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História Hogwarts Lendo Percy Jackson - O Encontro dos Escolhidos. - O Ladrão de Raios - Capítulo 8


Escrita por: L_Petsch

Notas do Autor


NÃO DEMOREI UM MÊS. Esse é meu comentário.

Gente eu não tenho como pedir desculpas o suficiente para vocês. As coisas na minha vida estão uma bagunça e eu to sendo forçada a colocar essa história que eu amo tanto em 2º plano.

Eu vou continuar atualizando o máximo que eu puder, esse capítulo mesmo eu escrevi praticamente todo nesse fim de semana, mas isso não é uma regra e eu não posso garantir quando será a postagem do próximo.

Capítulo 12 - O Ladrão de Raios - Capítulo 8


Percy tinha certeza de poucas coisas na vida, de que ele gostava de comida azul, de que sua mãe era a melhor mulher do mundo, e de que os Stoll iriam aprontar.

Em alguns momentos ele se questionava sobre a comida azul e pensava que Annabeth muito em breve poderia tomar o posto da sua mãe, mas sobre os Stolls? Nunca houve dúvida.

Ele apenas se perguntava o que seria, talvez eles soltassem um cão infernal no meio do salão, ou algo envolvendo fogo grego, é conhecendo os Stoll com certeza iria envolver fogo grego.

- Deuses Annabeth...

- Eu sei, fique preparado – disse Annabeth e logo se levantou, com um simples olhar Clarisse também se levantou e os três semideuses junto de Grover Underwood se colocaram em pé, entre as portas e o início das mesas.

- Ora vocês – disse Quíron – Aqueles dois foram avisados para não fazer nada espetacular, eles não são mais crianças.

- Desculpe Quíron – gritou Clarisse – Não confio nos dois nem para amarrar meus sapatos quem diria para visitar uma escola de magia.

- Então alguém escutou alguma coisa? – perguntou Grover – Eu fiquei de olho neles durante o dia todo, nenhum deles falou sobre o salão.

- Pode ser coisa de Hermes – disse Annabeth – Luke tinha uma habilidade que impedia bisbilhoteiros de nos ouvir.

- Ele tinha? – disse Grover – Uau se eu soubesse disso na época...

- Estou ouvindo passos – Clarisse instintivamente convocou seu escudo.

Quando as portas de madeira começaram a se abrir, a maioria dos bruxos se afastou com medo e ainda assim olharam confusos para os dois rapazes de aparência tão idêntica que só poderiam ser gêmeos, altos e magros com cabelo castanho encaracolado e olhos azuis. Os bruxos se lembraram dos Weasley, os dois garotos tinham sorrisos de canto um brilho no olhar enquanto giravam no próprio eixo para observar todo o salão, eles saltitavam e riam sussurrando um para o outro e mexendo nos bolsos freneticamente, agora que estavam mais próximos ficava mais visível que um dos irmãos era levemente mais alto. Um deles vestia uma jaqueta escura por cima da camisa laranja com algumas estampas ocultas pela jaqueta, o outro revelava quais eram as estampas, um Pégaso e as escritas “Acampamento Meio-Sangue” os desenhos e letras lembravam um pouco o estilo de arte da Grécia, o que surpreendeu um total de 0 pessoas.

- Então qual a pegadinha? – disse Percy.

- Francamente estou ofendido – respondeu o mais alto – Eu sou um adulto responsável agora sabia? Estou até fazendo faculdade e vocês dois aí achando que eu vou explodir a escola.

- É, e todo mundo sabe que eu já sosseguei depois que ele foi pra faculdade – disse Connor – Se a gente fosse fazer alguma coisa seria apenas com o pessoal do acampamento e não no meio do salão dos bruxos.

- Vocês estão mentindo – disse Annabeth – A sobrancelha de vocês treme quando mentem.

- Garota você já percebeu o frio que tá fazendo nesse salão? – reclamou Connor, seu olhar era tão irritado que quase convencera Annabeth.

- Ora vamos pessoal – Travis avançou jogando o braço por cima do pescoço de Percy e esfregando o couro cabeludo com a outra mão, Percy logo se livrou do aperto e continuou em alerta.

- Eles devem ter feito algo comigo, Annabeth por favor me revista – disse Percy e logo a loira o agarrou e o mandou ficar imóvel enquanto apalpava toda a silhueta do namorado procurando algo que não devesse estar lá.

- Parece limpo.

- Se me permitem dizer, estou feliz e puto – disse Travis – Feliz que vocês acham que eu sou capaz de colocar alguma pegadinha no Percy no meio de todo mundo sem ninguém perceber, e puto que vocês realmente acham que eu fiz isso.

- Vamos rapazes – disse Clarisse – Estamos atrapalhando a leitura, digam logo o que vocês tem  aí e vamos nos sentar.

Os Stoll suspiraram, Travis logo abriu a jaqueta e derrubou foguetes de fogos artifício, cilindros de bronze celestial que Percy não sabia se queria abrir, almofadas de peito que se camuflavam com o chão, até mesmo fogo grego.

É claro que teria fogo grego.

- Eu até admito que fiquei curioso para saber o que iam fazer com esse foguete – disse o sátiro.

- Esse foguete não era importante – disse Connor que também tirava coisas dos bolsos da calça, coisas muito maiores do que ele deveria guardar.

- Certo isso é mesmo tudo? – disse Annabeth?

- Sim isso é tudo loirinha – disse Travis, dessa vez sua sobrancelha não tremeu e por isso Annabeth acreditou.

- Certo vamos nos sentar – os quatro que já estavam no salão voltaram a seus assentos, ao mesmo tempo McGonagall agitava a varinha e os pertences dos irmãos voaram para próximo a mesa dos professores, Travis e Connor não esperaram convite formal, buscaram a mesa mais central que puderam, coincidentemente, uma mesa com 5 alunos que usavam a cor azul, sob o símbolo de uma águia.

E então tudo começou.

No segundo em que Percy se sentou ele percebeu o que tinham feito. Sentiu quando uma espécie de plástico apareceu em suas costas, por baixo da camisa descolando de sua pele, sentiu a ardência que o Bronze Celestial causava contra a pele e nesse momento ele só torceu para que os Stoll não tivessem usado fogo grego.

Direto das portas duplas dúzias de objetos voadores em alta velocidade foram lançados, Harry pensou que se tratava de pomos de ouro, mas quando um dos objetos veio em sua direção ele percebeu que era um tênis.

Eles tinham sido modificados, já que todos os tênis tinham pares de asas de pequenos foguetes pintados de vermelho e branco em espiral, os foguetes deixavam caudas de fogo pelo trajeto que passavam faíscas de várias cores pintaram o salão dos bruxos.

- STOLL – gritou Clarisse.

- NÓS SOMOS TRAVIS E CONNOR STOLL – gritaram os irmãos fazendo uma reverência para Hogwarts – E ESSES SÃO NOSSOS CUMPRIMENTOS.

Os tênis voaram até a mesa central e iniciaram um voo em espiral formando um furacão de cores em volta dos irmãos até subirem aos céus, onde finalmente os foguetes se libertaram e subiram para o céu atravessando o teto de Hogwarts e explodindo sobre a escola. Agora era possível ver um show de fogos de artifício sincronizados que desenhavam os dois irmãos entre as estrelas.

Hogwarts foi movida por um impulso, o show dos dois lembrou os bruxos de seus mais amados gêmeos rebeldes que, no ano anterior, fugiram de Hogwarts após um show de fogos de artifício semelhante ao feito pelos filhos de Hermes. Os alunos gritaram se ergueram e aplaudiram.

- Eu não acredito que esses dois planejaram tudo isso – disse Percy.

- É eles conseguiram me enganar – disse Annabeth que ergueu a camisa de Percy e puxou a fita adesiva de cor bronze que de alguma forma foi capaz de desencadear todo o show, ela na verdade queria saber quando e como Travis havia escondido tal dispositivo nas costas de Percy e ainda mais por baixo da camisa. – Não existe filha de Atena que seja capaz de prever os Stoll, tudo foi de acordo com o plano deles desde o minuto que entraram no salão.

- Eles são geniais – disse Astória – Mas agora que os conheço fico feliz que os Weasley não estão mais aqui.

- Isso seria um pesadelo – disse Daphne.

- Eu acho que Hogwarts vai voltar a ser um pouco como era no ano passado – disse Luna Lovegood.

- Isso pode ser um pesadelo – disse Ernesto.

- Mas talvez seja exatamente do que precisamos – disse Neville.

- Vamos lá – disse Tracey – Os Weasley não eram tão ruins assim.

 

- Travis e Connor  - disse Gina – Escondam as Gemialidades Weasley desses dois.

- Por Merlin o que foi isso tudo? – disse Zacarias – Francamente eles chegam na nossa escola e soltam fogos de artifício como se não fosse nada demais?

- Ora vamos Zacarias – disse Susana – Os Weasley fizeram algo parecido.

- Os Weasley fizeram isso como protesto e eles estudavam aqui – disse Ana – Eles dois só acharam graça.

- É sério que ninguém está pensando nos tênis voadores? – disse Rony – Será que algum deles tem meu número?

- Você devia mandar para Fred e Jorge – disse Hermione – Se eles conseguirem replicar a magia isso seria um produto top de linha.

- Isso não faz o estilo deles – disse Justino – Aqueles dois criam seus próprios produtos eles não são do tipo que copiam dos outros.

- Isso é uma grande verdade – disse Harry – E é isso que os faz serem um sucesso a originalidade e criatividade – em seu interior Harry também não tinha certeza se queria essa magia estranha sendo usada como entretenimento.

- Eles até que foram bem longe – disse Clarisse – Esses tênis não são fáceis de conseguir e não são nada baratos também, eles queriam mesmo causar uma impressão.

 

- Ótimo, nos livramos de dois palhaços para conseguir outros dois no ano seguinte – reclamou Pansy.

- Eles ainda conseguiram ser pior que os Weasley – disse Theodore – Pelo menos aqueles dois só faziam coisas pequenas, esses aqui chegaram dando oi com um show de pirotecnia não quero nem imaginar o eles vão fazer a partir de agora.

- Droga – disse Blazio puxando a varinha e apontando para um dos tênis voadores no alto – Finite.

Uma pequena fumaça brilhante na cor branca deixou a varinha de Blazio, voando na direção de um tênis e por fim o atingindo, o resultado foi um tanto estranho, o tênis deixou sua órbita e caiu, mas ele ainda mantinha uma parte da magia, então era uma queda lenta e interrompida por momentos de estabilidade no ar, por fim quando já estava quase tocando o chão o sapato rodopiou e então guinou para cima recobrando sua magia e voltando a sua rota em alta velocidade.

- Hey cara – disse Connor – Esses tênis não são baratos se você estragar a magia deles vai ter que me pagar outro.

- Então a nossa magia pode interromper a deles, pelo menos por um tempo – sussurrou Draco – Bom saber disso, pelo menos não estamos completamente impotentes contra esse acampamento.

- É, mas só por alguns segundos com certeza as armas como aquela espada do Percy devem ter magia bem mais potente – disse Crabbe – Eu gosto cada vez menos desse pessoal.

 

- Então – disse Connor que finalmente se virou para os cinco alunos sentados a sua mesa – podemos nos sentar com vocês?

- Eu honestamente não sei se quero dois incendiários na minha mesa – disse Padma.

- Ora vamos – disse Miguel – Eu realmente quero saber como vocês fizeram para que os foguetes atravessassem o teto.

- Ah aquilo? – disse Travis – Não fizemos nada, o plano era que os foguetes explodissem dentro do salão, as fagulhas iam se transformar em purpurina e pintar tudo.

- O castelo de vocês agora tem um telhado coberto de glitter – completou Connor – Não sabiam que esse teto era intangível?

- Eu não fazia a menor ideia – disse Terêncio – Então o encantamento que deixa o teto invisível, também é um encantamento de intangibilidade?

- Mas se é assim porque nunca chove e Hogwarts?

- Controle de clima talvez, usamos isso no acampamento – disse Travis – Nunca chove a menos que a chuva tenha permissão para cair, ou quando Zeus e alguns outros deuses estão realmente irritados.

- O que vem acontecendo bem frequentemente na última década – murmurou Connor – Enfim. É um prazer conhecê-los.

- Ô Merlin – disse Cho – Nem nos apresentamos, meu nome é Cho, esses são Padma, Miguel, Terêncio e Antonio, somos todos alunos da Corvinal no 6º ano.

- Corvinal? – disse Travis – Acho que essa era a casa de Zeus que o Percy mencionou, não é? Águia, cor azul.

- Wow – disse Antônio – Eu só agora parei para pensar que de fato nosso símbolo é o animal sagrado do rei dos deuses.

- É, mas não se animem – disse Connor – Precisa mais do que isso pra agradar ele.

- Silêncio – disse Padma – Quíron começou a ler.

 

- CAPÍTULO OITO – disse o centauro em sua voz potente – NÓS CAPTURAMOS UMA BANDEIRA.

 

- É como eu suspeitei a história não conta absolutamente tudo – disse Clarisse.

- O que quer dizer? – perguntou Zacarias.

- Bom, primeiro no final do último capítulo, tem uma coisa que não apareceu no livro, não é nada importante era só um rito de passagem pelo qual o Percy passou, mas agora, esse capítulo vai avançar quase a semana toda direto para a sexta noite no capture a bandeira – disse a filha de Ares.

- Então existem coisas que vocês estão escondendo – perguntou Rony – E não estou acusando – ele rapidamente completou olhando para Hermione – É só uma pergunta válida.

- Bom, tecnicamente sim – disse Clarisse – Mas eu já esperava isso, se os livros contassem cada segundo da vida do Percy teríamos muitos intervalos grandes antes das coisas importantes acontecerem.

- Quer dizer que desde a chegada dele ao acampamento, até o dia do capture a bandeira não aconteceu nada importante?

- Nada que possa ser comparado ao que aconteceu no capture a bandeira – disse a semideusa – Foi quando descobrimos quem é o pai do Percy.

Isso despertou a curiosidade dos bruxos, logo eles se viraram para Quíron ouvindo cada palavra com atenção.

 

Em poucos dias me acomodei em uma rotina que parecia quase normal, se descontarmos o fato de que eu tinha aulas com sátiros, ninfas e um centauro.
Todas as manhãs estudava grego antigo com Annabeth e conversávamos sobre deuses e deusas no presente, o que era um pouco estranho. Descobri que Annabeth estava certa a respeito de minha dislexia: o grego antigo não era tão difícil de ler. Pelo menos, não mais difícil que inglês. Depois de algumas manhãs eu já conseguia ler sem muita dor de cabeça algumas linhas de Homero, tropeçando aqui e ali.

 

- Então é quase como se ele já tivesse o vocabulário programado na mente e só precisa entender a leitura? – pergunto Crabbe – É mais ou menos assim que acontece com crianças.

- É o que parece – disse Pansy – Deve ser semelhante a uma criança com criação bilingue, elas naturalmente conhecem duas línguas fluentemente e conseguem separar as duas desde a infância.

- Mas não é como se alguém o tivesse ensinado grego antigo na infância – disse Theodore – É literalmente algo programado na mente, isso é um pouco fascinante e assustador.

 

No resto do dia eu alternava atividades ao ar livre, procurando alguma coisa em que fosse bom. Quíron tentou me ensinar arco-e-flecha, mas descobrimos bem depressa que eu não dava para aquilo. Ele não reclamou nem mesmo quando teve de arrancar de sua cauda uma flecha perdida.
 

- Desculpe – gritou Percy para o centauro que apenas gesticulou com a mão como se tomar uma flechada fosse a coisa mais normal de seu dia.

- Como você acertou o Quíron? – perguntou Annabeth – Ele sempre fica atrás dos atiradores.

- Isso é o quão ruim ele era com arco e flecha – disse Grover – Ele conseguiu de algum jeito acertar a pessoa atrás dele.

- Quão ruim eu “era”?

- Sim você melhorou bastante – disse Annabeth – Acho que no máximo seria capaz de acertar a pessoa ao seu lado agora.

- Uau, você é realmente péssimo – disse Ernesto.

- Péssimo chega a ser elogio – disse Neville – É algum tipo de coisa de Poseidon? Tipo você só é bom com lanças?

- Na verdade eu nunca usei uma lança até onde me lembro – disse Percy – Mas não tem nada a ver com Poseidon, nossos parentes divinos não costumam afetar muito nossas habilidades com armas.

- Exceto Apollo e Ares – disse Grover – Filhos de Apollo são ótimos com arco e flecha, e Ares é bom com quase tudo.

- Mesmo assim eles ainda precisam praticar muito – disse Annabeth – Eles aprendem muito mais rápido que todos os outros, mas ainda são humanos e cometem muitos erros no início.

 

Corrida? Eu também não era bom. As instrutoras, as ninfas do bosque, me faziam comer poeira. Disseram-me para não me preocupar com isso. Tiveram séculos de práticas fugindo de deuses apaixonados. Mas ainda assim era meio humilhante ser mais lento que uma árvore.
 

Hogwarts riu, Grover por outro lado cutucou Percy reclamando que sua namorada não era uma árvore.

 

E as lutas? Esqueça. Toda vez que ia para a esteira, Clarisse acabava comigo.
“E vem mais por aí, seu Mané”, murmurava ao meu ouvido.

 

- Bons tempos que não voltam mais – gritou Clarisse.

 

Alguns murmúrios começaram por toda Hogwarts.

- Hey agora eu lembrei, esses dois não estavam arrumando briga ontem?

- Eu também me lembro, tinham até marcado pra brigar hoje.

- O jeito que a garota falou, parece que eles já brigaram e ela perdeu.

- Uau, eu sei que ele é neto de Voldemort, mas acham que ele consegue bater naquela garota? Digo olha pra ela.

- É preciso concordar, ele é meio magrelo.

 

A única coisa em que eu era mesmo excelente era canoagem, e essa não era o tipo de habilidade de herói que as pessoas esperavam do cara que venceu o Minotauro.
 

- Honestamente isso era bem decepcionante – disse Travis – digo o cara chega no acampamento carregando um chifre de minotauro, ouvimos histórias sobre ele ter matado uma das fúrias. E ser o garoto da profecia filho dos Três Grandes.

- E ele era um fracassado – completou Connor – É sério é incrível como o Percy quebrou todas as expectativas que colocamos nele só para depois virar o maior herói desde os tempos da Grécia antiga.

- Herói é? – disse Padma – e que tipo de feitos heroicos ele fez?

- Bom é sobre isso que estamos lendo, não é? – disse Miguel.

- Você está certo – disse Antonio.

- Percy fez coisas incríveis – disse Travis – Eu sei que vocês todos desconfiam dele por causa daquela coisa de Voldemort, mas Percy não poderia ser mais diferente do avô.

- Ou dos avôs no caso – murmurou Connor – Quer dizer, vocês sabem quem é o avô dele por parte de mãe, mas já pararam para pensar quem são os avós da parte divina?

Os corvinos se entreolharam chocados.

- Não sabemos quem é o pai dele – disse Padma – Mas... Se estivermos certos sobre Poseidon, então seu avô seria.

- Cronos – disse Cho – o titã que devorou os próprios filhos.

- Ele é mesmo filho de Poseidon? – perguntou Terêncio.

- Como seu amigo disse... – iniciou Travis.

- Estamos lendo para descobrir isso – completou Connor.

 

Sabia que os campistas mais velhos e os conselheiros me observavam, tentando concluir quem era meu pai, mas não estava sendo fácil para eles. Eu não era tão forte quanto os garotos de Ares, nem tão bom em arco-e-flecha quanto os garotos de Apolo. Não tinha a perícia de Hefesto com metais ou – os deuses me livrem – o jeito de Dionísio com as vinhas. Luke me disse que eu podia ser filho de Hermes, uma espécie de pau para toda obra, mestre nada. Mas eu tinha a sensação de que ele só estava tentando me fazer sentir melhor. Na verdade, também não sabia o que fazer comigo.
 

- É engraçado que seja Luke a dizer isso – disse Clarisse – Mestre em nada? Esse garoto foi o segundo melhor espadachim que o acampamento já teve em três séculos.

- Eu posso perguntar por que Luke não veio? – questionou Gina – Ele era filho de Hermes como aqueles dois, por que eles e não Luke?

- Você pode perguntar, mas eu não tenho como responder – disse Clarisse – Vocês devem entender no final desse primeiro livro.

- Não me diga que ele...

- Eu não ia dizer mesmo que estivesse certo – disse Clarisse.

 

A despeito disso tudo, eu gostava do acampamento. Eu me acostumei com a neblina matinal sobre a praia, com o cheiro dos campos de morangos à tarde e até com os ruídos esquisitos dos monstros nos bosques à noite. Eu jantava com o chalé 11, empurrava parte da minha refeição para o fogo e tentava sentir alguma conexão com meu verdadeiro pai. Não vinha nada. Apenas aquela sensação morna que eu sempre tive, a lembrança do seu sorriso. Tentei não pensar demais em minha mãe, mas ficava matutando: se deuses e monstros eram reais, se todas aquelas coisas mágicas eram possíveis, certamente haveria algum jeito de salvá-la, de trazê-la de volta...
 

- Merlin ele quer mesmo reviver a mãe? – disse Pansy – Isso claramente é impossível.

- Será mesmo? – Blazio disse em voz baixa – a magia deles até agora fez muitas coisas impossíveis.

- Não exagera – Draco ergueu a voz – Uma coisa é criar uvas a partir de uma varinha, outra coisa é ressuscitar uma pessoa.

- Ele conseguiu dar vida aquela cabeça de leopardo – disse Crabbe.

- E supostamente curar os Longbottom – disse Goyle.

- Olha vocês estão ficando loucos se acham que eles podem reviver pessoas – disse Theodore – pensem nisso, todos os heróis gregos famosos morreram, se fosse possível ressuscitar pessoas eles seriam imortais.

- Talvez não ressuscitar – disse Blazio – Talvez apenas... Trazer de volta.

- E qual a diferença? – disse Draco em tom de desprezo.

- A diferença é que – o bruxo engoliu em seco – um dos heróis gregos chegou muito perto de fazer isso. Orfeu quase trouxe a sua esposa do mundo dos mortos.

 

Comecei a entender o ressentimento de Luke e como ele parecia magoado com o pai, Hermes. Certo, talvez os deuses tivessem tarefas importantes a fazer. Mas não poderiam fazer uma visita de vez em quando, trovejar ou alguma coisa? Dionísio podia fazer Diet Coke aparecer do nada. Por que meu pai, quem quer que fosse, não podia fazer aparecer um telefone?

 

- Porque isso te mataria – disse Grover.

- Você sabe que eu não preciso de telefone para encontrar monstros – reclamou Percy.

- Telefones podem te matar? – perguntou Astória.

- O que que é um telefone? – Daphne questionou.

- Como assim o que é um telefone? Como vocês mandam mensagens pra uma pessoa quando ela está longe? – disse Annabeth.

- Por uma coruja – disse Luna, o tom de voz e a forma da garota deixou Annabeth confusa se era uma piada ou não.

- Vocês não estão falando sério estão? – disse Percy.

- Infelizmente eles estão – disse Tracey – Bruxos se comunicam por cartas e corujas, eu sei o que vai dizer sobre isso, eu também não entendo como um mundo cheio de magia simplesmente não conseguiu inventar um celular.

- Isso, isso – Grover estava completamente chocado – Quantos dias isso leva?

- Hey usamos corujas treinadas, no máximo um dia para receber uma resposta do outro lado do país. – disse Ernesto – Não entendi qual a graça.

- Trouxas, como vocês chamam, tem um aparelho que pode enviar e receber mensagens do outro lado do mundo em segundos – disse Annabeth.

- O que? – disse Neville – Pensei que trouxas não tinham magia.

- Eu sempre disse a vocês – disse Astória – Trouxas se viraram muito bem sem magia, eles tem coisas que nós bruxos apenas sonhamos em realizar.

Os bruxos da mesa rapidamente iniciaram uma séria discussão, até que o assunto de como um aparelho poderia matar Percy fosse totalmente esquecido.

 

Quinta-feira à tarde, três dias depois de chegar ao Acampamento Meio-Sangue, tive minha primeira aula de esgrima. Todos do chalé 11 se reuniram na grande arena circular, onde Luke seria nosso instrutor.

Começamos com estocadas e cutiladas básicas, usando bonecos recheados de palha com armaduras gregas. Acho que fui bem. Pelo menos entendi o que devia fazer e meus reflexos foram bons.

 

- Esgrima é? – disse Harry se lembrando da cena no museu logo no início – Ele parece ter uma espécie de talento natural para isso

- Bom com certeza ele é ágil e tem bons reflexos vimos isso na luta contra o Minotauro – disse Justino.

- E lembrem-se daquela mostrenga no início, ele a matou em um golpe de espada – disse Hermione – Imagino que seja algo de semideuses?

- Alguns nascem com um certo domínio maior sobre uma arma ou outra, filhos de Apolo são muito bons no arco e flecha, Ares costuma ser bom com quase tudo e uma ou outra arma se destaca, Luke... Coloque uma lança na mão dele e ele nem saberia dizer qual era a ponta, mas com uma espada? Aquele garoto era invencível.

 

O problema era que eu não conseguia encontrar uma lâmina que se adaptasse às minhas mãos. Eram pesadas demais, leves demais ou compridas demais. Luke fez o melhor que pôde para me ajudar, mas concordou que nenhuma das lâminas de prática parecia funcionar para mim.

Passamos adiante, para duelo em duplas. Luke anunciou que seria meu parceiro, já que era a minha primeira vez.

 

- Mais do que justo – disse Rony – Se ele é um iniciante merece um pouco de atenção especial do professor certo?

 Clarisse riu.

- Atenção especial significa que ele vai ser amassado por toda a aula – disse a garota – Não pegamos leve no acampamento, especialmente com novatos, eles precisam aprender a lutar o mais rápido possível se querem sobreviver.

- Isso parece cruel – disse Ana – Mas considerando que ele já teve que lutar contra dois monstros sem nem saber o que ele era então acho que é a escolha certa.

 

– Boa sorte – disse um dos campistas. – Luke é o melhor espadachim dos últimos trezentos anos.

– Talvez ele pegue leve comigo – comentei.

O campista riu, desdenhoso.

Luke me mostrou as estocadas, paradas e defesas com escudo do jeito difícil. A cada golpe eu estava um pouco mais surrado e contundido.
 

- Vocês aprendem sendo espancados? – perguntou Cho.

- Normalmente sim – disse Connor – Mas... Hey mano você acha o mesmo que eu?

- É, agora que estou me lembrando, o Luke parecia mesmo um pouco agressivo demais naquela aula, pelos menos mais agressivo do que ele foi com outros novatos.

- Então o Luke queria mesmo machucar o Percy? – disse Miguel – Mas por quê?

- Longa história – disse Connor suspirando.

Os corvinos se entreolharam esperando, mas logo ficava óbvio que os filhos de Hermes não tinham mais nada a compartilhar.

 

– Mantenha a guarda alta, Percy – dizia ele, e então me atingia com força nas costelas usando a parte chata da lâmina. – Não, não tanto assim! – Plaft! – Ataque! – Plaft! – Agora, recue! – Plaft!

Quando ele pediu um tempo, eu estava empapado de suor. Todos correram para o isopor de bebidas. Luke despejou água gelada em cima da própria cabeça, o que me pareceu uma ótima ideia. Fiz a mesma coisa.
 

- Isso aí não tem nenhuma base científica, ele só estava desperdiçando água – disse Susana.

- Seria apenas desperdício se fosse qualquer outro – riu Clarisse – Mas se tratando do Jackson aquilo é combustível.

- O que? Como assim? – disse Zacarias.

- Eu não estava lá pra ver o que vai acontecer, mas garanto que o mané pode vencer o Luke agora – disse a garota.

 

Na mesma hora me senti melhor. A força percorreu novamente os meus braços. A espada não parecia mais tão difícil de manejar.
– O.k., todo mundo em círculo! – ordenou Luke. – Se Percy não se importar, vou fazer uma pequena demonstração.
Incrível, pensei. Vamos todos assistir enquanto Percy é triturado.

 

O filho de Poseidon cerrou os punhos.

- Sabe o que é pior – ele disse em voz baixa – Alguns meses atrás, quando eu fiz uma visita ao acampamento a pedido do Quíron para ensinar esgrima a alguns novatos, eu ensinei o mesmo movimento que aprendi com Luke nesse dia.

- E o que há de pior nisso? – disse Annabeth – você está trilhando os mesmos passos de um herói.

- Você sabe que preciso concordar – disse Grover – Você aprendeu com ele a sobreviver, e repassou seus ensinamentos para que outros possam viver.

- Vocês estão certos – disse Percy – Eu só... Eu não sei ainda é algo confuso pra mim.

- Você é sempre confuso Cabeça de alga – disse Annabeth antes de beijar o garoto.

 

Os garotos de Hermes se reuniram em volta. Estavam todos contendo o riso. Imaginei que já tinham passado por aquilo e mal podiam esperar para ver Luke me usar como saco de pancadas. Ele disse a todos que ia mostrar uma técnica para desarmar o oponente: como girar a lâmina do inimigo com a parte chata da própria espada para que ele não tenha alternativa a não ser deixar a arma cair.
 

- Pra que ele quer ensinar isso? – disse Clarisse – Quase nunca dá pra fazer isso num combate real e leva muito tempo para dominar, droga ele era bom lutador, mas péssimo professor.

 

– Isso é difícil – enfatizou. – Já usaram contra mim. Não riam de Percy agora. A maioria dos espadachins precisa trabalhar anos para dominar essa técnica.
Ele demonstrou o movimento para mim em câmera lenta. Como previsto, a espada pulou da minha mão.
– Agora, em tempo real – disse ele depois que recuperei minha arma. – Vamos fazer o movimento até que um de nós tenha sucesso. Pronto, Percy?

 

- Ele mal tinha forças para segurar a espada e o garoto quer que ele execute um movimento que leva anos para ser dominado? – disse Pansy – Esse Luke é meio doidinho.

- Olha eu sei que não sou semideus – disse Blazio – Mas qual a utilidade de uma técnica feita para derrubar espadas contra monstros? A menos que você possa arrancar o chifre do minotauro com esse movimento, me parece meio inútil.

- Pode ser só um exercício para que eles mantenham a forma – disse Theodore.

 

Eu assenti, e Luke veio para cima de mim. De algum modo, eu o impedi de golpear o cabo da minha espada. Meus sentidos se aguçaram. Vi seus ataques chegando. Eu rebati. Dei um passo à frente e tentei minha própria estocada. Luke a revidou facilmente, mas notei uma mudança em seu rosto. Seus olhos se estreitaram, e ele começou a me pressionar com mais força.
 

- A água te deu mais forças – disse Luna – como na noite do minotauro.

- Exatamente, sempre que eu estou perto do mar eu posso usar isso para me fortalecer – disse Percy – É melhor com água salgada, mas funciona bem com qualquer tipo.

- Mas não é só um surto de força – disse Astória – Isso não ia te ajudar a superar o Luke que tinha muito mais habilidade.

- É mais como se eu estivesse com adrenalina a flor da pele, meu tempo de reação diminui, eu consigo enxergar mais e melhor, os ataques do Luke pareciam mais lentos nessa batalha do que estavam antes.

- Uau isso deve dar uma dor de cabeça – disse Tracey.

- Só quando dura muito tempo, normalmente eu mato os monstros antes disso.

 

A espada estava pesando em minha mão. Mas equilibrada. Eu sabia que era apenas uma questão de segundos antes que Luke me derrubasse, então decidi: Que se dane!
Tentei a manobra para desarmar.

 

- O famoso poder do botão do “dane-se” – disse Connor.

- É normalmente a gente usa o foda-se, mas acho que o Percy é educado demais, ou as 3 senhoras acham que não somos maduros o suficiente para ouvir um foda-se no livro.

- Ou o professor de vocês pode estar lendo uma palavra com sentido parecido e que seja menos ofensiva – disse Miguel.

- Isso é bem a cara dele – disse Travis – depois perguntamos ao Percy.

- Ou a gente olha no livro – disse Connor se levantando e correndo até Quíron, os passos ecoaram no salão e interromperam a leitura por alguns segundo até que Connor sussurrou algo para Quíron e olhou no livro, abrindo um sorriso e então gritando.

- SIM ELE USOU A F-WORD – Disse Connor.

Os alunos na mesa não conseguiram segurar o riso, os filhos de Hermes eram completamente loucos. Connor voltou correndo a seu lugar e Quíron apenas balançou a cabeça, talvez percebendo que chamar os dois fora um engano.

 

Minha lâmina atingiu a base da de Luke e eu a girei, pondo todo o meu peso em um golpe para baixo.

Plem!

A espada de Luke retiniu contra as paredes. A ponta da minha lâmina estava a dois centímetros do seu peito desprotegido.
 

- Uau – disse Susana – É isso que quis dizer com energia? Ele fica mais forte quando está molhado ou algo assim?

- Faz sentido considerando quem é o pai dele – disse Hermione.

- Espera você sabe quem é o pai dele – disse Harry.

- Eu e o resto do grupo de Corvinal chegamos a uma suspeita bem forte ontem à noite – disse Hermione – Com esse negócio de canoagem e agora essa história de se fortalecer com água eu estou quase certa de que acertamos, alguns comentários de Clarisse também parecem indicar isso.

- E o pai dele é?

Hermione deu um olhar para Clarisse, e então sorriu.

- Não sou uma enciclopédia.

- Sim você é – disse Rony – só está fazendo isso porque a grandona ali não quer contar nada.

- Obrigado – disse Clarisse.

Hermione sorriu, mas não respondeu as dúvidas de seus colegas.

 

Os outros campistas ficaram em silêncio.
Baixei a minha espada.
– Ahn, sinto muito.

 

- Sente muito – exclamou o professor Slughorn – ora esses jovens de hoje em dia, pedindo desculpas por terem aprendido a lição?

- Realmente – disse McGonagall – Não vejo por que eles tem uma mania de se desculpar ao fazer algo bem feito.

- Pelo menos não são como alguns dos nossos que se vangloriem por suas ações. – disse Snape. – Eles sabem o que é humildade.

 

Por um momento, Luke ficou perplexo demais para falar.
– Sinto muito? – Seu rosto marcado abriu-se num sorriso. – Pelos deuses, Percy, você sente muito? Mostre-me aquilo de novo!
Eu não queria. A rápida explosão de energia maníaca me abandonara completamente.
Mas Luke insistiu.

Dessa vez, não houve disputa. No momento em que nossas espadas entraram em contato, Luke atingiu o cabo da minha, que saiu deslizando pelo chão.
 

- Explosão de energia é? – disse Draco – Parece o que ele sentiu com o minotauro.

- Tem que haver algo ligando esses dois momentos.

- A água – disse Pansy – Estava chovendo naquela noite contra o minotauro e agora ele sentiu a força voltando ao corpo quando jogou água gelada no rosto.

- Então água dá poder a ele – disse Theodore – Existia um deus da água que poderia ser pai do Percy?

- Eu lá tenho cara de quem entende de mitologia grega? – disse Blazio – Isso é matéria de estudos dos trouxas ninguém aqui presta atenção.

- Tenho orgulho de dizer que zerei essa matéria em Hogwarts. – disse Pansy.

- Assim como 90% de Sonserina – disse Crabbe.

- O deus com poderes de água era Poseidon o deus dos mares – disse Goyle.

 

Depois de uma longa pausa, alguém do público disse:
– Sorte de principiante?
Luke enxugou o suor da testa. Ele me avaliou com um interesse totalmente novo.
– Talvez – disse. – Mas fico pensando o que Percy poderia fazer com uma espada equilibrada...

 

- Uma espada equilibrada faz tanta diferença assim? – disse Neville.

- Olha esse cálice – Percy pegou um dos copos de prata de Hogwarts – Ele se encaixa quase perfeitamente na mão de todos vocês certo? E por isso vocês conseguem beber sem problemas.

- Não entendi o que o copo tem a ver com a espada – disse Astória.

- Imagina que esse copo tivesse o dobro do tamanho e o dobro do peso, ou que ele simplesmente tivesse muito mais largura e comprimento, é desconfortável usar esse mesmo copo se as coisas saem de um certo equilíbrio – disse Annabeth completando o raciocínio do filho de Poseidon.

- Então usar uma espada desequilibrada é como beber em um copo grande demais? – perguntou Luna – Isso eu consigo entender.

- Se vocês dizem que faz sentido eu acredito – disse Daphne.


Sexta-feira à tarde. Eu estava sentado com Grover perto do lago, descansando de uma experiência quase fatal no muro de escalada. Grover subira até o topo como um bode montanhês, mas a lava por pouco não me atingiu. Minha camisa ficou com buracos fumegantes. Os pelos dos meus antebraços ficaram chamuscados.
 

- Ele realmente tentou escalar aquela monstruosidade – disse Pomona Sprout – Aquilo é claramente suicídio.

- Ele deveria agradecer por apenas perder as roupas – disse Hagrid.

- Não pode ser lava de verdade pode – disse o professor Flitwick – como ela iria chamuscar os pelos do braço e não causa queimaduras de alto grau?

- Talvez devido a quem seja seu pai divino – disse o Professor Beans – Como filho de Poseidon ele talvez possua uma certa resistência ao fogo.

- É uma possibilidade – disse Snape.

 

Sentamo-nos no píer, olhando as náiades que teciam cestos embaixo d’água, até que reuni coragem para pergunta a Grover como tinha sido a conversa com o Sr. D.
Seu rosto assumiu um tom doentio de amarelo.
– Ótima – disse. – Legal mesmo.
– Então sua carreira ainda está nos trilhos?
Ele me lançou um olhar nervoso.
– Quíron c-contou a você que eu quero uma licença de buscador?

 

- Licença de buscador? – sussurrou Padma – buscar o que?

- O deus da natureza – disse Connor – Mas isso é outra longa história sobre a qual não vale a pena conversar agora, honestamente eu nunca entendi muito bem essa obsessão dos sátiros com Pã.

- Bom desde os últimos dois anos eles vem tomando a atitude que nós sempre dissemos que deveriam tomar – disse Travis.

- Deus da natureza? Do que vocês estão falando?

- Resumindo – disse Connor – Existia um deus da natureza chamado Pã, 3000 anos atrás um pescador apareceu e disse para avisar a todos que o deus Pã estava morto, os humanos aceitaram e seguiram com suas vidas, mas os sátiros eram os seguidores mais fervorosos de Pã e eles não acreditaram e passaram os últimos três milênios andando por todos os cantos do mundo atrás de Pã acreditando que ele estava apenas perdido em um algum lugar.

- É isso foi um bom resumo – disse Travis – A história é um pouco mais profunda do que isso, mas todos os sátiros querem procurar Pã, mas para que a espécie não acabasse extinta em sua busca foi criado uma licença de buscador e apenas os mais corajosos e habilidosos a recebem.

 

– Bem... não. – Eu não tinha ideia do que era uma licença de buscador, mas aquele não parecia ser o momento certo para perguntar. – Ele só me disse que você tinha grandes planos, sabe... e que precisava de reconhecimento por completar uma tarefa. Então você conseguiu?
Grover baixou os olhos para as náiades.
– O Sr. D suspendeu o julgamento. Disse que ainda não fracassei nem tive sucesso com você, portanto nossos destinos ainda estão ligados. Se você ganhar uma missão, eu for junto para protegê-lo e nós dois voltarmos vivos, então talvez ele considere a tarefa concluída.
Meu ânimo melhorou.

 

- Ele não ouviu o que Annabeth disse certo? – disse Zacarias – Ninguém ganha uma missão nos últimos dois anos, porque a dariam logo para um novato como Percy.

- Ele com certeza ouviu o que ela disse – Gina se intrometeu – Só não ligou os pontos e percebeu que Grover está em uma situação em que todos os caminhos levam a uma rua sem saída.

- Essa é a descrição perfeita de Nova Roma – sussurrou Clarisse.

- O que você disse? – perguntou Harry – Nova alguma coisa?

- Nada importante – disse a garota logo fechando o rosto e encerrando a conversa.

 

– Bem, isso não é mau, certo?
– Bééé-é-é! Ele poderia igualmente ter me transferido para o serviço de limpeza de estábulos. As chances de você ganhar uma missão... e mesmo se ganhasse, por que haveria de querer que eu fosse junto?

 

- Ele tem um bom ponto – Goyle comentou – Grover já fracassou com ele na hora que importava.

- É, mas claramente Percy não considerou nada daquilo como uma falha – disse Crabbe – talvez até o chamasse para a missão se ele realmente recebesse uma.

 

– É claro que eu ia querer você junto!
Grover continuou olhando melancolicamente para a água.
– Tecer cestas... Deve ser bom ter uma habilidade útil.
Tentei convencê-lo de que ele tinha uma porção de talentos, mas isso só o fez parecer ainda mais infeliz. Conversamos sobre canoagem e esgrima por algum tempo, e então debatemos os prós e os contras dos diferentes deuses. Por fim, perguntei-lhe sobre os quatro chalés vazios.

 

- Finalmente algumas respostas – disse Theodore – de alguém que realmente sabe das coisas – o rapaz deu um olhar de canto para Goyle.

 

– O número 8, o prateado, pertence à Ártemis – disse ele. – Ela jurou ser virgem para sempre. Portanto, é claro, sem filhos. O chalé é honorário, entende? Se ela não tivesse um ficaria zangada.
 

- É alguém que realmente sabe das coisas – disse Goyle em tom de acusação e com um sorriso debochado no rosto.

- Uau – disse Theodore – Ele estava certo sobre uma das deusas que jurou não ter filhos.

- E você estava certo sobre quantas mesmo? – disse Draco – Ah me desculpe, você nem sequer sabia nada sobre a deusa que jurou não ter filhos.

- Malfoy – Nott murmurou em tom de ameaça, imediatamente Pansy, Goyle e Crabbe levaram as mãos as varinhas.

- Algum problema Nott?

 

– Sim, certo. Mas os outros três, os que ficam no fim. São os Três Grandes?
Grover ficou tenso. Estávamos chegando perto de um assunto delicado.
– Não. Um deles, o de número 2, é de Hera – disse ele. – É outra coisa honorária. Ela é a deusa do casamento, portanto é claro que não iria sair por aí tendo casos com mortais. Isso é serviço do marido dela. Quando falamos dos Três Grandes, queremos dizer os três irmãos poderosos, os filhos de Cronos.

 

- Então eu estava certo sobre as duas deusas – disse Goyle – Mas agora resta Poseidon, Zeus e Hades..., mas é estranho só faltam dois chalés, o que significa que Poseidon ou Hades não tem chalé no acampamento.

 

– Zeus, Poseidon e Hades.
– Certo. Você sabe. Depois da grande batalha com os Titãs, eles tomaram o mundo do pai e tiraram a sorte para decidir quem ficava com o quê.

 

- Tiraram a sorte sim – disse Nico – Isso aí foi a maior trapaça que o Olimpo já viu desde sua fundação.

- Preciso concordar – disse Piper.

- Eu adoraria concordar – disse Leo – Mas sei lá, to tentando diminuir minhas chances de morrer eletrocutado. Aí – gritou o filho de Hefesto quando seu holograma era tomado por uma carga elétrica – Droga de baterias.

 

– Zeus ficou com o céu – lembrei. – Poseidon, com o mar, Hades, com o Mundo
Inferior.
– A-hã.
– Mas Hades não tem chalé aqui.
– Não. Também não tem um trono no Olimpo. Ele, bem, fica na dele lá embaixo no Mundo Inferior. Se tivesse um chalé aqui... – Grover estremeceu. – Bem, isso não seria agradável. Vamos deixar assim.

 

- EU PEÇO DESCULPAS POR TER PENSADO ASSIM NO PASSADO – gritou Grover atraindo a atenção do público, mas após isso ele se manteve calado.

 

- Me lembrem de amaldiçoar a alma do Grover – disse Nico.

- Ele não tem uma alma – disse Thalia.

- É eu sei disso – Nico disse sorrindo de forma travessa.

- Você não está ressentido com o acampamento está? – disse Will.

- O antigo eu ficaria – disse o garoto – Mas eu entendo que vocês superaram seus preconceitos.

- Ainda bem que não nos odeia Nico – disse Lou Ellen jogando um biscoito para o garoto.

 

– Mas Zeus e Poseidon... os dois tinham zilhões de filhos nos mitos. Por que os chalés deles estão vazios?
Grover se balançou de um casco para outro, pouco à vontade.
– Há cerca de sessenta anos, depois da Segunda Guerra Mundial, os Três Grandes combinaram que não iriam procriar mais nenhum herói. Os filhos deles eram poderosos demais. Estavam interferindo muito no curso dos eventos humanos, causando muitas carnificinas. A Segunda Guerra Mundial, sabe, foi basicamente uma luta entre os filhos de Zeus e Poseidon, de um lado, e os filhos de Hades do outro. O lado vencedor, Zeus e Poseidon, obrigou Hades a fazer um juramento junto com eles: nada de casos com mulheres mortais. Todos juraram sobre o rio Estige.

 

- É tão irônico que Hades tenha sido forçado a esse juramento e seja o único que não o quebrou – disse Miranda, filha de Deméter.

- É, mas não é como se ele precisasse – disse Thalia – Ele já tinha um herói preparado para salvar o mundo – disse a morena esfregando os cabelos de Nico di Angelo. – Zeus e Poseidon tiveram que se esforçar para conseguir seus próprios filhos. Acho que só Poseidon teve sucesso.

- Tá falando de que?

- Eu só to pensando – disse a garota – Você e o Percy são bem mais poderosos que eu.

- Eu nunca consegui te vencer numa briga – disse o garoto.

- É, mas eu não tenho chance se você usasse seus poderes – disse a filha de Zeus – acho que eu preciso crescer um pouquinho mais.

 

Um trovão.
– Esse é o juramento mais sério que se pode fazer – disse eu.
Grover assentiu.
– E os irmãos mantiveram a palavra, sem filhos?
O rosto de Grover se anuviou.

 

- Acho que isso é um não – disse Neville.

- É isso é um não – disse Percy – Thalia Grace, nasceu cinco anos antes de mim – disse o filho de Poseidon. – Mas digamos que ela não teve a mesma sorte que eu.

- Ela morreu?

- É digamos que entrou em estado vegetativo – Annabeth completou.

- Isso é terrível – disse Astória – então ela está em coma?

- Não exatamente – Grover riu – Vocês vão entender.

 

– Há dezessete anos, Zeus retornou aos maus hábitos. Havia uma estrela de tevê com um penteado alto e armado, estilo anos 80... Ele simplesmente não conseguiu evitar. Quando o bebê nasceu, uma menininha chamada Thalia... Bem, o rio Estige é sério no que diz respeito a promessas. Zeus se safou com facilidade porque é imortal, mas causou um destino terrível para sua filha.
– Mas isso não é justo! Não foi culpa da menininha.
Grover hesitou.

 

- Até parece que ele realmente acha que foi culpa dela – disse Terêncio.

- Não, Grover mais do que ninguém nunca culparia Thalia – disse Travis – Vocês vão entender por que ele hesita em falar de culpa.

- Não me diga que Grover encontrou Thalia – disse Cho.

- Uau – disse Miguel – Nós já sabemos que Grover falhou uma vez em levar um meio-sangue ao acampamento, sabemos que era uma mulher. Poderia ser ela.

- Cara – disse Connor – Eu to me sentindo no meio da mesa do chalé 6.

- É escolhemos a mesa certa pra sentar, não precisamos explicar a história eles criam ela sozinhos.

 

– Percy, os filhos dos Três Grandes são mais poderosos que os outros meios-sangues. Eles têm uma aura forte, um odor que atrai monstros. Quando Hades descobriu a respeito da criança, não ficou muito feliz com o fato de Zeus ter quebrado o juramento. Hades libertou os piores monstros do Tártaro para atormentar Thalia. Um sátiro foi designado para ser guardião dela quando completou doze anos, mas não havia nada que pudesse fazer. Ele tentou escoltá-la para cá com outros meios-sangues com quem ela fizera amizade. Eles quase conseguiram. Chegaram até o topo da colina.
 

- Uau eles escaparam por muito pouco – disse Rony.

- Nem todos eles – disse Clarisse.

- O que quer... – Hermione começou, mas sabia que Clarisse não iria responder.

 

Ele apontou para o outro lado do vale, para o pinheiro onde eu enfrentara o Minotauro.

– As três Benevolentes estavam atrás deles com um bando de cães infernais. Estavam quase sendo alcançados quando Thalia disse a seu sátiro que levasse os outros dois meios-sangues para um lugar seguro enquanto ela tentava conter os monstros. Estava ferida e cansada, e não desejava viver como um animal caçado. O sátiro não queria deixá-la, mas não conseguiu fazê-la mudar de ideia e tinha de proteger os outros. Assim, Thalia defendeu-se no final sozinha, no topo daquela colina. Quando ela morreu, Zeus se apiedou dela. Transformou-a naquele pinheiro. Seu espírito ainda ajuda a proteger as fronteiras do vale. É por isso que a colina é chamada Colina Meio-Sangue.
 

Hogwarts se manteve em silêncio absoluto, mesmo os professores não tinham palavras para comentar o quão nobre fora a ação da garota, alguns logo trocaram sua surpresa por raiva, porque Thalia tivera de ser punida pelos erros cometidos por Zeus?

- Por Thalia Grace – disse Percy erguendo seu cálice já vazio – Que sua coragem inspire aos bruxos tanto quanto inspira aos meio-sangues.

Muitos hesitaram em seguir um brinde iniciado por Percy Jackson, mas o primeiro fora ninguém menos que Susana Bones.

- Que os erros de um pai... ou avô – disse a garota – não sejam colocados nos ombros de seus descendentes.

Harry hesitou, mas quando toda sua mesa erguia os cálices ele se sentiu culpado por estar julgando Thalia apenas porque ela tinha uma origem semelhante à de Percy, o rapaz ergueu seu cálice junto com o restante do salão e dos professores.

 

- Cara eles vão ficar tão chocados – Disse Pollux olhando para Thalia que escondia seus olhos com a mão – Todo mundo acha que você morreu e você vai entrar lá chutando a porta.

- Não quem chutou a porta foi a Clarisse – disse a morena – Eu vou entrar rodeada por raios ou coisa assim, gritar com voz de trovão “EU SOU THALIA GRACE, FILHA DE ZEUS” ou algo desse tipo.

- Você é louca – disse Leo – Quer ajuda?

- Sempre aceito ajuda do meu mecânico favorito.

- Ownt me sinto amado – disse o garoto com um sorriso travesso.

- Vou contar a Calipso – disse Piper.

- Vou explodir outra bomba de esterco no seu chalé se fizer isso. – disse o garoto, só então percebendo que havia confessado seu crime.

- FOI VOCÊ – disse a garota imediatamente saltando da almofada em que se sentava e correndo atrás do Valdez pelo salão.

 

Olhei para o pinheiro distante. A história me fez sentir oco, e culpado. Uma menina da minha idade se sacrificara para salvar os amigos. Enfrentara todo um exército de monstros. Perto disso, minha vitória sobre o Minotauro não parecia grande coisa. Perguntei a mim mesmo se agindo diferente poderia ter salvado minha mãe.
– Grover, os heróis realmente partiram em missões para o Mundo Inferior?
– Algumas vezes – disse ele. – Orfeu. Hércules. Houdini.

 

- Houdini? – disse Tracey – esse não era aquele trouxa que vivia fazendo shows fugindo de prisões impossíveis?

- Ele mesmo – disse Grover – Mas ele não era trouxa, era filho de Hermes, não existe fechadura que ele não pudesse arrombar, e ele tinha uma habilidade misteriosa de teletransporte, algo do tipo “eu sempre chego onde quero se souber o caminho” é o que diz no diário dele.

- Espera vocês tem o diário do Houdini? – disse Astória – Como conseguiram isso?

- É um tipo de relíquia do acampamento, os filhos de Hermes cuidam desse diário com muito carinho.

- Eu nunca vi esse diário – disse Percy.

- Bom ele ficava no sótão até que você sabe o que aconteceu com os indeterminados e abriu espaço para decoração no chalé de Hermes – disse Annabeth – Sério eles tem uma espécie de altar para o Houdini, digo, Luke era talentoso, mas esse cara é uma lenda entre os filhos de Hermes, ele é tipo o George W. Bush para os filhos de Atena.

- George Bush era filho de Atena – Disse Tracey – Uau isso explica algumas coisas.

 

– E chegaram a trazer alguém de volta da morte?
– Não. Nunca. Orfeu chegou perto... Percy, você não está pesando mesmo em...
– Não – menti. – Estava só imaginando. Então... um sátiro é sempre designado para guardar um semideus?
Grover me estudou cauteloso. Eu não o tinha convencido de que desistira da ideia do Mundo Inferior.

 

- É claro que não o convenceu – disse Pansy – digo quem pergunta sobre trazer pessoas de volta do Mundo Inferior?

- Mais importante – disse Draco – Hey Zabini, você já tinha falado desse Orfeu, o que sabe sobre ele.

- Ah, acho que foi uma das poucas histórias que eu ouvi na aula de estudo dos trouxas, acabou me deixando curioso pra saber o que será que Orfeu viu.

- Explique-se – disse Theodore.

- Orfeu conhecia uma moça, não lembro o nome, mas eles iam se casar e ela acabou morrendo de algum jeito. Orfeu não aceitou muito bem e foi até o Mundo Inferior implorar para que o Hades o deixasse trazer sua esposa de volta dos mortos. – Explicou o garoto lentamente enquanto tentava se lembrar da história – Hades permitiu, mas Orfeu teve que fazer uma promessa de não olhar para trás até que ele e a esposa estivessem no mundo superior, mas ele não cumpriu esse acordo e olhou para trás, ele viu quando o espírito de sua esposa desapareceu bem em sua frente e dessa vez seria para sempre. – Ele respirou profundamente e olhou para os colegas – É isso que eu quis dizer com “trazer alguém de volta” ser diferente de “ressuscitar”, Orfeu não podia ressuscitar a esposa, mas se o Mundo Inferior é um lugar físico então é possível tirar alguém de lá.

- Quer dizer que ele pode mesmo trazer a mãe de volta a vida? – perguntou Pansy – Isso é loucura.

 

– Nem sempre. Vamos disfarçados para uma porção de escolas. Tentamos farejar os meios-sangues que tenham atributos de grandes heróis. Se encontramos um com uma aura muito forte, como uma criança dos Três Grandes, alertamos Quíron. Ele tenta ficar de olho neles, já que podem causar problemas realmente enormes.
 

- É ele com certeza causava problemas grandes – disse Harry – Explodindo um ônibus, derrubando a turma num aquário.

- Harry – Hermione reclamou.

- Hey eu não disse que é culpa dele, mas de alguma forma ele estava envolvido com esses problemas – disse Harry.

- Agora que falou isso – disse Hermione – por que um canhão estaria carregado no meio de uma excursão escolar em uma área em que uma criança poderia ter acesso? E ainda apontando para a rua onde deveriam ter várias pessoas transitando?

- O que quer dizer?

- Tem mais uma coisa – disse Hermione – E por que havia uma alavanca que poderia soltar litros de água em cima dos visitantes em um aquário? E novamente em um local que era acessível a crianças e sem supervisão?

- Vocês finalmente entenderam? – disse Clarisse – Eu não sei o que eram, mas claramente Percy não deveria ter sido capaz de causar nenhum daqueles acidentes por si só, a menos que alguém ou alguma coisa estivesse armando para que ele fosse culpado por estes dois casos.

- Então ele não explodiu o ônibus? – disse Gina.

- Acho que faz sentido – disse Harry – Parando pra pensar eu só assumi que ele tivesse disparado o canhão, não parei para pensar que ele nem se quer deveria estar carregado para começar... É acho que eu também o julguei cedo demais.

 

– E você me encontrou. Quíron disse que você achava que eu poderia ser algo especial.
Grover soou como se eu acabasse de atraí-lo para uma armadilha.
– Eu não... Ora, escute, não pense assim. Se você fosse... você sabe... jamais lhe permitiriam uma missão, e eu jamais teria a minha licença. Você provavelmente é filho de Hermes. Ou talvez até de um dos deuses menores, como Nêmesis, a deusa da vingança. Não se preocupe, tá?

 

- É esse tipo de pensamento que gerou todos aqueles problemas – disse Damien White.

- Não começa – Chiara Benvenuti, conselheira do chalé 19 Tique deu um soco no peito do namorado.

- Au, eu só disse que isso não é justo, Nêmesis é uma deusa tão importante quanto.

- Não começa – a garota o encarou com um olhar sério.

- Ok Lucky, calei a boca – disse o garoto.

 

Percebi que ele estava tentando tranquilizar mais a si mesmo que a mim.

Naquela noite após o jantar havia muito mais agitação que de costume. Finalmente, era hora da captura da bandeira.

 

- Então como exatamente esse jogo funciona? – perguntou Harry.

- O acampamento se divide em dois times – disse Clarisse – Normalmente os conselheiros lideres formam alianças negociando benefícios como horários nos banheiros, trabalho na cozinha, limpeza, tempo de prática com monstros, e coisas desse tipo – disse Clarisse – No fim cada time carrega uma bandeira e a esconde no bosque seguindo algumas regras que vocês vão ouvir no livro.

- Então o objetivo é capturar a bandeira inimiga e trazer para seu lado do campo certo? – disse Gina – Parece tão simples.

- E é simples, mas isso nos ajuda a treinar para um combate real – disse Clarisse – Nos ensina a ficar alertas o tempo todo, a lutar em desvantagem numérica e outras coisas assim.

- Parece divertido – disse Justino.

- É bem legal – disse Clarisse.

 

Quando os pratos foram levados embora, a trombeta de caramujo soou e todos nos postamos junto às nossas mesas.
Os campistas gritaram e aplaudiram quando Annabeth e dois de seus irmãos entraram correndo no pavilhão, carregando um estandarte de seda. Tinha cerca de três metros de comprimento, reluzindo em cinza, com a pintura de uma coruja em cima de uma oliveira. Do lado oposto do pavilhão, Clarisse e as amigas entraram correndo com outro estandarte, de tamanho idêntico, mas vermelho-brilhante, com a pintura de uma lança sanguinolenta e uma cabeça de javali.

 

- Uau isso de alguma forma me lembra as imagens do coliseu naqueles filmes – disse Astória olhando para Tracey.

- Eu sei, e isso só reforça como esse pessoal realmente são filhos dos deuses gregos – disse a garota.

- Do que estão falando? – disse Daphne – O que são filmes?

- AH NÃO – disse Percy em voz alta – Escutem aqui vocês todos, eu aceito não conhecerem celulares, mas se me disserem que ninguém aqui nunca assistiu Vingadores: Ultimato então as coisas vão ficar sangrentas.

- Cara que filme – disse Grover.

- Uma obra de arte – disse Annabeth – Uma pena que a Marvel nunca vai conseguir superar o que eles fizeram na cena dos portais, digo... Aquilo foi o ápice do épico.

- Eu confio na Disney para se superar nos próprios filmes – disse Percy, mas então ele parava e respirava – quem eu quero enganar aquilo foi o auge do cinema, nada vai se equiparar aquilo.

- Eu nem sei do que estão falando – Neville mordeu os lábios.

 

Virei-me para Luke e gritei por cima do barulho:

– Aquelas são as bandeiras?
 

- Não Percy – disse Grover – Aquelas são as facas de manteiga que usamos no jantar.

- Cala a boca menino bode – respondeu o rapaz de olhos verdes.

 

- Como alguém pode ser tão lerdo? – disse Hermione.

- Agora entendeu por que eu o chamo de Mané? – disse Clarisse, sorrindo.

- Porque você o odeia – respondeu Harry em voz baixa.

- Também.

 

– Sim.
– Ares e Atena sempre lideram as equipes?

 

- Agora essa é uma pergunta interessante – disse Padma – São os dois deuses da guerra certo? Faz sentido que sejam sempre eles.

- Faria sentido, mas não é assim que acontece – disse Travis – Atena e Ares são os chalés que mais conquistam as bandeiras, mas sempre que um outro chalé consegue roubá-la, como o Chalé 11, de Hermes, por exemplo, então uma das equipes é liderada por Hermes.

- Faz sentido, mas isso não dá uma vantagem injusta aos chalés com mais membros? Digo vocês tem mais chances de conseguir uma bandeira – questionou Terêncio.

- Normalmente sim – disse Connor – Mas não quando se está lutando contra Ares ou Atena, são alguns dos melhores lutadores do acampamento por uma larga vantagem, e mesmo que Clarisse não seja a melhor estrategista do mundo eles tem ajuda de outros chalés para sua defesa. É sempre complicado arrancar a bandeira de Ares ou Atena.

 

– Nem sempre – disse ele. – Mas frequentemente.
– Então, se um outro chalé capturar uma delas, o que vocês fazem, pintam de novo a bandeira?
Ele sorriu ironicamente.
– Você vai ver. Primeiro temos de conseguir uma.

 

- Eles devem ter algum encantamento de transfiguração – disse Pansy enquanto agitava a varinha e transformava um dos cálices em um estandarte semelhante ao que o livro descrevera nas mãos de Annabeth.

- Comparado a tudo que eles já fizeram um encantamento de transformação é algo que conseguimos entender – completou Blazio – Mas conhecendo eles pode ser que a bandeira só comece a arder em chamas e uma nova apareça no lugar.

- Isso poderia ser considerado como um feitiço de transfiguração? – perguntou Crabbe.

- Acho que fica mais próximo de conjuração do que de transfiguração – respondeu Goyle – Mas as duas coisas teriam o mesmo princípio então qual a diferença.

 

– De que lado nós estamos?
Ele me deu uma olhada astuta, como se soubesse algo que eu não sabia. A cicatriz em seu rosto o fazia parecer quase mal à luz das tochas.

 

- Uau – exclamou Percy – Droga ele sabia qual era seu plano, não é?

- É claro que ele sabia, quem foi que te mandou para a patrulha da fronteira em primeiro lugar? – respondeu Annabeth.

- Luke seu desgraçado – Percy mordeu os lábios e sorriu, mas novamente seus olhos demonstravam um certo peso e ressentimento.

 

– Fizemos uma aliança temporária com Atena. Esta noite, tiraremos a bandeira de Ares. E você vai ajudar.
As equipes foram anunciadas. Atena tinha feito uma aliança com Apolo e Hermes, os dois chalés maiores. Aparentemente, haviam trocados privilégios – horários de chuveiro, escala de deveres, as melhores posições nas atividades – a fim de ganhar apoio.

 

- Inteligentes – disse Miguel – Eles pretendiam jogar na vantagem numérica ou algo assim?

- Pelo contrário – riu Connor.

- Não entendi – Antonio questionou – Se eram os dois chalés maiores então... Espera não me diz que.

- Eram só os dois chalés maiores – disse Cho atônita – 3 chalés contra 5? Isso nem chega a ser justo.

- Hermes era um chalé bastante disputado na época – disse Travis – Não abrigávamos apenas filhos de Hermes, mas também filhos de deuses menores, tínhamos muitos semideuses com poderes incomuns e únicos no acampamento.

- O nosso chalé era de longe um dos mais poderosos do acampamento naquela época se alguém fosse capaz de nos organizar, o que era impossível já que quase todo mundo se odiava por causa do quão apertado era o chalé – Connor completou – Mas Annabeth era uma líder de primeira, ela conseguia nos organizar bem e por isso vencíamos em algumas vezes.

 

Ares tinha se aliado a todos os outros: Dionísio, Deméter, Afrodite e Hefesto. Pelo que eu tinha visto, os campistas de Dionísio eram na verdade bons atletas, mas havia apenas dois deles. Os de Deméter tinham ligeira vantagem em habilidades na natureza e atividades ao ar livre, mas não eram muito agressivos. Com os filhos e filhas de Afrodite eu não estava muito preocupado. Eles, na maioria das vezes, esperavam sentados todas as atividades acabarem e iam conferir seus reflexos no lago, penteavam os cabelos e fofocavam. Os de Hefesto não eram bonitos, e havia apenas quatro deles, mas eram grandes e corpulentos de tanto trabalhar na oficina de metais o dia inteiro.
 

- Apenas dois é – disse Pollux com um sorriso fraco e então puxou uma foto de sua carteira onde se via junto a outro garoto de aparência idêntica, os dois se abraçavam e sorriam enquanto o garoto da esquerda tinha o braço esticado para tirar a foto, apenas Pollux sabia que ele era o irmão a direita.

- Sabe estou realmente começando a me sentir irritada – disse Miranda, a conselheira de Deméter estava pensando sobre a irmã Meg McCaffrey e como a garota, mesmo sendo mais jovem era tão mais poderosa e habilidosa. – Acho que o Chalé 4 vai começar uma sensação de treinamento intensivo quando isso tudo acabar.

- Aceitam parceiros? – disse Piper – Eu sei que meus irmãos não são muito competitivos, mas estão começando a ferir o orgulho da minha mãe durante essa leitura e estamos apenas no primeiro livro.

- Não sei do que estão reclamando ele só disse a verdade – Leo comentou.

- Você não podia ser mais diferente dos seus irmãos. – disse Pollux, lembrando-se de Nyssa, Beckendorf e Jake Mason, todos grandes e fortes enquanto Leo parecia mais com um filho de Hermes.

- Hey – disse o garoto puxando uma dúzia de porcas e parafusos de seu cinto – Eles são ferreiros, eu sou um mecânico, as duas coisas não são nenhum pouco parecidas. Além do mais eu ganhei bastante massa muscular nos últimos meses.

- “Bastante” – Thalia logo ergueu a camisa do garoto apenas para comprovar que Leo continuava tão magro quanto sempre foi – É Leo, se parasse de comer esses tacos talvez tivesse alguma chance.

 

Poderiam ser um problema. Com isso, é claro, restava o chalé de Ares: uma dúzia dos maiores, mais feios e mais perversos garotos e garotas de Long Island, ou de qualquer outro lugar no planeta.
 

- Se eu soubesse que pensava isso teria pegado leve no riacho – gritou Clarisse.

- Você sabe o que aconteceu mesmo pegando pesado – retrucou Percy com um sorriso torto, que fez a garota espumar.

 

Quíron bateu o casco no mármore.
– Heróis! – anunciou. – Vocês conhecem as regras. O riacho é o limite. A floresta inteira está valendo. Todos os itens mágicos são permitidos. A bandeira deve ser ostentada de modo destacado e não deve ter mais de dois guardas. Os prisioneiros podem ser desarmados, mas não podem ser amarrados ou amordaçados. Não é permitido matar nem aleijar. Servirei de juiz e médico do campo de batalha. Armem-se!

 

- Quíron pode atender toda a floresta sozinho? – perguntou Susana – Digo vão ter confrontos em vários lugares certos?

- Nunca montaram em um centauro certo? – perguntou Clarisse, logo recebendo a resposta negativa dos bruxos, para sua surpresa Harry Potter foi quem deu uma resposta diferente.

- Eu já – disse o garoto de óculos – Eles não se movem de forma normal. É quase como se um passo cruzasse dezenas de metros.

- Exatamente – disse Clarisse – Quíron pode cruzar a floresta em pouco mais de um minuto se assim desejar.

- Mas o que ele faz no caso de um ferimento que exija muito tempo para ser tratado? – Zacarias foi quem perguntou.

- Ele leva o ferido para os sátiros que aplicam os primeiros socorros – disse a garota – mas a maioria das feridas pode ser curada apenas com ambrosia e néctar.

 

Ele estendeu as mãos e as mesas subitamente se cobriram de equipamentos: capacetes, espadas de bronze, lanças, escudos de couro de boi recobertos de metal.
– Uau! – falei. – Temos mesmo que usar isso?

 

- É claro que sim – disse Minerva – Está partindo para um combate sem o equipamento adequado, quanta insolência.

- Acalme-se Minerva é apenas um garoto de 12 anos – disse Pomona.

- Ainda assim é muita falta de cuidado – a professora olhava de canto para Quíron, desaprovando que crianças tivessem acesso a armas tão perigosas

 

Luke olhou para mim como se eu estivesse louco.
– A não ser que você queira ser espetado pelos seus amigos do chalé 5. Aqui... Quíron achou que estes devem lhe servir. Você ficará na patrulha da fronteira.
Meu escudo era do tamanho de uma tabela de basquete da NBA, com um grande caduceu no meio. Pesava cerca de um milhão de quilos. Eu poderia muito bem usá-lo como prancha de snowboard, mas tinha esperanças de que ninguém tivesse expectativas reais de que eu corresse com aquilo. Meu capacete, como todos os capacetes do lado de Atena, tinha um penacho de crina azul no topo. Ares e seus aliados tinham penachos vermelhos.

 

- Então aquele negócio de equilíbrio também se aplica a escudo?

- Tudo deve ser equilibrado – disse Percy, imitando uma voz rouca.

- Você é um péssimo Thanos – disse Astória – Mas eu entendi a referência.

- Eu gosto cada vez mais dessa menina, ela entendeu a referência – disse Percy sorrindo enquanto Annabeth girava os olhos e os outros bruxos se olhavam confusos.

 

Annabeth gritou:
– Equipe azul, para frente!
Aplaudimos e agitamos nossas espadas, e a seguimos para baixo pelo caminho para os bosques do sul. A equipe vermelha gritou nos provocando enquanto seguia em direção ao norte.

 

- Aposto que ele não agitou a espada – disse Clarisse – Eu lembro até hoje que ele mal conseguia ficar em pé usando a armadura.

 

Consegui alcançar Annabeth sem tropeçar em meu próprio equipamento.
– Ei!
Ela continuou marchando.

 

- O que ele esperava que ela parasse para falar sobre o clima? – perguntou Blazio.

- Acho que ele só esperava um comprimento – disse Pansy.

 

– Então, qual é o plano? – perguntei. – Tem alguns itens mágicos para me emprestar?

A mão dela se desviou para o bolso, como se estivesse com medo de que eu roubasse alguma coisa.
 

- Será que ela pensava que ele podia ser filho de Hermes? Afinal ele é o deus dos ladrões – disse Theodore.

- Talvez, baseado nas habilidades que ele demonstrou, ele realmente parece com o que Luke disse, um pau para toda obra – disse Goyle.

Malfoy não disse nada, mas nesse momento ele sentia uma verdadeira raiva por Percy, o neto do Lorde das Trevas não deveria ser um faz tudo, o loiro se sentia injustiçado por todo seu esforço ao longo dos anos para ser um bruxo reconhecido enquanto Percy que deveria ter passado pelo mesmo esteve apenas sendo expulso de escola em escola.

 

– Só digo para ter cuidado com a lança de Clarisse. Você não vai querer que aquela coisa toque em você. Fora isso, não se preocupe. Vamos tomar a bandeira de Ares. Luke determinou sua tarefa?
– Patrulha de fronteira, seja lá o que isso for.
– É fácil. Fique junto ao riacho, mantenha os vermelhos longe. Deixe o resto comigo. Atena sempre tem um plano.

 

- Droga se eu já soubesse sobre o rosto de “nunca aposte contra Annabeth” – disse Percy.

- Annabeth vai te usar de isca, não é? – disse Ernesto.

- Clarisse com certeza quer sua cabeça e vai ir direto pra você e ignorar o resto – disse Neville.

- Era tão óbvio e eu não percebi? – questionou Percy.

- Olha Percy se serve de consolo – disse Daphne – Eu só percebi por que você parece mesmo incomodado com algo que Annabeth fez naquela noite.

- Mas sim – disse Luna – Acho que você poderia ter percebido se pensasse um pouco melhor.

 

Ela seguiu adiante, me deixando na poeira.
– Certo – murmurei. – Fico contente por me querer na sua equipe.
Era uma noite quente, úmida e grudenta. Os bosques estavam escuros, com vaga-lumes aparecendo e sumindo. Annabeth me designou para um pequeno regato que rumorejava por cima de algumas pedras, depois ela e o restante da equipe se espalharam entre as árvores. Ali sozinho, com meu grande capacete de penacho azul e meu enorme escudo, me senti um idiota. A espada de bronze, como todas as espadas que eu experimentara até então, parecia mal equilibrada. O cabo de couro pesava em minha mão como uma bola de boliche.

 

- Ficar junto ao riacho – disse Terêncio – Será que Luke também percebeu que o Percy ficou mais forte depois de se molhar?

- Não ele não percebeu – disse Connor – Foi mera coincidência, aquela era a melhor posição para o Percy no plano de Annabeth, mas que bom que ele estava lá, sem a água talvez as coisas acabassem terminando bem feias naquela noite.

- Nem me lembre daquilo – disse Travis sentindo um calafrio ao lembrar de como o cão infernal feriu Percy naquela noite.

 

Não havia como alguém me atacar de verdade, não é? Quer dizer, o Olimpo tinha de ter responsabilidade, certo?
 

A Sala Precisa explodiu em risadas.

- Cara, eu sinto falta de quando tinha essa inocência em pensar que algum dos nossos pais sabia o que era responsabilidade – disse Will Solace.

- Olha se com responsabilidade vocês falam sobre serem presentes – disse Pollux – Eu garanto que ver eles todo dia não melhora muito a relação.

- Sim, mas o seu pai é o Sr. D – disse Butch, filho de íris – Ele vivia com raiva de todos nós por causa da punição, se fosse um caso diferente, talvez as coisas não fossem desse jeito para você e ele.

 

Longe, a trombeta de caramujo soou. Ouvi brados e gritos nos bosques, metais chocando-se, gente lutando. Um aliado de Apolo de penacho azul passou por mim correndo como um cervo, pulou o regato e desapareceu em território inimigo.
Essa é boa, pensei. Vou ficar de fora da diversão, como sempre.

 

- Não que seja uma coisa ruim afinal ele não sabia lutar – disse Harry – Quem dera eu pudesse ter ficado fora da “diversão” nos últimos 5 anos.

- Não fique nervoso – disse Clarisse – Se um herói não vai a festa, então a festa vai até o herói.

- Você estava armando uma armadilha para ele não é – disse Justino – Você queria muito pegar ele.

- Ah com certeza eu queria, aquela coisa do banheiro ainda estava e enlouquecendo – disse Clarisse – Na verdade ela ainda me irrita muito.

 

Então ouvi um som que me deu um calafrio na espinha, um rosnado canino grave em algum lugar por perto.
Ergui o escudo instintivamente; tinha a sensação de que alguma coisa estava me espreitando.

 

Hogwarts se calou, todos se lembravam de que haviam monstros na floresta.

 

Então o rosnado parou. Senti a presença recuando.
Do outro lado do regato, a vegetação rasteira explodiu. Cinco guerreiros de Ares saíram gritando e berrando da escuridão.

 

- Então o rosnado eram os guerreiros? – perguntou um aluno.

- Não seja burro, os guerreiros vieram do outro lado do rio. – disse outro.

- Eu não entendi tem um monstro escondido por perto?

- Eles vão parar os jogos se um monstro for encontrado?

 

– Acabem com o Mané! – berrou Clarisse.
Seus olhos feios de porco faiscaram nas fendas do capacete. Ela brandiu uma lança de um metro e meio de comprimento, a ponta de metal farpado lançando chispas de luz vermelha. Seus irmãos só tinham espadas de bronze comuns – não que isso me fizesse sentir melhor.
Eles atacaram cruzando o regato. Não havia ajuda à vista. Eu podia correr. Ou podia me defender contra a metade do chalé de Ares.

 

- Com certeza se defender contra o chalé parece a escolha certa – disse algum aluno em uma mesa próxima a de Percy.

- Exatamente meu querido – respondeu Percy – Uma pena que eu era muito ruim na parte de “defender”.

 

Consegui me esquivar do golpe do primeiro garoto, mas aqueles caras não eram estúpidos como o Minotauro. Eles me cercaram, e Clarisse investiu contra mim com sua lança. Meu escudo desviou a ponta, mas senti um formigamento doloroso em todo o corpo. Meus cabelos se eriçaram. O braço que segurava o escudo ficou dormente e o ar queimou.

Eletricidade. Aquela lança estúpida era elétrica. Eu recuei.
 

- Isso é injusto – disse Hermione olhando para Clarisse – 5 contra 1? E ele ainda era um novato.

- Hey sabe-tudo conhece a seleção natural? Os fracos morrem e viram alimento para os fortes – disse Clarisse – Se ele matou o minotauro deveria ser capaz de lidar com alguns campistas, eu chamei meus 4 melhores guerreiros para garantir que ia conseguir lidar com ele.

- Então estava com medo do Percy? – disse Rony.

- Eu não tenho medo de ninguém – a morena mordeu os lábios – Eu tenho respeito, ele matou o minotauro, e depois fez aquilo com o banheiro sem nem se cansar, eu sabia que ele era poderoso.

 

Outro cara de Ares me golpeou no peito com a parte mais grossa da espada e eu caí. Eles podiam ter me chutado até eu virar geleia, mas estavam muito ocupados rindo.
– Façam um corte no cabelo dele – disse Clarisse. – Agarrem o cabelo dele.
Consegui me pôr de pé. Ergui a espada, mas Clarisse a jogou violentamente para o lado com sua lança, e fagulhas voaram. Agora meus braços estavam dormentes.

 

Hogwarts olhava de canto para Clarisse, todos considerando aquilo como covardia da garota.

- Não conseguiu ganhar no 3 contra 1 e veio com 5 – murmurou um aluno.

- Ele é o neto de Você-Sabe-Quem e a outra é que não tem uma gota de dignidade.

- Covarde, medo de enfrentar o garoto sozinha?

- Eu sei que é o neto de Você-Sabe-Quem, mas isso é ridículo.

 

– Ah, uau! – disse Clarisse. – Estou com medo desse cara. Realmente apavorada.

– A bandeira está para lá – disse a ela. Queria parecer zangado, mas acho que não consegui.

– É – disse um dos irmãos dela. – Mas, veja bem, nós não nos importamos com a bandeira. A gente se importa com um cara que fez o pessoal do nosso chalé de idiota.

– Vocês não precisam de mim para isso. – Provavelmente não foi a coisa mais esperta a dizer.
 

- Perco os dentes, mas não perco a piada – gritou Percy, sendo acompanhado por alguns alunos de Hogwarts com risos e gritos de guerra.

- Você não cresceu nada nesses 5 anos – riu Grover.

- Por que o riacho não te protegeu como antes? – perguntou Luna.

- Porque eu não sabia que ele podia me ajudar – disse Percy – No banheiro foi uma coisa meio do momento, mas eu não fazia ideia de como ativar aquilo.

 

Dois deles vieram para cima de mim. Recuei em direção ao regato, tentei erguer meu escudo, mas Clarisse era muito rápida. Sua lança me pegou bem nas costelas. Se eu não estivesse usando uma armadura blindada, teria virado churrasco no espeto. Do jeito que foi, a ponta elétrica quase fez meus dentes saltarem da boca com o choque. Um de seus colegas de chalé desferiu a espada contra o meu braço, fazendo um bom talho.
 

- Já chega – disse Minerva se levantando – diga o que quiser sobre o treinamento e necessidade de fazê-los mais fortes, mas permitir que crianças portem armas é uma insanidade. Creio que podemos ignorar as linhas sobre a batalha.

- De jeito nenhum – disse Severo Snape – Se estiver desconfortável pode se sentir à vontade para se retirar, mas não irá prejudicar a leitura do restante da escola.

- Precisaria concordar com ele professora McGonagall – disse Hagrid – Mesmo que assim como a senhora eu não concorde com os métodos de Quíron, estamos lendo acontecimentos de cinco anos atrás.

- Minerva por favor mantenha sua compostura – disse Pomona Sprout, mas a professora de transfiguração rapidamente se afastou em direção a sala de troféus batendo a porta ao fechar.

 

Na noite escocesa, dez vassouras voando em direção ao castelo, seus ocupantes ouviam com atenção cada uma das palavras que eram contadas no salão, e ao mencionar a última linha uma das vassouras simplesmente começou a ganhar velocidade.

- Molly não tenha pressa – disse um homem adulto e corpulento – Não está pensando em dar um sermão no centauro está?

- Nem tente papai – disseram dois rapazes de aparência idêntica que voavam próximos ao homem – sabe como ela é com crianças.

Logo duas outras vassouras também aceleraram.

- Nunca pensei que voaria novamente ao lado de vocês – disse um homem que usava um olho mecânico que se movia freneticamente pelo rosto – É bom tê-los de volta.

O homem não respondeu, mas ninguém se surpreendeu, suas cordas vocais ainda tinham feridas graves mesmo com os tratamentos mágicos, além do mais era claro que ele queria que o filho fosse o primeiro a ouvir sua voz após tanto tempo.

- VAMOS LONGBOTTOM – disse uma garota de aparência jovem e cabelos arroxeados – você costumava ser mais rápida quando era apanhadora.

E então os dez aceleraram, passando por cima da última montanha e então enxergando a escola de magia e bruxaria no horizonte.

Mas enquanto isso no salão principal de Hogwarts.

 

Ver meu próprio sangue me deixou zonzo – quente e frio ao mesmo tempo.
– Sem aleijar – consegui dizer.
– Ops – disse o cara. – Acho que perdi meu direito à sobremesa.

 

- Ele só pode estar brincando né – disse Pansy, mesmo os sonserinos que tentavam manter suas emoções para si pareciam irritados com a covardia de Clarisse e com a impunidade de Quíron em frente a tal atitude.

- Eu acho que não – disse Blazio – Esse pessoal não sabe o que significa limite.

 

Ele me empurrou para o regato e eu caí espalhando água. Todos riram. Calculei que assim que acabassem de se divertir eu iria morrer. Mas então algo aconteceu. A água pareceu despertar meus sentidos, como se eu tivesse acabado de comer um saco duplo das jujubas da minha mãe.
 

- Acho que isso confirma que a Água pode dar forças a ele – disse Theodore – Explica por que ele parecia tão poderoso ontem.

- O Salão comunal fica bem abaixo do lago – disse Goyle – Ele não poderia usar todo o lago como fonte de força certo?

- Me parece que ele só se fortalece quando toca a água. – disse Crabbe.

- Mas se ele pode estourar os canos do banheiro então... – Blazio engoliu antes de terminar – Não existe alguma chance de ele ser capaz de inundar todo o salão comunal?

Os sonserinos se entreolharam, Percy poderia ser tão poderoso? Normalmente seria impossível, mas após tantas demonstrações de poder vinda desse grupo de campistas ainda existia algo impossível para eles?

 

Clarisse e seus companheiros de chalé entraram no regato para me pegar, mas eu me pus de pé para recebê-los. Sabia o que fazer. Desferi a parte chata da minha espada contra a cabeça do primeiro cara e arranquei seu capacete. Atingi-o com tanta força que pude ver seus olhos tremendo enquanto ele desmoronava na água.
 

Hogwarts se agitou um pouco, alguns poucos risos e gritos de apoio a Percy foram ouvidos, entretanto a maioria ainda se mantinha em silêncio, embora ninguém aprovasse a ação de Clarisse também não queriam torcer por uma vitória do neto do lorde das trevas.

 

O Feio Número 2 e o Feio Número 3 vieram para cima de mim. Golpeei um no rosto com o escudo e usei a espada para decepar o penacho da crina do outro. Os dois recuaram depressa. O Feio Número 4 não pareceu muito ansioso para atacar, mas Clarisse continuava vindo, a ponta da lança crepitando de eletricidade. Assim que ela investiu, peguei a vara da lança entre a borda do meu escudo e a minha espada, e a parti como se fosse um graveto.
 

- Droga sinto falta daquela lança – disse Clarisse em voz baixa e um pouco triste.

- É com isso que se preocupa – disse Zacarias – Não com o fato de que vocês quase o aleijaram?

- Eu não deixaria eles irem tão longe – disse Clarisse – Por mais que eu estivesse irritada ele ainda era um companheiro do acampamento e eu não iria permitir que ele sofresse nenhum ferimento fatal.

- Não pareceu que você se importava com os ferimentos dele – disse Rony.

- Vocês querem ver como eu luto quando realmente não me importo com os ferimentos de alguém? – Clarisse disse em tom soturno e com um olhar bastante irritado, ficava claro para os bruxos que estavam chegando ao limite da paciência da garota.

 

– Ah! – berrou ela. – Seu idiota! Seu verme com bafo de cadáver!
 

- Hey eu achei que esse era o Nico – disse Leo, arrancando alguns risos dos seus colegas.

 

Ela provavelmente ainda teria dito coisas piores, mas eu a golpeei entre os olhos com a base da espada e a joguei cambaleando de costas para fora do regato.
Então ouvi gritos exultantes, e vi Luke correndo em direção à linha limite com o estandarte da equipe vermelha erguido alto. Vinha flanqueado por alguns garotos de Hermes, cobrindo a sua retirada, e alguns de Apolo atrás deles, combatendo os garotos de Hefesto. O pessoal de Ares se levantou e Clarisse resmungou uma praga estupefata.

 

- Estupefata? – disse Rony – Então você usa feitiços também?

- Acho que o que o Quíron quis dizer foi que ela estava estupefata – corrigiu Harry – Não que a praga foi estupefata.

- Isso faz mais sentido – disse Ana.

- Não faço ideia do que estão falando – disse Clarisse – Não sei nada sobre feitiços.

 

– Uma armadilha! – berrou. – Foi uma armadilha.

Eles saíram cambaleando atrás de Luke, mas era tarde demais. Todo mundo convergiu para o regato enquanto Luke atravessava para território amigo. Nosso lado explodiu em vivas. O estandarte vermelho tremulou e ficou prateado. O javali e a lança foram substituídos por um enorme caduceu, o símbolo do chalé 11. Todos da equipe azul ergueram Luke nos ombros e começaram a carregá-lo. Quíron saiu a meio galope do bosque e soprou a trombeta de caramujo.
 

- Agora o Quíron chega? – disse Tracey Davis – Onde ele estava enquanto você era cercado por 5 inimigos?

- Provavelmente estava observando no caso de algum ferimento grave acontecer – disse Annabeth.

- Assim como uma certa pessoa – disse Grover, olhando para a loira.

- Hey eu estava pronta para pular no meio dos 5 melhores guerreiros de Ares para ajudar o Percy se ele tivesse precisado.

- Espera aí o que? – disse Astória – Você estava lá também?

 

O jogo terminara. Tínhamos vencidos.
Eu estava prestes a me juntar à comemoração quando a voz de Annabeth, bem a meu lado no regato, disse:
– Nada mau, herói.

 

- Espera Annabeth estava lá o tempo todo? – disse Cho

- Acho que não o tempo todo – disse Terêncio – Deve ter chegado apenas no final.

- O bastante para ver Percy acabando com os outros sozinhos. – disse Miguel – que conveniente.

 

Eu olhei, mas ela não estava lá.
 

- Espera o que? – disse Padma – Mas ele disse que ouviu não disse?

- Imaginação? – questionou Antonio – Digo ele se feriu bastante, não seria surpresa ter alguns delírios.

- Ou então... – Cho de repente sorriu – Ela está invisível.

- Ah sim – disse Padma – Me esqueci que ela pode ficar invisível.

 

– Onde diabo aprendeu a lutar assim? – perguntou ela. O ar tremulou e Annabeth se materializou, segurando um boné de beisebol dos Yankees como se tivesse acabado de tirá-lo da cabeça.

Senti que estava ficando zangado. Não fiquei nem mesmo perturbado com o fato de ela estar invisível um segundo antes.
 

- Acho que depois de tudo que você já viu, um boné que deixa pessoas invisíveis não deveria ser nada demais – disse Draco.

- Isso não seria nada demais nem pra gente – disse Pansy – Digo temos as capas de invisibilidade, então ampliar o encantamento para um objeto não é tão difícil.

 

– Você armou isso para mim – disse eu. – Você me pôs aqui porque sabia que Clarisse viria atrás de mim, enquanto você mandava Luke dar a volta pelos flancos. Já tinha tudo preparado.
Annabeth encolheu os ombros.

 

- Pelo menos você se sentiu culpada? – perguntou Percy.

- É claro que me senti culpada – disse Annabeth – Você era irritante, mas já era meu amigo desde aquela época.

- Você me meteu numa baita furada aquela noite – disse Percy.

- Você quer começar essa conversa? – disse a garota o encarando com um sorriso tão travesso quanto o do namorado – Preciso te lembrar de quem nos meteu no Aqualand?

- De novo o Aqualand? Esse é seu único argumento? – disse Percy – E que tal a furada em que você nos meteu na ilha das serpentes.

- Depois de ter salvado você de virar bichinho de estimação em uma escola primária? – Annie retrucou.

- Parem vocês dois – disse Grover – Chegamos a um consenso, vocês se metem em confusão e salvam um ao outro o tempo todo.

- Ele tem razão sabe – disse Percy.

- Ele tem toda a razão – respondeu Annabeth.


– Eu disse para você. Atena sempre, sempre tem um plano.
– Um plano para que eu fosse reduzido a pó.
– Eu vim o mais rápido que pude. Estava pronta para entrar na briga, mas... – Ela encolheu os ombros. – Você não precisava de ajuda.

 

- Então ela só chegou perto do fim – disse Miguel – Que bom pra ele.

- Que bom para os filhos de Ares – disse Connor – Se Annabeth e Percy tivessem lutado juntos aqueles 5 iam ficar na enfermaria por todo o fim de semana.

- Annabeth é mesmo tão poderosa? – perguntou Cho

- Nem tanto, mas era inteligente e sabia usar todos os recursos a seu favor. – disse Travis – Mas ela era rápida e bastante ágil, além de estar invisível, mesmo Clarisse teria alguma dificuldade.

 

Então ela reparou no braço ferido:
– Como arranjou isso?
– Corte de espada – disse eu. – O que você acha?
– Não. Era um corte de espada. Olhe só.

 

- O que ela quer dizer com “era um corte” – disse Susana – Na verdade, agora que parei pra pensar é realmente incrível que ele tenha lutado tão bem com um ferimento daqueles.

- É isso que ela quer dizer com “era um corte” – disse Clarisse – A água não serve apenas para dar mais força ao Percy.

- Ela também ativa um fator de cura – disse Hermione – olhando para Clarisse que confirmava com a cabeça.

 

O sangue se fora. No lugar do rasgo enorme havia uma longa cicatriz branca, e mesmo estava desaparecendo. Enquanto eu olhava, ela se transformou em uma cicatriz pequena e sumiu.
 

- Uau – disse Rony – Ele simplesmente se cura assim só por se molhar?

- Esse é o nível de um filho dos Três Grandes – disse Hermione em tom de admiração.

- Três Grandes – repetiu Harry – Então... Então ele é mesmo filho de um dos três?

- Vamos Harry – disse Gina – Depois dessa você também já deve saber quem é o pai dele.

 

– Eu... eu não entendo – disse.
Annabeth raciocinava com empenho. Eu quase podia ver as engrenagens girando. Ela baixou os olhos para os meus pés, depois para a lança quebrada de Clarisse e disse:
– Saia da água, Percy.

 

- Foi nessa hora que você percebeu? – disse Neville.

- É, eu já tava começando a achar que era um filho de Hermes ou algum deus menor – disse a loira – Mas depois de ver como a água o afetava, juntando isso ao acontecimento do banheiro... Simplesmente não poderia ser nenhum outro.

- O que é aquilo? – Percy aponto pela janela, algumas sombras sobrevoavam as torres do castelo e desciam em direção ao salão.

- Vassouras – disse Ernesto – Mas quem estaria chegando em Hogwarts a essa hora?

- O ministério? Será que ouviram sobre o Percy? – disse Daphne.

- Impossível, Dumbledore não permitiu que nenhuma mensagem deixasse Hogwarts – disse Tracey – Quem quer que seja, devem ter sido chamados por Dumbledore.

- Será que... – Neville logo começava a ficar um tanto eufórico – Será que pode ser minha família? Podem ter vindo porque souberam dos meus pais.

- Neville – disse Luna – Se fossem eles teriam apenas mandado uma carta.

- Talvez tenham vindo me buscar – disse o garoto se levantando – Eu vou até o pátio, só no caso de ser mesmo eles.

- Boa sorte – disse Luna – Espero que sejam eles mesmo.

 

- Hey olha aquilo – disse Justino apontando para Neville que caminhava às pressas do salão.

- Eu vi um grupo em vassouras aterrissar nos terrenos de Hogwarts agora mesmo – disse Susana – Neville pode estar indo até eles?

- Por que ele faria isso? – Disse Ana – Ele nem sabe quem é.

- Podem ter enviado uma carta para ele.

- E quando ele recebeu a carta? Desde que a leitura começou, ninguém mais recebeu o correio – disse Ana – Droga eu acho que sei o que está acontecendo – a garota logo se levantou e olhou para os colegas – eu vou com ele, não precisam vir junto ouçam a história e me contém tudo quando voltarmos.

A garota então caminhou para fora do salão, e disparou pelos corredores em busca do Longbottom.

- Ele ainda deve estar acreditando naquela história dos pais terem sido curados – pensou a garota – Deve achar que são eles que vieram vê-lo, pobre garoto.

 

– O que...
– Apenas saia.
Saí do regato e logo me senti extremamente cansado. Meus braços começaram a ficar dormentes de novo. Minha descarga de adrenalina me abandonou. Quase caí, mas Annabeth me segurou.

 

- Então não é apenas estar molhado – disse Draco – Ele precisa de água corrente.

- Ou talvez ele não esteja molhado – disse Theodore – No banheiro ele era o único ponto seco, lembra disso? Ele pode estar totalmente seco.

- Por que estamos discutindo como os poderes dele funcionam? – perguntou Pansy.

- Só no caso de precisarmos enfrentá-lo – disse Draco.

- Vamos ser honestos - Blazio riu – Não temos chance de derrotá-lo todos nós percebemos isso ontem.

- O que percebemos ontem é que se ele tiver condições de escolher uma batalha então não temos chance – disse Theodore – Mas se alguém seguisse meu plano, teríamos Percy em nossas mãos.

- Não sem saber o conteúdo da carta. – Reclamou Draco novamente.

 

– Oh, Estige – praguejou ela. – Isso não é bom. Eu não queria... Eu pensei que podia ser Zeus...
 

- Parece que ela não gostou muito de saber que ele é filho de Poseidon – disse Susana.

- Ela disse que Atena e Poseidon tem uma rixa – disse Zacarias – Pode ser que não queira se envolver com filhos deste deus.

- Se for mesmo isso ela falhou na parte de não se envolver – disse Rony apontando enquanto Annabeth se deitava no peito do namorado para ouvir a história.

 

Antes que eu pudesse perguntar o que ela queria dizer, ouvi o rosnado canino de novo, porém muito mais perto. Um uivo cortou a floresta.
 

- Droga eu tinha me esquecido que tem um monstro na floresta – Gina reclamou – Mas ele não ousaria atacar no meio de todos os campistas.

- Esse não é uma espécie de monstro que pensa muito no que faz – disse Clarisse – Eles podem se esconder em uma luta com vantagem numérica e atacar em uma investida suicida.

- Essa espécie? Você fala como se tivessem mais de um desses – disse Hermione.

- E tem, felizmente não são muito poderosos – disse a meio-sangue.

 

A comemoração dos campistas cessou imediatamente. Quíron bradou alguma coisa em grego antigo que eu, só mais tarde me daria conta, tinha entendido perfeitamente

– Preparem-se! Meu arco!

Annabeth sacou a espada.
 

- Ela tinha uma espada – disse Travis – Eu só me lembro dela usando aquela adaga.

- Agora que o livro mencionou, eu tenho uma vaga lembrança dela em algumas aulas de esgrima – disse Connor – Mas Luke sempre disse que espada não fazia o estilo dela.

- Ela provavelmente também sabia disso – disse o mais velho – Provavelmente só ia as aulas para ficar perto do Luke ou coisa assim, ela era doida por ele quando menor.

- Gente o Luke não era tipo, uns 7 anos mais velho que ela?

- Sim ele era – disse Connor – Mas ele nunca tocou um dedo em Annabeth, sempre a viu como uma irmã mais nova, ela é que acabou gostando dele.

 

Sobre as pedras, logo acima de nós, havia um cão preto de tamanho de um rinoceronte, com olhos vermelhos como lava e presas que pareciam punhais.
Estava olhando diretamente para mim.
Ninguém se moveu exceto Annabeth, que gritou:
– Percy, corra!

 

- Volta pro riacho – disse Padma – Mesmo sendo um idiota você também já deve ter percebido que a água te dá forças.

 

Ela tentou se interpor entre mim e o cão, mas o bicho foi rápido demais. Pulou por cima dela – uma enorme sombra com dentes – e, assim que me atingiu, quando cambaleei para trás e senti as garras afiadas como navalhas rasgando minha armadura, houve uma cascata de sons de pancadas, como quarenta pedaços de papel sendo rasgados um após o outro. Um amontoado de flechas brotou no pescoço do cão. O monstro caiu morto aos meus pés.
Por algum milagre eu ainda estava vivo. Não quis olhar embaixo das ruínas da minha armadura esfrangalhada. Meu peito parecia morno e molhado, e eu sabia que estava gravemente ferido. Mais um segundo e o monstro teria me transformado em quarenta e cinco quilos de carne fatiada.

 

Hogwarts olhou para Percy, mal acreditando que ele poderia mesmo estar ali sentado após um ferimento como esse.

- Relaxem todos vocês – disse o garoto sorrindo – Meu tanquinho continua intacto. Mas caramba aquilo doeu.

- É isso? – disse Annabeth – Um cão infernal quase arranca suas tripas e você diz que aquilo doeu?

- O que quer que eu diga? – sorriu Percy – Eu estou vivo e bem, não tem mais importância.

 

– Di Immortales! – disse Annabeth. – Aquilo é um cão infernal dos Campos de Punição. Eles não... eles não deviam...
– Alguém o convocou – disse Quíron. – Alguém de dentro do acampamento.

 

- Um espião? – disse Miguel, logo dando um olhar de relance para Clarisse.

- Não faz sentido – disse Cho.

- É – Miguel completou – Se ela fosse uma espiã, não teria sido convidada para vir até Hogwarts certo?

- O que Clarisse – disse Travis – Esqueçam, ela pode ser durona, mas tem uma honra incomparável, nunca trairia seus companheiros.

- Ela não pareceu muito honrada juntando 5 contra 1 – murmurou Padma.

- Todos temos nossos momentos – disse Connor – menos nós dois, somos perfeitos.

 

Luke se aproximou, o estandarte esquecido em suas mãos, o momento de glória acabado.

Clarisse berrou:

– É tudo culpa do Percy! Percy o convocou!
– Fique quieta, criança – ordenou-lhe Quíron.

 

- Finalmente alguém a mandou calar a boca – disse Goyle – Até eu já estava irritado com essa garota.

- Não me diga que você também é um desses a chamando de covarde? – disse Theodore.

- E se eu for? – disse Goyle.

- Você é um comensal Goyle – disse Draco – Honra é para os perdedores.

 

Nós assistimos enquanto o cão infernal se dissolvia em sombra e era absorvido pela terra até desaparecer.
– Você está ferido – disse-me Annabeth. – Rápido, Percy, entre na água.
– Eu estou bem.
– Não, você não está – disse ela. – Quíron, veja isto.

 

- Por que vocês rapazes só não calam a boca quando sabem que estão mal? – disse Hermione – sério isso é irritante sabiam?

- Desculpe? – disse Harry.

- Você nem se arrepende né? – disse Gina rindo novamente.

 

Eu estava cansado demais para discutir. Voltei para dentro do regato, o acampamento inteiro reunido à minha volta.

No mesmo instante me senti melhor. Pude perceber os cortes em meu peito se fechando.
Alguns dos campistas sufocaram um grito.

– Olhem, eu... eu não sei por que – falei, tentando me desculpar. – Sinto muito.

Mas eles não estavam olhando minhas feridas cicatrizarem. Olhavam para algo acima da minha cabeça.
 

- Acima dele? – disse Astória, no mesmo instante as velas do salão se apagaram mergulhando Hogwarts na escuridão, exceto por causa de uma forte luz verde vinda de uma das mesas.

- Ah, ele resolveu se manifestar – disse Percy se erguendo e olhando para os olhos – Eae pai, gostando da história?

Acima da cabeça de Percy brilhava um holograma reluzindo com a luz esmeralda.

 

– Percy – disse Annabeth apontando. – Ahn...

Quando olhei para cima, o sinal já estava desaparecendo, mas ainda pude distinguir o holograma de luz verde, girando e cintilando. Uma lança de três pontas: um tridente.
– Seu pai – murmurou Annabeth. – Isso realmente não é bom.

 

- Parece que estávamos certos – disse Cho.

- Graças a Hermione e seus livros sobre mitologia – Miguel completou.

- Bom depois de tudo aquilo envolvendo água não restavam muitas outras opções, certo? – disse Terêncio – a menos que existam outros deuses do mar.

- Poseidon é? – disse Padma – Agora entendi por que ninguém suspeitou dele, se os Três Grandes não podem ter filhos então Percy não deveria estar vivo.

- Se Thalia foi perseguida por tantas criaturas então o que será do Percy? – perguntou Antônio.

 

- Eu acho que Poseidon estava proibido de ter filhos. – disse Pansy

- É, mas ao mesmo tempo é o mais poderoso entre os deuses do mar da Grécia antiga – disse Theodore.

- Agora faz sentido como ele é poderoso desse jeito – disse Blazio.

- Não é só o neto do Lorde das Trevas – disse Goyle – Também é o filho de Poseidon.

- Nós realmente queremos tentar algo contra ele? – perguntou Crabbe.

- Acho que só existe uma coisa a ser feita – disse Draco – Tem certeza de que seu plano vai funcionar?

 

– Está determinado – anunciou Quíron.
Por toda a minha volta, os campistas começaram a se ajoelhar, até mesmo o chalé de Ares, embora não parecessem muito felizes com isso.
– Meu pai? – perguntei, completamente perplexo.
– Poseidon – disse Quíron. – Senhor dos Terremotos. Portador das Tempestades. Pai dos Cavalos. Salve, Perseu Jackson, Filho do Deus do Mar.

 

O tridente sobre Percy estava girando para que todos tivessem a chance de observar, logo ele começava a tremeluzir e por fim desapareceu, ao mesmo tempo em as portas se abriam e centenas de globos de luz voavam por todo o salão iluminando novamente as lamparinas, 14 pessoas entrando no salão, liderados por ninguém menos do que o diretor Alvo Dumbledore.

Alguns rostos eram familiares a todos os alunos, em especial os professores Remo Lupin e Alastor Moody e a professora Sibila Trelawney, mas também os gêmeos Fred e Jorge Weasley, Harry também reconheceu Ninfadora Tonks, Molly e Arthur Weasley.

Neville Longbottom e Ana Abbott estavam um pouco atrás apoiando um casal que ninguém conhecia, mas não demorou para que muitos percebessem que Neville compartilhava algumas características com o homem adulto, claramente eram membros de sua família.

- Alunos – disse Dumbledore em sua voz potente – Eu gostaria de apresentá-los a alguns de nossos mais leais aliados na Primeira Guerra Bruxa, e nossos amigos para esta batalha contra o Voldemort. Conheçam os membros da Ordem da Fênix.


Notas Finais


Vamos começar com o servidos no discord né :v segue o link meus lindos. > https://discord.gg/69ZDGG4z

Então os STOLLS. Primeiramente eu queria muito que eles fizessem algo parecido com os Weasley, por razões óbvias, os dois grupos de irmãos tem semelhanças inegáveis entre si, e eu queria meio que mostrar isso, ao mesmo tempo eu queria algo que mostrasse que os Stoll estão alguns niveis acima, e eu achei que eles preparando essa armadilha era uma ótima ideia, tipo eles realmente colocaram no Percy um gatilho para ativar tudo aquilo na frente de todo mundo, sem ninguem perceber e mesmo procurando a Annabeth não encontrou, eu acho que isso é o verdadeiro show dos Stoll, não importa o que você tente, nada pode detê-los.

A LEITURA. Honestamente que capítulozinho complicado, acho que esse e o próximo podem ser dois dos capítulos mais demorados da história porque muitas respostas são dadas, tipo quem são os três grandes, porque os chalés estão vazios, quem é o pai do Percy, e no próximo também teremos a profecia, a revelação sobre o raio de Zeus, a missão, e várias outras coisas. Isso resulta em muitas reações diferentes dos bruxos e em todas as mesas. Mas no fim eu acho que fiz um bom trabalho, vamos pular para a parte do final :v

CALMA, NÃO ME ATIREM PEDRAS. SIM PESSOAL EU VOU FAZER A CENA DO NEVILLE VENDO OS PAIS :V Eu só não fiz nesse episódio mesmo porque queria postar ele ainda hoje e eu quero escrever aquele cena com calma e com carinho para que ela seja tão emocionante quanto foi a curta interação entre Dionísio e Neville, então se acalmem eu vou sim escrever essa cena.

Finalmente a Ordem da Fenix eeeeeee, mais 12 bonecos que precisam receber falas e presença na história e nos especiais... AAAAAAAAAAA PORQUE EU ME TORTURO ASSIM???? é isso vai ser um pesadelo pra mim :v mas eae pessoal? animados? eu não revelei todos os membros nesse episódio ainda, simplesmente porque não coube uma descrição, mas acho que apenas um deles não foi mencionado. Temos Alastor Moody, Remo Lupin, Ninfadora Tonks, Arthur, Molly, Fred e Jorge Weasley, Alice e Frank Longbottom e nossa amada (ou não) Sibila Trelawney, temos Dumbledore chegando e Neville e Ana totalizando 13 pessoas (se eu contei direito né :v) alguem chuta adivinhar quem é o 14º? uma dica ele apareceu nos filmes :v

Enfim pessoal, eu amo vocês, eu peço desculpas infinitas vezes pela demora, mas eu juro que essa história vai continuar sendo escrita até que eu morra ou termine.


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