrepiou quando a mão de Aspros atingiu sua coxa e, assim, precisou voltar os olhos para ele. Um enorme susto fez seu corpo tremer ao percebê-lo tão próximo, molhando os lábios com a língua e encarando-a com olhos estreitos.

- Sua pele é tão macia... Agora entendo como consegue enlouquecer uma fera. É quase um pecado tocar em você. – Aspros não hesitou em deslizar a mão ativa para baixo da camisola de Terps e apertá-la com mais força na cintura.

Ela quis reclamar, quis muito, e até tentou, mas seu desespero aumentou quando se viu sem voz alguma. As palavras existiam em sua mente, mas não conseguiam ser verbalizadas. Uma agonia colossal cresceu em seu peito, impossibilitando-a de acompanhar o movimento de mão do geminiano, que agora rasgava sua camisola sem dó algum. Ao mesmo tempo em que sua respiração acelerava, um gosto amargo se apossava de sua garganta.

- Pelo visto, minha presença lhe enerva. Será que preciso chamar outro alguém? – Aspros sorriu, mas não foi um sorriso gentil. Sua mão terminou de remover a peça incômoda que o separava do corpo da musa e jogou-a em um canto qualquer. – Hmm... – lentamente, aproximou os lábios do pescoço fino dela e ali inspirou fundo. – Esse cheiro... Estou entendendo... Entendo você...

Terps, embora muito arrepiada, não deixou de procurar a sanidade internamente, porém a última fala de Aspros a deixou com a leve impressão de que ele não falava consigo. Mas não prolongou os pensamentos, pois sentiu um leve aperto no seio esquerdo.

- Ah! – ela gemeu. Maldito som. Pensou que poderia falar, mas, ao tentar, novamente se frustrou. Nada fez sentido, nada.

- Devo continuar sozinho? – Aspros perguntou, mas Terps não entendeu.

- Não. – outra voz, mais grave, foi ouvida.

 No exato segundo em que Aspros sorriu para Terps, ela se virou e se deparou com a figura que tanto queria encontrar ali. Porém Defteros não parecia nada feliz, e sim muito distante, nervoso e intimidador. Entretanto, ela nem teve tempo de analisar o semblante por completo, pois logo teve a perna direita esticada e puxada por seu cavaleiro, que iniciou uma trajetória por sua coxa, apenas deslizando o lábio inferior.

E o delicioso canino estava ali, arranhando-a suavemente.

Terps nem percebeu todos os movimentos; de repente, viu-se fisgada totalmente. Em seu seio esquerdo, Aspros lambia o mamilo, por vezes mordiscando-o e puxando-o até ouvi-la gemer com vontade – algo que não conseguiu segurar. Na coxa direita, Defteros investia em apertões e mordidas mais fortes, deixando vergões visivelmente vermelhos e com leves aberturas de sangue.

- Sua musa é muito deliciosa, Defteros. – Aspros trilhou a língua até o pescoço de Terps, para então chupá-lo com lascívia. Sua outra mão não deixou de estimular o seio direito em nem um minuto.

- Cale a boca. – o gêmeo rosnou. Odiou ouvir Terps gemer daquela forma por causa de seu irmão, mas não a pararia; não quando ela estava fazendo uma cara tão linda de prazer.

- Ahn... – Terps novamente gemeu, dessa vez arqueando as costas com agressividade e jogando a cabeça para trás. Estava demasiadamente excitada com ambos os estímulos, ainda mais após ouvir seu cavaleiro rosnar. Simplesmente enlouquecia quando Defteros rosnava para ela.

O geminiano, porém, irritou-se mais profundamente, e não resistiu em empurrar o irmão intruso.

Aspros já esperava por isso, portanto se afastou cordialmente, sorrindo.

- Não abuse. – Defteros alertou, movendo-se para a região do colo de Terps.

Por um momento, ela sentiu que teria um orgasmo só de ver seu cavaleiro enciumado e possessivo para consigo. Ficou tão eufórica com a aproximação que acabou exigindo um beijo - que não lhe foi concedido. Insatisfeita por paquerar os lábios dele sem sucesso, mostrou seu melhor biquinho e resmungou.

Como o esperado, Defteros avançou na boca dela com puro desejo. E Terps o beijou sorrindo – sabia que ele não resistia a esse tipo de expressão sua. Mas o beijo foi interrompido logo em seguida por um longo gemido dela.

- Não vou abusar, mas não me peça pra ficar parado. É crueldade. – Aspros sorriu, enquanto descia os dentes pela barriga lisa de Terps. Com certeza, aquele gemido enlouquecedor saiu por causa de seu dedo atrevido, que a estimulou no clitóris, por cima da calcinha. Adorou vê-la tão entregue nessa iniciativa, só teria sido melhor se Defteros não tivesse tapado sua visão se pondo na frente da cara dela para beijá-la. – Hunf.

Aspros não deixaria assim. Lentamente, como um felino com fome de vingança, curvou-se até ficar perto da região íntima de Terps e mordeu a borda da calcinha, deslizando-a e deixando a boca tocar onde queria. Sua mão aproveitou o momento para pôr os dedos em movimento, ali, naquela região já extremamente molhada, iniciando com dois que se moveram circularmente no ponto mais sensível.

Além de Terpsícore, Defteros sofreu as consequências dessa ousadia de Aspros, pois foi mordido nos lábios no meio do beijo, devido ao alto nível de prazer de sua musa.

Maldito Aspros.

No momento em que Defteros se afastou para lançar um olhar enfurecido ao irmão, Terps aproveitou para fitá-lo também. E Aspros não poderia ter ficado mais satisfeito ao vê-la tão corada e excitada:

- Você é tão bela... Abra-se pra mim. – pediu, encarando-a com um olhar falsamente gentil. A luxúria era palpável em sua voz.

Quando ela pensou em assentir, movida excepcionalmente pelo desejo, teve o queixo puxado agressivamente por Defteros e a boca tomada num beijo possessivo. Ao mesmo tempo, Aspros enfiou um dedo em seu sexo, desencadeando, nela, a movimentação dos quadris.

E Terps queria os dois, juntos – embora só amasse um.

Ela sentia fortemente a agitação dos dedos de Aspros em seu sexo - principalmente o que a penetrava arduamente. Sentia também o cheiro de sexo que aquele quarto já exalava, bem como a textura sedosa do lençol preto. Sentia o clássico formigamento no ventre, que aumentava a cada brincadeira de quem a dedilhava. Sentia-se tão excitada que iniciou uma série de gemidos em harmonia com o movimento lá embaixo.

E o mais excitante de tudo: sentiu Defteros rosnar mais uma vez em seu ouvido. E então sorriu. Estava impossível pensar em qualquer outra coisa que não nos dois gregos seduzindo-a de diferentes formas. Sequer nisso era difícil de pensar.

Defteros empurrou novamente o irmão, que se moveu para trás do corpo diminuto da musa, cujas costas nuas atraíram atenção. Aspros não esperou para deslizar as mãos nelas, aproveitando para arranhar um pouco. Para ele, tudo continuaria bem, contanto que Defteros o deixasse brincar também. Já que se encontrava atrás dela, puxou-a para si até que as costas se encostassem em seu tórax, e deixou a parte da frente para seu possessivo irmão.

Mas nada impedia Aspros de dedilhá-la dali. E ele assim o fez, enquanto Defteros chupava o pescoço de Terps.

E Terpsícore estava completamente molhada.

- Relaxe o corpo, senhorita. – Aspros sussurrou no ouvido que agora mordiscada. – Não precisa temer...

Ela não sabia por que estava chorando, mas estava. Lágrimas brotavam ferozmente de seus olhos, como se ardessem. Chorava por medo, estranheza, surpresa, tesão, deleite. Apenas chorava baixinho.

Defteros percebeu o choro e, rapidamente, beijou cada extensão de lágrima nas bochechas dela, até que secasse parcialmente.

- Estou deixando você participar – ele disse, mirando Aspros intensamente. -, mas não a machuque. Ela é minha.

- Machucar? Acha que ela não está gostando? Ah – o gêmeo, astutamente, retirou a mão que dedilhava o sexo e a parou diante dos olhos dos três, abrindo o indicador e o polegar e mostrando o mel, fruto da excitação de Terps. Em seguida, abriu um sorriso, maravilhado. – Isso não é verdade. É, senhorita? Seu corpo não mente...

Defteros se revoltou. Sem esperar mais um sorriso provocador, impulsionou o corpo para frente, no intuito de partir para cima de Aspros, mas foi impedido por Terps, que o abraçou com força. Acalmou-se um pouco quando viu a seriedade tomar conta da cara do irmão.

- Acho – Aspros voltou os olhos para o sexo molhado de Terps. – que se continuar assim, manchará seu lençol, irmão. – virou-se para Defteros e sorriu com malícia. – Por que você não resolve isso?

Terps, de início, não entendeu, mas sentiu que a tensão havia diminuído notavelmente. O que quer que Aspros tenha sugerido, foi interessante nesse aspecto - ela pensou. Porém logo mudou de opinião ao ver o semblante imponente de Defteros na altura de seu joelho, encarando-a intensamente.

- Abra as pernas, Terpsícore. – ordenou, impassível.

Só que Terps hesitou, e muito. Mas de nada adiantou, pois teve suas pernas abertas à força, para, em seguida, receber um delicioso sexo oral, que não poupou na língua agitada e movimentada. Cada passada extraía dela espasmos corporais diversificados, expressivos, libertadores, beirando ao orgasmo. Seu amado cavaleiro estava novamente lhe beijando entre as pernas, enquanto Aspros lhe estimulava, com maestria, nos seios.

Os gêmeos pareciam trabalhar dedicadamente em prol dos gemidos preciosos dela - que não poderia ser explorada de melhor forma ali, entre aquelas quatro paredes cheias de luxúrias.

- Que acha de ver por outro ângulo? – Aspros perguntou para Defteros, que franziu o cenho.

- Acha que está livre assim? – em tom ofensivo.

- Não custa tentar. Outro ângulo, outra experiência. – o gêmeo sorriu.

Terps teve um mau pressentimento. Rapidamente, foi manipulada para ficar de quatro. Quis muito gritar para que não fizessem nada, mas a voz não saiu. Entretanto, relaxou um pouco quando viu Defteros atrás de si.

- Terpsícore. – ele chamou, baixinho, enquanto deslizou uma mão pelas costas dela, com certa gentileza. – Abra as pernas.

Terps obedeceu. Como não obedeceria? A voz aveludada dele, baixinho, chamando seu nome, enquanto o toque quente, levemente áspero, a seduzia tão astutamente, foram fatores que convergiram para aquela aceitação. E ela, satisfeita, assentiu.

Em seguida, ele a penetrou com força, iniciando uma série de estocadas ininterruptas.

- Pobre bunda. – Aspros comentou, com um sorriso maldoso. – Agora, você – encarou Terps, que gemia freneticamente, entorpecida. – pode abrir a boca.

Ao contrário do que ele pediu, Terps mordeu o lábio inferior, controlando os gemidos, e arregalou os olhos, completamente surpresa. Observando Aspros, ele parecia entediado diante de sua reação.

Para ele, não havia problema não meter naqueles buracos, mas pelo menos um boquete duradouro ele queria. Ainda mais de uma boca tão convidativa e pequena como a da musa.

O que restou para Terps fazer foi negar, e ela negou, nervosamente. Nem se preocupou mais em sentir prazer com Defteros, queria simplesmente tirar aquela ideia absurda da cabeça de Aspros. A urgência era tanta que seu tempo pareceu parar quando ela viu o gêmeo se aproximar de sua boca. Fechou os olhos, espremendo-os em pura agonia. O gosto amargo em sua garganta se enfatizou dolorosamente e ela finalmente conseguiu gritar.

.

- TERPSÍCORE! – Defteros gritou, fazendo Terps finalmente abrir os olhos.

Ao vê-lo ao lado, saltou da cama e varreu o quarto com os olhos. Tudo estava completamente escuro. Estranhou a ausência da iluminação e do outro gêmeo, só percebeu que estava sonhando quando viu o geminiano protetor da casa sentado ao seu lado com uma expressão de raiva.

- Oh... – foi o único som que proferiu.

- Terpsícore, com que diabos estava sonhando? – Defteros perguntou, num rosnado.

- Defteros! – ela nem se preocupou em responder, apenas em abraça-lo com carinho. Enroscou-o fortemente no pescoço enquanto sorria, até puxá-lo para deitar novamente.

- Me responda. – ele pediu, um pouco mais amansado. Ela não deixou de rir pelo alívio. – É bom que tenha sonhado comigo porque você estava gemendo feito uma louca e, do nada, gritou. – explanou, retomando ameaça na voz.

Era verdade, Defteros tinha acordado há tempos, desde o momento em que a ouviu gemer intensamente. Ficou tão encantado que decidiu observá-la. Contanto que ela estivesse tendo prazer no sonho, estava tudo bem – ele só esperava que fosse consigo. Porém sentiu um arrepio forte na espinha ao ouvi-la gritar.

- Defteros – Terps posicionou as duas mãos nas bochechas dele e o admirou de perto. Ante de falar, depositou um beijinho nos lábios. -, me prometa que não vai deixar ninguém brincar comigo...

- Sua tola – Defteros estreitou os olhos. -, eu sou egoísta. Não deixarei ninguém sequer tocar em você. – imediatamente, puxou-a para si. – Você é minha.

Em seguida, aninhou-a nos braços, para então beijá-la nos cabelos e iniciar um carinho, no intuito de adormecê-la tranquilamente. E Terps logo caiu em um sono sem sonhos, na madrugada silenciosa.

~

Se não fosse por um gritante barulho de vidro se partindo em mil pedaços, Urânia teria dormido um pouco mais, embora já sentisse os indícios de uma manhã fresca em seu rosto, enviados por uma fresta na janela. Não se surpreendeu ao sentir falta de Sísifo ao lado da cama, pois, no momento em que ele se levantou, sentiu a presença se afastar, mas o cansaço lhe foi tanto que nem se deu o trabalho de lançar um olhar compreensivo. Continuou de olhos fechados, inalando a fragrância natural de um espaço recém-deixado pelo sagitariano – e isso foi o bastante para fazê-la adormecer novamente.

Só que agora, a necessidade de checar o barulho foi maior e, com rapidez, vestiu-se desajeitadamente apenas com uma parte do tecido fino do lençol. Só o fez porque percebeu que não havia nenhuma presença além da do protetor da casa, por isso não haveria problema aparecer daquele jeito.

Alguém que passou a noite toda fazendo amor loucamente.

- Sísifo? – Urânia o chamou, observando-o se abaixar para juntar cacos de uma garrafa de vinho. Teve de rir ao ver que o sagitariano a fitou de volta com surpresa. – Bebendo a essa hora?

Sísifo se ajeitou normalmente, deixando os cacos de lado numa sacola, e caminhou lentamente até ela, sem desviar o olhar. Nada disse, pois sua vontade se limitou a tocá-la nos ombros, estendendo o toque tenramente até o pescoço e finalizando-o nas bochechas macias, para então trazer o rosto para si, até beijá-la suavemente.

- Bom dia. – disse, hipnotizado pelo olhar cristalino dela.

- Bom dia. – embora mantivesse a ponta do nariz encostada na dele, Urânia fitou o canto, onde as sacolas com garrafas se encontravam. – Quem vir, pode pensar algo errado. Melhor acabar com a prova do crime logo. – riu de leve, porém ele não deixou de fitá-la com intensidade.

- Essas garrafas – Sísifo se afastou – foram deixadas na minha porta ontem porque parece que uma serva recebeu outra ordem mais importante que a minha. – em tom sugestivo, finalizou a fala, olhando para sua musa, que revidou rindo.

- E, de fato, era.

- Posso saber? – o sagitariano, dando continuidade à tarefa anterior, pegou as sacolas e se dirigiu à porta dos fundos da cozinha.

Urânia não deixou de acompanhar cada movimento com olhos bem precisos, principalmente por estar diante de um homem tão atraente. O que dificultava seu autocontrole era o fato de Sísifo vestir apenas uma calça fina, meio desbotada, de malha. Nada mais. Os músculos que se tencionaram devido ao peso da sacola pareceram provocá-la até a alma para serem explorados por mãos como as dela. E nada foi mais fatal do que observar as costas largas – cujas omoplatas demarcadas continham leves cicatrizes - do sagitariano.

- Urânia? – Sísifo se virou para vê-la, fazendo-a a acordar do transe admirável.

- Documentos. – respondeu, rapidamente. – Documentos importantes.

Atentamente, Urânia observou o semblante do cavaleiro mudar, enquanto ele se aproximava. Teve uma de suas mechas negras colocada por trás de uma das orelhas antes de ouvi-lo dizer:

- Urânia, se vamos levar isso à sério, preciso que pare de me deixar curioso. – Sísifo a encarou com seriedade, mas também carisma. – Não estou dizendo que quero saber tudo sobre você, até porque sei que existem limites, coisas pessoas que não queremos compartilhar. Não tentarei desenterrar seu passado, nem cutucar suas cicatrizes, mas, por favor, esconda de mim o mínimo que puder.

A musa, instantaneamente, decidiu tomar um minuto para analisar a cena. Olhá-lo nos olhos a deixou completamente entorpecida, especialmente pelo carinho que sentiu ao ouvir as palavras. Os olhos azuis-escuros do sagitariano expressavam quase que uma necessidade de urgência na resposta, bem como um pedido silencioso de consideração. Parecia até, em certo nível, implorar por uma consciência maior por parte dela. E Urânia estava mais do que disposta a ouvi-lo.

Se fosse para deixá-lo aliviado, estava disposta a contar absolutamente tudo que ele quisesse saber, mas não fazia mais sentido, pois ela não tinha mais dúvidas. Não arriscaria machucá-lo gratuitamente com seus assuntos pessoais, ainda mais se não valessem mais a pena serem ouvidos. Sentia vontade de recomeçar uma nova etapa com Sísifo, porém sem base alguma de um passado já resolvido.

E só lhe restou assentir – o bastante para extrair um branquíssimo sorriso do homem que passou a amar.

- Vou lhe dizer o que faremos agora. – Urânia pegou as duas mãos dele com calma e as beijou levemente. – Vamos subir e falar com Athena. Preciso saber se ela recebeu mesmo os documentos e se há algo de errado. E preciso trocar de roupa... – um silêncio cúmplice brotou entre os dois, embora ambos os olhares deixassem claro o sentimento de felicidade pelas memórias da noite passada. – E, se Athena permitir, vou esclarecer tudo pra você.

- Não sei se quero ser invasivo dessa forma.

- Mas eu sei que quero muito seu apoio. E acredito que você poderá enxergar coisas que nós não enxergamos... Enfim, – respirou fundo antes de dizer o que mais queria dizer. Era algo que martelava em sua cabeça desde que saíra das montanhas, após o encontro com Kagaho. -, quero que entenda uma coisa, Sísifo de Sagitário: não sou do tipo de mulher que se mantém atrás ou na frente de quem ama, e sim do tipo que se mantém ao lado. Então, pegue o que me disse para si mesmo também, e me esconda o mínimo possível. – por fim, sorriu graciosamente.

Embora muito emocionado com o pedido, Sísifo manteve suavidade na expressão, mas se permitiu sorrir ainda mais.

- Então, que fiquemos juntos. – com cuidado e carinho, apertou as mãos delicadas que segurava e as beijou, deixando entender um pouco de sua emoção contida.

- Sim, juntos. – Urânia não perdeu tempo em livrar as mãos para envolvê-lo no pescoço e puxá-lo para um beijo, que foi urgentemente retribuído.

- Erhm... – Sísifo se afastou, extremamente corado. – Precisamos ir agora, agora? Porque você ainda não ouviu minha sugestão... – com uma mão livre desceu pelas costas parcialmente nuas da musa, até parar no bumbum e puxar o fino tecido para baixo. Já estava loucamente excitado com a visão de Urânia desleixadamente tapada pelo lençol, não aguentava mais alimentar autocontrole ali.

~

Mel levou a mão fechada ao coração, enquanto, com a outra, limpou a trajetória úmida de uma lágrima traiçoeira, que desceu sem avisar, ali, diante da Casa de Peixes. Tinha chegado até ali logo cedo, antes de amanhecer por completo, e ali ficou, sentindo o vento frio da manhã cortar-lhe a pele impiedosamente. Era melhor que nada, porém. Melhor do que ficar enclausurada no quarto, sofrendo sozinha e alimentando a própria sina. Embora não tivesse forças para desfrutar do Santuário mais, sentia necessidade de se aproximar da décima segunda casa. Só o pensamento de estar a alguns metros de distância do protetor já era animador. Mesmo que estivesse à procura de um fiapo de carinho dele, sentia que o máximo que conseguiria seria o calor imaginário que emanava daquela casa.

- Albafica... – Mel sussurrou para si, como se o nome dito pudesse alcançar o dono. Como se ele fosse aparecer, após tanto desgosto.

Mais outra lágrima traiçoeira.

O Santuário estava tão silencioso que Mel tinha a impressão de que havia acordado mais cedo do que imaginava. Nunca antes tinha acordado àquela hora, mas dessa vez precisou. O sono lhe abandonou em meio a mais um pesadelo.

Se ao menos tivesse acordado ao lado do Cavaleiro de Peixes... Mas não, já tinha ouvido falar que a vida era cruel demais com quem sonhava alto como ela.

Adentrou a Casa de Peixes com toda a coragem que conseguiu encontrar, seguindo em passos suaves, porém firmes – ainda que seu coração doesse mais a cada passo. Pôde sentir a presença de Albafica e quase lutou para encontrá-lo, mas se segurou, concentrando toda a força nos punhos fechados. Ele não se manifestaria.

No resto da descida das doze casas, Mel deixou as lágrimas saírem com total liberdade, enquanto manteve a mão fechada no coração, como se pudesse controlar a dor. Mas era impossível, sempre doía mais. Decidiu parar para respirar direito, pois a visão turva pelas lágrimas a alarmou mais do que o normal. Quase abriu o berreiro ali mesmo, porém sentiu uma mão acariciar-lhe o ombro com cuidado.

- Ei, ei... – a voz baixa, porém fácil de reconhecer, de Manigold de Câncer pareceu acalmá-la um pouco. E ele não parou de fazer o carinho. – Você está bem?

Mel não deixou de se sentir como uma criança assustada, pois o tom de voz que ele usou foi o mesmo que ouviu quando Tália a salvou da multidão exaltada. Assentiu com muita hesitação para ele, que suspirou aliviadamente.

- Quer entrar e tomar uma água? – Manigold se afastou e indicou a passagem para ela, mas não viu movimento.

- Obrigada... Mas vou seguir em frente. – Mel, segundos depois de dizer, quase riu da própria frase. Seguiria em frente literalmente, era fato, mas e sentimentalmente?

- Ehh... Tem certeza? – Manigold coçou a nuca, nunca deixando de procurar qualquer indício de indisposição no semblante da musa. Estava sinceramente preocupado com ela.

- Sim.

- Tá bom, então... – e se afastou novamente, mas sem deixar de olhá-la.

Mel forçou um sorriso, do qual se arrependeu imediatamente, não se sentiu bem por rejeitar o canceriano dessa forma.

- Manigold – ela se virou, antes de seguir para o outro corredor. -, dê seu máximo com Tália. Na verdade, é só isso que ela está querendo saber.

- Ehh? – Manigold enrugou a testa, em evidente confusão. – Saber? Saber o quê?

- Se você realmente quer vê-la sorrir, e não rir à custa dela.  

- Mas você sabe que não é isso... – disse, um pouco mais alto, já sentindo uma leve ardência na garganta pela falta de palavra. – Ehh... Eu já admiti que... Senti falta. – um intenso rubor tomou conta de suas bochechas.

- Eu sei, mas ela não. Isso não basta. E, se você também sabe, então é só investir. – Mel respondeu, simpaticamente, mas logo se fechou. – Manigold... Invista. Por favor... Invista.

Manigold a observou. Mel estava quieta, encolhida e completamente triste. Parecia pedir mais para si do que para ele. Não, parecia pedir para alguém que só ela conseguia enxergar ali, pois o olhar estava distante, mergulhado em memórias não compartilhadas.

O canceriano logo entendeu... Por um momento, sentiu-se mal por ser inútil. Se pudesse, obrigaria Albafica a tomar coragem de enfrentar qualquer porcaria de obstáculo que havia infectado aquela relação. Mas sequer sabia, de fato, o que estava acontecendo... O que poderia fazer para deixar Mel sorrir um pouco? O máximo que apareceu em sua mente foi:

- Sim, investirei. Eu prometo, Melpomene. – respondeu, seriamente. Seu coração se aqueceu ao ver um leve sorriso no rosto da musa da tragédia.

~

Meio da manhã

Tália enfiou o pãozinho de batata na boca, ignorando completamente a cara de espanto de Euterpe, que revirou os olhos. Devido ao frio inesperado, decidiram tomar o desjejum no jardim do Templo do Grande Mestre, aproveitando o espaço principalmente por causa do cheiro de grama molhada - derivado da chuva que predominou a madrugada.

- Disseram que cara feia significa fome, mas duvido que seja o seu caso, porque estamos comendo há um tempo já. – Tália quebrou o silêncio, fitando Euterpe com divertimento, enquanto mastigava.

- Começou errada já por insinuar que minha cara é feia. – respondeu, afiada, com um sorriso vitorioso.

- Ora, ora... Quase esqueci o doce gosto da sua provocação. – a musa da comédia riu baixo, estreitando os olhos.

- Precisa ser doce para amenizar a amargura de certas pessoas. – Euterpe logo pensou em Kárdia, mas saiu dos pensamentos assim que ouviu Tália rir.

- Gostei, gostei. – disse, assentindo. – Erato e Polímnia ainda dormem, né? – viu a irmã assentir. – Hm... Estranho. Polímnia costuma acordar cedo.

- Ao contrário de Melpomene, que fez isso hoje. – Euterpe comentou. Estava querendo puxar o assunto desde o início, mas preferiu esperar o momento, que finalmente chegou. – O que houve com ela?

Tália, em vez de responder, mordiscou outro pão de batata e virou o rosto, fingindo observar o horizonte. Mas claro que Euterpe não caiu.

- Tália... O que está acontecendo com Melpomene? – perguntou, num tom de voz levemente ameaçador. Assim que a irmã se virou, fuzilou-a com seu típico olhar.

- Ah! – Tália se assustou, deixando o pão cair. – Droga! Não me olhe assim! Dá um arrepio na espinha...

- Então fale logo. – Euterpe se endireitou na cadeira e bebericou o chá de limão.

- Resumidamente, desilusão amorosa.

- Hm... Que nível?

- Alto. – Tália se serviu de mais chá e se endireitou igualmente na cadeira, porém colocando os pés para cima. – Mas não a provoque, Euterpe. Você não sabe a intensidade disso. – por se tratar de Mel, Tália sentiu necessidade de dominar o caso ali. Não deixaria brecha para Euterpe ver o resto como oportunidade de entretenimento.

- Acredito em você. – Euterpe respondeu, sinceramente. De fato, sabia quando brincar ou não com Tália, assim como sabia da enorme muralha protetora que ela erguia em torno da musa da tragédia. Era questão de respeito. Todas tinham que se respeitar.

Nada mais foi dito. Ambas preferiram imergir individualmente em pensamentos, enquanto bebiam mecanicamente o chá de limão. Nenhuma tinha mais fome, porém nada mais havia para se fazer naquele momento.

- Ah, aí estão vocês. – Calíope caminhou calmamente até a mesa branca, para então analisar o ambiente com os olhos analíticos. – vocês. Onde estão as outras?

- Ah, você não sabe? – Euterpe se virou, animadamente. Tália já ia rindo por constatar que a irmã não daria trégua à Calíope.

- Tália, onde estão as outras? – a ruiva direcionou seu olhar. Euterpe apenas riu da atitude.

- Vocês duas são ótimas! – Tálias não se importou por rir diante de Calíope, mas rapidamente se retraiu ao vê-la indiferente. – Está tão calma... Aonde vai?

- Uma resposta pela outra. – Calíope rebateu.

- Mel saiu cedo. Tenho impressão de que foi visitar Redka. – Tália levou o indicador aos lábios, enquanto pensava. – Hum... Erato e Polímnia estão dormindo, eu e Euterpe estamos aqui, você também, e Clio... Ah... Clio... – olhou para Euterpe, à procura de respostas, mas recebeu um “dar de ombros”.

- Clio está no quarto, porém Terpsícore não. – Calíope esclareceu, pouco paciente.

- Oh! Ok. – Tália riu. – Você ainda pergunta onde Terps está?

O silêncio de Calíope foi a resposta, o que não satisfez Euterpe, que instantaneamente se intrometeu:

- Por que isso está parecendo como um segredo? Abram logo!

- Mais importante do que isso, vim informar que vou sair do Templo do Grande Mestre. – Calíope disse, enquanto se servia de chá. – E, antes que perguntem, ficarei na Casa de Virgem.

- Uau! Vocês já estão assim? – Tália se animou, derrubando, sem querer, outro pão de batata. – Ops!

- Tália! Comporte-se! – Calíope reprovou. – Não entenda errado. Pretendo ajudar Asmita no patrulhamento dos espectros. O aparecimento de Kagaho deixou todos bastante alarmados, por isso ele intensificou a própria meditação. Nada pode passar...

- E então você sentiu pena e, por ser uma ótima pessoa, decidiu ajudá-lo. – Euterpe proferiu, com destacado deboche.

- Não fale o que não sabe. Você pode estar aqui por puro divertimento, ou o quer que seja, mas eu estou procurando um sentido nisso tudo, até porque ninguém deixou nada claro até agora. Se puder ajudar nessa defesa, assim o farei, e porque quero. – Calíope bradou e bebericou seu chá. – Não é você que adora dar esse tipo de resposta? Pois agora tome de volta.

Euterpe não esperou para se levantar agressivamente da cadeira, mirando a irmã mais velha com precisão.

- Não precisa ser arrogante, Calíope.

- Achei que tivesse orgulho disso. Vive nos promovendo como irmãs que se provocam e se agridem verbalmente, mas, na realidade, você não vê isso como algo bom. Ou estou errada? – Calíope analisou Euterpe, olhando-a de cima a baixo, cheia de si. – Bom, raramente estou.

Antes que Euterpe pudesse se mover novamente, Tália a envolveu num abraço, no intuito de apartar qualquer impulso.

- EI! – aproveitou para exclamar, no meio das duas irmãs que se fuzilavam. – Vocês precisam botar um limite nisso! Já tá chato, sério. – calmamente, foi soltando Euterpe e se colocando de forma que mirasse as duas. – Não vou dar lição de moral em vocês porque odeio esse tipo de coisa.

- E porque você não tem moral. – Calíope logo cortou, mas Tália riu em resposta.

- Ai, ai... Enfim, só vou lembrar vocês de que só somos fortes quando permanecemos unidas. – devagar, pegou uma mão de cada irmã e apertou com carinho. – Sabe... Acho que agora, mais do que nunca, devemos deixar de lado essas coisas e focar no que nos é tangível.

- Concordo. – Euterpe disse, sem hesitar. – Não me odeie, Calíope.

Um lapso quase invisível de sorriso surgiu no canto da boca da musa ruiva.

- Não odeio nenhuma de vocês, sabem disso.

Tália sorriu. Sabia que acabaria por ali mesmo, nessas frases. Porém ficou impressionada pela rapidez da resolução. Geralmente, Calíope e Euterpe faziam isso: provocavam-se até um ponto que não tinham mais controle e iniciavam uma série de argumentações fundadas no orgulho ferido ou na falta de razão. Nenhuma era santa nesse sentido, ambas tinham bastante convicção em momentos de discussão, porém nunca se odiavam. E Euterpe, na maioria das vezes, insinuava seu pedido de desculpas exatamente com a frase “não me odeie, Calíope”.

Euterpe, essa safada. – Tália pensou, rindo consigo mesma. Afinal, a irmã arranjou uma forma de encerrar uma briga sem ferir totalmente o orgulho. Genial!

- Calíope, onde está Urânia? – Euterpe perguntou.

- Casa de Sagitário. Ah, me vou agora. Se quiser ocupar meu quarto em meu lugar, fique à vontade. Acredito que Urânia irá gostar. – em instantes, Calíope desapareceu, deixando novamente Euterpe e Tália à mercê da espontaneidade.

- E nós, fazemos o quê? – Tália novamente quebrou o silêncio.

- Nós esperamos... – Euterpe respondeu, visivelmente desconfortável com algo.

- O quê?

~

Na Sala Particular de Athena, três pessoas ocupavam a grande mesa, coberta por folhas de documentos e registros celestes, bem como por anotações e vários artefatos matemáticos. Sísifo se encontrava irradiantemente feliz por finalmente saber sobre tudo o que envolvia a pesquisa árdua de sua amada deusa e sua querida musa. Tentava ser útil nos cálculos, já que tinha o costume de valorizar as outras áreas de estudos que formavam os estudantes – defendia com louvor a importância do conhecimento geral, por isso, às vezes, submetia seus aspirantes a exercícios diferenciados, além dos físicos.

Urânia, igualmente feliz, por vezes admirava o cavaleiro, que se mostrava cada vez mais empenhado. Ela não tinha dúvidas sobre o nível de competência dele, ainda mais após o grandioso apoio de Sasha, que demonstrou uma disposição colossal de espírito depois que o adquiriu como ajudante.

Sísifo se sentia tranquilo, pois havia pedido, como favor, que El Cid tomasse conta de seus aspirantes. Ainda estava entorpecido pelo momento que passou com Urânia e com toda a declaração que extraiu dela enquanto se entregavam um ao outro. Sua mente, de vez em quando, o traía em meio à concentração, pois passava lapsos de lembranças da noite passada, desencadeando sensações constrangedoras em seu corpo. E sentia que Urânia estava alerta quanto a isso, já que algumas vezes a viu encarando-o em instantes de vermelhidão facial.

~

- Já disse que a culpa não foi sua... Eu vim me desculpar por ter lhe envolvido nisso tudo, na verdade. – Mel repetiu mais uma vez.

Já fazia algumas horas que estava na loja de Redka. Apareceu justamente com o intuito de se desculpar e atualizar seu estado para a amiga, que se encontrava tão triste quanto ela. Só que Redka não apenas lamentava por Mel, mas por si mesma, pois sentia uma leve decepção para com Degél – embora a musa dissesse que ele também não tinha culpa. Mas a florista discordava, via perfeitamente a parcela de culpa do aquariano. Se pelo menos ele tivesse alertado Mel sobre isso... Talvez Albafica não a condenasse tanto. Aliás, talvez ele não se condenasse também.

- Mel... Sinceramente? Não sei o que dizer. Não me arrependo por ter lhe ajudado, muito menos por ter guardado esse segredo. Acho que... No fundo, eu teria feito o mesmo se Degél fosse que nem Albafica.

Redka, embora se sentisse melhor perto de Mel – pois essa já não bebia mais veneno -, preferiu se distrair dos pensamentos negativos mantendo a atividade normalmente. Dessa vez não parou para conversar com a amiga, optou por realizar as mesmas tarefas de sempre. Só não compreendeu inteiramente o porquê. Olhar para os olhos chorosos de Mel, de repente, pareceu algo difícil demais, assim como permanecer parada em sua presença. Havia algo na expressão de Mel que ela não queria encarar ainda...

Talvez, por fim, tivesse um pouco arrependida por ter desencadeado tudo isso sim.

- Um coração que ama arrisca até o que não tem. – Mel declamou, sem lembrar direito de onde ouviu isso. Para sua surpresa, Redka ofereceu um sorriso.

- Ou o que não deve... Enfim, me desculpe também. Errei com você ao dizer o que fazíamos pra Degél.

- O erro é relativo. O que você enxerga como erro, talvez eu não veja da mesma forma. – Mel iniciou uma lenta caminhada pela loja, fitando os pontos coloridos mais destacados dentre as variedades de flores. – Posso não gostar do resultado, e guardar um leve rancor, mas entendo o lado dele. Ele quis proteger você também... Porém... – sentiu os olhos se enxerem de lágrimas novamente.

- Mel... – Redka, numa corrida, puxou Mel para um abraço acolhedor. Mais um dos vários que deu desde que recebeu a musa na loja. Estava surpresa pela fragilidade da pessoa que tinha nos braços, era uma musa que sofria tanto quanto qualquer ser humano. – Não desanime, sei que você e Albafica vão arranjar um jeito de passar por cima disso. Aliás, talvez ele demore, mas eu confio em ti. Acredito em ti.

Mel assentiu, mas não exatamente porque concordou com Redka, e sim porque era só o que se sentia capaz de fazer diante dos olhares de pena que recebia. Assentir. Dizendo sim, tudo pareceria bem, mesmo que não estivesse. E ela não queria preocupar ou envolver mais ninguém em sua tristeza. Ainda sentia o peso de ter magoado Albafica na esfera mais profunda da alma. Mas, além disso, tinha um mau pressentimento.

~

Fim da tarde

Tália não entendeu o porquê de Euterpe ter insistido em ficar no Templo do Grande Mestre com ela. Na verdade, não reconheceu nenhum traço familiar na atitude estranha da irmã, que inclusive pediu para Terpsícore ficar também, assim que a viu. Provavelmente, teria pedido para as outras irmãs, já que Tália a viu tentar se comunicar com elas por cosmo, mas as que já se encontravam em atividade não aceitaram a proposta. Por leve pena da irmã, Tália ficou, assim como Terps. No entanto, um gosto amargo se apossou de sua garganta.

Calíope e Asmita não tardaram em intensificar as meditações em prol da patrulha, porém era evidente que sentiam mais do que essa simples ligação entre eles. Às vezes, era difícil manter a concentração fielmente interligada.

Polímnia novamente desceu para auxiliar no treino dos aspirantes de Hasgard, mas não sem parar antes na arena para trocar uma rápida prosa com Dohko. Sentia-se muito bem quando se deparava com ele no meio do caminho, portanto decidiu que faria isso acontecer mais vezes por conta própria.

Apenas...

- Aquela é Melpomene? – Erato perguntou à Clio, fazendo-a virar na mesma direção para mirar a irmã da tragédia na loja de flores.

- Ah, é! – Clio confirmou, sorridente. – Que bom que ela saiu um pouco...

- Por que ela não veio conosco? – a mais jovem se enroscou um pouco mais no braço da mais velha, enquanto atravessavam a Praça da Vila de Rodório.

- Digamos que a necessidade de se encontrar com Redka fez com que seus planos mudassem. A princípio, ela viria conosco.

- Hum... – Erato repensou. – Quem é Redka?

- Uma amiga nossa. – Clio sorriu ao pensar nela. Fazia tempo que não parava para conversar com a florista, até mesmo para simplesmente perguntar com ela estava. Por um momento, sentiu vergonha de sua falta de educação. – Que tal se apresentar a ela?

- Não quero ir lá... – o tom manhoso com que disse isso fez Clio se virar, desconfiadamente. Mas Erato ignorou.

- Não precisa ter ciúme de Redka, Erato. – afagou as mãos da mais jovem. – Vamos logo, até porque eu preciso cumprimentá-la.

Erato foi, porém emburrada. Não contradiria Clio, mas também não facilitaria. Sua infantilidade costumava aparecer em momentos assim. Não gostava de ter pessoas novas rondando suas irmãs num nível amigável, embora gostasse de pessoas. Felizmente, a apresentação foi rápida e ela não se sentiu obrigada a sorrir, pois o fez naturalmente. Agora entendia o porquê de suas irmãs simpatizarem tanto com a florista.

- Queria acompanhar vocês, mas o Sol não se pôs totalmente, portanto preciso trabalhar. – Redka disse, com pesar. Havia sido convidada, por Erato, para se juntar às musas.

- Certo. – Clio assentiu. – Estaremos você-sabe-onde, caso queira aparecer!

- Clio, aonde vamos? – Erato logo perguntou, movida à curiosidade colossal. Mel também demonstrou desentendimento.

- Vocês vão conhecer uma das figuras mais incríveis desse mundo. – Clio respondeu. As irmãs não deixaram de reparar no ar de admiração que emanou da musa da história ao proferir as palavras.

Antes de seguirem caminho, Clio propôs que ficassem um pouco pela Praça, já que ainda era cedo demais para irem aonde tinha pensado. Mel aceitou. Observar as crianças brincarem no meio do local era sempre revigorante. Tudo o que precisava era de um alvo interessante de distração. E a ironia era justamente a busca de um foco que a distraísse.

Erato mal continha a alegria diante de tanta movimentação e agitação dos passantes e feirantes do espaço. Pulava de vitrine em vitrine, tenda em tenda, banco em banco. Observava tudo de longe, de perto, de lado, de baixo... Os ângulos com os quais podia brincar eram os que mais lhe chamavam atenção. A euforia era tanta que Erato mal parava quieta, embora se mostrasse um pouco tímida com tanta atenção.

No banco, ao lado de Clio, Mel saiu de seu transe assim que viu alguém se aproximar. Inesperadamente, seu coração acelerou – e ela não teve pista de o que a deixou assim. Afinal, não ficaria agitada por causa de uma mera menina.

- O-Olá... Senhorita Clio. – a menina falou.

- Oh, olá, querida! – Clio se animou, humildemente, e inclinou o corpo para vê-la de perto.

Mel se surpreendeu pela reação da irmã. Perguntou-se de onde ela poderia conhecer a garota, que parecia ter entre dez e doze anos. Era adorável e bastante tímida, de cabelos castanhos, que vestia um vestido lilás, com um cinto marrom e sandálias de couro. Mas havia algo mais.

A menina segurava uma rosa com firmeza.

Mel teria reparado mais nela se não tivesse recebido um aceno – que devolveu com a mesma simpatia – e deixado com a dúvida, sem mais, nem menos. Quando pensou em falar algo, a menina já estava longe, saltitando em direção a uma rua estreita.

- Clio – Mel se virou, sem tirar os olhos da menina, porém. -, quem era? De onde você a conhece?

- Aquela menina? Ah, era Agathia! Ela é filha de um morador da Vila. Conheci-a no dia em que participei da reunião da comissão do festival. Foi rápido, mas esse senhor apareceu com sua filha e fez colocações pertinentes. Senti a necessidade de parabenizá-lo pela postura e sabedoria. – Clio esclareceu, sentindo-se bem com a nostalgia.

- Hum... – Mel inspirou fundo. O coração ainda batia aceleradamente, alimentando mais dúvidas internas.

- Hey! – de longe, ouviram Erato exclamar. – Estou com fome. Será que podemos ir à-

- Mas olha só quem encontrei por aqui.

Clio e Mel se assustaram com a moça. Cléo não se importou por, além de ter interrompido Erato, ter se colocado na frente dela, impedindo-a de sequer olhar para as irmãs.

Em contrapartida, Clio e Mel empalideceram.

- Pensei que já tivessem partido, sabe? – Cléo cruzou os braços, esmagando os seios. – Tudo bem, concordei em deixar quieto aquela merda toda naquele dia, mas só em respeito à Dora. Agora não pense que me esqueci do que você fez, musa de merda. Ainda mais depois que estragou um dos meus vestidos preferidos. – continuou, cada vez mais exaltada. – Você pode ter dinheiro pra comprar quantos quiser, mas eu não. Entendeu? Acho que tu sabe o que significa, né? Como não vou pagar outro, vou ter que amenizar esse ódio que estou sentindo de ti de outra forma. O que sugere? Um soco? Nahhh... Acho muito pouco pra uma musa de merda que nem você! – arregaçou uma das mangas do vestido. Seu olhar fuzilava o de Clio com vontade.

Alguns passantes já se reuniam, curiosos com a cena iniciada.

Mel não sabia o que fazer. Com a mão, tocou gentilmente no braço da irmã insultada e procurou a irmã mais jovem com os olhos. Enquanto isso, Clio continuou ouvindo com atenção, lutando contra a preocupação extra que adquiriu. Na verdade, Cléo era o menor de seus problemas naquele instante.

-... Porque você primeiro roubou Cid de mim e depois veio jogar isso na minha cara, como se fosse a maioral. Como se mandasse nessa vila só porque é uma musa de merda! E que merda! – Cléo continuou, cada vez mais nervosa. – Olha aqui – velozmente, apontou um dedo na cara de Clio. -, vaza logo daqui porque eu não aguento mais olhar na tua cara. Não to nem aí se tu é musa. Eu não fujo de uma briga, ainda mais quando me desafiam de forma baixa. Se quiser lutar comigo, tem que ser de mulher pra mulher, mas garanto que tu não sabe como é isso, né? Garanto que tu só consegue se defender porque tem poder de deusa, sei lá! Quero ver tu lutar comigo na mão mesmo! Sua musa de merda! Eu te avisei que-

- * PLINK! * PLINK! * PLINK! * PLINK! *

Todo o movimento da praça cessou. Todos pararam o que faziam para olhar a origem dos barulhos recém-estourados.

- Mas o que...? – Cléo procurou, assim como muitos, varrendo os olhos pelo espaço. Até que encontrou.

- Cléo... Estou com mais nojo de você depois dessas palavras desprezíveis, mas saia daqui imediatamente. – Clio disse, com a voz trêmula. Cléo mal acreditou naquele absurdo.

- Não tenho medo de uma garotinha. Não saio daqui até me resolver cont-

- ..............Você~~

Cléo, Clio, Mel e todos os presentes travaram. Ninguém ousou desviar o olhar daquela figura terrivelmente assustadora que se encontrava brilhando tenebrosamente no meio da praça e fixando olhares e energias na figura da moça barraqueira.

Erato não estava normal. Seus olhos vermelhos estavam pulsantes e enfatizados por um brilho irreconhecível, bem como a luz que emanava de seu corpo. Aquele cosmo, embora forte e puro, emitia intenções inegavelmente agressivas para com Cléo. A voz da musa adquiriu uma espécie de rouquidão que parecia engolir toda forma doce que antes existia.

E os barulhos de antes foram simples vidros de lamparinas estourando devido à concentração de energia negativa de Erato.

Cléo mal percebeu quando começou a tremer.

- Você... A cada ofensa que fizer à minha irmã, uma parte desse lugar será destruída......... A culpa será sua e somente sua... – Erato sorriu (o que arrancou diversos arrepios na espinha dos que observavam) - Quatro lamparinas por quatro “musa de merda”~~~ A próxima será essa....... bem em cima da sua cabeça~~~

- Erato... – Mel se levantou e se aproximou calmamente, com a voz mansa. – Erato... Olhe pra mim... Olhe pra mim... – sem sucesso, aproximou-se um pouco mais. – Erato, pare com isso. Clio está bem, estamos todas muito bem!

- Mel....... cale a boca~~

Clio, lentamente, levantou-se do banco e se aproximou de Cléo. Se Erato tentasse algo, ao menos poderia proteger a moça – mesmo que ela não merecesse. No entanto, quando conseguiu tocar nela, foi jogada para o lado. E só depois entendeu o porquê.

- O que está acontecendo aqui? – Degél se apresentou. Ao lado, El Cid o acompanhava.

- CIDDD!!!! ME SALVE!! – Cléo gritou, após atirar Clio no chão.

Foi rápido demais para ser acompanhado por olhos comuns.

No momento em que Erato lançou uma bola de energia agressiva em Cléo, Degél a tirou do meio, usando a possibilidade de maior velocidade. Foi por um milésimo de segundo que conseguiu salvar a moça. Ao mesmo tempo, Clio tentou proteger Cléo - não chegou a ver quando o cavaleiro de aquário o fez -, mas foi parada no meio do ato por mãos em sua cintura, direcionando-a para a direção oposta. El Cid havia tirado-a da mira da bola de energia também.

Tudo aconteceu tão rápido que alguns moradores passaram a se questionar o que de fato havia acontecido naqueles segundos, pois, de repente, os participantes do problema se encontraram em lugares diferentes do espaço. Clio, nos braços de El Cid, desvencilhou-se rapidamente até se colocar em frente à Erato, que já preparava outra bola de energia.

Só que Erato era inteligente o bastante para saber que alguém, na proteção de um cavaleiro de ouro, não seria atingido facilmente. Portanto teria que arranjar uma forma de fazer Degél se afastar de Cléo.

Clio não deixaria, porém.

- Tá, CHEGA. – Clio berrou, para a surpresa da mais jovem. – Erato, me obedeça e desfaça essa bola.

- Mas ela ofendeu minha irmã~~~

- Agora. – agravou a voz.

Erato, de muita má vontade, obedeceu, mas não deixou de fuzilar a moça - descabelada em puro terror - com seus olhos vermelhos. Aos poucos, foi voltando ao normal e se acalmando, devido aos carinhos nos braços que recebeu de Clio.

Mel aproveitou para se juntar, até que sentiu uma enorme dor no peito. Antes que pudesse gritar sua agonia, alguém fez por ela:

- AHHHHHHH! Espectros! Espectros! – um homem visivelmente perturbado procurou caminho entre as pessoas da praça. Assim que viu os dois cavaleiros de ouro, ajoelhou-se nervosamente, mas não demorou muito para se erguer novamente. - Perto da entrada do Santuário, senhores! Espectros!

Degél lançou um rápido olhar para El Cid, para então mirar as três musas.

- Senhores, senhoras, por favor, mantenham-se atentos, de preferência em suas casas, até que esse problema seja resolvido. – Degél disse, em alto e bom som, para todos os que ali estavam. – Nada mais a declarar. Serão informados assim que for seguro.

- Cid. – Cléo choramingou, mas foi ignorada impiedosamente. Não se surpreendeu muito, pois já tinha sido deixada de lado por ele, mas sempre doía. Restando mais nada, acabou obedecendo a ordem de Degél.

- Nada a declarar, Degél? Para onde estamos indo? Vocês não deveriam se dirigir à entrada do Santuário? – Clio se preocupou. Sentia agonia por não compreender a gravidade da situação. Eles pareciam tão calmos.

- Não se preocupe. Há um enorme empecilho no caminho desses espectros. – respondeu, lançando um olhar cúmplice para o capricorniano, que sorriu de canto.

El Cid se apressou em se posicionar atrás das três musas, enquanto Degél analisava a praça. Porém uma delas travou o passo, sem nada dizer.

- Melpomene?

.

~

- Mestre, nós também já liquidamos praticamente todos os cavaleiros que estavam de guarda nesta região. Mas eles não param de aparecer como vermes no lixo. - um deles disse.

- Estão fazendo de tudo para impedir que entremos no Santuário. - o outro completou.

Ainda de costas para eles, tomando a frente dos demais, o juiz sorriu.

- Para que ter pressa? O Santuário já está bem debaixo de nosso nariz. - lançou um olhar para os fracotes que o seguiam, por cima do ombro. - As lutas que travamos até agora nos mostraram o quão fracos e insignificantes eles são.

Andaram mais alguns metros, até que um deles novamente quebrou o silêncio. Minos não fez questão de gravar os nomes dos que não faziam parte de sua tropa. O que falavam tampouco lhe interessava.

- Pétalas de rosa? - o subordinado loiro disse.

Minos já havia captado a deliciosa fragrância daquele local por onde caminhavam, mas considerava o fato meramente insignificante. Era um juiz, afinal. Suas preocupações eram selecionadas com muito rigor. Mas o que viu logo adiante pareceu inacreditável. Um extenso jardim coberto por belíssimas rosas se mostrava como "obstáculo".

Não conteve um sorriso. Que bela recepção.

- Toda a estrada em direção ao Santuário está coberta de rosas vermelhas! - um deles exclamou o óbvio.

Minos preferiu esperar. Embora fosse completamente superior a qualquer um que encontrara até então, achava melhor tomar certa distância até perceber o quão significantes as estruturas poderiam ser. Além disso, ele já sabia que um dos subordinados fracotes tentaria provar sua coragem descendo até o jardim. E, se fosse, de fato, um obstáculo perigoso, seria apenas uma vida inútil “desperdiçada”. Porém não foi apenas uma, mas duas.

Dois subordinados idiotas que pularam no jardim e iniciaram uma destruição irresponsável de rosas, para então caírem, rapidamente, ali, espirrando sangue pela boca e morrendo em seguida, com o orgulho inexistente. Nem prestou atenção em suas últimas palavras, pois a surpresa foi considerável.

- Mas, isso? - Minos deixou escapar, notavelmente surpreso.

- Acho melhor não avançar mais que isso, mestre. - um subordinado que não fazia parte dos seus, manifestou-se. - São rosas diabólicas, e das mais poderosas. Só o fato de sentir sua fragrância pode matar uma pessoa.

- O que um subordinado de Radamanthys está fazendo aqui no meio de minha tropa? Responda, Niobe de Deep, Estrela Terrestre das Trevas.

Sobre esse espectro, o juiz havia ouvido falar.

Niobe riu e baixou a cabeça.

- Isso não importa agora. - a resposta deixou Minos levemente insatisfeito. - Em vez disso, parece que o responsável pela armadilha está bem ali. - assim que o espectro apontou, percebeu que não estavam sozinhos.

- Sejam bem-vindos, Espectros.

O cavaleiro que aguardava nem de longe poderia ser julgado. Estava sentado numa ruína de pilastra, com as pernas cruzadas e olhar intimidador - especialmente focado no juiz. Embora desafiado pelo olhar, Minos não deixou de se sentir admirado pelo semblante belo e perigoso do homem que o encarava.

- Quem é você? - o espectro loiro perguntou.

- Eu sou Albafica. Sou o Cavaleiro de Ouro de Peixes.

E Minos sorriu. Finalmente um adversário interessante.


Notas Finais


A partir de agora, vocês terão que confiar em mim...

Beijos <3


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