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História Encontro Marcado - Desencontro


Escrita por: JehCalazans

Capítulo 2 - Desencontro


Fanfic / Fanfiction Encontro Marcado - Desencontro

Bernardo estava em seu trabalho tentando se concentrar na papelada que Raul tinha deixado pendente e que ele pegou para si. Bernardo, mesmo jovem com seus quase 35 anos, era diretor médico do hospital particular mais caro da cidade do Rio de Janeiro onde veio conhecer seu cunhado Raul, um dos médicos mais competente, fazendo jus ao cargo de gerente médico, e auxiliando mais do que sabiamente a diretoria de Bernardo. Raul tinha uma criança pequena em casa, e  por isso Sartorini não se incomodava em se responsabilizar por mais afazeres, para que o cunhado chegasse mais tarde ao trabalho, saísse mais cedo ou até mesmo tirasse uma folguinha no almoço para curtir a família, como hoje por exemplo. Aliás, o afinco com que o cunhado se dedicava á família era um dos pontos que o Sr Sartorini mais admirava. Raul sabia lidar de forma magistral com o preconceito das pessoas por Pedro ser tão claro e loirinho quanto a mãe e não negro como o pai. Como se negros só pudessem ter filhos da cor. Nada irritava mais Bernardo do que ouvir a confusão das pessoas ao acharem ser ele o pai de Pedro, sempre que saía com o sobrinho e o compadre. Nessas horas ele enchia a boca ao dizer ser apenas tio e padrinho, apontando com o orgulho o amigo como o pai da criança. Estava tão concentrado nas papeladas referente a auditoria que não percebeu a volta de Raul, nem mesmo os segundos que o compadre ficou parado rente a porta, observando-o, fazendo com que o Sartorini levasse um susto ao notar a presença do amigo.

 

— Droga, Raul, me assustou! Você não disse que ia almoçar? – Perguntou no mesmo instante  em que voltava seus olhos para os papéis que antes eram alvo de sua atenção

 

— E eu ia, até perceber que estou sendo egoísta e um péssimo amigo. Tiro tempo para tudo, menos para você. Mesmo sabendo que algo está errado –

— O que há de errado em trabalhar? – Perguntou Bernardo, um tanto indiferente,  ainda atento aos papéis, sem nem ao menos fitar Raul.

 

— Bernardo, quer parar um instante? Você está sendo tão ou mais irritante que Emília com os processos dela. Bem que dizem que o casal fica parecido depois de certo tempo de convivência. Mas ta cedo demais pra isso –

 

— Emília pediu para você jogar essa  indireta para saber se eu sei quantos anos de casamento eu tenho? – Soltava uma piada, dando finalmente uma pausa no que fazia para dar atenção a Raul que finalmente se aproximou, sentando numa das cadeiras em frente a mesa de Bernardo –

 

— Você me perguntou o que há de errado. Bom o que há de errado trabalhar como um burro e mal passar o dia com uma esposa linda? O que há de errado em recusar em aproveitar o tempo para  você e Emíia saírem juntos, curtirem um ao outro enquanto os filhos não chegam para ficar trabalhando trancafiado aqui dentro? Realmente nada demais –

 

— Está tão visível assim? –  Perguntou o moreno num tom derrotado, pela primeira vez esboçando sua preocupação

 

— Para mim que conheço você e Mília? Está sim. Mas é questão de tempo para as pessoas que nem conhecem vocês também estranhar  –

 

— Milly está tão estranha, Raul. O pior é que ela não conta e me deixa louco com mil e uma hipoteses bagunçando minha cabeça. Acredita que até pensei que ela estava grávida, mas estava me escondendo? Tão, tão sem lógica – Ele resumiu, um tanto exasperado, os dedos nervosos a se embrenharem pelas mechas escuras, bagunçando o próprio cabelo –

 

—  Que tal aquele almoço por minha conta? –  Mesmo que relutante, Bernardo aceitou a oferta.

 

 

 

 

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Emília finalmente tinha chegado ao trabalho.  A Beraldini era promotora de justiça atuando perante Tribunal do Juri. E esse ano ainda cumulava, atuando também junto á vara criminal, tendo em vista o afastamento do colega que fora nomeado como coordenador.  Estava muito bem vestida e maquiada, como de hábito. O tilintar do salto do seu scarpin ao fazer atrito com o piso de mármore podia ser ouvido há algumas léguas de distância, tamanha segurança e firmeza que ela andava sobre o local. Olhares a seguiam, uns de admiração, outros de imenso respeito; uns até mesmo por medo, e até inveja por que não? O nome da Beraldini era tão bem visto que não era de admirar que alimentava sentimentos ruins em certas pessoas, algumas até tremiam em ouvir eu nome graças ao poder e influência que mulher tinha dentro do Ministério. Os ousados, até mesmo os mais chegados a batizaram de “A dama de ferro”, Emília jamais entrava numa causa para perder. Também era ninguém menos que filha do falecido Ministro do STF Alberto Beraldini.

 

Sua imponência enquanto desfilava pelo corredor como quem pede passagem, dava impressão da mulher decidida, forte e muito bem resolvida que ela fazia questão de transparecer. Ninguém desconfiava que a bela jovem estava um caos com seus problemas pessoais

— Rosa, já cheguei, mas estou de saída. Qualquer pendencia, por favor, na minha mesa – Ordenava sem delongas, nem mesmo retirou os óculos escuros em respeito, muito menos um cumprimento em sinal de educação.  

 

Rosa é a funcionária que atua junto a Emília, seu braço direito no Ministério. Uma mulher  doce, de sorriso meigo e fala mansa. Trabalha com Emília há algum tempo, e já está mais do que acostumada com o gênio nada fácil da promotora. Por exemplo, hoje Rosa sabia que não era dia de cobrar um “boa tarde pra você também” com o sorriso mais simpático que podia, fazendo a Beraldini sorrir.  Hoje era dia de poucas sílabas..

 

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Querendo fazer uma surpresa pro marido, Emília decide convidar Bernardo para almoçar.  O hospital não era tão longe, apenas algumas quadras e a caminhada lhe faria bem. Ela chegou com a mesma imponência de outrora usada no Ministério. O tilintar dos altos finos dessa vez ecoavam pelos corredores do Hospital. Alguns conhecidos lhe acenaram, e  ela retribuiu de forma educada. Mas não todos, uns ela fingiu nem ver, escondida sob os óculos escuros.

 

— Boa tarde, Dorotéia. Bernado está? – Ela cumprimentou formalmente a secretária, retirando os óculos com suavidade. Perguntou, sem nem ao menos se identificar, indicando a porta da sala do marido com o leve gesticular da canhota que segurava os óculos da Dolce & Gabana.

 

— Não, Senhorita Beraldini. Ele foi almoçar com o Senhor Fontana – Dorotéia teve que se esforçar para colocar um sorriso simpático nos lábios

 

— Obrigada....  E é Senhora Sartorini, Dorotéia, Senhora Sartorini. – Lembrou Emília antes de se retirar da sala. Fitando a subalterna com um sorriso irônico no olhar evidenciado pelo brilho peculiar nas iris castanhas antes de repor os óculos.  Vontade de mandar Bernardo demitir a secretária folgada e atirada, não faltava, mas era madura demais para isso. Pena que não ouviu um “por enquanto” sair da boca da mulher.

 



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