História Emotions - Acidente

DIPPER

Algumas gotas despencavam do céu, o barulho recorrente sobre meu teto alertava a força com a qual caiam.

Minha mãe havia acabado de encerrar a ligação, sua atual preocupação era a de meu suposto atraso, Robin já me esperava no altar.

Como se eu almejasse casar-me com aquele imbecil.

Do verde o sinal fica vermelho, fazendo-me parar.

Levo meus dedos as pálpebras, assim iniciando uma massagem, um suspiro escapa de minha boca. Tanto a chuva quanto o frio para mim sempre fora agradáveis, e logo nesse tempo eles...

O sinal fica, infelizmente, verde, obrigando-me assim a trocar o freio pelo acelerador.

Uma luz forte me cega, é audível um barulho de freios e buzinas, entretanto o baque que senti fez minha cabeça latejar ao ponto de não ser mais possível prestar atenção em mais nada, além, dessa dor, qual nem durou por tanto tempo assim, já que eu logo dormi.

WILL

Meus olhos ardiam, denunciando as lágrimas contidas, em um piscar, literalmente, senti-as passeando por minhas bochechas coradas.

O garoto, qual não fazia a mínima ideia de quem era, continuava dormindo.

Senti meu pescoço arder, algo viscoso melava a ponta de meus dedos.

Sangue.

Uma mania que adquiri, quando nervoso acabo por me machucar, inconscientemente.

Havia finalmente tomado coragem para acabar com tudo... Por um fim a isso...

Tinha, afinal, criado coragem para...

Por quê?

Por quê eu não consigo?

Parece tão fácil...

Eu só... queria me matar...

Além das lágrimas incessantes, meus soluços aumentaram.

Ao invés de dar um fim a mim mesmo, acabei causando um acidente.

Como posso ser tão...?

Escuto um resmungo, olhando para cima e de imediato me perco nas orbes... exóticas à minha frente.

Esse garoto é lindo, mesmo tendo metade de sua cabeça enfaixada por uma fita.

--Você está bem?

Limpo meu rosto com a manga do casaco.

--E-Eu que deveria fazer essa pergunta... –Digo, vendo agora... ele parece ser bem mais novo do que eu...

--Quem é você? –Seu tom é desde o inicio... sem emoção, posso até comparar suas falas com as de uma maquina, nunca vi alguém agir assim.

--Po-pode me chamar de Will... –Forço um sorriso em sua direção.

--Seu sorriso seria mais bonito se fosse menos forçado.

Sinto minhas bochechas esquentarem, viro o rosto para o lado.

--Qua-qual seu nome?

Silencio.

O olho.

--Qual seu...

--Não sei –Ele me corta.

--Mas...como?

--Minha cabeça dói –O garoto puxa o cobertor, cobrindo-se por completo.

--O-Olha –Respiro fundo e continuo.—Você... sofreu um acidente, e eu o socorri, preciso que me dê, ao menos, suas informações básicas para assim chamar seus pais, tenho certeza de que estão preocupados, entende?

Nada.

--E-Ei! –Cutuco-o, mas nada, não será possível...

O descubro, vendo-o dormir.

A única coisa que faço é suspirar, derrotado.

Ele não me deixa outra opção, apalpo seus bolsos, achando a carteira do mesmo, as únicas coisas que há nela é dinheiro e a carteira de motorista.

“Dipper Gleeful  Pines, nascimento 08/31/1996...”

O que eu faço?

Está evidente que esse garoto não vai colaborar...

Bom, ao menos sei seu nome agora, talvez possa procurar algo sobre ele na internet.

A carteira do garoto é arrancada de minhas mãos pelo próprio.

--Meu nome é Dipper e eu tenho 18 anos...? Que... sem graça.

Suspiro.

--Po-pode me contar o nome de seus pais?

Ele me encara.

--Não lembro.

--Como que você...

Ai não, não, não e não.

--Do... –Engulo a seco.-- Do que você se lembra?

Mordo meu lábio com força, aguardando sua resposta, sentindo o gosto de ferrugem se fazer presente.

Ele revira os olhos, logo em seguida fazendo uma careta, possivelmente por conta da dor.

Ele tem de se lembrar de alguma coisa.

Sua testa se encontra nesse exato momento, franzida.

Seu olha encontra o meu.

--Eu não me lembro de nada.