História Encantado - Encontrando o Patriarca Yiling

Era conhecido como cultivo demoníaco o estilo de magia executado pelos que não eram membros da aristocracia de Yunmeng.

A fonte de energia era considerada impura, pois provinha da natureza em seu estado bruto sem a purificação que as nobres famílias utilizavam depois de extensa sistematização pelo seu núcleo dourado.

Acreditavam que aqueles que caminhavam naqueles caminhos estariam sujeitos a se descontrolarem e eram representantes das forças do mal, pois dentre todos os causadores de calamidade no reino historicamente não havia um sequer que não fosse um cultivador demoníaco e acreditavam que apenas os escolhidos pelos deuses poderiam formar núcleo.

Era sabido por todos os plebeus que apenas as grandes seitas e a família real poderiam exercer a cultivação adequadamente sem cair no mal. Isso era ensinado para todos os membros do reino e pelo medo se impediam de cultivar por conta própria.

Para consternação da família real, na pessoa da Madame Yu e seus cegos seguidores, e dos cultivadores tradicionais havia um que desobedeceu as regras do universo e se tornou querido entre as pessoas pelos seus feitos.

O Patriarca Yiling.

Ele caminhava pelas vilas mais pobres e distantes do centro de poder do reino acompanhado pelo seu fiel companheiro, o General Fantasma, e enfrentava criaturas das trevas que dizimavam vilarejos que se localizavam longe da capital.

A fonte do seu poder de cultivo, alguns diziam, era a famigerada Colina Sepultura localizada em Yiling e, as más línguas de cultivadores que não conseguiam alcançar o sucesso dele reiteravam, ele consumia a alma dos mortos que morreram naquele lugar ao longo de centenas de anos para realizar seus feitos.

Ele não havia sido ensinado por nenhuma seita, então diziam que ele não tinha núcleo dourado, mas que em seu peito havia um núcleo das trevas que o permitia invocar das profundezas do inferno os seus asseclas.

Nenhum cultivador poderia dizer alguma coisa sobre o físico do Patriarca Yiling ou a extensão do seu real poder, mas quem ousou enfrentá-lo ou escalar a montanha dizia cada um uma história mais terrível do que a outra, desde que dragões, bestas ou fantasmas guardavam os aminhos da Colina Sepultura em nome do Patriarca ou que ele era bestial em sua forma e que jamais alguém saiu vivo para contar a história.

Ninguém perguntava como aquela pessoa soube disso para poder reproduzir achando plenamente justificável que ela tenha ouvido falar por aí.  

A fama do patriarca corria por todo o reino vinda das partes mais longínquas e abandonadas até alcançar os ouvidos da rainha que achava inadmissível que o povo comum e desesperançado preferisse recorrer a Colina Sepultura do que a Yunmeng.

As pequenas seitas começaram a reclamar que as caças haviam sumido, depois de um tempo as médias mostraram o seu desconforto, mas quando as grandes e vinculadas diretamente ao palácio manifestaram que o Patriarca erradicava os monstros por conta própria sem deixar nada para os outros e atraía para si o amor do povo o palácio se viu incomodado.

O príncipe Jiang Cheng solicitou para a mãe que ele coordenasse uma caçada noturna para enfrentar o famigerado cultivador que atrapalhava o equilíbrio da paz do reino e que ele não desistiria enquanto não o trouxesse para o palácio para que respondesse pelos seus atos.

A rainha, muito satisfeita, autorizou que seu primogênito partisse comandando as tropas, mas determinou que o filho devesse se manter distante do perigo, designando os melhores cultivadores do reino para lutarem consigo, e se casaria com uma boa moça assim que voltasse para que a linhagem do reino continuasse.

Jiang Cheng sabia o seu dever e partiu a cavalo com os seus homens, contudo, muito antes de chegar ao seu destino, quando estavam descansando na margem de um lago em uma bela noite de luar, foi atacado pela besta lendária chamada de Xuanwu de Abate que ali habitava há décadas.

Todos consideravam que era o fim das suas vidas e não entendiam como podiam ter parado naquele lugar em específico. Pelo menos cinquenta cultivadores de alto nível, mais o príncipe, iriam sucumbir para o monstro.

Quando tudo parecia perdido ouviram o som de uma flauta e Jiang Cheng presenciou o momento exato que uma fera gigantesca de pouco mais de cinco metros de altura se lançou contra o pescoço do Xuanwu sendo seguido por quatro imensos monstros do tipo cobra que usavam suas presas venenosas para matar a criatura.

Olhando na direção do som da flauta presenciou o homem mais belo do mundo: cabelos longos pretos que pareciam tragar a luz da lua, olhos vermelhos exalando poder de canalização da energia bruta da natureza, elegantíssimo da planta do pé até o topo da cabeça.

As roupas de cultivação pretas com detalhes vermelho, a flauta com a franja vermelha e a espada que parecia ter sido retirada de um carvalho envelhecido. Jiang Cheng poderia ter certeza apenas por conta do instrumento e da besta que lutava agora protegendo todo aquele contingente de soldados.

Aquele era o Patriarca Yiling. Em carne, osso, beleza e poder.

O Patriarca não entendeu a razão pela qual seu coração se encheu de ternura ao olhar o jovem príncipe ferido e foi levado até aquele lago para proteger a vida daquelas pessoas que claramente tinham a intenção de lutar contra si.

Wen Ning, na forma feroz, e os monstros cobra conseguiram com sucesso destruir o monstro devorador de homens e traziam como troféu de guerra uma das presas do demônio Xuanwu depositando-a aos pés do seu senhor.

Enquanto todos estavam estupefatos vendo o monstro que quase os matou completamente destruído, os animais se desfazendo voltando a ser parte da terra e a fera que lembrava um lobo se transformando em um homem pálido de feições gentis e cabelos escuros extremamente charmoso, Jiang Cheng se colocava de joelhos encantado pelo homem que os salvou a vida.

- Eu sou Jiang Cheng, príncipe de Yunmeng. Quem é meu senhor?

O Patriarca sorriu docemente para o jovem de olhos violetas que pareciam reluzir naquela noite de luar enfeitiçado pela figura maravilhosa diante de si.

- Eu sou aquele que vocês chamam de Patriarca Yiling, mas eu me chamo Wei Wuxian, alteza.

- Não tenho como agradecer ter salvado minha vida e de meus homens. – O príncipe Jiang mal podia acreditar no quanto estava impressionado com todo aquele poder. – Venha comigo para que sejas devidamente recompensado. Ainda que peças metade do reino será teu.

- Não me interesso por reinos e poder, alteza. Saber que pude salvar a sua vida me é suficiente. Minha função é cuidar de quem não pode fazer isso por si mesmo.

Jiang Cheng não poderia permitir que aquele homem não mais estivesse diante dos seus olhos.

- Não saia do meu lado. Eu fui enviado para enfrentá-lo e matá-lo. Não posso permitir que outros tirem a tua paz. – Lembrando-se da ordem da sua mãe que determinou que ele se casasse o mais rápido possível com uma moça agradável e já havia apresentado-a para si, a jovem MianMian, tomou uma decisão desesperada e disse - Case comigo e unifiquemos o reino de Yunmeng. Seja meu consorte e terás como proteger todo o reino ao meu lado.

Wei Wuxian se viu envergonhado. Mesmo sendo mais velho que o garoto diante de si jamais havia ouvido um pedido do tipo. Ele jamais considerou que alguém pudesse desejar um cultivador demoníaco então nunca se apresentou diante das pessoas.

- Sua alteza quer casar comigo? – Seu tom de voz era encantadoramente surpreso e envergonhado.

- Sim, se aceitares, serei o mais feliz dos homens e prometo te dar toda a felicidade do mundo. – Tomando a mão direita de Wuxian, disse - Seja meu príncipe e, quando for o momento, meu rei.

Mesmo não sendo alguém experiente, Wei Wuxian, o famigerado Patriarca Yiling, não via mentira nos olhos violetas do jovem que o pedia em casamento com tanta emoção.

Ele também era jovem e já estava há muito tempo convivendo tão somente com subordinados que dependiam do seu poder para se manter vivos ou que eram mais feras do que gente. Ele estava sendo convidado para compartilhar a vida com um igual a si e, acima de tudo, vivo e que não precisava uivar para a lua cheia.

Jiang Chegou retirou do seu cinto o sino de prata repleto de energia espiritual que o diferenciava dos demais homens e ressaltava a sua posição de príncipe herdeiro entregando-o para o Patriarca Yiling.

A resposta parecia ser óbvia para Wuxian.

- Eu aceito.