História Emotional Rollercoaster - Divided Heart

- Justin? O que tá acontecendo com você? - Falei preocupada ao vê-lo naquele estado.

- Tô bem. - Falou simples.

- Meu Deus, olhe pra você. - Ele deu de ombros e sentou no sofá. - Justin...

- O que você veio fazer aqui? - Me interrompeu.

- Vim conversar com você. - Ele riu sem humor, diria que sarcástico.

- Pensei que não quisesse mais me ver. - Ele estava sendo babaca. Mas sei que está sob o efeito de drogas então tive paciência.

- E não quero. - Falei seca e ele me fuzilou.

- Então sai daqui porra! - Explodiu na arrogância e senti a raiva subir mas me contive.

- Olha como você fala comigo! - Rebati no mesmo tom e sua expressão só piorou.

- O que você vai fazer? - Ele levantou feito fogo vindo até minha direção. - Vai me prender? Hein? É isso que você quer?

   Ele estava cara a cara comigo e ver ele naquele estado me dava vontade de chorar. Respirei fundo. Calma, Kylie. Calma.

- Eu vim aqui pra te ajudar. - Ele riu fraco negando com a cabeça.

- Me ajudar, uh? - Falou indo em direção à prateleira de bebidas. Pegou um whisky e colocou no copo. Revirei os olhos pra isso. Ele queria se matar, tenho certeza.

- Sim. - Respirei fundo. - Eu sei que não devia tá te falando isso, mas... Eu sinto que tenho que fazer isso.

- Fala. - Falou ao sentar no sofá.

- O FBI chega amanhã na cidade para tentar pegar você. - Ele me olhou confuso.

- O que disse? - Perguntou ao levantar novamente.

- Isso mesmo que você ouviu. O FBI vai intervir no caso. - Ele passou as mãos no rosto.

- Merda! - Sentou-se, levando as mãos à cabeça parecendo pensar. - Caralho! Eu não contava com isso.

- O que vai fazer? Vai embora? - Falei já sentindo um gosto amargo na boca. Não queria que isso acontecesse.

- Não sei, Kylie. Não sei.

- Se eu fosse você iria... Eles são muito eficientes. - Ele levantou vindo até mim.

- Eu não posso ir embora. - Falou me olhando nos olhos. - Tenho algo que me prende aqui.

- O-o quê? - Ele me olhava intensamente e isso me deixava nervosa.

- Você. - Ele chegava perto e minha vontade de avançar nos lábios dele era grande. Mas não irei fazer isso.

- Para Justin. - Falei saindo de perto dele. - Eu não acredito mais em você.

- Estou falando a verdade.

- Então quer dizer que eu sou mais importante que sua liberdade?

- Aprenda uma coisa, Kylie... - Pôs mais whisky no seu copo. - Fugir não é liberdade.

   Parecia fazer sentido, mas eu estava mais focada no estado dele, estava de coração apertado por isso. Não era bom vê-lo assim.

- Lindo seus ditados de criminoso. - Falei e ele riu.

- Não deboche de mim, Kylie. - Falou sério. - Eu odeio deboche.

- Justin... Será que dá pra me falar agora o que tá havendo com você?

- Tô ótimo. - Falou sorrindo falso e revirei os olhos.

- Pensei que odiasse deboche...

- Mas é sério, estou bem.

- Fala sério, olha pra você. - Sentei perto dele mas ele não me olhou. - Você tá mal, tá bêbado, drogado.

- Já disse que tô bem Kylie! - Falou grosso e eu perdi a paciência.

- Okay, Justin. Só tava tentando te ajudar. - Falei ao levantar e saí daquela casa.

   Não acredito que ele seja tão filho da puta. Eu sei que ele tá muito louco por causa da bebida e das drogas mas isso não lhe dá direito de me tratar assim. Andava pelo jardim em direção à saída quando senti segurarem meu braço forte.

- Ei, me desculpa. - Justin falou mas não dei preço.

- Me larga. - Dei um tranco forte me soltando.

- Por favor, me escuta. - Falou ao me segurar novamente e vi seus olhos caídos em tristeza.

- Primeiro me solta. - Falei e foi o que ele fez. - Fala.

- Me desculpa por agir assim. - Ele estava com uma cara de cachorro triste nítida. - Eu só... sinto sua falta.

- Você sente minha falta? - Perguntei irônica.

- Sim, eu sinto sua falta. - Ri disso sem humor algum.

- Você não me procurou nos últimos três meses, Justin.

- Aposto que você não ia querer me ver Kylie. Eu estava envergonhado, não é fácil olhar na cara de uma pessoa especial pra você com ela sabendo que você é um cretino.

- Eu sou especial pra você? - Ele engoliu seco e travou o maxilar.

- Sim, muito. - Ele baixou o olhar. - Por favor, fica. Pelo menos mais um pouco...

   Seu semblante fazia meu coração apertar, eu estava morrendo de saudades dele. Mas não consigo esquecer, era difícil pra mim. Minha mente queria distância dele sendo que ao mesmo tempo só pensava nele. Já meu coração sentia falta dele.

- Tá bom. - Ele sorriu. - Mas não vou ficar muito tempo.

- Como quiser.

- E você vai tomar um banho e comer alguma coisa. - Ele me olhou confuso. - Aposto que não comeu nada hoje, só bebeu e se drogou.

- Se você diz...

- Eu sei que tô certa. - Ele me fuzilou. - Não adianta negar.

- Okay... Talvez você esteja certa. - Revirei os olhos pra isso.

    Entramos na sua casa e ele já se aproximou de mim com um sorriso cheio de maldade nos lábios. Tirei suas mãos que foram parar na minha cintura rapidamente.

- Qual é?

- Não. Justin, você tem que comer alguma coisa. - Falei e ele sorriu malicioso.

- Era exatamente isso que eu tava tentando fazer. - Franzi o cenho e juro que preferia ser surda à ter que escutar isso.

- Me respeita. - Falei fuzilando ele que logo fechou seu sorriso. - Idiota.

- Eu vou subir pra tomar banho, sinta-se à vontade pra ir embora. - Falou e foi em direção às escadas. Revirei os olhos pra sua atitude.

Era incrível como Justin parecia outra pessoa quando estava bêbado ou drogado. Ele se tornava um idiota por completo. Mas eu tinha dó dele no momento, não consigo ver alguém que amo nesse estado. Não posso lhe virar as costas apesar dele ter me enganado por um bom tempo.

Após alguns minutos vi Justin descer as escadas usando uma calça moletom e sem camisa, seu cabelo ainda estava um pouco molhado.

- Não foi embora?

- Como pode ver, não. - Ele revirou os olhos. - E eu sei muito bem que você não quer que eu vá.

- Como tem tanta certeza? - Cerrou os olhos.

- Pela cara de cachorro que caiu do caminhão da mudança que você fez alguns minutos atrás, choramingando pra que eu ficasse. - Ele me fuzilou mas respirou fundo.

- Não vou entrar nessa. - Levantei as sobrancelhas.

- Olha, será que dá pra você deixar de ser idiota pelo menos por um instante? - Já tava sem paciência.

- Você não é obrigada à ficar aqui, Kylie. Eu não te convidei. - Dessa vez foi o auge e eu só levantei para ir embora.

- Eu só tava tentando te ajudar, Justin, mas pelo visto você não merece nada disso. - Ele ameaçou dizer algo mas ficou calado e saí daquela casa.

Nunca mais eu tento ajudar ele. É uma pena meu coração ter escolhido ele, se não eu juro que já teria colocado ele atrás das grades.

Fui até a casa de Alice. Ela tinha me convidado para ir lá após o trabalho e era isso que eu devia ter feito ao invés de vir atrás desse idiota. Meu coração se quebra só de lembrar o estado dele.

Toquei a campanhia da casa de Alice e não demorou muito até a mesma atender.

- Pensei que não vinha mais. - Abracei ela.

- Tive um imprevisto.

- É uma pena. - Entramos. - Pensei que não fosse vir e chamei o Chaz pra me fazer companhia.

- Cadê ele?

- Tá na cozinha roubando minha geladeira. - Chaz surgiu na sala comendo algo.

- Isso é mentira. - Se defendeu.

- Roubar é a especialidade dele, não é Chaz? - Ele me olhou tenso e negou com a cabeça.

- Como assim? - Alice perguntou confusa.

- Nada não. Só tô brincando. - Chaz sorriu falso.

- Deixei meu celular lá em cima, já volto. - Alice subiu as escadas e encarei Chaz que me olhava tenso.

- Desnecessário, Kylie.

- Prefiro não comentar. - Ele me olhou triste.

- Gostamos de vocês de verdade, Kylie. Eu sou completamente louco pela Alice, não diga nada à ela. Por favor. - Forcei um goto.

- Não vou falar nada. Apesar dela não merecer ser enganada, vejo que ela é feliz com você.

- Obrigado. - Ele respirou fundo. - Não precisa se afastar da gente, Kylie.

- Tem coisas que são inevitáveis, Chaz.

- Você devia falar com Justin... Ele sente sua falta. - Deu vontade de rir disso, pois do jeito que ele me tratou, não era o que parecia. - Ele tá mal, não estamos falando muito com ele. Toda vez que vamos lá tentar conversar, ele mete o louco e a gente vai embora.

Isso explicava a cara de cachorro bravo de Ryan mais cedo.

- Não acho que ele sinta minha falta. - Foi o que eu disse.

- Ele sente sim. Tenho certeza. Desde que... você sabe. - Assenti. - Ele tem sobrevivido naquela casa à base de álcool e drogas.

- Já tentei conversar com ele. - Ele me olhou surpreso.

- Jura?

- Sim, hoje. - Ele assentiu. - Ele tá insuportável.

- Tente mais uma vez, por favor. - Nunca que eu faria isso. - Tenho medo de ter que ir buscar o corpo dele qualquer dia desses naquela casa.

  
Aquilo me atingiu. Acho que isso me colocou medo. Talvez eu tente conversar com ele novamente.

- Porquê você não tenta?

- Tentamos todo dia. É difícil.

- Porquê comigo seria mais fácil sendo que vocês são os melhores amigos dele? - Perguntei ao cruzar os braços.

- Porquê ele é apaixonado por você. - Isso me quebrou por dentro. Eu também era mas todo mundo tem um limite.

- Ele me tratou que nem lixo, Chaz. - Ele me olhou triste.

- É só por causa das drogas, Kylie. Mas tudo bem, eu te entendo. Você não é obrigada à nada.

Respirei fundo pensando nisso. Eu não devia me envolver com Justin mais. O certo era eu entregar ele, mas não vou fazer isso. Eu sentia uma vontade imensa de vê-lo mesmo depois da forma que ele me tratou. Maldito coração.

- Quase não encontro essa porcaria. - Alice surgiu nas escadas.

(...)

No dia seguinte acordei cedo e fui para o trabalho. Se dependesse de Alice, isso não seria possível. Ela queria que eu bebesse com eles. Nunca. Sei que iria me arrepender depois. O departamento estava um caos, o que era estranho.

- Bom dia, Tracey. - Ela sorriu.

- Bom dia. Tenho boas notícias.

- O quê?

- O FBI chegou hoje, você sabe e eles já tem algumas coisas que nós não tínhamos. - O meu coração acelerou e senti o medo tomar conta de mim. - Eles disseram que talvez esse mês ainda vamos pegar os caras da joalheria.

Agora eu gelei completamente. Justin não pode ser preso.