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História Hogwarts Lendo Percy Jackson - O Encontro dos Escolhidos. - O Ladrão de Raios - Capítulo 6


Escrita por: L_Petsch

Notas do Autor


Oi gente.
Vou ser bem direta, não teve muitos motivos para esse atraso, eu só entrei numa crise depressiva que acabou com meu bom humor semana passada e eu só não consegui mais escrever nada do capítulo por tipo uns 5 dias seguidos.

Honestamente eu peço desculpas a vocês, eu pensei em postar um aviso, mas como os leitores mais antigos sabem EU ODEIO POSTAR CAPÍTULO PRA DAR AVISO. Ainda mais depois de uma semana sem postar nada, eu me recuso a fazer algo assim, por isso eu aconselho todos a se juntarem ao discord e estarem por dentro das atualizações.

Capítulo 8 - O Ladrão de Raios - Capítulo 6


Passaram cerca de 2 minutos até que as portas se abrissem novamente. Nenhum dos alunos que entrou por elas voltou ao salão principal, provavelmente dispensados para seus salões. Quando os professores voltaram não houve muita surpresa a revelação de que Quíron era na verdade um centauro. Certamente os professores continuaram ouvindo a leitura mesmo dentro da sala. Depois das senhoras do destino, Minotauro e um deus, o professor ser um centauro disfarçado definitivamente não parecia grande coisa.

- Acredito que seja bastante óbvio, que qualquer menção aos deuses para alunos que não estejam presentes neste salão será castigada – disse Dumbledore – Vocês são os alunos que nós julgamos dignos de confiança, e que aceitaram a verdade, é claro que qualquer um que decida não ser capaz de continuar no futuro, deve procurar os nossos professores e serão obliviados. Continuemos a leitura.

 

Daphne com certeza não queria continuar a leitura, ainda continuava em estado de choque, enquanto se sentava inexpressiva e com o rosto manchado pela maquiagem, era Astória quem tratava de limpar o rosto da irmã e tentava dar a ela algum consolo.

- Ela aceitou um pouco fácil não? – sussurrou Annabeth para Grover – Digo está até consolando a irmã.

- Sim, quase como se já soubesse ou suspeitasse – Percy comentou junto – Grover?

- Impossível dizer, bruxos tem um Cheiro próprio, e ele está impregnado por todo o lugar, acreditem é tão forte que se vocês dois não estivessem bem ao meu lado seria impossível sentir vocês dois... Além de se ela tivesse o sangue do Olimpo, bem... Ela viveu a vida toda em meio aos bruxos, isso faz o cheiro de um meio-sangue diminuir.

- Então é o contrário do nosso caso – disse Annabeth – Quando nós descobrimos ser um meio sangue nosso cheiro fica mais forte, mas como ela passou 16 anos sem saber de nada e tão envolvida com magia doa bruxos então...

- Exatamente, mas eu não acho que devemos nos preocupar, não é como se Astória fosse uma semideusa apenas porque não está em estado de choque com a revelação de que deuses existem.

O casal se entreolhou, não tinham a habilidade de Grover pata sentir o cheiro de meio-sangues, mas ainda tinham seus instintos e nesse momento eles estavam apitando em atenção para Astória Greengras.

 

Capítulo 6 – Eu me torno o Senhor Supremo do Banheiro

 

Dentro da Sala Precisa, uma semideusa mordeu os lábios rosnando.

- Eu vou matar o Percy – disse Clarisse – se ele contar isso pra todos eu juro que o mato.

- Não é como se ele tivesse escolha – disse Miranda Gardner – estamos lendo a mente dele, tudo o que aconteceu vai estar lá.

- Vou matar ele por se lembrar disso.

- É claro que ele se lembra disso – riu Will Solace – O acampamento inteiro se lembra, ainda mais depois que ele desapareceu e os Stoll fizeram do banheiro um altar para o Percy.

- Ah então é por isso que vocês deixavam velas aromáticas no banheiro? – disse Leo – Eu sempre pensei que era por causa do cheiro.

- É claro que não era por causa do cheiro – disse Connor Stoll – Embora eu admita que as velas aromáticas fizeram um bem danado.

- Deveríamos reconstruir o santuário de Perseu? Com ajuda de Leo poderíamos criar algumas coisas realmente loucas. – Disse Travis e no mesmo momento os três garotos de aspecto travesso se levantaram e correram para um dos cantos da sala onde uma mesa de trabalho se erguia do chão.

- Ótimo, se já era estranho tomar banho com uma foto do Percy no banheiro, agora vamos ter um holograma – Piper disse revirando os olhos.

 

Depois que assimilei o fato de meu professor de latim ser um cavalo, fizemos um passeio agradável, embora tivesse o cuidado de não andar atrás dele. Havia participado algumas vezes das rondas com pazinhas para recolher cocô de cachorro na Parada do Dia de Ação de Graças da loja Macy’s e, lamento dizer, não confiava na parte de trás de Quíron tanto quanto confiava na da frente.

 

Hogwarts soltou risos baixos, dos poucos alunos que já pareciam estar menos abalados as novidades em sua vida. Quíron por outro lado pareceu não gostar nenhum pouco da comparação, olhando para Percy com um olhar sério e ofendido, o garoto deu de ombros e riu consigo mesmo. Ao fim do dia, ele era uma criança de 12 anos naquela época.

 

Passamos pela quadra de vôlei. Diversos campistas se cutucavam. Um deles apontou para o chifre de minotauro que eu carregava. Um outro disse:

– É ele.

 

- Então as pessoas já sabiam sobre ele? – perguntou Draco – Mas se essa história não é sobre ele ser neto de Voldemort o que as pessoas estavam olhando?

- Ele disse que olhavam para o chifre, provavelmente a história do garoto que matou um minotauro se espalhou – disse Crabbe – Digo... Mesmo no mundo deles isso deve ser algo incrível não?

- Aquela Annabeth não agiu como se fosse nada demais – disse Pansy – “Você baba enquanto dorme”. Foi o que ela disse.

- Ah não percam seu tempo – disse Blazio – Estamos em águas desconhecidas aqui, pode ser que todos esses campistas sejam deuses e só saibam de Percy porque um deles é o pai do garoto.

 

A maioria dos campistas era mais velho que eu. Seus amigos sátiros eram maiores que Grover, todos trotando de um lado para outro de camisetas cor de laranja do ACAMPAMENTO MEIO-SANGUE, sem nada para cobrir os traseiros peludos à mostra. Eu normalmente não era tímido, mas o modo como olhavam para mim me deixou pouco à vontade. Era como se esperassem que eu desse um salto mortal ou coisa assim.

 

- Depois da manobra que ele fez para matar o minotauro isso devia ser até fácil – disse Miguel, ainda olhando para Luna há mesa de Percy.

- Se quiser pode se juntar a ela – disse Antonio – admito que um pouco de mim ficou tentado.

- Ainda não confio nele o suficiente pra isso – respondeu o garoto – mesmo que a história não conte sobre o mundo bruxo, ele ainda é neto de Você-Sabe-Quem.

- Mas acho que... – Disse Hermione e então hesitou – Depois do último capítulo, ele merece pelo menos o benefício da dúvida.

- Preciso concordar – disse Cho – Não vamos mais julgá-lo pensando em Você-Sabe-Quem, vamos julgar Percy pensando apenas nele mesmo.

O restante da mesa concordou.

 

Olhei para a casa de fazenda trás de mim. Era muito maior do que eu pensara – quatro andares, azul-céu com acabamento em branco, como um hotel de veraneio de primeira classe à beira-mar.

Eu estava conferindo o cata-vento de latão em forma de águia no topo quando algo me chamou a atenção, uma sombra na janela mais alta do sótão. Alguma coisa havia mexido na cortina, só por um segundo, e tive a nítida impressão de que estava sendo observado.

 

Percy estremeceu na cadeira ao se lembrar.

- Ainda mais que nos livramos dela – disse o garoto – Era assustador.

- O que tem no sótão? – perguntou Neville.

- Atualmente só alguns souvenires do acampamento, naquela época... Bem, com certeza vamos ler sobre ela em breve... Eu não levei nem uma semana completa para descobrir.

- Que bom que conhecemos Rachel, digo ainda é assustador quando ela... Vocês sabem, vomita, mas pelo menos... – disse Annabeth interrompendo a si mesma, adorava a Oráculo do Acampamento, mas continuava odiando profecias com todas as suas forças.

- Quando ela vomita? – repetiu Neville – Desculpa eu acho que não entendi direito.

- Infelizmente você entendeu – Grover fechou a cara – É uma longa história, digo, realmente longa levou uns setenta anos para descobrir o que estava acontecendo e mais dois anos até descobrir como resolver.

- É acho melhor deixar para outro momento – disse Ernesto – Digo 70 anos em 70 segundos pode não ser a melhor forma de conhecer a história.

 

– O que há lá em cima? – perguntei a Quíron. Ele olhou para onde eu estava apontando e seu sorriso desapareceu:

– Apenas o sótão.

– Mora alguém lá?

– Não – disse em tom definitivo. – Nem uma única coisa viva.

 

- Mas vocês não disseram que tinha uma coisa lá? – perguntou Tracy – Ou é algum tipo de coisa grega.

- É um tipo de coisa grega, como Grover disse difícil de explicar, envolve maldições, semideuses, a primeira guerra mundial, pactos entre os deuses – Resumiu Percy logo fazendo os 7 bruxos a mesa erguerem as mãos em rendição.

 

Tive a sensação de que ele falava a verdade. Mas também tinha certeza de que algo havia mexido naquela cortina.

– Venha, Percy – disse Quíron, o tom despreocupado agora um pouco forçado. – Há muito para ver.

Caminhamos pelos campos de morangos, onde campistas colhiam alqueires de morangos enquanto um sátiro tocava uma melodia numa flauta de bambu.

Quíron me contou que o acampamento cultivava uma bela safra para exportar para os restaurantes de Nova York e para o Monte Olimpo.

 

- Estamos quietos há muito tempo, o cérebro de vocês derreteu ou coisa assim – perguntou Gina.

- Muito engraçado – respondeu Zacarias – Não eu só decidi prestar atenção.

- É impossível que ele tenha mesmo passado cinco anos sem nunca ter usado magia, não é? – disse Susana – Ainda mais sendo neto de quem é, ele é maligno com certeza, mas tem muito poder...

- Ele deve ter usado – balbuciou Ana – Ainda não vou aprovar Perseu, mesmo que ele não saiba que é neto de Voldemort ainda assim ele é ruim.

- Justino o que está pensando? – perguntou Rony.

- Eles disseram que a mãe desapareceu e encontraram um bilhete indicando Hogwarts, não é? – disse o garoto e Harry Potter pareceu entender no mesmo momento.

- Significa que a mãe dele não está morta agora, digo no livro. – disse o garoto e sentiu como se uma camisa de força fosse retirada de si.

- Ainda não acredito que ela é mesmo filha dele, parecia tão bondosa, até consigo entender como Hermione e Ernesto se sentiram – murmurou Zacarias.

 

– Paga as nossas despesas – explicou. – E os morangos não exigem esforço quase nenhum.

Ele disse que o Sr. D produzia esse efeito sobre plantas frutíferas: elas simplesmente enlouqueciam quando ele estava por perto. Funcionava melhor com as vinhas, mas o Sr. D estava proibido de cultivá-las, portanto, em vez delas eles plantavam morangos.

 

- Eles têm esse tipo de efeito na natureza só por estarem por perto – murmurou Sprout – Isso é tão difícil de engolir.

- Garanto que nenhum de nós lidou bem com a existência de deuses – murmurou McGonagall, mas certamente Snape discordava, ele parecia se sentir irritado e feliz ao mesmo tempo.

 

Observei o sátiro tocando a flauta. A música fazia com que filas de insetos saíssem dos canteiros de morangos em todas as direções, como se fugissem de um incêndio. Imaginei se Grover podia fazer esse tipo mágica com música. Imaginei se ainda estava dentro da casa, levando broncas do Sr. D.

– Grover não vai ter muitos problemas, vai? — perguntei a Quíron. – Quer dizer... ele foi um bom protetor. Sem dúvida.

 

- Ele foi? – suspirou Malfoy – Como é irritante ele foi educado para ser tão fraco que nem percebia o fracasso que aquele sátiro era?

- Já te disse para se controlar – disse Pansy – Lembre-se que em momento nenhum nós tivemos a chance de ver Grover em ação.

- Ah nós tivemos – disse Goyle – Digo vocês cinco pelo menos.

- Se estiver falando sobre a Sra. Dodds e as três senhoras, nós concluímos que Grover não poderia agir contra a Sra. Dodds em público, e mesmo Quíron, disse que não havia nada a ser feito contra as três senhoras – Exclamou Nott – Em nenhum momento tivemos a chance de ver Grover em ação verdadeiramente falando. Mas a forma como ele é terrível mentindo e ele ter perdido Percy na estação para ir ao banheiro é simplesmente inaceitável para um guarda-costas.

 

Quíron suspirou. Tirou o casaco de tweed e jogou-o por cima do seu lombo de cavalo, como uma sela.

– Grover sonha alto, Percy. Talvez mais alto do que seria razoável. Para atingir seu objetivo, ele precisa primeiro demonstrar uma grande coragem tendo sucesso como guardião, encontrando um novo campista e trazendo-o em segurança à Colina Meio-Sangue.

– Mas ele fez isso!

 

- Isso é bastante questionável – disse Padma.

- Acho que Percy apenas quer que o amigo fique bem, querendo ou não é a única pessoa que ele conhece no acampamento e que tem a mesma idade. – Reclamou Hermione.

 

– Eu poderia concordar com você – disse Quíron. – Mas não cabe a mim julgar. Dionísio e o Conselho dos Anciãos de Casco Fendido devem decidir. Receio que possam não ver essa missão como um sucesso. Afinal, Grover perdeu você em Nova York, há o desventurado... ahn... destino da sua mãe. E o fato de que Grover estava inconsciente quando você o arrastou até os limites da propriedade. O conselho pode questionar se isso demonstra alguma coragem da parte de Grover.

Eu quis protestar. Nada do que acontecera havia sido por culpa de Grover. Também me sentia muito, muito culpado. Se não tivesse escapado de Grover na estação de ônibus, ele poderia não ter se envolvido em encrenca.

 

- Fico feliz de saber que vocês dois ainda estão aqui – disse Daphne em voz baixa – Eu concordo que Grover errou feio em te perder na estação, mas ele passou o resto do dia te procurando.

- Grover é o melhor, qualquer um que discorde eu vou cortar ao meio. – disse Percy – Esse carinha aqui salvou minha vida mais vezes do que qualquer outra pessoa, exceto talvez, Annabeth.

- Ele é o melhor entre os sátiros, o melhor entre os espíritos da natureza – disse Annabeth abraçando o amigo pelo pescoço.

- Bééééé, vocês vão me deixar vermelho – respondeu o sátiro, arrancando risos dos bruxos.

 

– Ele vai ter uma segunda chance, não vai?

Quíron retraiu-se.

– Infelizmente aquela era a segunda chance de Grover, Percy. Além disso, o conselho não estava muito ansioso em lhe dar outra oportunidade depois do que aconteceu na primeira vez, cinco anos atrás. O Olimpo sabe, eu o aconselhei a esperar mais tempo antes de tentar de novo. Ele ainda é muito pequeno para a sua idade.

– Que idade ele tem?

– Ah, vinte e oito.

 

- O QUE? – gritou Astória – Desculpe diretor Dumbledore.

Após 5 pontos deduzidos de Sonserina, e alguns poucos segundos em que Grover ria da surpresa de Astória os bruxos logo mandaram uma série de perguntas.

- Você tem mais de 30 anos? – perguntou Neville.

- Vocês envelhecem de forma diferente? – Luna Lovegood.

- Você parece bem diferente daquela época, digo falo mentalmente está mais confiante – destacou Ernesto – Então 30 anos dos sátiros equivale aos 15 dos humanos?

- Sim, Neville, estou com 33 anos agora. Os sátiros amadurecem física e mentalmente com o dobro do tempo dos humanos, mais vivemos muito mais tempo – ele disse isso dando um olhar de tristeza para Annabeth e Percy. Eles nunca falaram sobre isso, mas sabiam que mesmo que os dois de alguma forma sobrevivessem até a vida adulta eles morreriam muito tempo antes de Grover, e por ser um sátiro Grover jamais os veria no Elísio.

- E agora que ele falou – disse Percy – Naquele ano, no que você completou 30 e tivemos toda aquela questão do General e o Labirinto, você realmente tinha começado a agir de uma forma muito mais confiante.

- 30 anos costuma ser a idade em que sátiros se tornam mais adultos, começam a assumir mais responsabilidades e deveres. – respondeu Grover – embora eu sinta que as coisas foram bastante naturais para mim.

 

– O quê! E ainda está na sexta série?

– Os sátiros amadurecem no dobro do tempo dos seres humanos, Percy. Grover teve idade equivalente à de um aluno de escola secundária nos últimos seis anos.

– Que coisa horrível.

– De fato – concordou Quíron. – De qualquer modo, Grover está atrasado, mesmo pelos padrões de sátiro, e ainda não avançou muito em magia dos bosques. O pobre estava ansioso por perseguir o seu sonho. Talvez agora encontre alguma outra carreira...

 

Grover fechou os olhos e cerrou os punhos com força, Pã... Três mil anos de esperança dos espíritos da natureza desaparecendo em frente aos seus olhos, ainda sentia o fardo que Pã deixou sobre seus ombros lhe dizendo que agora era sua responsabilidade guardar a natureza.

 

– Isso não é justo! – disse eu. – O que aconteceu na primeira vez? Foi mesmo assim tão ruim?

Quíron desviou os olhos depressa.

– Vamos andando?

 

- A primeira vez – murmurou Gina – O que ele fez de tão errado na primeira vez?

- Provavelmente algum semideus acabou morto – disse Zacarias – cara mesmo com o mais inútil dos sátiros ele ainda conseguiu sair vivo daquela situação?

- Eu me lembro de ele já ter dito alguma coisa sobre “eu devia tê-la visto como ela era” ou alguma coisa assim – respondeu Rony.

- Então Grover já encontrou outra semideusa antes, e talvez por culpa de Quíron ela tenha morrido – disse Ana – Mas o Grover levou a culpa e... Bem aqui estamos.

- E por que permitiram que alguém que já causou a morte de outro continuasse buscando por novos campistas?

- Pode ser que não existam sátiros o suficiente para se dar ao luxo de dispensar um – Justino disse dando de ombros.

 

Mas eu ainda não estava pronto para mudar de assunto. Uma coisa me ocorrera quando Quíron falou sobre o destino de minha mãe, como se estivesse intencionalmente evitando a palavra morte. O princípio de uma ideia - uma pequenina e esperançosa chama - começou a se formar em minha cabeça.

– Quíron – disse eu. – Se os deuses, o Olimpo e tudo isso são reais...

– Sim, criança?

– Isso significa que o Mundo Inferior também é real? – A expressão de Quíron se fechou.

 

- Aí está – disse o Rei Fantasma – Nesse momento todos amam Hades.

- Não pode me culpar por detestar seu pai – respondeu Thalia – Passei cinco anos transformada em uma arvore por causa dele.

- Ok você tem um ótimo motivo – disse Nico som um leve resquício de um sorriso.

- Não sei quanto ao resto – disse Leo – Mas meus problemas com Hades são os mesmos com todos os deuses, pessoalmente tenho mais problemas com Hera.

- Hurr, nem me lembra dela por favor – murmurou Piper sem voz.

- E Nico – disse Will – Não pode culpar nenhum de nós por querer trazer pessoas de volta dos mortos, em toda a história você foi o único que conseguiu fazer isso.

- Hazel é uma questão totalmente diferente, ela nem se quer deveria estar morta

 

– Sim, criança. – Ele fez uma pausa, como se estivesse escolhendo as palavras cuidadosamente. – Há um lugar para onde vão os espíritos após a morte. Mas por ora... até que saibamos mais...eu recomendaria que tirasse isso de sua cabeça.

– O que quer dizer com "até que saibamos mais"?

– Venha, Percy. Vamos ver os bosques.

 

- Consigo entender por que não queira falar sobre o Mundo Inferior a uma criança que acaba de perder a mãe, mas... Por que tenho a sensação de que o senhor escondia mais alguma coisa? – perguntou Snape.

- Muito astuto de sua parte Prof. Snape – disse Quíron – Eu, de fato, estava escondendo algumas coisas de Percy. Descobrirão mais em breve

- Imagino que não seja apenas por ele ser um campista novato – disse Slughorn.

- Infelizmente não, Percy já era especial de formas que ele nem imaginava.

 

Quando nos aproximamos, me dei conta de como a floresta era enorme. Tomava pelo menos um quarto do vale, com árvores tão altas e largas que a impressão era de que ninguém entrara lá desde os nativos americanos.

Quíron disse:

– Os bosques têm provisões, se você quiser tentar a sorte, mas armado, é claro.

– Provisões de quê? – perguntei. – Armado com o quê?

– Você verá. O jogo Capture a Bandeira é na sexta-feira à noite. Você tem a sua própria espada e escudo?

 

- É claro que ele não tem – disse Terêncio – Digo ele nem sabia que deuses eram reais até alguns minutos atrás e você acha que ele tem uma espada ou escudo?

- Estou curiosa sobre estas provisões – disse Hermione – Algo me diz que não são marshmallows perto de uma fogueira.

Os corvinos riram e se entreolharam.

- Que tipo de provisões os filhos dos deuses iriam querer em uma floresta?

 

– Minha própria...?

– Não – disse Quíron. – Não creio que tenha. Acho que o tamanho cinco vai servir. Mais tarde vou visitar o arsenal.

Quis perguntar que tipo de acampamento de verão tem um arsenal, mas havia muito mais a pensar, portanto o passeio continuou. Vimos a linha de tiro com arco-e-flecha, o lago de canoagem, os estábulos (dos quais Quíron parecia não gostar muito), a linha de lançamento de dardo, o anfiteatro para cantoria e a arena onde Quíron disse que eles realizavam lutas de espadas e lanças.

 

- É quase como se eles vivessem suas vidas pensando em qual a próxima luta em que vão se meter. – Disse Crabbe.

- Se forem como na Mitologia Grega, então Hércules viveu toda a sua vida pensando em qual seria a próxima luta em que ele iria se meter.

- Mesmo nas lendas antigas a vida de Hércules foi uma exceção as regras, ele só enfrentou todos aqueles monstros porque foi enviado para lutar com todos eles – disse Theodore – Não é como se os semideuses de hoje em dia fossem sair pelo mundo buscando por labirintos onde possam lutar contra minotauros.

- “Quanto menos você soubesse menos monstros atrairia” – disse Pansy – semideuses não estão buscando por monstros, meu chute é que é exatamente o contrário.

 

– Lutas de espadas e lanças? – perguntei.

– Desafios entre chalés e coisas assim – explicou ele. – Não são letais. Normalmente. Ah, sim, e há também o refeitório. – Quíron apontou para um pavilhão ao ar livre emoldurado por colunas gregas brancas sobre uma colina que dava para o mar. Havia uma dúzia de mesas de piquenique de pedra. Sem telhado. Sem paredes.

 

- Sem telhado? – disse Zacarias – E quando chove? Ou neva?

- O tempo deve ser controlado no perímetro do acampamento – respondeu Gina – Algumas comunidades bruxas na américa usam magia para controlar o tempo, chuva para as plantações e sol para o resto do vilarejo.

- Deve existir algum, deus das chuvas ou coisa desse tipo que impeça de chover no acampamento. – disse Ana – Eu ainda não acredito que estou dizendo isso.

 

– O que vocês fazem quando chove? – perguntei.

Quíron me olhou como se eu tivesse ficado meio maluco.

– Ainda assim temos de comer, não temos?

Resolvi deixar para lá.

 

- Mais um pra lista de “Porque Percy Jackson deveria ter visto o filme de orientação” – disse Grover.

- Mas isso é culpa do Quíron – disse Percy – Eu acabei de chegar no acampamento não fazia ideia de que as barreiras impediam o tempo.

- Barreiras? Contra os monstros? – perguntou Astória.

- E contra mortais – disse Annabeth – embora elas... Nem sempre funcionem contra mortais.

- O que quer dizer? – perguntou Luna.

- Bom, de vez em quando os carteiros se perdem e de algum jeito acabam parando no estreito de Long Island ainda não sabemos por que, mas dá uma dose de trabalho – disse Annabeth.

 

Finalmente, ele me mostrou os chalés. Havia doze deles aninhados no bosque junto ao lago. Estavam dispostos em U, dois na frente e cinco enfileirados de cada lado. E eram, sem dúvida, o mais estranho conjunto de construções que já vi. A não ser pelo fato de cada um ter um grande número de latão acima da porta (ímpares do lado esquerdo, pares do direito), eram totalmente diferentes um do outro. O número 9 tinha chaminés como uma minúscula fábrica. O número 4 tinha tomateiros nas paredes e uma cobertura feita de grama de verdade. O 7 parecia feito de um ouro sólido que reluzia tanto à luz do sol que era quase impossível de se olhar. Todos davam para uma área comum mais ou menos do tamanho de um campo de futebol, pontilhada de estátuas gregas, fontes, canteiros de flores e um par de cestos de basquete (o que era mais a minha praia). No centro do campo havia uma enorme área de pedras com uma fogueira. Muito embora fosse uma tarde quente, o fogo ardia de modo lento.

 

- Por que eles são tão diferentes? – disse Cho – Não é mais normal que eles sigam algum tipo de padrão?

- Doze – sussurrou Hermione – Quantos deuses eram considerados como Olimpianos? Digo que viviam no Palácio do Olimpo?

- Bom, tinham quatro filhos de Cronos, e depois mais sete filhos de Zeus – disse Miguel – e Afrodite por último. Totalizando... doze.

- Mas Cronos teve 6 filhos deuses – Padma se lembrou – um deles era Hades que vive no mundo inferior..., mas a última...

- Hestia – disse Antônio – Era a deusa da família do lar e da lareira... Ele disse que havia uma fogueira na área entre os salões.

- Um chalé secreto?

 

Uma menina com cerca de nove anos estava cuidando das chamas, cutucando os carvões com uma vara.

 

Os Corvinos se entreolharam, uma menina de nove anos? Poderia ser a deusa?

 

O par de chalés à cabeceira do campo, números 1 e 2, pareciam mausoléus casadinhos, grandes caixas de mármore branco com colunas pesadas na frente. O chalé 1 era o maior e mais magnífico dos doze.

As portas de bronze polido cintilavam como um holograma, de tal modo que, vistas de ângulos diferentes, raios pareciam atravessá-las. O chalé 2 era de certo modo mais gracioso, com colunas mais finas encimadas com romãs e flores. As paredes eram entalhadas com imagens de pavões.

– Zeus e Hera? – adivinhei.

– Correto – disse Quíron.

 

- Então cada chalé representa um deus? – disse Pansy – Mas tenho certeza de que havia mais de 12 deuses na mitologia grega.

- Há existem muito mais – disse Blazio – acho que eram... Cerca de 40 ou 50 ao todo, pelo menos dos que eu consigo me lembrar.

- Então por que apenas doze? – perguntou Crabbe.

- Os 12 maiores talvez? Zeus e Hera são rei e rainha do Olimpo talvez os outros sejam apenas dos deuses mais antigos ou coisa assim.

- Como os Sagrados 28 – disse Theodore com certo orgulho – ao fim do dia a pureza é o mais importante, sendo deuses eles não aceitariam qualquer um no acampamento.

 

– Os chalés parecem vazios.

– Diversos chalés estão vazios, é verdade. Ninguém jamais fica no 1 ou 2.

Certo. Então cada chalé tinha um deus diferente como mascote e chalés para os doze olimpianos. Mas por que alguns estariam vazios?

 

- O normal seria pessoas ficarem primeiro no Chalé Um certo? Digo por que construir se ninguém jamais irá usá-lo? – disse Justino.

- Acho que Zeus fez questão de ter um templo ou chalé para si..., mas nenhum dos semideuses foi digno o bastante para viver nele.

- Eu estava achando que cada semideus ficava no chalé do seu pai, mas Zeus tinha filhos como um louco por toda a mitologia, digo, Ares, Atena, Hefesto, Hermes, Apolo, Artêmis, Dionísio, mais da metade dos Olimpianos é filho de Zeus – disse Harry – Isso sem contar os semideuses, Perseu, Hercules, não faz sentido que ele não tenha um filho agora.

 

Parei na frente do primeiro chalé da esquerda, o número 3.

Não era alto e imponente como o chalé 1, mas comprido, baixo e sólido. As paredes externas eram de pedras cinzentas rústicas salpicadas de pedaços de conchas e coral, como se as pedras tivessem sido cortadas diretamente do fundo do oceano. Espiei para dentro da porta aberta e Quíron disse:

– Ih, eu não faria isso!

Antes que ele pudesse me puxar de volta, senti o odor salgado do interior, como o vento na praia de Montauk. As paredes internas brilhavam como madrepérola. Havia seis beliches vazios com lençóis de seda virados para baixo. Mas não havia indício de que alguém já tivesse dormido lá. O lugar parecia tão triste e solitário que fiquei contente quando Quíron pôs a mão no meu ombro.

 

- Chalé 3 – disse Luna – Seria de Poseidon? Digo conchas e coral, até o número bate, ele com certeza é o 3º maior deus dos olimpianos após Zeus e sua esposa Hera.

- Faz bastante sentido – disse Ernesto – Mas pelo que sei da mitologia grega Poseidon era o deus que mais tinha filhos mortais entre todos. Por que seu chalé estaria vazio?

- Eu adoro quando vocês começam a fazer as perguntas certas – disse Annabeth sorrindo.

- Você adora perguntas em geral – disse Grover caçoando da amiga – Exceto quando elas são “uma ofensa a sua inteligência”

Percy estremeceu se lembrando do breve encontro com a esfinge no Labirinto – Nem me lembre disso, ainda não acredito que ela quase nos matou porque SABIA responder as questões.

- Espere o que? – disse Tracy – Quase matou porque sabia responder isso não faz...

- Não tente descobrir – disse Annabeth – Essa história só no 3º ano de Percy no acampamento, e eu não me arrependo de nada – a loira disse aos dois rapazes.

 

– Vamos, Percy.

A maioria dos outros chalés estava abarrotada de campistas.

O número 5 era vermelho vivo – uma pintura muito malfeita, como se a cor tivesse sido jogada a esmo com baldes e mãos. O telhado era forrado de arame farpado. Uma cabeça de javali empalhada estava pendurada acima da porta e seus olhos pareciam me seguir. Dentro pude ver um bando de meninos e meninas mal-encarados, disputando queda de braço e discutindo enquanto o rock tocava às alturas. A mais barulhenta era uma menina de talvez treze ou quatorze anos. Usava uma camiseta do ACAMPAMENTO MEIO-SANGUE tamanho GGG embaixo de um casaco camuflado. Ela mirou em mim e lançou um maldoso olhar de desprezo. Fez lembrar Nancy Bobofit, só que a menina do acampamento era muito maior e de aparência mais cruel, seu cabelo era comprido, esticado e castanho, em vez de vermelho.

 

- Parece o chalé dos encrenqueiros – disse Hermione.

- Com certeza ele representa Ares – disse Miguel – Javali é um dos animais que o representam, arame farpado, crianças que parecem prontas para amassar sua cara com um soco...

- Com certeza representa Ares.

 

Continuei andando tentando ficar longe dos cascos de Quíron.

– Ainda não vimos os centauros – observei.

– Não – disse Quíron chateado. – Infelizmente, meus parentes são uma gente selvagem e bárbara. Você pode encontrá-los no mato ou em eventos desportivos importantes. Mas não verá nenhum aqui.

 

- Desculpe – disse Firenze claramente confuso – Que tipo de centauros você está falando?

- Me faço a mesma pergunta – disse Hagrid – Os que conheço não conseguem nem mesmo se manter em uma conversa por mais de 5 frases sem virar sua atenção para as estrelas e profecias.

- Interessante – disse Quíron – Me pergunto se os membros de minha família estão sofrendo alguma espécie de mutação devido a sua proximidade com os deuses.

- O que quer dizer com eventos desportivos – disse a professora Ruth – algo como a copa de quadribol?

- Ah, certamente até onde sei são grandes admiradores da seleção americana – disse Quíron – Mas eles também participam de eventos mortais ou festivais de música, se procurar bem poderá encontrá-los até em torneios de xadrez.

- Como eu nunca vi os centauros em nenhum desses eventos? – disse Slughorn – Tive o prazer de visitar a final a américa alguns anos atrás para a final do campeonato americano de quadribol, e não tive nenhum sinal de centauros.

- Procure pelo grupo, mais violento, animado e insano... Então vai perceber que eles estão disfarçados como eu estava, embora eles tenham disfarces que permitam melhor mobilidade – disse Quíron, claramente incomodado pelo foco em sua família.

 

– Você disse que seu nome é Quíron. Você é mesmo...

Ele sorriu para mim.

– O Quíron das histórias? Instrutor de Hércules e tudo aquilo? Sim, Percy, eu sou.

 

- Espera – disse Blazio, em voz alta – Ele tem três mil anos?

- Impossível deve ser uma pegadinha. – disse Pansy;

- Ou algum tipo de fantasma? – Goyle ergueu a opção – Se realmente existe um mundo dos mortos ele poderia ter fugido?

- Não acredito que vou dizer isso – Theodore respirou profundamente – Mas Goyle pode estar certo.

- Exceto que ele não pode – respondeu Crabbe – Centauros não tem alma mortal, quando morrem eles não vão para os domínios do deus Hades eles só desaparecem. Quíron não pode ter fugido do inferno, porque nunca estaria lá se tivesse morrido.

- Como sabe disso – perguntou Draco, não estava acostumado a aprender algo vindo de Crabbe.

- Me lembro de ter lido em algum lugar, devia estar estudando para alguma prova de Trato de Criaturas Magicas – o garoto deu de ombros.

- Então como ele pode ser o mesmo Quíron das histórias?

- Estamos lidando com um mundo onde existe a imortalidade – disse Crabbe – Já conhecemos um deus de três mil anos... E agora conhecemos também um cavalo.

 

– Mas você não devia estar morto?

Quíron fez uma pausa, como se a pergunta o intrigasse.

– Honestamente, não sei nada sobre devia. A verdade é que eu não posso estar morto. Entenda, há muitas eras os deuses concederam meu desejo. Pude continuar o trabalho que adorava. Pude ser um mestre de heróis enquanto a humanidade precisasse de mim. Ganhei muito com aquele desejo... e renunciei a muito. Mais ainda estou aqui, portanto só posso presumir que ainda sou necessário.

 

- É por isso que ele é tão bom como professor – disse Zacarias – O cara tem três mil anos de experiência no currículo. Ele sozinho teve mais alunos do que qualquer outra escola de magia e bruxaria no mundo

- Talvez mais do que todas as escolas juntas – disse Gina olhando com certo ar de respeito para Quíron.

 

Pensei sobre ser um professor de três mil anos. Isso não estaria na minha lista das Dez Coisas Mais Desejadas.

– Isso nunca fica chato?

– Não, não – disse ele. – Horrivelmente deprimente às vezes, mas nunca chato.

– Por que deprimente?

Quíron pareceu ficar com alguma deficiência auditiva de novo.

 

- Você não fez mesmo essa pergunta – disse Astória – Imagine quantos alunos ele...

- É eu sei – Percy interrompeu – Eu nem pensei naquilo naquele momento... Mas hoje eu entendo a dor de Quíron – o garoto deu um olhar a seu professor e então riu, daqui outros três mil anos, Quíron estaria com aquela mesma aparência, seria ele capaz de ainda se lembrar de Percy, Annabeth e os outros semideuses de agora? Ou seus rostos já seriam apenas vagas lembranças na imensidão de alunos que o centauro ensinou?

- Eu me pergunto se ele já se arrependeu desse desejo alguma vez – disse Annabeth.

- Destinado a ensinar eternamente só para saber que seus alunos estarão para sempre destinados a falhar em algum momento – disse Grover em voz baixa.

- Vocês falam como se fosse impossível viver mais do que alguns anos.

- Para nós – disse Percy de forma deprimente e agarrou a mão de Annabeth – É raro que um semideus viva até seus 20 anos. A nossa geração é a que chegou mais longe, mas ainda assim foi apenas alguns poucos anos a mais do que as gerações passadas.

 

– Ah, olhe – disse ele. – Annabeth está esperando por nós

A menina loira que eu conhecera na Casa Grande estava lendo um livro na frente do último chalé da esquerda, o número 11.

Quando nos aproximamos, ela olhou para mim com um ar crítico, como se ainda estivesse pensando em como eu babava.

 

- Eu estava – riu a garota apenas para que Percy a calasse com um beijo.

 

Tentei ver o que ela estava lendo, mas não consegui distinguir o título. Achei que fosse minha dislexia em ação. Então me dei conta de que o título não era sequer em inglês. As letras pareciam grego para mim. Quer dizer, literalmente grego. Havia figuras de templos e estátuas e diferentes tipos de colunas, como em um livro de arquitetura.

– Annabeth – disse Quíron – eu tenho aula de arco-e-flecha para mestres ao meio-dia. Você cuidaria de Percy a partir daqui?

– Sim, senhor.

 

- Então – disse Draco – todo semideus sabe ler grego?

- De certa forma – Theodore pensava em voz alta – Grego Antigo é sua língua materna.

- Você sabe que não é assim que uma língua funciona – disse Pansy – Não é porque seus pais são gregos que você sabe grego.

- Então que outra explicação você tem para que Percy e Annabeth entendam grego antigo? – perguntou Crabbe.

- Gente eles são semideuses, deve ser algo que eles são obrigados a aprender – disse Blazio – E o Quíron passou o último ano ensinando grego ao Percy, ele deve saber ao menos o básico.

 

– Chalé 11 – disse Quíron para mim, fazendo um gesto em direção à porta. – Sinta-se em casa.

Entre todos os chalés, o 11 era o que mais parecia um velho chalé comum de acampamento de verão, com ênfase no velho. A soleira estava desgastada, a pintura marrom, descascando. Acima do vão da porta havia um daqueles símbolos de médico, um bastão alado com duas serpentes enroscadas nele. Como é mesmo que chamavam aquilo? Um caduceu.

Dentro, estava abarrotado de gente, meninos e meninas, em muito maior número que os beliches. Sacos de dormir estavam espalhados por todo piso. Parecia um ginásio onde a Cruz Vermelha estabelecera um centro de refugiados.

 

- Mas que tipo de Chalé é esse? – disse Terêncio perguntou – que tipo de deus do olimpo teria um chale assim e não mataria os construtores?

- Um caduceu com duas serpentes – Hermione franzia o rosto – Existia um deus da medicina na mitologia grega, Asc-alguma coisa.

- Asclépio – disse Padma após 5 segundos de silêncio – Deus da medicina, mas...

- Mas o que? – perguntou Cho.

- Segundo o livro, Asclépio tinha como símbolo um caduceu com apenas 1 serpente enrolada – disse Padma – E isso talvez seja interessante, seu caduceu por muito tempo foi confundido com o de ninguém mais ninguém menos do que o de Hermes com duas serpentes entrelaçadas.

- Hermes? – disse Antônio – De jeito nenhum que um dos maiores deuses do olimpo aceitaria que seu chalé ficasse incompleto desse jeito.

 

Quíron não entrou. A porta era muito baixa para ele. Mas quando os campistas o viram, todos se puseram em pé e fizeram uma reverência respeitosa.

– Então tudo bem – disse Quíron. – Boa sorte, Percy. Vejo você no jantar.

Ele partiu a galope ruma à linha de arco-e-flecha.

Fiquei em pé no vão da porta, olhando para a garotada. Não estavam mais se curvando. Olhavam para mim, medindo-me com os olhos. Conheço essa rotina. Havia passado por ela em muitas escolas.

– Tudo bem – instigou Annabeth. – Vá em frente.

 

- Não vão tentar arrumar confusão com ele né? – disse Justino – O garoto matou um minotauro com as mãos nuas.

- Se estivermos certos e todos ali são semideuses – disse Rony – Então ele não fez nada demais matando o minotauro.

- É Rony – disse Gina – Porque matar minotauros com certeza deve fazer parte da rotina de um semideus, ainda mais sem nenhum conhecimento de suas habilidades.

 

Então, naturalmente, tropecei ao passar pela porta e fiz um completo papel de bobo. Houve algumas risadinhas dos campistas, mas nenhum deles disse nada.

Annabeth anunciou:

– Percy Jackson, apresento-lhe o chalé 11.

– Normal ou indeterminado? – perguntou alguém.

 

- O que é isso? – Perguntou Ernesto – Normal ou Indeterminado?

- Vão entender em breve – disse Percy – só saibam que isso é exclusivo do chalé 11, ou pelo menos era.

 

Eu não sabia o que dizer, mas Annabeth disse:

– Indeterminado.

Todos gemeram.

 

- Então ser indeterminado é ruim? – disse Neville.

- Não exatamente – disse Grover – O problema é que nessa época existiam muitos deles, por isso o chalé está tão lotado.

- Eu acho que entendi – disse Luna – Normal significa que você DEVERIA estar no chalé 11, e indeterminado significa que não sabem o que fazer com você então te jogam no chalé 11.

- Não faz sentido – disse Daphne – Poderiam só construir um ouro chalé para os indeterminados.

- Na verdade – disse Annabeth – Luna está certa, o chalé 11 é o chalé de Hermes, entre todas as suas esferas de influência ele também é o deus dos viajantes, como não sabem o que fazer com você te consideram um viajante no chalé 11.

- Não podemos simplesmente construir um novo chalé, estamos lidando com deuses de três mil anos, mudar as tradições é algo bem mais difícil do que podem imaginar. – disse Percy, lembrando de seu colega Jason que estava nessa missão há um tempo.

 

Um cara que era um pouco mais velho que o restante chegou para frente.

– Vamos, vamos, campistas. É para isso que estamos aqui. Bem-vindo, Percy. Você pode ficar com aquele ponto no chão logo ali.

O cara tinha cerca de dezenove anos e parecia muito legal. Era alto e musculoso, com cabelo com cor de areia aparado curto e um sorriso amigável. Usava uma camiseta regata laranja, calças cortadas, sandálias e um colar de couro com cinco contas de argila em cores diferentes. A única coisa perturbadora na sua aparência era uma grossa cicatriz branca que corria desde logo abaixo do olho direito até o queixo, como um antigo corte de faca.

 

Annabeth se curvou na cadeira e fechou o rosto em certo nível de tristeza. Os bruxos claramente perceberam, mas ninguém se atreveu a comentar. Astória se perguntava se o garoto poderia ser um irmão de Annabeth, devido a cor do cabelo.

 

– Este é Luke – disse Annabeth, e sua voz pareceu mudar um pouco. Dei uma olhada nela e poderia ter jurado que estava ficando vermelha. Ela me viu olhando e sua expressão endureceu de novo. – Ele é seu conselheiro por enquanto.

 

- Ah, nossa – disse Astória – eu... Eu pensei que ele podia ser seu irmão.

- Luke? – Annabeth riu, sua voz estava um pouco trêmula, claramente apesar de estar apaixonada por Percy a garota ainda guardava um forte sentimento relacionado a Luke Castellan – Não ele, ele era só um amigo de infância, conheci ele aos sete anos... Sem ele e Thalia eu... Eu nunca chegaria viva ao acampamento.

Enquanto falava o choro parecia se formar em sua voz, mas a garota coçou os olhos e respirou profundamente logo recuperando sua compostura enquanto Percy a abraçava e brincava com o cabelo.

- Luke... – Daphne hesitou – morreu?

- Vão entender – o tom de voz de Percy era mais sério do que em qualquer outro momento, claramente o garoto de olhos verdes também tinha sentimentos conflitantes sobre Luke.

Luna pode perceber um certo nível de admiração, junto a raiva e talvez um pouco de ciúme.

 

– Por enquanto? – perguntei.

– Você é indeterminado – explicou Luke pacientemente. – Eles não sabem em que chalé acomodá-lo, então você está aqui. O chalé 11 recebe todos os recém-chegados, todos os visitantes. Naturalmente Hermes, nosso patrono, é o deus dos viajantes.

Olhei para o minúsculo espaço de chão que eles me deram. Eu não tinha nada para pôr ali e marcá-lo como meu, nenhuma bagagem, nenhuma roupa, nenhum saco de dormir.

Apenas o chifre do Minotauro. Pensei em colocá-lo ali, mas então lembrei que Hermes era também o deus dos ladrões.

 

- Deus dos ladrões? – disse Rony – Bom acho que já conhecemos o pai de Percy Jackson.

- Por que acha que é Hermes? – disse Susana – Poderia muito bem ser o deus da guerra.

- “O Ladrão de Raios” lembra? Já sabemos que Percy é cruel por causa do sangue de Você-Sabe-Quem, mas roubo não é bem o estilo dele, e Percy com certeza é um ladrão, deve ter herdado isso de Hermes.

“É uma boa teoria se não fosse o fato de que Voldemort era um ladrão quando tinha 12 anos de idade e só mudou quando veio para Hogwarts” – pensou Harry.

 

Corri os olhos pelos rostos dos campistas, alguns mal-humorados e desconfiados, outros com um sorriso idiota, alguns me olhando como se esperassem uma oportunidade de limpar os meus bolsos.

– Quanto tempo vou ficar aqui? – perguntei.

– Boa pergunta – disse Luke. – Até você ser determinado.

– Quanto tempo isso vai levar?

Todos os campistas riram.

 

- Então esse negócio de ser determinado ou não pode demorar – disse Draco.

- Luke disse que seu patrono era Hermes – disse Goyle – Isso quer dizer que os chalés abrigam semideuses que foram de alguma forma abençoados por um deus? Por isso nenhum fica no chalé de Zeus?

- Isso faz sentido – pensou Theodore.

 

– Venha – disse Annabeth. – Vou lhe mostrar o pátio de vôlei.

– Eu já vi.

– Venha.

Ela agarrou meu pulso e me arrastou para fora. Pude ouvir o pessoal do chalé dando risadas atrás de mim.

 

- Porque estavam rindo do Percy? – perguntou Neville.

- Não era de mim – Percy riu.

- O que quer dizer? – Annabeth olhou confusa.

- Todos no chalé sabiam o quanto você queria sair em missão, eles estavam rindo de você – disse o garoto com um sorriso.

- Mas isso, ora isso é... Grr, e eu os ajudei a capturarem a bandeira. – disse Annabeth.

- Não – respondeu Grover – Você entregou a bandeira para eles. Todos percebiam que você tinha uma quedinha pelo Luke.

A loira abriu a boca para responder, mas pela primeira vez nenhuma palavra saiu, ela logo sentiu seu rosto ficando vermelho e pronunciou alguma coisa ininteligível.

- Gia ta korákia me aftá tou Ermí. – disse Annabeth.

- Wow – disse Percy, respondendo também em alguma língua estranha. - Min didáskete aftá ta prágmata stous mágous.

 

Quando estávamos a poucos metros de distância, Annabeth disse:

– Jackson, você precisa fazer melhor do que isso.

– O quê?

Ela revirou os olhos e murmurou baixinho:

– Não posso acreditar que achei que você fosse o cara.

 

- Ah, mas eu sou O Cara – disse Percy, apenas para que Annabeth revirasse os olhos.

- Sim O Cara mais idiota de todos os mitos gregos.

 

- “O cara” – repetiu Terêncio – Que cara ela estava esperando?

- Alguém que sabe sobre esse assunto do Solstício de Verão – disse Padma – E sobre o que quer que tenha sido roubado.

 

– Qual é o seu problema? – Eu agora estava ficando zangado. – Tudo o que sei é que matei um sujeito-touro...

– Não fale assim! – disse Annabeth. – Você sabe quantos neste acampamento gostariam de ter tido a sua chance?

– De ser mortos?

– De enfrentar o Minotauro! Para que você acha que nós somos treinados?

 

- Bom se você tinha alguma dúvida de que eles não lutam com minotauros todos os dias antes do café da manhã aí está sua prova – disse Gina para o irmão.

- Eles podem até não lutar, com mas é óbvio que nenhum deles parece realmente achar que Percy fez grande coisa, apenas que ele teve sorte de encontrar um – disse Rony.

 

Eu sacudi a cabeça.

– Olhe, se a coisa contra a qual eu lutei era realmente o Minotauro, o mesmo das histórias...

– Sim.

– Então só existe um.

– Sim.

– E ele morreu, tipo um zilhão de anos atrás, certo? Teseu o matou no labirinto. Portanto...

 

- Portanto como ele poderia estar andando pela costa leste de Long Island – completou Theodore – Se essa criatura já morreu...

- Pelo menos duas vezes – disse Draco – e aparentemente os semideuses do acampamento gostam de lutar contra ele... Podemos supor que tenha sido morta mais algumas vezes.

- Então por que ele continua vivo?

- Outro imortal? – disse Goyle.

 

– Monstros não morrem, Percy. Eles podem ser mortos. Mas eles não morrem.

 

- Desculpe, acho que perdi uma linha – disse Cho.

- Não faz sentido – disse Hermione – Como podem morrer e não morrer ao mesmo tempo?

 

– Ah, obrigado. Agora entendi tudo.

– Eles não têm alma, como você e eu. Você pode bani-los por algum tempo, talvez até por todo uma vida, se tiver sorte. Mas eles são forças primitivas. Quíron os chama de arquétipos. No fim, eles se reconstituem.

 

- É incrível como a escolha de palavras certas pode fazer milagres na hora de contar uma história – disse Tracey.

Os outros ainda pareciam estar tentando entender o ciclo de vida dos monstros, quando Luna falou em voz baixa e triste

- Então... É impossível para vocês vencerem a guerra, não é?

- “Eles sempre voltam” – Daphne ergueu os olhos pela primeira vez repetindo as palavras de Grover – Mesmo que vocês o matem sucessivas vezes... Eles sempre vão voltar buscando vingança.

Os três campistas concordaram com certo ar pesado entre eles.

- Por isso nossa estimativa de vida é baixa – disse Percy – Mesmo que vençamos uma criatura cinco ou dez vezes... Elas sempre vão voltar buscando por vingança, e elas só precisam vencer uma vez...

- O que nos conforta é que – Annabeth disse em voz baixa – Semideuses costumam ter vaga garantida para os campos Elíseos no mundo inferior.

- Apenas semideuses – disse Grover – Se Percy ou Annabeth morrerem vão se encontrar de novo no outro mundo...

- Mas você também é um monstro – disse Ernesto entendendo o conflito de Grover – Se você morrer não vai vê-los de novo.

- Então você também é imortal Grover? – Perguntou Neville, mas o sátiro negou imediatamente.

- Sou um espírito da natureza, se eu morrer meu corpo vai se unir a ela como uma arvore ou como uma flor.

 

Pensei na Sra. Dodds.

– Você quer dizer que se eu matei um, acidentalmente, com uma espada...

– A Fúr... Quer dizer, a sua professora de matemática. Está certo. Ela ainda está lá fora. Você apenas a deixou muito, muito zangada.

– Como você sabe da Sra. Dodds?

– Você fala dormindo.

 

- Deve ser horrível dormir ao lado dele – disse Pansy – Pena para vocês garotos quando ele for para a Sonserina.

Nenhum dos jovens respondeu, quanto mais liam menos Sonserino Percy parecia ser, mas ainda guardavam resquícios de expectativa, afinal haviam se passado cinco anos desde os acontecimentos que estavam lendo, Percy poderia ter mudado certo?

 

– Você quase a chamou de alguma coisa. Uma Fúria? Elas são torturadoras de Hades, certo?

Annabeth olhou nervosamente para o chão, como se esperasse que ele se abrisse e a engolisse.

– Você não deve chamá-las pelo nome, mesmo aqui. Se acabamos tendo de falar nelas, nós as achamos de as Benevolentes.

 

- Fala sério, até as criaturas não podem ser chamadas pelo nome? – reclamou Harry, ele podia entender evitar o nome dos deuses, mas até monstros? – Isso é ridículo.

- Benevolentes? – Zacarias zombou – Excelente nome para as torturadoras de Hades seja lá o que isso for.

- Não sei nada sobre as torturadoras – disse Susana – Mas Hades, era o deus do inferno.

- Deus do inferno? Soa contraditório. – disse Ana

- Porque está pensando como um cristão e não como um grego – Gina respondeu – Tenho quase certeza de que eles não usavam a palavra inferno.

- Não sei qual era a palavra, mas com certeza era um local vinculado ao pós vida e a torturas – disse Susana.

 

– Puxa, existe alguma coisa que se possa dizer sem que haja trovões? – Eu soei reclamão, até para mim mesmo, mas naquele momento não me importei. – Por que tenho de ficar no chalé 11, afinal? Por que fica todo mundo amontoado? Há uma porção de beliches vazios logo ali.

Apontei para os primeiros chalés e Annabeth empalideceu.

 

- Parece que ela fica com medo de que Percy possa viver no chalé de Zeus – disse Hermione – Digo o que seria de tão ruim se ele fosse digno do senhor dos deuses?

- Acho que ela só tem medo de Percy pensar que pode simplesmente entrar e dormir no chalé de qualquer deus – Padma respondeu pensativa – digo, eles devem considerar isso extremamente desrespeitoso.

- Ou talvez ela tenha medo dele sentir alguma ligação com Zeus? Talvez seja este o pai dele – disse Miguel.

 

Na Sala Precisa Clarisse se levantou em um salto e espreguiçou as costas.

- Bom está na hora de fazer minha grande chegada, quero estar perto para enforcar o mané se ele contar demais sobre esse dia.

- Quer dizer quando ele te levou para beber no banheiro? – provocou Connor apenas para ser seguido pela garota por toda a Sala Precisa, sobrevivendo apenas porque a Sala continuava criando objetos no caminho entre os dois, e sendo pego porque Clarisse sempre encontrava um caminho entre estes.

- Vamos lá Clarisse – disse Travis indo em socorro do irmão – Você ainda me deve uma por te livrar daquela enrascada com os coelhos na Faculdade.

Subitamente a garota suavizou o olhar e olhou para Travis vermelha de vergonha – Você prometeu... Grr, eu mato vocês outra hora. – E então as portas da Sala Precisa se abriram e uma gata apareceu perto de Clarisse a guiando para o salão.

 

– A gente não escolhe simplesmente um chalé, Percy. Depende de quem são seus progenitores. Ou... o seu progenitor.

Ela olhou fixamente para mim, esperando que eu entendesse.

– Minha mãe é Sally Jackson – disse eu. – Trabalha na doceria da Grande Estação Central. Pelo menos trabalhava.

 

- Então espera – disse Neville franzindo a testa – Você fica no chalé que é o do seu pai ou mãe divina?

- Exatamente – disse Annabeth.

- Então por que Zeus e Poseidon não tinham campistas? Digo até entendo Hera é a deusa do casamento, não deve fazer o estilo dela sair por aí tendo filhos com mortais e traindo seu marido, mas Zeus e Poseidon? Eles tinham centenas de filhos na mitologia.

Astória olhou direto para Annabeth. “Adoro quando vocês fazem as perguntas certas” foi o que ela disse, então ela também sabia que era estranho que Poseidon e Zeus não tivessem filhos, mas qual seria o motivo?

- Existe alguma lenda sobre deuses proibidos de terem filhos? – perguntou Astória aos bruxos.

- Artêmis, Hestia e Atena são proibidas – disse Luna o que fez Annabeth franzir o rosto – As três juraram eterna virgindade então... A menos que deuses possam fazer seus filhos surgirem de seus pensamentos essas três são proibidas.

Novamente Annabeth pareceu desconfortável, como se não quisesse falar sobre as três deusas, ou talvez não quisesse falar sobre uma delas?

 

– Sinto muito pela sua mãe, Percy. Mas não é isso que eu quis dizer. Estou falando sobre seu outro progenitor. Seu pai.

– Ele está morto. Não cheguei a conhecê-lo.

Annabeth suspirou. Era claro que já tivera aquela conversa com outras crianças:

– Seu pai não está morto, Percy.

 

- Ela provavelmente já teve essa conversa com centenas de outras crianças – Gina respondeu – Ela parece ser uma das campistas em que Quíron confia bastante.

- Sim, estava com ele quando Percy chegou, cuidou do garoto, estava com ele quando Percy acordou e agora deixou ela para explicar tudo ao Percy – disse Justino – Com certeza ela tem alguma patente ou coisa assim dentro do acampamento.

- Grover disse que ela era só uma campista normal, apenas estava lá a mais tempo que a maioria – disse Ana – Não acho que é uma questão de patentes e sim de puta confiança.

- Ou a garota é insuportável e não deixa Quíron em paz – disse Rony.

- O que é uma opção bem provável quando nos lembramos que ela entrou invisível no salão e que o próprio Quíron pareceu desaprovar isso – disse Zacarias – Além dela aparentemente ser a namorada do neto de Você-Sabe-Quem deve ser o pior tipo possível de pessoa.

 

– Como pode dizer isso? Você o conhece?

– Não, é claro que não.

– Então como você pode dizer...

– Porque eu conheço você. Você não estaria aqui se não fosse um de nós.

 

- De novo essa conversa – disse Blazio – Acho que ela está falando sobre as fronteiras do acampamento, do mesmo jeito que Sally disse que não poderia entrar.

- Se for isso mesmo então meramente o Percy estar ali dentro já é uma prova – Draco completou – Mas deve ter mais do que isso.

- A força dele – disse Theodore – a agilidade que ele mostrou ao matar o minotauro, devem ser heranças do seu sangue divino.

- Se me lembro bem – disse Goyle – Hercules também tinha força sobre-humana, ele era filho de Zeus não era? Seria Percy também.

- Acho que força é algo que vem no pacote – disse Pansy – Digo eles precisam lutar contra monstros cinco vezes maiores que eles, super força é o mínimo que precisam ter para sobreviver.

 

– Você não sabe nada a meu respeito.

– Não? – Ela ergueu uma sobrancelha. – Aposto que você ficou passando de escola em escola. Aposto que foi expulso de uma porção delas.

– Como...

– Teve diagnóstico de dislexia. Provavelmente transtorno do déficit de atenção também.

 

- Ora o que é isso? – disse Neville – Se for assim eu chutaria que Fred e Jorge podem ser meio-sangues, não sei sobre dislexia, mas com certeza eles seriam expulsos de diversas escolas e tem um sério problemas com déficit de atenção.

Os bruxos riram deixando os três convidados confusos, se perguntando quem seriam estes dois.

- Ainda me lembro do show que os dois fizeram no ano passado – disse Astória – Uau! Soltar fogos de artifício no meio da sala principal durante o castigo da Umbridge?

Nesse momento os três visitantes do acampamento meio-sangue estremeceram – Parece coisa dos Stoll, esses Fred e Jorge não estão mais aqui estão?

- Não, montaram uma loja de brinquedos e coisas do tipo no Beco Diagonal e não voltaram mais para Hogwarts – disse Tracy com um tom de voz triste – Sinto falta das brincadeiras deles.

- Bom, quando conhecerem os Stoll vão agradecer que estes dois não estão aqui – disse Annabeth – se eles forem metade do que os Stoll são então nenhuma magia em nenhum mundo poderia impedir esse castelo de virar ruinas.

 

Tentei engolir meu constrangimento.

– O que isso tem a ver?

– Tudo junto, é quase um sinal certo. As letras flutuam para fora da página quando você lê, certo? Isso é porque a sua mente está fisicamente programada para o grego antigo. E a hiper atividade... você é impulsivo, não consegue ficar quieto na classe. Isso são os seus reflexos de campo de batalha. Numa luta real, eles o manterão vivo. Quanto aos problemas de atenção, isso é porque enxerga demais, Percy, e não de menos. Seus sentidos são mais aprimorados que os de um mortal comum. É claro que os professores querem que você seja medicado. Eles são em maioria monstros. Não querem que você os veja como são.

 

- Espera aí, então ele realmente consegue falar grego simplesmente porque é filho de um deus grego? – disse Pansy – Como isso funciona?

- São deuses Parkinson – responde Malfoy – Não procure lógica nesse tipo de coisa... Estou mais interessado nos reflexos para campo de batalha. Ele descreveu duas vezes nas suas lutas que o mundo parecia estar mais lento ao seu redor.

- Provavelmente eram estes reflexos, a forma como ele saltou sobre o minotauro também foi algo automática e não planejada, seu corpo apenas reagiu de imediato a ameaça – disse Theodore – Merlin isso tudo é insanidade.

- A maioria dos professores são monstros é? – disse Blazio – Então o acidente com o canhão e o aquário podem não ter sido culpa dele no fim das contas, ou ele estava em outra luta pela própria vida com um professor disfarçado.

- Não acho que seja o caso, mas a possibilidade existe.

 

– Você parece... você passou pelas mesmas coisas?

– A maioria das crianças daqui passou. Se você não fosse um de nós, não poderia ter sobrevivido ao Minotauro, e muito menos à ambrósia e ao néctar.

– Ambrósia e néctar.

– A comida e a bebida que estávamos dando a você para curá-lo. Aquilo teria matado um garoto normal. Teria transformado seu sangue em fogo e seus ossos em areia e você estaria morto. Encare os fatos. Você é um meio-sangue.

 

- E vocês deram para ele sem ter certeza? – disse Hermione de boca aberta.

- Acho que com os outros sinais eles já tinham certeza – disse Antônio.

- Ambrósia e Néctar – disse Terêncio – A comida e bebida dos deuses... Pensar que pode existir algo assim no mundo.

- Uma poção que poderia matar alguém com apenas algumas gotas – Padma tremeu – E ele toma isso para curar ferimentos?

 

Um meio-sangue.

Minha cabeça estava girando com tantas perguntas que eu não sabia por onde começar.

– Ora, ora! Um novato!

Eu dei uma olhada. A menina grandalhona do chalé feio e vermelho vinha andando lentamente em nossa direção. Havia três outras meninas atrás dela, todas grandes, feias e de aparência malvada como ela, todas usando casacos camuflados.

 

- Senhoras e senhores eu lhes apresento a garota mais carinhosa do nosso acampamento Clarisse La Rue – disse Percy em tom de brincadeira e rindo baixo, então para sua surpresa as portas do grande salão se abriram com o som de um chute, provavelmente porque realmente haviam sido chutadas.

- Muito prazer garotada, me disseram que tinha uma festa rolando por aqui? – disse a garota, sua expressão era de quem estava esperando por uma briga de forma descuidada, mas seus olhos castanhos brilharam com certa sagacidade e rapidamente se moviam pelo salão analisando cada um dos bruxos.

- Clarisse – disse Quíron – Eu te pedi para não chutar a porta.

- Desculpe é minha forma de dizer oi, sabe disso Quíron – respondeu a garota em voz alta.

- Poderia então nos mostrar sua forma de dizer tchau? – disse Percy com um tom brincalhão, mesmo que tivesse odiado Clarisse no início os dois passaram a compartilhar uma rivalidade amistosa ao longo dos anos.

- Jackson – a garota cuspiu como uma serpente – É melhor que você não conte nada sobre o que aconteceu naquele dia.

- Não tenho escolha – disse Percy, de repente ele já não parecia tão brincalhão – Estão lendo minha mente.

- Eu mato você antes que esse tal Voldemort tenha chance se você disser qualquer coisa sobre.

Os dois semideuses se colocaram em pé e andaram um até o outro se encararam por alguns segundos e então sorriram, indo cada um de volta para uma mesa, ou pelo menos Percy foi para uma delas, Clarisse foi para o centro do salão e olhou para todas as mesas, logo prendendo seus olhos em ninguém menos que Harry Potter.

- Então você é o tal Potter – disse a garota empurrando Zacarias e se sentando ao lado do garoto com cicatriz – Cicatriz, óculos, posso ver que tem problemas com Percy. Por culpa do tal Voldemort acredito.

- Não vou falar com amigos dele – respondeu Harry e a garota riu.

- Então que bom que não sou amiga dele, só estou aqui porque Quíron me disse que poderia haver briga e eu já estava ficando louca na faculdade – a garota deu de ombros – Não gosto do Jackson mais do que não gosto de você.

Embora fosse óbvio que a garota não era bem-vinda a mesa ela não se importou e ali ficou, logo olhando para Dumbledore e dando sinal positivo para prosseguir.

 

– Clarisse – suspirou Annabeth –, por que você não vai polir sua lança ou coisa assim?

– Claro, Srta. Princesa – disse a grandalhona. – Para poder atravessar você com ela na sexta-feira à noite.

– Erre es korakas! – disse Annabeth, o que eu de algum modo entendi que era “Vá para os corvos!” em grego, embora tivesse a sensação de que devia ser uma praga pior do que parecia. – Você não tem chance.

 

- Ah droga – disse Annabeth enquanto Quíron a olhava com seriedade – Que bom que não estou mais no acampamento, isso ia me custar três ou quatro dias lavando os pratos.

Percy novamente estremeceu – É incrível, nossa floresta é cheia de monstros, nossos campistas são guerreiros armados até os dentes, nossos inimigos são criaturas milenares e o maior perigo do acampamento é o trabalho na cozinha.

- Isso faz vocês parecerem negligentes com trabalho manual – disse Astória, a garota sempre fizera questão de limpar a própria bagunça mesmo que tivesse empregados para tal.

- Não é negligência – disse Annabeth – É porque eles não usam água para lavar os pratos.

- Então o que?

- Magma – disse Percy – É uma experiencia terrível acreditem em mim. Annabeth e eu precisamos fazer esse trabalho uma vez e nós odiamos.

 

– Vamos transformá-la em pó – disse Clarisse, mas seu olho se crispou. Talvez ela não tivesse certeza de poder cumprir a ameaça. Voltou-se para mim. – Quem é esse nanico?

 

- MEU OLHO NÃO CRISPOU – gritou Clarisse – NÃO TENHO MEDO DA SUA NAMORADA JACKSON. ACABO COM ELA QUANDO VOCÊ QUISER.

- AMANHÃ A NOITE ANTES DA LEITURA COMEÇAR – Percy gritou, em sua mente sabia que Annabeth tinha uma grande desvantagem, mas confiava totalmente nas recém adquiridas habilidades que a loira obteve com a espada de osso de drakon.

- NÃO ARRUME BRIGAS POR MIM CABEÇA DE ALGA – Annabeth o empurrou e olhou para Clarisse e depois para Dumbledore – E NÃO INTERROMPA A LEITURA RAINHA JAVALI.

 

– Percy Jackson – disse Annabeth –, esta é Clarisse, filha de Ares.

Eu pisquei.

– Tipo... o deus da guerra?

Clarisse sorriu desdenhosa.

– Você tem algum problema com isso?

 

- Essa garota parece mais com a herdeira de Slytherin do que o Percy – disse Cho – Caramba ela chega no salão chutando a porta e puxando briga?

- Preciso concordar, mas julgamos Percy cedo demais por causa de sua herança – disse Hermione, determinada a não cometer o mesmo erro – Ela é filha do deus da guerra, talvez goste de lutas um pouco mais do que os outros, mas isso não quer dizer que seja uma pessoa ruim.

 

– Não – disse eu, recobrando minha presença de espírito. – Isso explica o mau cheiro.

Clarisse rosnou.

– Nós temos uma cerimônia de iniciação para novatos, Persiana.

– Percy.

– Seja o que for. Venha, vou lhe mostrar.

– Clarisse... – Annabeth tentou dizer.

 

- Esse maldito – Clarisse praticamente espumava de raiva e expectativa – Vou matá-lo. Vou matá-lo, usar os dons de Ares para revivê-lo e então matá-lo uma segunda vez.

- Revivê-lo? – disse Rony – Está de brincadeira é impossível reviver os mortos.

- Talvez para vocês, qualquer um que morra em batalha tem sua alma sob domínio de Ares e precisa responder se um filho dele chamar – disse a garota – e eu posso chamar.

- Então você pode ressuscitar os mortos? – Perguntou Justino, ainda sem botar muita credibilidade.

- Não exatamente, apenas mortos que morreram lutando, estes eu posso ordenar que continuem lutando – explicou a garota, sem saber exatamente o porquê – Eu só os levanto para que possam continuar a sua batalha e restaurar sua honra, depois disso eles podem descansar.

 

– Fique fora disso, Sabidinha.

 

- Espera então o Percy roubou o apelido da Annabeth de Clarisse? – disse Piper, ela sempre adorou como o garoto chamava a namorada, mas não esperava por essa.

- Aparentemente sim – disse Leo enquanto fixava os parafusos em um tipo de projetor e apertava um botão. Um holograma de Percy Jackson brilhando em azul apareceu, mas não parecia Percy.

No Holograma se via um homem em torno dos 30 anos, musculoso como um ator de cinema e usando um calção de praia com óculos de sol na frente dos olhos, era vagamente semelhante a Percy, mas com certeza o peito peludo e abdomens definidos não eram os do filho de Poseidon, ele também estava segurando uma prancha de surfe nas mãos.

- Não parece nada com ele – disse Thalia enquanto ria do holograma.

- Vocês não entendem nada de senso de arte – Leo sorria de orelha a orelha enquanto desligava seu holograma – Quando eu voltar ao bunker 9 vou criar uma versão em tamanho natural que vai até falar e interagir com as pessoas.

- Eu vou tomar banho no riacho a partir desse dia – respondeu Nico, arrancando risadas de grande parte do salão.

 

Annabeth pareceu ofendida, mas ficou de fora, e eu realmente não queria a ajuda dela.

Eu era o novato. Tinha de construir minha própria reputação.

Entreguei a Annabeth meu chifre de minotauro e me preparei para a luta, mas antes que eu percebesse Clarisse tinha me segurado pelo pescoço e me arrastava na direção de um edifício de blocos de concreto que percebi imediatamente que era o banheiro.

 

- O que é isso? Ele tem força para enfrentar um Minotauro e não para se livrar de uma garota? – disse Crabbe.

- Bom a garota também é uma semideusa, e filha do deus da guerra, ele deve ter alguns níveis acima no quesito força bruta do que o Percy – disse Blazio – Mesmo assim não deveria ser tão fácil certo?

 

Eu chutava e dava murros no ar. Já tinha estado em muitas brigas antes, mas aquela Clarisse grandalhona tinha mãos de ferro. Arrastou-me para dentro do banheiro das meninas. Havia uma fileira de vasos sanitários de um lado e uma fileira de chuveiros do outro. Cheirava como qualquer banheiro público, e eu estava pensando – tanto quanto podia pensar com Clarisse me arrancando os cabelos – que se aquele lugar pertencia aos deuses, eles deviam poder comprar privadas melhores.

 

- É incrível – disse Ernesto – Com todo respeito você nunca foca na coisa mais importante no momento?

- Hey, eu tenho transtorno de déficit de atenção, foco não é uma coisa que eu consiga entender.

- A menos que se trate de vídeo games – disse Grover.

- A menos que se trate de vídeo games – repetiu Percy – Mas mesmo neles é necessário focar em mais de uma coisa ao mesmo tempo.

 

As amigas de Clarisse estavam todas rindo, e eu tentava encontrar a força que usara para enfrentar o Minotauro, mas ela simplesmente não estava lá.

– Como se ele fosse dos “Três Grandes” – disse Clarisse, me empurrando em direção a um dos vasos. – Certo. O Minotauro provavelmente caiu na risada, de tão bobo que ele parecia.

As amigas abafaram o riso.

Annabeth ficou no canto, observando através dos dedos.

 

- “Três Grandes”- repetiu Ana – O que diabos são os Três Grandes?

- Zeus, Poseidon e Hades – repetiu Clarisse – Os três maiores entre todos os deuses.

- Então vocês achavam que ele era filho de um dos três? – disse Rony.

- Alguns acreditavam nisso, eu pessoalmente achava besteira – a garota respondeu – Ele não podia ser filho de nenhum deles.

- E ele não podia por quê?

- Eu agora virei uma enciclopédia? Ouça a história e vão entender por que 99% do acampamento não desconfiou dos três grandes. – respondeu a garota de forma ríspida.

 

Clarisse me forçou sobre os joelhos e começou a empurrar minha cabeça para dentro do vaso sanitário, que fedia a canos enferrujados e, bem, ao que vai para dentro de vasos sanitários. Fiz esforço para manter a cabeça erguida. Estava olhando para a água imunda e pensando: eu não vou enfiar a cabeça naquilo. Não vou.

 

- Isso é crueldade – disse Minerva – Imagino que a garota tenha sido devidamente punida?

- Sim, mas não por mim – disse Quíron – Por mais que esse comportamento não seja adequado podemos dizer que ele faz parte do treinamento.

- Mas que tipo de...

- Vocês viram o que Percy Jackson e os semideuses precisam enfrentar – repetiu o centauro – Se ele não pode evitar que a cabeça seja enfiada em uma privada acha que tem chance de sobreviver fora do acampamento com centenas de monstros caçando por ele?

Nenhum professor respondeu, era óbvio que nenhum deles gostava da atitude de Quíron e sua negligência para aquele tipo de comportamento, mas o centauro também estava certo ao dizer que isso era o mínimo que se esperaria de alguém capaz de vencer um minotauro de mãos nuas.

 

Então algo aconteceu. Senti uma pressão violenta na boca do estômago. Ouvi os encanamentos roncando, os canos estremeceram. A mão de Clarisse no meu cabelo afrouxou. A água pulou para fora do vaso, formando um arco por cima da minha cabeça, e em seguida me vi estatelado sobre os ladrilhos do piso do banheiro com Clarisse berrando atrás de mim.

 

- Eu vou matá-lo – Clarisse se levantou do banco, Zacarias e Harry por algum motivo tentarem segurá-la, mas a garota estava rodeada por uma aura de cor rosa e levantou os dois garotos juntos sem nenhum esforço.

- HEY – Gritou Percy, em uma seriedade que não havia sido mostrada ainda – Resolvemos isso amanhã só você e eu, já é difícil fazer amizade com esse pessoal bruxo, não preciso que eles assistam enquanto você e eu tentamos decapitar um ao outro.

Clarisse deu um sorriso travesso, uma expressão maligna cruzou seu olhar.

- Amanhã, você e eu antes da leitura começar – a aura rosada parecia começar a sumir e a garota se sentar – E QUALQUER BRUXO QUE QUISER FAZER COMENTÁRIOS SOBRE O QUE VAI ACONTECER VAI RECEBER UMA LIÇÃO JUNTO COM O JACKSON.

Os alunos de Hogwarts estremeceram, talvez não fosse parte dos planos de Clarisse, mas ela fazia cada vez mais alunos pensarem que Percy não parecia tão ruim.

 

Eu me virei bem no momento em que a água explodiu para fora do vaso outra vez, atingindo Clarisse bem no rosto com tanta força que a fez cair de traseiro no chão. A água continuou jorrando em cima dela como o jato de uma mangueira de incêndio, empurrando-a para trás, para dentro de um boxe de chuveiro.

 

- Água – disse Hermione – Ele também controlou água para atacar aquela garota Nancy.

- Então ele realmente tem poderes sobre água? – disse Padma caçando uma lista de deuses que poderiam se enquadras na categoria – O mais óbvio seria Poseidon.

- Ele teve uma certa conexão com o chalé de Poseidon, e a mãe dele conheceu o pai em uma praia – disse Cho – E disse que ele estava “perdido no mar”.

- Então Percy Jackson pode ser filho de Poseidon?

- Talvez, mas existem outros deuses do mar que poderiam passar esse tipo de poder para seus filhos – disse Miguel.

 

Ela se debateu, esbaforida, e as amigas começaram a ir em sua direção. Mas então os outros vasos também explodiram, e mais seis jorros de água de privada as empurravam de volta. Os chuveiros também entraram em ação e, em conjunto, todos os dispositivos lançaram as meninas camufladas para fora do banheiro, fazendo-as rodopiar como pedaços de lixo sendo removidos com jatos d’água.

 

Os bruxos olharam para Percy assustados, tanto poder e ele nem mesmo parecia estar controlando, apenas libertando sua magia de forma descontrolada e de alguma forma causando uma explosão dos banheiros.

- Com certeza ele é digno do título de Senhor Supremo dos Banheiros – disse Astória que se curvou de forma engraçada – Vou lhe fazer uma oferenda na próxima vez que visitar seus domínios lorde Perseu.

- Pode me fazer uma oferenda agora mesmo se me alcançar alguma dessas coisas com cheiro de chocolate perto do seu braço esquerdo – disse o garoto enquanto sorria.

 

Assim que elas foram postas porta afora, sentia a pressão nas minhas entranhas se aliviar, e a água parou de jorrar tão depressa quanto começara.

O banheiro inteiro estava inundado. Annabeth não tinha sido poupada. Estava toda molhada e pingando, mas não fora empurrada para fora. Estava de pé exatamente no mesmo lugar me olhando em estado de choque.

 

- Eu jurei que você ia me matar – disse Percy.

- Eu estava planejando, até que Clarisse abriu a boca de novo e eu percebi que poderia te usar para ganhar o caça a bandeiras.

- Uau! – Percy colocou a mão sobre o coração – Você fala sobre me usar com tanta facilidade? Como se eu fosse apenas uma ferramenta?

- Se serve de consolo você é minha ferramenta favorita e eu quero te usar mesmo para coisas que você é horrível apenas por gostar da sua companhia.

- Nesse caso é um grande prazer estar sendo usado – a garota riu e novamente beijou o namorado.

 

Olhei para baixo e me dei conta de que estava sentado no único ponto seco em todo o recinto. Havia um círculo de piso seco em volta de mim. Não havia nem uma gota d’água nas minhas roupas. Nada.

 

- Isso é estranho – disse Goyle – É óbvio que ele tem poderes sobre a água, mas uma habilidade que o impede de se molhar é um pouco contraditória.

- Pense que em um combate real ele não vai querer o peso de uma roupa molhada sobre o corpo enquanto usa a água – disse Blazio – Pode parecer estranho, mas é algo que faz bastante sentido.

- Eu não acredito que estamos pensando sobre como os poderes de um semideus podem ser usados em uma batalha – disse Pansy – Sabe ainda tem uma parte da minha mente que se recusa a processar essa informação.

 

Levantei-me com as pernas trêmulas.

Annabeth disse:

– Como você...

– Eu não sei.

 

- Ela faz tudo isso e nem sabe como? – disse Gina – Esse garoto é absurdamente poderoso.

- Ele realmente não é filho dos Três Grandes? – disse Susana – Esse controle sobre a água, parece coisa de Poseidon, e ele é poderoso se acabou com a sua raça tão facilmente sem nem saber o que estava fazendo.

Clarisse fuzilou Susana com os olhos, a analisando de cima a baixo como se analisasse qual dos ossos ia quebrar primeiro.

- Eu nunca disse que ele não era – respondeu Clarisse – Eu disse que não achava que ele era.

- Então ele é? – perguntou Zacarias.

- Já disse que não sou enciclopédia para ficar respondendo as dúvidas de vocês, leiam o livro e vão conhecer o pai do mané.

 

Caminhamos até a porta. Do lado de fora, Clarisse e as amigas estavam paradas na lama e um bando de outros campistas se reunira em volta para olhar, perplexos. O cabelo de Clarisse estava colado no rosto. O casaco camuflado estava encharcado e ela cheirava a esgoto. Ela me lançou um olhar de ódio absoluto.

– Você está morto, novato. Está totalmente morto.

Talvez eu devesse ter deixado pra lá, mas disse:

– Quer gargarejar com água da privada de novo, Clarisse? Cale essa boca.

 

- Você mereceu essa – sussurrou Rony.

- Você quer repetir isso em voz alta ruivinho?

- Não se atreva a tocar em um fio de cabelo do meu irmão – disse Gina, seus olhos se cruzaram e a tensão entre as duas quase soltava faíscas.

- Você conhece algumas garotas bem duronas Potter, posso ver por que ainda está vivo – disse ela.

- Ainda não conheceu Hermione.

Clarisse sorriu, diferente da maioria dos campistas que vieram a Hogwarts ela não havia ouvido a história de Potter, pegou alguns nomes e descrições e a ideia geral, mas não conhecia os detalhes.

 

As amigas tiveram de segurá-la. Arrastaram-na para o chalé 5, enquanto os outros campistas abriam caminho para evitar seus membros que esperneavam.

Annabeth olhou para mim. Eu não sabia dizer se ela estava apenas enjoada ou zangada comigo por encharcá-la.

 

- Sabe o que é engraçado – disse Percy – Na época eu não sabia, mas você estava fazendo a cara que faz quando começa a bolar um plano, o rosto de “Nunca aposte contra Annabeth Chase”.

- Eu não tenho um rosto assim

- Sim você tem – disse Grover – franze as sobrancelhas e para de piscar por alguns segundos, lábios meio abertos e até sua respiração fica diferente.

- Eu não sei se me sinto honrada por me conhecerem tão bem, ou assustada por me conhecerem TÃO bem.

 

– O que foi? – perguntei. – O que está pensando?

– Estou pensando – disse ela – que quero você no meu time para capturar a bandeira.

 

- E com isto encerramos a noite – dissera Dumbledore fechando o livro e então pigarreando já sentindo sua voz falhar, talvez fosse sábio manter-se com apenas dois ou três capítulos por noite. – Mas antes de dispensar os alunos, creio que Percy Jackson precise de novos aposentos agora que está se unindo a Hogwarts.

Os alunos murmuraram entre si, Percy realmente seria alocado em uma das quatro casas, e nenhuma delas confiava o suficiente nele para gostar disso, exceto talvez Sonserina.

Dumbledore bateu as mãos e a sua frente surgiu um banco e sobre ele o chapéu, mais feio e velho que Percy já vira na vida, era marrom pontudo e cheio de remendos, mas havia algo estranho na forma como as dobras do chapéu estavam posicionados, como se ele tivesse.

- Ora, ora, ora – disse o chapéu fazendo Percy dar um salto – No meio do ano? Isso sim é um evento incomum.

- O chapéu seletor... Eu sabia que ele falava, mas não imaginei que realmente tivesse um rosto.

Annabeth parecia encarar o chapéu com ódio, era óbvio que não gostava da ideia de se separar de Percy, mesmo que apenas durante a noite, talvez entrasse escondida no salão comunal usando o boné da invisibilidade.

Clarisse se levantou e caminhou até os colegas do acampamento, ficando próxima de Annabeth, era claro que existia uma amizade e rivalidade igualmente fortes entre as duas, a morena não se importava com o destino de Percy, sabia que ele iria se virar independente do que acontecesse, qualquer um que tivesse força para encarar Ares sem nenhum treinamento estaria tranquilo contra alguns bruxos e tendo duas guerras de experiência.

Percy assim como a namorada também não estava ansioso para ser realocado para longe dos amigos, ainda mais sabendo que poderia estar em perigo durante a noite dependendo de em qual casa fosse colocado, a única em que ele suspeitava estar em segurança seria Sonserina, mas ele conhecia a casa... Ambição, poder, astúcia Percy nunca teve nada disso.

- Você vai ficar bem Percy – disse Grover me apoiando – Estamos ligados, se estiver em perigo eu vou saber... Você não precisa se preocupar com alguns bruxos.

Percy sorriu fraco e então, contra toda a sua vontade, mas decidido a honrar as tradições de Hogwarts dera o primeiro passo até o banco.

Quando Dumbledore colocou o chapéu sobre sua cabeça ele logo desceu até cobrir seus olhos, era simplesmente grande demais para um humano. Houve alguns segundos de silêncio e então Percy ouviu, bem no fundo da nuca uma voz dizendo.

“Ora o que temos aqui? Não é sempre que tenho um desafio tão grande quanto você Perseu, ainda tão jovem, mas já dono de uma mente tão complexa. Comecemos com a sua sabedoria, não é dedicado aos estudos, mas você tem um dom especial... tua espada derrubou muitos monstros, Perseu, mas ela já lhe falhou em momentos de necessidade, o Cérbero, o Leão de Nemeia, Crisaor, muitos já venceram a lamina de Contracorrente, mas nem mesmo o feitiço de Lótus foi capaz de vencer sua mente. Ora Percy muito se diz que os Corvinos são amantes dos livros, mas o que Rowena Ravenclaw prezava não era pelo quanto de conhecimento foi adquirido, mas como você o usa, e eu devo dizer que ela teria te amado.”

 

Isso era mesmo verdade? Em uma revisão mental Percy pensou consigo mesmo quantas vezes sua tão confiável espada já lhe falhou, desde a viagem a Los Angeles ele foi incapaz de lidar com todos os monstros que Hades jogou em seu caminho o Cérbero era apenas o mais memorável, mas Percy fora quem teve a ideia de brincar com o cachorro, embora fosse Annabeth que tivesse realmente executado o plano. Quando os pássaros da Estinfalia atacaram ele tivera a ideia de usar os discos de Quíron para assustá-los, então o Leão de Nemeia, morto usando sorvete? Até Percy Jackson, que nunca se vangloriou de seus feitos, tinha que sorrir e admitir que ele fora genial naquele momento. Talvez ele realmente fosse digno de Corvinal.

 

“Mas se falamos em espada então tenho que lhe dizer Perseu quanta coragem, quanta paixão, erguer sua espada contra o deus da guerra? Atacar Atlas em seu território? Aceitar o peso dos céus sobre si mesmo? além de sua primeira missão, marchar para o mundo dos mortos sem nenhum treinamento é o tipo de loucura que apenas um grifinório seria capaz. Eu lhe garanto que ao primeiro grito em frente a uma batalha a lâmina de Godric Gryffindor teria orgulho de lutar ao seu lado.”

 

Percy não se sentia corajoso, embora muitos o dissessem isso. Afinal ele só fazia o necessário para cumprir suas missões, não enfrentou Ares porque queria um desafio, ele o enfrentou porque precisava do Elmo, ele não tomou o fardo de Artêmis para provar a si mesmo que era capaz ele o fez porque sua espada estava amaldiçoada e não seria de nenhuma utilidade em batalha. Mas talvez exista coragem em seu ser, coragem para encarar a morte certa sem esperar nada em troca. Mas ele teria coragem de dormir ao lado de Harry Potter na Grifinória?

 

“Não se preocupe com Grifinória meu rapaz, você tem a coragem, mas você não marchou para o Mundo Inferior movido pela sua coragem certo Perseu? Foi por sua mãe, por sua lealdade, foi por ela que você foi capaz de encarar o Senhor dos Mortos, foi sua lealdade que o deu forças para sustentar a Maldição do Titã, foi sua lealdade naquele que um dia foi seu amigo que o fez entregar a faca e causou a queda do Senhor do Tempo. Lembro-me dos dias ao lado de Helga Hufflepuff e lhe garanto que nem mesmo ela teria conseguido saltar naquele poço.”

 

O Tártaro, Percy estremeceu até mesmo a menção do local que até hoje o causava pesadelos. Mas ele reconheceu naquele momento o que o chapéu lhe contava, Atena já o advertira uma vez que sua falha mortal era a lealdade a seus amigos, fora tão leal a Annabeth que deixou-se cair no Tártaro, teve fé em Nico de que ele os encontraria do outro lado, mesmo estando apaixonado pelo seu futuro em Nova Roma sabia que o único lugar que ele poderia chamar de lar era o acampamento Meio-Sangue. Seus amigos já o tinham advertido quando conheceram as quatro casas, Percy Jackson com certeza era um Lufano.

 

“Não tenha pressa, ainda há mais em você Perseu..., sua sabedoria, coragem e lealdade são impressionantes, mas nenhuma delas lhe foi útil dentro daquele poço. Naquela caverna você encontrou a sua natureza real. Talvez você tenha rejeitado a imortalidade, mas exigiu algo tão ambicioso quanto ela, liberdade aos inimigos do Olimpo, reconhecimento para todos os semideuses, você curvou deuses a sua vontade Perseu e por mais nobres que fossem suas intenções, elas no fundo não passavam de um capricho para o que você pensava ser a coisa certa. Você riu quando destruiu legiões com a Marca de Aquiles. Em seu breve encontrou com Miséria ela buscou sufocá-lo em seus fracassos e você buscou por poder para afogá-la em seus venenos. Por baixo da coragem, lealdade e astúcia existe um manipulador que virou o titã Bob contra seu próprio irmão. Você pode rejeitar sua escuridão Perseu e esconder tudo atrás de um sorriso travesso, mas no fundo você carrega o sangue dele... o sangue de Salazar...”

 

- SONSERINA – Gritou o chapéu, e então alguém abriu os portões do zoológico, e as coisas ficaram realmente esquisitas.


Notas Finais


Link do Servidos do Discord: https://discord.gg/SjtW3zZ

ENTÃO VAMOS LÁ, LIGA O CAPS LOCK QUE NESSA HORA SE EU FICAR DEPRESSIVA VAI SER FEIO.

SLYTHERIN, SONSERINA, SANSA "STARK" RINA.

Gente como vocês sabem eu surtei com essa porra de escolha. EU APRENDI MAIS SOBRE AS 4 CASAS EM UMA SEMANA DO QUE NA MINHA VIDA INTEIRA COMO POTTERHEAD. Mas eu tinha prometido a vocês, se eu não tivesse uma revelação que pudesse colocar o Percy em uma das 4 casas de Hogwarts eu ia seguir meu plano original e tacar ele na lufa-lufa... E bom eu tive.

Meus agradecimentos vão principalmente a leitora @kath_malfoy que me mandou o link de uma "história" no wattpad que falava um pouco sobre o Percy, eu vou vincular o link no fim das notas finais para quem quiser ler.

Gente eu só surtei, eu senti como se meus olhos tivessem sido abertos para uma realidade totalmente nova e decidi que Sonserina seria a escolha mais interessante. Mas eu também fiz questão de deixar claro que qualquer uma das quatro casas poderia ser a de Percy Jackson, mesmo Corvinal que era a que eu menos botava fé, percebi que a casa valoriza a criatividade ainda mais do que valoriza a inteligência, pelo menos do meu ponto de vista.

Vou ser bem honesta, toda essa falar do Chapéu Seletor SÃO MINHAS PALAVRAS. Como assim Laura Petsch? toda a história são suas palavras, não gente quero dizer que eu ignorei qualquer traço de personalidade para representar com o chapéu seletor o quanto eu estava confusa com essa escolha. Enfim eu escolhi sonserina e espero que isso não decepcione a todos vocês que assim como eu acreditam em um Percy Lufano, que fique claro que eu acho que o Lufa-Lufa seria a melhor casa para a narrativa como um todo, mas eu decidi seguir meu coração, NÃO ME ODEIEM.

MAIS UMA COISA (imaginam isso na voz do "tio" do desenho do Jackie Chan)

ESSA CENINHA NO INÍCIO COM A ASTÓRIA SENDO UMA SEMIDEUSA, ELA NÃO SIGNIFICA NADA. Sim, não significa nada.

A verdade é que não estou com planos para criar bruxos semideuses, mas eu já tive alguns problemas no último capítulo quando comecei a planejar coisas incríveis que simplesmente não estavam no início das minha ideias, no caso... O DESAPARECIMENTO DA SALLY. Gente aquilo foi uma coisa que eu senti vontade de colocar na metade do capítulo e não tinha nem ideia de o que caralho eu estava fazendo, NÃO EU NÃO SABIA QUEM TINHA SEQUESTRADO A SALLY :V Eu precisei editar varias coisas nos capítulos anteriores para não criar uma incoerencia, além de desenvolver um plot inteiro em volta de quem raptou a Sally e porque... E eu bolei esse plot... E pelos deuses do olimpo e de asgard QUE PLOT QUE ME DEU ORGULHO, sério to louca para desenvolver isso :v

Enfim voltando a Astória, eu não tenho planos de fazer dela uma semi-deusa, maaaaas eu resolvi deixar uma abertura para essa possibilidade no futuro só para não ter o mesmo problema.

Link que abriu meus olhos: https://www.wattpad.com/560585352-caracter%C3%ADsticas-de-percy-jackson-percy-jackson


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