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História Enamorei a Morte - A Esperada reunião e o baile


Escrita por: Miahwe

Notas do Autor


Good night, leitores♡
Aqui estou eu depois de uns séculos haha. Mas acho que o tamanho do cal compensa, hein? Hehe.
Para esse capítulo, não tenho nada adicional para dizer, mas qualquer dúvida podem perguntar.

A trilha vai ser: Nikolai Rimsky-Korsakov

Capítulo betado por: BridgeInTheSky

Desejo a todos uma boa leitura, ^-^

Capítulo 10 - A Esperada reunião e o baile


    Obito entrou pela porta da agência como uma flecha de um disparo inglês deixando que a porta fechasse atrás de si com um estrondo terrível, mas não se importou nem um pouco com o susto ou com os olhares reprovadores dos policiais que estavam por ali. Tirou o chapéu, a jaqueta e o cachecol, colocando-os no mancebo perto da porta e seguiu até sua mesa, lado a lado com a do colega Kakashi Hatake.

    — Bom dia! — falou para todos e recebeu alguns resmungos em troca, nem ao menos Kakashi deu-se ao trabalho de resmungar — como sempre.

    — Trouxe a adaga, Uchiha? — Kakashi perguntou abaixando o livro que estava lendo por detrás do jornal matinal. Obito sempre se perguntou como Fugaku nunca vira aquele disfarce horrível.

    — Sim, sim, claro — falou tirando-a de dentro da bolsa enrolada em um pano fino e desgastado. — Finalmente uma pista decente.

    — E como você tem tanta certeza de que é uma pista do nosso maldito assassino? Pode ser de qualquer pessoa com uma fortuna moderada.

    — Aí é que está, meu caríssimo amigo, enquanto eu vinha para cá, aproveitei para dar uma olhada na arma. Aqui, olhe. Vê? Está vendo?

    — Vendo o quê, Obito? Esta gira da cabeça?

    — Observe o desenho da pedra de amolar e os arranhões.

    — Que arranhões?

    — Exatamente! Aí é que está! Está adaga está mais imaculada do que minha amada estava na noite de núpcias!

    Ao falar isso alguns dos agentes que ali se encontravam soltaram uma breve risada.

    — Isso meu rapaz que é gostar de uma moça virgem, até a faca ele reconheceu — Jeorg comentou enquanto arrumava uma papelada nos arquivos e mais policiais riram.

    — Ah, como queria ter dinheiro o bastante para casar com uma bela virgem — Tonny Dorminhoco disse colocando os pés em cima da mesa e inclinando a cadeira para trás.

    — Acredito que existem virgens que casem com você por dinheiro — Patrick falou com ironia.

    — Eu não quero mulheres mais pobres que eu, são maltratadas e mal cuidadas, se for assim eu prefiro pagar uma boa messalina.

    Obito soltou uma risada pelos comentários e voltou a falar com Kakashi que, por incrível que parecesse, tinha voltado a ler o livro e ignorado a conversa que rolava junto de risadas e piadas. — Bem, como eu ia dizendo, Kakashi, essa adaga não foi usada para cortar materiais duros e seu fio foi tratado com paciência para não marcá-la. É por isso que eu acho que é do nosso assassino, afinal, que tipo de pessoas cuidaria tão bem de uma adaga?

    — Um colecionador? — Kakashi respondeu.

    — Não, um assassino.

    — Ou talvez alguém que tenha acabado de comprar uma adaga.

    — Você me irrita profundamente com seu pessimismo insistente!

    — O quê? Estou sendo realista! Temos que avaliar todas as opções!

    — Também temos que verificar todas elas! Se for de nosso assassino temos que investigar mais a fundo aquele bairro e procurar por pistas!

    Tonny bateu palmas. — Falou bem, garoto, falou bonito.

    Kakashi levantou uma sobrancelha. — Está bem, Obito, vamos procurar por mais pista no bairro. — Pausa. Kakashi virou-se para Jeorg e indagou: — Jeorg? Você tem arquivos do detetive Jamie Bertran aí? Preciso dar uma olhada neles.

    — Bertran? — Jeorg pronunciou. — Que Deus o tenha, foi um bom homem. E sim, tenho alguns relatórios dele, mas terá que encontrar sozinho, estou ocupado demais com essa papelada atrasada e desarrumada para pôr um no lugar.

   

   

            ***



    Naquela quarta-feira, fazia apenas um dia que tinha beijado Le Éventail. Algo em si, depois de ter relembrado de Bill e Edmund, acalentou-se, como se uma porta tivesse sido aberta, apesar de que ainda parecia errado. Ele não poderia ter beijado um homem, ele era o herdeiro de um condado e... apenas não podia, não fazia sentido para si. Um beijo era apenas um beijo, ele podia fingir que não aconteceu, não era?

    Cobriu o rosto com as mãos e suspirou irritado com a própria situação ridícula. Por que não paro de pensar nisto? Certo que, eu sei que existem homens que se relacionam... como Ricardo, Coração de Leão, ah, e aquele filho do lorde de Essex, pelo menos é o que as moças fofocam por aí, mas eu não posso me enquadrar nesse tipo de situação anormal, certo?

    Esfregou as mãos no rosto com força e as arrastou pelos cabelos, desalinhando-os. Eu não posso estar pensando em um possível relacionamento! Não, não, não, não, esquece, esquece, foi só um beijo, estávamos bêbados, ok? Ok.

    Não importava o quanto tentasse lidar com a situação, não estava sendo nada fácil e, como sinal disto, se a segunda garrafa de rum não o tivesse nocauteado noite passada, duvidava que tivesse conseguido dormir. Acordara tão cheio de pensamentos, pilhado de arrependimento, auto repreensão e misto estranho de sentimentos, que não soube como lidou com tudo aquilo até então.

    No entanto, Naruto, apesar de possuir uma mente aberta para a situação, apesar de não mais julgar outros homens que se relacionassem de forma afetiva, não conseguia lidar com o fato de ter beijado um outro homem. Ele não sabia como gerenciar isso, pois nunca em sua vida, imaginou que aquele tipo de situação fosse lhe acontecer, era quase um tipo de engano e parte dele dizia que era, de fato, um grande engano e só. Parte dele concordava que apenas havia retribuído porque tinha curiosidade de saber a causa de alguns homens se atraírem uns pelos outros, essa curiosidade ele nunca negou. Outra parte de si apenas tentava reforçar a ideia de que estava bêbado e que em nenhuma outra situação aquilo aconteceria, ou sequer traria a mesma sensação de deleite que o álcool o trouxe no momento.

    Naquele dia, suas aulas terminavam mais cedo, o que ele agradecia bastante, sairia da UCL rapidamente e evitaria Sasuke, não tinha como encará-lo, não tinha como não olhá-lo sem lembrar do que haviam feito, de como as mãos dele tinham-no segurado firme, ou como ele o tinha beijado no início...

    Chega! Seu palerma, chega de pensar nisso.

    — Namikaze? — escutou Kiba chamar ao lado enquanto o cutucava com o cotovelo.

    — Oi.

    — Tudo bem?

    — Sim, sim, nada errado — respondeu e voltou os olhos para o professor, tentando prestar atenção na aula.

    Isso tudo é muito incômodo.



                    ***


    — Gai, quanto tempo — Sasori falou abrindo o portão para que o homem entrasse. — Onde está sua carruagem? — perguntou sem entender olhando para o homem à sua frente montado em um lindo garanhão.

    — Está vindo mais atrás, não aguentei ficar sentado naquela coisa, não quando eu poderia vir voando com Juventude — falou e foi em direção ao estábulo, sem esperar que Sasori o respondesse.

    Akasuna deu de ombros, fechou o portão e entrou em casa. Eram onze horas da manhã daquela quarta-feira ensolarada e finalmente a reunião iria começar.

    Entrou na casa e foi direto para a biblioteca onde estavam reunidos, faltava apenas Gai chegar. Sentou-se em uma poltrona vazia e olhou para todos ali reunidos. Hashirama ria de alguma coisa com Jiraya em pé próximo a uma estante de livros; as mulheres conversavam algo sobre bustos e porcelana, enquanto Tobirama limpava uma pistola em cima da mesa redonda.

Era sua primeira reunião como representante de Família, esperava fazer tudo certo.

Não demorou e o senhor Maito entrou pela porta, transmitindo um ar alegre e cheio de energia.

— Bom dia, meus compatriotas e belíssimas mulheres! Vamos começar? Desculpem-me o atraso — falou sentando em uma das cadeiras ao redor da mesa. — Pedi um chá e biscoitos, se não se importa, Tobirama.

— Bem, estamos todos aqui, vamos começar logo — Mei falou direta e sucinta. — O que temos?

— Temos apenas o que tinha na carta — Jiraya respondeu apoiando-se na estante e cruzando os braços. — Precisamos nos dividir em grupos e procurar pistas, pensei em sairmos em duplas.

— Não parece uma má ideia — Mei devolveu enrolando uma mecha de cabelo no dedo.

— O Lorde do Submundo está aqui em Londres — Tenten comentou.

— Isso sim é uma boa pista, deve ter algo errado na cidade, quem sabe não são as catástrofes feitas pelos demônios? — Hashirama tentou. Havia chegado durante o desjejum junto de Mei em uma carruagem simples puxada por dois cavalos e um cocheiro alto de características irlandesas. Quando Tsunade perguntou por que eles estavam juntos, a senhorita Terumi explicou que haviam se encontrado nas ruas de Londres e que ele a havia oferecido carona.  

— É por isso que tentarei falar com ele, hora de reafirmamos a aliança e fortalecer ambos os lados — Jiraya respondeu. — Se não me engano, agora quem está com o título de Leão de Guarda da Rainha é Minato, estou ansioso para saber como aquele garoto está lidando com o Submundo deixado pelo pai.

— Fiquei sabendo que ele tem um filho, tão igual a ele quanto ele é igual ao pai — Hashirama contou. — A genética dos Namikaze é incrível.

— Não sabia que ele tinha tido um filho, minhas últimas notificações foram sobre o casamento dele com uma Uzumaki — Tobirama confessou enquanto se certificava de que o cano da arma estava perfeitamente limpo.

— Sim, Kushina Uzumaki, é uma prima distante minha, acho que só a vi uma ou duas vezes — Mei comentou apoiando o queixo na mão.

— Você era Mei Uzumaki? — Sasori perguntou, sem entender muito bem o porquê do sobrenome dela ser Terumi e não Uzumaki.

— Minha mãe era uma Uzumaki, já meu pai era Hugo Terumi, eu herdei ambos os sobrenomes, mas prefiro não usar o da minha mãe. — Mei respondeu e todos ali ficaram em silêncio, diante da pequena tensão que se espalhou junto da confissão, pois mesmo que ela não tivesse dito nada, estava claro que havia ocorrido algo entre ela e a mãe.

— Vamos começar ainda hoje? — Tenten perguntou, finalmente quebrando o silêncio.

— Sim — Jiraya respondeu.

— Precisamos ver a questão das armas também, caso for verdade, vamos precisar delas — Tenten refletiu.

— Uma Mitsashi sendo uma Mitsashi — Hashirama comentou com um sorriso amigo.

— Sempre — Tenten confirmou sorrindo. — Meu pai sempre me dizia que “mais vale uma arma...”

— “...na mão de um Mitsashi”, sim, sim, é um ditado bem velho, não me surpreende ser o mantra de sua Família, senhorita Mitsashi — Hashirama respondeu de forma simpática e Tenten não pôde deixar de sorrir.

— Como seria essa divisão de duplas? — Gai perguntou prosseguindo o assunto.

— Cada uma iria para um lugar procurar pistas — Jiraya respondeu.

— Não acha melhor alguém ficar aqui na casa e ler sobre a tal coisa? Procurar os materiais técnicos, faz tempo que os Caçadores não caçam, é sempre preciso relembrar os antigos ensinamentos — Tobirama falou.

— Como vamos dividir em duplas, uma delas pode ficar aqui e organizar as informações da investigação de campo, como uma base — Tsunade falou, a maioria assentiu e outros ficaram neutros.

— A investigação vai começar amanhã? — Mei perguntou. — Pois já é de tarde, teríamos poucas horas de investigação antes do pôr do sol.

— Acho melhor começarmos amanhã então — Tenten pronunciou.

— Eu queria começar o mais cedo possível, mas não posso negar o fato de que teríamos poucas horas e como a mansão fica um tanto distante do centro da cidade demoraríamos um pouco para chegar lá e volta antes da lua aparecer — Gai comentou sério.

— Que seja, comecemos amanhã então — Hashirama falou. — Eu estava querendo dar uma saída hoje, estou enfurnado nesta casa o dia inteiro.

— Gostaria de companhia? — Gai ofereceu.

— É sempre bom.

— Posso ir junto? — Sasori perguntou sem indicar muita pretensão.

— Acho melhor outro dia, Sasori — Hashirama respondeu e Sasori franziu o cenho. — É algo para homens mais velhos.

— Não acredito que você vai sair para isso! — Tobirama censurou.

— Em nada lhe afeta, irmão, por que faz tanto caso?

— Não é caso nenhum, não é possível que depois de tudo e ainda com a possibilidade de ter criaturas à solta pela cidade você queira ir em...

— Já entendemos, Tobirama — Tsunade falou por cima. — A reunião está cessada, amanhã cada dupla vai fazer sua investigação de campo e organizaremos as rondas noturnas com base na situação que a cidade estiver.

— Ótimo, com licença — Mei Terumi falou e levantou-se, saindo da biblioteca com passos fortes.

Sasori olhou para Hashirama que discutia baixinho com irmão e disse: — Eu tenho idade o suficiente para ir nessas casas, senhor Senju.

— Você só tem dezesseis anos, Sasori — Hashirama respondeu simplesmente.

— Esse é um real espírito jovem, meu caro Akasuna — Gai comentou sorrindo e deu um tapa forte nas costas de Sasori que momentaneamente sentiu falta de ar seguida por um ardor. — Guarde essa animação para amanhã! Um outro dia o levaremos conosco!

Sasori assentiu, não seria educado continuar a discutir com homens mais velhos.


               

***



Quando chegaram no baile, Naruto foi o último a descer da carruagem, logo depois disto, seguiu os pais até a entrada do casarão onde o anfitrião estava recebendo os convidados. De longe, enquanto se aproximava, Naruto conseguia ver o senhor Orochimaru em um elegante traje preto e roxo.

— Cuidado com este homem, ele é mais perigoso do que você imagina — a voz de Minato pronunciou ao seu lado.

— O que ele fez? — Naruto perguntou curioso.

— Conversarei com você depois, filho, agora, preste atenção que ele está logo em frente, mas não se preocupe, nada de mal acontecerá.

— Tirando as mães... — Naruto suspirou.

— Meu querido, tenha cuidado com o coração das jovens — Lady Namikaze falou com um pequeno sorriso. — Mas quem sabe não se interesse por uma delas.

— Andei ouvindo boatos de que é um grande libertino — Minato comentou.

— Não fiz nada para merecer tal título — o herdeiro refletiu. — Se bem que não me incomodo...

— Conde Namikaze! — a voz de Orochimaru soou interrompendo-o. — É um prazer imensurável tê-lo na minha casa — falou apertando educadamente a mão de Minato.

— Quanto tempo, Orochimaru, espero conversarmos logo mais, estou curioso pelo motivo de sua volta da França — Minato falou carismático.

— Sim, sim, tenho certeza que sim — o anfitrião disse e inclinou-se levemente para beijar a mão de Kushina. — Condessa Namikaze, ficas mais bela com o passar dos anos. — A Lady apenas fez uma mesura com a cabeça, agradecida pelo elogio. — E você — começou olhando para Naruto — está maior que da última vez que lhe vi, Sir Namikaze, imagino que as mães o atacarão em breve — comentou e deu um pequeno riso, que Naruto achou tão sonso quanto qualquer outro gesto que o homem fazia.

— Creio estar preparado para a batalha — Naruto respondeu tão carismático quanto o pai.

Assim que entraram no salão Sir Namikaze foi recebido por uma mãe e sua filha.

Cedo demais...

— Sir Namikaze, é um enorme prazer conhecê-lo, deixe-me apresentar minha querida Dorothy. — Era uma garota de porte baixo e cabelos castanhos lisos, não era o tipo de Naruto, porém era inegável que a moça era agradável de se ver.

— É um prazer — respondeu e fez uma vênia à jovem.

— Ela é uma ótima pianista e possui uma linda voz, sabe falar italiano e dança maravilhosamente, além de costurar como ninguém — a mãe comentou e a moça desviou o olhar, as bochechas coradas.

Naruto sorriu sem mostrar os dentes. — Não tenho dúvidas — foi o que disse, mas a mulher continuou o falatório sem nem ao menos se importar com as tentativas de dispensa dele.

— Namikaze, — uma voz conhecida ecoou atrás de si — pensei que não viria, posso falar contigo? Perdão, senhorita, mas é urgente — Shikamaru falou quando se aproximou, ficando ao lado do amigo.

— Obrigado — Naruto agradeceu quando se afastaram.

— Essa só foi a primeira mãe — Nara relatou. — O segredo é arrumar uma acompanhante permanente para poder ficar na festa sem ser incomodado por esses monstros perseguidores que chamam de mãe.

— Você tem uma? — Naruto questionou erguendo uma sobrancelha.

— Não, na verdade, quem me deu esse conselho foi o Kiba, mas é muito cansativo ficar dançando quase toda hora e ter que puxar assunto.

Naruto riu, já acostumado com a personalidade do amigo. — Não imaginei que viria ao baile.

— Minha mãe me obrigou, acha que logo irei achar uma noiva.

— Ah, isso sim, faz sentido — falou e poucos segundos depois escutou-se o som dos violoncelos proclamarem o início de uma valsa. Os amigos se afastaram um pouco para observarem os casais se aglomerando no centro do salão enquanto a dança se desenrolava. Na segunda música, Naruto viu o pai e a mãe rodopiando junto dos outros casais.

— A Marquesa de Winchester está presente, junto da irmã — Shikamaru falou ao lado de Naruto enquanto saboreava, lentamente, o vinho suave que repousava na taça de vidro.

— Ela esteve em minha casa há poucos dias para conversar com minha mãe — comentou.

— Meu pai diz que em qualquer momento aquele marquesado vai desmoronar, isto, se continuar nas mãos dela.

— Hum... Parece que o Lorde Hyuuga de Kent tentou adquirir o título do irmão, mas a Marquesa não o quis entregar — Naruto compartilhou, os olhos passeando pelos casais rodopiando ao som da orquestra. — Eu acho ela jovem demais para um cargo como líder de uma marca.

— Ela deveria ter entregado o título para o Duque de Kent, seria o certo. Sabe? Eu andei escutando umas conversas... — Naruto o encarou. — É possível que exista um grupo que vá tentar assassiná-la, nem todos a aprovam como Marquesa, acham que um homem como o Duque Hyuuga seria o melhor para o marquesado.

— E isso é verídico?

— Não sei, apenas escutei, não posso dizer que tenho fontes confiáveis.

— Não parece ser algo inclinado a mentira.

Shikamaru abriu a boca, como se para dizer algo, mas então logo a fechou, voltando a saborear o vinho e nada mais disse. Sir Namikaze não podia negar que sentiu algo omitido naquele gesto, mas nada fez para arrancar informações do amigo.

No momento em que desviou os olhos claros do Nara, novamente para os casais dançarinos, viu na escadaria que ficava como plano de fundo naquela perspectiva em que se encontrava, uma forma que odiou ter reconhecido. O que ela fazia ali, só Deus para saber e Naruto, apesar de sempre curioso, viu-se indo em direção à porta do jardim, pois não queria ser visto e nem seus olhos e nem seu estômago, cheio de sentimentos confusos pela intriga psicológica, tinham apreciado aquela figura conhecida descendo os degraus aveludados.

   

           

                ***


Sasuke desgostava de eventos como aquele que se desenrolava em sua frente. Havia pensado em sair para uma public house ou então, apenas fingir uma dor de cabeça e ficar no quarto, todavia seu tutor o havia intimado a comparecer e, como assim tinha sido ordenado, Sasuke obedeceria, pois era aquilo que tinha que fazer, obedecer.

Quando desceu para o salão onde ocorria a festa, sabido de que Naruto estaria ali,  procurou-o com o olho enquanto descia as escadas.

Naquele dia pela manhã, Sasuke fora na biblioteca, como sempre ia, mas não encontrou com Naruto como vinha ocorrendo desde o começo do mês. Imaginou que a causa da ausência do rapaz fosse devido ao beijo que compartilharam na noite passada. No entanto, ele havia correspondido a si, ele realmente tinha-o beijado de volta e Sasuke quase não acreditava naquilo, mas se Naruto o tinha correspondido, então por que ele não fora falar com ele pela manhã?

Esse fato não fazia sentido para Sasuke. Na verdade, quase nada parecia ter sentido. Ele próprio não estava fazendo sentido consigo mesmo.

Primeiramente, a única coisa que ele queria com Sir Namikaze era um beijo e havia conseguido. Segundamente, não queria amigos naquela cidade turbulenta. Terceiramente, tinha conseguido o que queria, por que estava tão curioso em saber como Naruto estava? Por que estava tão receoso em não falar mais com ele?

Contudo, Sasuke não tinha nenhuma resposta para seus questionamento, quer dizer, ele não queria ter nenhuma resposta, não iria se responder, principalmente, pelo fato de que, ao responder-se estaria contradizendo todos os seus dois primeiros princípios – já citados acima. Todavia, no interior de seu consciente, Le Éventail sabia que Naruto tinha conseguido criar um laço de amizade entre eles. Pois, mesmo que Sasuke negasse que todas as pequenas discussões e pequenos risos que havia trocado com Naruto na biblioteca tivessem criado um laço de amizade entre eles, no fundo sabia que Sir Namikaze era seu único amigo naquela capital e por algum motivo queria saber de forma direta se iriam parar de se falar ou não, pois aquilo o estava incomodando e sentir esse incômodo o estava deixando irritado.

Ao caminhar pelo salão, cumprimentando as pessoas, sem muito a dizer, mas sempre educado como havia sido ensinado, avistou uma cabeleira loira e decidiu ser direto ao falar com o Sir Namikaze. Ao se aproximar, quando um indivíduo saiu de sua frente viu que uma mulher de cabelos ruivos estava de braços dados com o rapaz.

Franziu o cenho, mas logo livrou-se de sua face confusa ao tocar o ombro de Naruto e falar “com licença”.

— Pois não? — o homem falou ao virar-se e Sasuke percebeu que não era Naruto, apesar dos cabelos claros serem os mesmos, assim como os olhos azuis de olhar um carismático e cheio de vida. Deve ser o Conde de Buckinghamshire...

— Desculpe interromper, acredito que como um dos anfitriões da festa é importante me apresentar para uma figura tão célebre como o Lorde, é um prazer, Sasuke Le Éventail — falou cordialmente sem transmitir sinais da confusão que fora confundir o Conde com Naruto.

— Igualmente, — respondeu o Lorde — Minato Namikaze. Esta aqui é minha esposa, Kushina Namikaze.

Sasuke virou-se para a mulher e a cumprimentou com um beijo nos nós dos dedos.

— É um prazer, Condessa — falou.

— Le Éventail? É francês? — Minato perguntou.

Sasuke assentiu. — Vim junto do senhor Orochimaru.

    Antes que Minato proferisse alguma coisa, a esposa cochichou algo em seu ouvido e se afastou, fazendo uma vênia para Sasuke, este que a acompanhou com os olhos, vendo-a se aproximar de uma mulher de cabelos escuros com um vestido violeta, a cumprimentar e então as duas começaram a conversar amigavelmente.

    — Olha só, que surpresa encontrar os dois conversando — Orochimaru falou ao se aproximar, uma taça de vinho estava segura na mão direita. — Eu mesmo estava pensando em apresentá-los, mas parece que não fui rápido o bastante.

    — Vocês são parentes? — o Lorde Namikaze questionou.

    — Não, encontrei o rapaz nas ruas imundas de Paris, decidi cuidar dele, cresceu tão bem quanto qualquer fidalgo, agora me ajuda no trabalho — Orochimaru respondeu.

    — Trabalho?

    — Sou médico? não lembra? E atualmente gerencio uma fazenda de ovelhas, a indústria de tecido anda se movimentando bastante nesses últimos anos.

    — Isso me surpreende, da última vez que o vi tinha dito que não iria mais ser médico e, pelo que eu soube, foi embora depois de uma discussão com Jiraya — Minato refletiu.

    — Situações a parte, este não é um assunto ao qual eu goste de tratar, podemos conversar mais outra hora — Orochimaru disse. — Agora preciso apresentar Sasuke ao restante dos convidados. Por acaso viu se o Senhor Uchiha está por aí? Ou o Duque Uchiha?

    — Fugaku virá hoje? Que surpresa. Não o vi, mas o irmão dele estava a pouco conversando com Kimimaru perto da porta.

    — Obrigado, se me der licença — Orochimaru falou e se desvencilhou de Minato, levando Sasuke consigo.

    — Ele é o Leão da Rainha? Não parece ser o líder do Submundo inglês — Sasuke comentou enquanto se aproximavam de um homem alto e de postura séria, como se ninguém estivesse mais alto que ele.

    — Não fale este título em público, Sasuke querido, digamos que é um título para ouvidos de poucos — Orochimaru falou. — Não se engane com aqueles olhos transparentes, sabe, existe um ditado antigo sobre os olhos dos Namikaze. “Assim como a nitidez da mais pura água, que reflete o mundo como um espelho, os olhos Namikaze refletem o mundo e enxergam a alma, pois apenas olhos tão claros conseguem ir tão fundo quanto os mais escuros.”

    Não evitou pensar nos olhos de Naruto, em como eram tão amigáveis e convidativos. Um azul como o mar prestes a levar um navio a pique iludindo os navegadores com águas aparentemente seguras. Contudo, pelo que tinha escutado sobre o Lorde do Submundo, Minato Namikaze podia ser uma das pessoas mais perigosas naquelas redondezas, mas como de início, naquele instante, Sasuke não queria saber de Minato Namikaze, pois o que o interessava – mesmo que de forma incompreensível – era Naruto Namikaze.

    Saindo de seus pensamentos, cumprimentou o Duque Madara Uchiha ao qual havia sido apresentado. Apenas depois do curto diálogo, foi que Sasuke teve certeza de que era um homem egocêntrico e poderoso. Perguntou-se quem seria mais perigoso, ele ou o Conde Namikaze.

    — Claro que lembras de mim, certo, Sasuke? Vi-o apenas quando menor, em uma de minhas poucas visitas a Paris — o Duque falou com uma digna voz de baixo.

    — Minhas lembranças de mais moço estão aos poucos se esvaindo de minha mente, Alteza — declarou tão sério quanto o destinatário.

    — O Duque é um dos homens que estão ao nosso lado, Sasuke, logo lhe apresentarei todos os nossos aliados — Orochimaru confidenciou. — Entretanto, em um momento mais privado, sim? Uma festa tem mais olhos e ouvidos do que posso estimar.

    — Uma festa tem mais inimigos do que posso contar, é realmente uma lástima — o Uchiha falou. — Escutei que meu irmão mais novo também comparece à sua humilde casa, Orochimaru.

    — Não tenho nada a declarar, apenas gosto de me divertir um pouco — Orochimaru falou e Sasuke deu-lhe uma olhada tentando imaginar o significado daquela frase que tanto aparentava ter surgido de uma longa escolha e combinação de palavras. — Caso veja Fugaku por aí, avise-o que estou à procura dele.

    — Como quiser — o Duque falou e se afastou em direção de um outro homem.

    Neste curto período de tempo, quando Sasuke virou-se para a porta que levava ao jardim, viu Naruto acompanhado de uma mulher de cabelos castanhos e um elegante vestido verde, branco e cinza. Ele sorria enquanto a guiava cordialmente para o local onde outros casais iniciavam uma dança. Observou-o divertido durante os giros e balanços da música animada, deixaria-o se divertir, não estava com tanta pressa para conversar.

    — Qual o próximo cavalheiro que irá me apresentar, senhor? — perguntou para Orochimaru ao seu lado desviando o olhar de Naruto e da moça que o acompanhava.

    — O Chefe de polícia e dono da Scotland Yard, Fugaku Uchiha.


                ***

    Eram quase sete horas da noite quando Kakashi e Obito acharam todos os relatórios de Jamie e terminaram de filtrar as informações necessárias ou não.

    O Chefe havia saído mais cedo naquele dia, avisara que iria num baile. Alguns outros agentes aproveitaram para sair mais cedo também. Então em plena dez para as sete da noite, na agência, apenas Kakashi e Obito se encontravam, mergulhados em papéis.

    — Escute isso: “Entre nove e dez horas da manhã de sábado, dia 22 de maio, uma carruagem preta de janelas suspeitas percorreu as ruas de Westminster. Achei de cunho suspeito e peguei um táxi para poder seguir aquela carruagem, esta que parou defronte para um casarão de dois andares, de cor marrom rosado. Observei de longe. Não tardou e um homem de cabelos brancos saiu da casa, foi até a carruagem, pegou uma maleta e duas crianças, um rapaz e uma moça, depois voltou para dentro da casa e a carruagem partiu, não consegui mais segui-la. Passei o restante da semana fazendo ronda por ali e nada, nenhuma criança apareceu, nenhum homem saiu. Apenas um, de cabelos pretos que usava um tapa olho. Saía pela manhã e voltava após o horário normal de almoço.”

    — Estranho... — Kakashi comentou após o amigo terminar de ler. — O que será que houve com as crianças?

    — Não consigo nem imaginar. O que você acha que tinha naquela maleta?

    — Talvez tenha sido a mala das crianças. — Hatake sugeriu apoiando o queixo na mão enquanto observava uma das folhas do relatório que segurava.

    — Talvez...

    — Escute isso aqui: “No começo desse mês de maio, dia primeiro, um novo homem chegou a Londres e se instalou em uma das casas de Westminster. Veio acompanhado de dois homens, um deles tinha o cabelo comprido cobrindo metade do rosto e o outro cabelos brancos e boa forma física. Nada mais estranho aconteceu essa semana.”

    — Devem ser os mesmo homens do relato que li a pouco tempo — Obito deduziu.

    — Não tenho dúvidas.

    — Aqui nesse outro e naquele ali perto da borda o Bertran fala sobre duas mulheres que desapareceram mês passado e só.

    — Espere, olhe esse aqui: “Ainda não vi nenhuma criança sair da casa, já faz três dias que faço ronda pelo bairro. Sinto algo estranho vindo daquela casa, não parece normal e ainda é pouco movimentada. Esta semana mandarei este relatório e mais outro no sábado.” Esse trecho do relatório pareceu dizer muito.

    — Muito? Ele deixou um suspense terrível. O que será que ele iria dizer no outro?

    — Também queria saber.


                ***


    Aquele baile ficava cada vez mais divertido. Com certeza, estava se divertindo bastante. Olhou de perfil para seu querido Sasuke, o rapaz nem sequer imaginava que tinha sangue inglês correndo pelas veias, muito menos sabia que logo, logo ficaria diante de seu pai biológico. E o melhor, Fugaku nem sonhava que o filho desaparecido há anos estava vivo, além de ter se tornado um homem-feito.

    Ah, sim, aquilo era divertido demais. Precisaria evitar de rir quando fosse falar com o delegado; riria sozinho quando o baile tivesse terminado e aproveitaria a diversão do próprio joguinho apenas com uma garrafa de uísque e ópio.

    — Veja só, achei-o — avisou a Sasuke. — Senhor Uchiha, como está?

    O homem olhou para si com os velhos olhos sérios, mesmo com o passar dos anos Fugaku continuava emitindo aquela postura altiva e orgulhosa como a maioria dos Uchiha, no entanto diferente da maioria dos homens de tal família, o delegado possuía os cabelos curtos acima do lóbulo da orelha.

    — Orochimaru, agradeço pelo convite, é de grande prazer revê-lo — o homem falou, mas da mesma forma como o Lorde Namikaze tinha pronunciado as palavras, elas vieram com uma pitada de sarcasmo. — Pensei que nunca mais poria os pés em Londres.

    — Nunca pensei em me ausentar para sempre, a França é um lugar turbulento e a Inglaterra é o verdadeiro lar de um inglês — falou e bebericou do vinho, passando disfarçadamente a língua pelos lábios. — Como anda a senhora Uchiha e seu primogênito?

    — Bem, muito bem — Fugaku respondeu e desviou os olhos para Sasuke, como se o tivesse notado naquele instante. — E você, rapaz, quem é?

    — Sasuke Le Éventail, senhor Uchiha, é um prazer conhecê-lo — seu garoto falou e Orochimaru sorriu internamente ao ver o rosto do delegado ficar levemente abatido. — Falei algo errado, senhor?

    — Não, não, é que você possui o mesmo nome de um dos meus filhos — Fugaku comentou se recompondo. Talvez não seja mera coincidência, Orochimaru pensou e as extremidades de seus lábios se arquearam minimamente.

    — Ah, eu não tinha conhecimento sobre tal — Sasuke falou. — Todavia, creio que ele é mais sortudo que eu, pois não deve ter um olho cego.

    — Sim... ele era uma criança de saúde exímia, mas perdi-o faz um bom tempo.

    — Meus pêsames, senhor Uchiha.

    Enquanto a conversa dos dois se desenrolava de forma passiva e calma, entretendo Orochimaru, este estava imaginando onde Itachi Uchiha estava. Itachi, sim, seria um ótimo entretenimento.

    — Pelo visto a dança terminou, minha esposa deve se aproximar em breve — Fugaku refletiu e o anfitrião da festa viu algo surpreendente: Sasuke se afastando e pedindo a mão de uma dama para dançar a próxima música.

    Aquela festa realmente estava muito interessante.




                    ***


    Naruto, a pedido da moça, estava dançando a segunda música. Não havia motivos para tê-la negado, a garota possuía um bom humor e dançava muito bem. Fora Shikamaru quem os apresentou e o Sir Namikaze, decidiu que era melhor se divertir do que ficar com as lembranças daquele beijo na mente. A conversa com Katrine foi tão dinâmica que até esqueceu-se que Le Éventail estava no baile.

    Esqueceu-se até vê-lo ao seu lado, girando junto da parceira e a guiando nos passos da dança. Um frio cobriu-lhe o estômago e por algo menos de dois minutos, Naruto tentou não perder a postura, e não perdeu. Iria terminar a dança e se afastar. E ignorando a presença de Le Éventail, Naruto sorriu para Katrine e a rodou pelo salão.

    — Algo errado? — ela perguntou assim que a música terminou.

    — Está tudo bem, quer ir tomar um pouco de ar lá fora? Duas músicas cansam mais do que eu me lembrava.

    Ela assentiu e deu o braço a ele.  Naruto nem se deu o trabalho de olhar para Sasuke, mas pelo visto tal ação não impediu o rapaz de encontrar com Naruto no jardim.

    — Boa noite, mousieur Namikaze e mademoiselle — Sasuke cumprimentou-os e em seguida beijou os nós dos dedos de Katrine. — Mademoiselle, gostaria de tratar de alguns assuntos importantes com o Sir, se não se importa em deixar-nos a sós.

    Naruto olhou para Katrine que o encarou em questionamento.

    Suspirou internamente e virou-se para Sasuke que os encarava. Definitivamente não queria conversar sobre aquilo, o que fizeram era crime, não seria mais fácil fingir que nada aconteceu e continuar cada um com sua vida?

    — Mais tarde conversamos, Katrine — disse para ela. Era melhor resolver aquilo logo.

    — Se aguentar mais uma dança — ela falou, sorriu e se afastou, voltando à casa.

    Por longos segundos os dois ficaram em silêncio. Então começaram a andar até que Sasuke parou próximo a uma cerca viva e uma estátua de um homem sem cabeça.

    Naruto o encarou esperando que ele falasse algo, mas Sasuke tinha os braços cruzados e uma expressão de serenidade na face, uma postura que deu a impressão que não tinha nada para falar. Sir Namikaze sabia, pelo tempo que passou com ele na biblioteca, que Le Éventail não era uma pessoa de muitas palavras e isso o estava irritando naquele momento.

    — Chamou-me para conversar sobre o que aconteceu ontem à noite, não foi? — começou ciente de que tinha, de fato, que conversar; não iria esperar que Sasuke decidisse criar coragem para falar. — Pois bem, não sei como funciona na França, mas aqui... aquilo... é crime, proibido por lei. Depois, eu sei que estávamos bêbados, então vamos apenas esquecer e continuar como se nada tivesse acontecido, porque eu estou ciente de que se alguém descobrir...

    — Você retribuiu.

    — Eu estava bêbado.

    — Não, eu era quem estava e lembro-me bem o que aconteceu. Não pedirei desculpas se é isso que quer.

    — Eu apenas quero que esqueçamos, você não entende? É crime, homens não podem ficar com homens, é repugnante, é um pecado.

    Sasuke o observava, ainda de braços cruzados encostado no pedestal da estátua. — Sei disso e também sei que você não estava bêbado e que podia ter me afastado em qualquer momento e não fez. Por quê? Tire-me esta curiosidade e lhe deixarei em paz, não falarei mais disso.

    Naruto pensou em mentir, mas não tinha uma boa mentira em mente, além de que aquela situação maçante não parecia valer tanto o esforço de inventar boa mentira. — Eu tive dois amigos, eles tinham relações afetivas e eu os flagrei juntos... e... a partir daquele dia isso me incomodou, pois homens não podem ter esse tipo de relação anormal, perguntei certa vez sobre isso para meu tutor e ele disse que era algo aversivo e contra a lei. Eu estava tão confuso na época, até que encontrei um livro falando sobre sodomia e, quando notei eu estava lendo um livro de um filósofo grego que tratava desse relacionamento proibido — falou sem pensar muito nas palavras. — Eu estava curioso, só isso, curioso para saber por que os homens tinham relacionamentos como aqueles.

    Silêncio.

    — Ah sim, o herdeiro de Buckinghamshire é realmente curioso — Sasuke falou com sarcasmo desencostando do pedestal sem perder a postura serena. — Agora eu tenho uma curiosidade, apenas mais uma — começou aproximando-se de Naruto que o encarou com as sobrancelhas franzidas. — Você me afastaria novamente se eu o beijasse?

Naruto pensou em respondê-lo, mas ele possuía a mente em branco, então apenas virou-se e caminhou de volta para o casarão.




                ***

   


    Kushina estava tão distraída com a conversa no grupo de mulheres que mal notou Minato se afastar do local onde o tinha deixado conversando com Orochimaru. Quando pediu licença ao esposo foi para ir ter com a Marquesa Hyuuga, mas logo depois Mikoto havia aparecido e então a senhora Haruno e a Condessa Ino, além da senhora Jenner e a irmã dela, a senhorita Hughes.

    — Como eu já vinha dizendo, minhas caríssimas, os jovens de hoje estão perdidos para a vadiagem — a senhora Jenner frisou novamente.

    — Não entendo porque diz isso, senhora Jenner — Mikoto falou de forma singela. — Todo jovem é arisco e displicente.

    — Displicente... ah... quem dera se fosse só isso!

    — Bom, vejamos, não é todo jovem que é como teu filho e tua filha, minha irmã — a senhorita Hughes falou e Kushina mordeu a bochecha para não sorrir.

    — Oras, Georgia, olhe como fala de seus sobrinhos! — a senhora Jenner censurou.

    — Desculpe, mas o que seus filhos fizeram? — a Condessa Ino perguntou sem esconder a curiosidade.

    — Eles não fazem o que deveriam, Lady Yamanaka, são tão desobedientes quanto crianças!  

    — Ah, com esse tipo de jovem tem que se manter uma rédea curta — a senhora Haruno comentou.

    — É tudo culpa do pai, se aquele homem ficasse quieto em casa, talvez pusesse algum juízo naquelas cabeças de vento — a senhora Jenner bufou indignada.

    — Não por isso, olhe só a Lady Namikaze, o Conde nem sempre fica em casa, acredito que ela criou o filho sozinha — a senhora Uchiha falou.

    — Não nego que tive ajuda da babá e da criadagem— Kushina falou lembrando-se do tempo em que o filho mal chegava à altura de sua cintura, ou em como se enroscava nas saias do vestido quando fugia da babá que brincava de pega-pega com ele.

    — Aonde o senhor Jenner vai? Ele não administra uma pequena fazenda? — a senhora Haruno perguntou.

    — Sim, bem, não sei muito bem, mas ele começou a viajar para Suffolk, diz que é sobre os negócios. Hum... hum... não gosto muito de me meter com essas coisas — a senhora Jenner contou.

    — Suffolk? Sério? O senhor Hall também anda indo para lá — a senhorita Hughes falou. — A vizinha, senhora Hall, estava contando para mamãe um dia desses. Deve ser uma boa coincidência.

    Todas assentiram.

    — E onde está a pequena Hanabi, Marquesa? — a Condessa Yamanaka perguntou.

    Hinata, que até então estava calada, respondeu: — Deve estar dançando.



                ***


    Para a infelicidade de Orochimaru, Itachi Uchiha não compareceu à festa. Todavia, já era de se esperar, depois de tudo que aconteceu em épocas passadas. No entanto, esperava que o rapaz tivesse crescido com mais imposição, mas pelo visto Sasuke era a fraqueza dele.

    Nem tudo saía perfeito.

    Em certo ponto da festa, quando já não aguentava mais olhar para aquelas pessoas, começou a desejar que ela logo acabasse. Em um período de duas horas, subiu para o próprio escritório apenas para descansar de todo aquele barulho de vozes. Fazia tanto tempo que não participava de uma festa que tinha esquecido o quão desgastante era estar em uma.

    Ainda por cima, no dia seguinte, teria uma reunião com o Duque Uchiha, o Lorde Kakuzu e Hidan, para elaborar uma forma de livrarem-se do Leão da Guarda da Rainha.

    Problemas.

    Problemas.

    E apenas por pensar nisso, lembrou-se das duas crianças que haviam morrido naquele dia pela manhã. Na verdade, a garota já estava em processo de falência, mas o garoto morreu quase instantaneamente após o processo. Orochimaru acreditava que este último entrou em óbito assim que a matéria de demônio começou a enraizar-se no corpo. Contudo, não era nenhuma novidade. Até então a única experiência que deu certo foi Sasuke, apesar de que ele nunca apresentou nada em especial, além do trunfo de ter consigo sobreviver e a penalidade de ter ficado com um olho cego. Era uma pena, realmente. Todavia, Orochimaru não iria desistir dos testes, precisava saber se era possível criar humanos poderosos, humanos que vivessem mais, humanos que fossem uma melhoria da própria raça e até mesmo uma raça futura!

    Antes de Sasuke vingar, Orochimaru pensou em desistir, pensou em se satisfazer com a vida monótona de médico ou então a vida pacata e sem utilidade de Caçador, mas eis que uma criança sobreviveu, aquilo sim, só podia ser um sinal para que ele continuasse!

    Depois de suas duas horas de descanso desceu para o salão. Teve um longo diálogo com a senhora Wilton sobre a filha dela ser uma mulher perfeita para casar com Sasuke. Até então não havia pensado em casá-lo, era algo desnecessário para um assassino, pois em algum momento é certo que a morte também viria atrás dele.

    — A decisão é dele, minha cara senhora Wilton, como vivemos sempre viajando, não temos tempo para mulheres e afazeres conjugais — Orochimaru falou e depois de mais algumas frases a mulher desistiu.

    Eram duas da manhã quando as pessoas começaram a ir embora. Com certeza foi um alívio se despedir dos olhos de Minato, aquele carisma todo podia ser mais perigoso do que aparentava e para piorar, Orochimaru não sabia nada sobre o Conde, já que na época em que partiu para a França quem estava com o título de Leão era antecessor dele. Lorde Namikaze era um novo inimigo.

    — Finalmente, todos foram embora — falou enquanto subia as escadas, então parou por um momento, lembrando-se de algo. — Onde o Sasuke está? — perguntou a si mesmo e voltou a descer a escadaria. Nem sequer tinha reparado que o rapaz havia ficado ausente.

    Encontrou-o na biblioteca, um livro nas mãos, a cabeça encostada na lateral da janela e o tapa olho frouxo deixava à mostra a pálpebra adormecida que escondia um olho imperfeito; a marca da própria sobrevivência. Aproximou-se com um sorriso sem mostrar os dentes, notando um cigarro que expelia uma fina fumaça esbranquiçada que logo era soprada pelo vento junto das cinzas que caíam na pequena mesa de canto, pegou-o com a ponta dos dedos e o observou curioso.

    Sasuke não gostava de fumar.

    O que terá feito você acender isto, meu querido Sasuke?

    Passou a língua rapidamente pelos lábios para livrá-los da sensação seca que o vento gélido provocava e jogou o cigarro pela janela sem floreios. Olhou para o homem adormecido uma última vez e saiu da biblioteca.


                   

***



No caminho para casa, logo após o baile, Hinata havia adormecido junto à irmã dentro da carruagem. Isso até um grito tê-la feito sair do mundo dos sonhos, desgarrando-a dos braços de Morfeu.  

    Hanabi que dormia encostada a si pestanejou um pouco, contudo não acordou.

    Se divertiu bastante não foi, minha querida?

    Lentamente se inclinou um pouco para o lado, com cuidado para não acordar a irmã e abriu a cortina da carruagem para saber de onde veio o grito e saber o motivo da carruagem estar parando.

    — Boa noite, senhora — a voz surgiu antes do homem barbudo mostrar o rosto na janela, assustando a Marquesa que acordou Hanabi com o grito.

    — O que... — a mais nova começou, mas nem sequer teve tempo de terminar a frase e a irmã foi puxada para fora da carruagem.

    — Solte-me! Solte-me! Quem pensas que é para tocar em mim sem permissão? — Hinata esbravejou tentando soltar o braço do aperto masculino.

    — Cale-se — o homem falou e fez um sinal para que outros homens se aproximassem. Então a Marquesa viu que eram seis no total e soube, de imediato, que o que viria a acontecer não seria nada proveitoso.

    — O que vocês querem? — ela perguntou.

    — Não te interessa — um outro homem falou, a escuridão da noite e o pequeno lampião que traziam não era o bastante para distinguir as feições dele. — Vai ser ela mesma e parece que tem outra dentro da carruagem também. Vamos levá-las logo, não aguento mais essa perda de tempo!

    — Sim, sim, é melhor levarmos essas duas, se voltarmos sem uma mulher o mestre vai nos punir... — um outro homem falou com uma voz rouca.

    — Que seja, então — o homem que a segurava consentiu e a empurrou de volta na carruagem. — Se fizer barulho matamos a sua companheira! Que seu cocheiro seja exemplo disso.

    — O que fizeram com Jorge? — Hanabi gritou e Hinata a abraçou, envolvendo-a, como se pudesse dar a ela toda a segurança possível.

    Nenhum dos homens a respondeu, mas a resposta parecia óbvia.

    Fecharam a porta da carruagem e logo ela começou a andar mais rápido, o chicote estalando no ar e algo demais era distinto nas ruas de pedra, o andar de outros cavalos. Provavelmente cercando a carruagem.

    A Marquesa respirou fundo e olhou para o teto, tentando encontrar calma e coragem. Tinha e precisava de coragem para superar tudo aquilo, tinha que ser forte por Hanabi, não iria deixar que nada de mau acontecesse com a irmã. Nunca. Jamais.

    — Hinata? — Hanabi sussurrou abraçada a irmã. — Para onde vamos? Por que eles estão fazendo isso?

    — Eu não sei, mas vai ficar tudo bem, nada de mau vai acontecer — Hinata garantiu, dizem que palavras tem mais poder se faladas em voz alta, ela esperava que fizessem milagres também.

    — Tenho medo.

    A Marquesa beijou a testa da irmã e esperou que ela não estivesse sentindo suas mãos e seus braços tremerem. — Feche os olhos... tente dormir um pouco. Eu vou ficar com você, sempre.


Notas Finais


Prontinho :3.
Espero que tenham gostado ;)

Curiosidade:
- A expressão: "tão rápido quanto uma flecha de disparo inglês" é referente ao fato histórico de que os arqueiros ingleses eram os mais habéis e rápidos da europa.

- Morfeu- Morfeu é o Deus dos sonhos.


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