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História Encontros e Desencontros - O Bar do Cavanhaque (parte I)


Escrita por: andrelisboa

Capítulo 3 - O Bar do Cavanhaque (parte I)


Naquele ambiente onde eu lutava para absorver o impacto de uma paixão platônica. Eu tentava fazer maquinações, ideias para tentar acalmar aquela inquietação no coração, e na mesma medida encontrar alguma motivação, alguma coragem para fazer algo. Eu estava nervoso e perdido.

Bianca me levou para frente do CE (prédio de educação). Sentamos no gramado que fica de frente a entrada do prédio e começamos a conversar. Como no quer nada eu fui tentando abordar a situação de Tereza. Mas a minha grande habilidade para abordar assuntos de forma sutil não era o meu forte, de modo logo de cara Bianca me perguntou:

- Tu gostasse de alguém da minha sala?

- Uma menina de óculos, branquinha.

- Ah, sei. Tereza!

- Esse é o nome dela?

- Então tu queres saber de Tereza? Tu tá interessado?

- Eu achei... Quero dizer... Ela é digamos... – eu era um bobinho.

- Tudo bem colega. Relaxa! Pode falar que eu não conto pra ninguém. Eu não sou amiga dela, mas sei sobre. A gente se conhece da mesma turma. Eu não tenho tanta intimidade com Tereza, mas ela é super fechada, quietíssima, na dela, que mal fala durante as aulas.

- Eu percebi que ela é tímida.

- Colega! Ela é muito tímida. Você não tem noção. Se você vai querer algo com ela vai ter que deixar a tua timidez de lado.

- Vai ser difícil viu! Eu sempre acabo desistindo das coisas sem tentar por medo de me machucar, ou de machucar alguém. Eu não sei flertar, eu não sei ser atraente para alguém. Enfim, eu sou uma verdadeira derrota na arte de flertar.

- Eu vou tentar ver como eu posso te ajudar. Eu vou falar com as meninas (amigas do círculo de Tereza).

Bianca me contou que Tereza tinha três amigas. As quatro praticamente formavam um grupo fechado. Eram simpáticas, porém não eram de muita conversa com quem era de fora desse “quarteto”. Agradeci Bianca e esperei angustiado, os próximos acontecimentos desta saga de paixão. Coisas teriam que acontecer de alguma forma. Eu estava decidido, mas sem coragem. Porque eu não conseguia romper esse medo, essa timidez? Teria que rompê-lo de alguma forma. Não queria deixar mais uma oportunidade passar.

Eu era um garoto muito ingênuo e inexperiente para enxergar que aquela situação era mais que difícil, era uma loucura de um juvenil num ambiente pouco propício para romances. Teria que suportar mais uma semana sem ver Tereza. Talvez a visse em algum lugar daquele imenso campus da universidade. Quem sabe? O futuro a gente não tem como prever. Sentado na frente do CE eu esperava de alguma forma que o padrão fosse alterado. Eu desejava quebrar a barreira de timidez, só não sabia como. A imagem de uma grota que brilhava (não como Edward Cullen) surgia repetidas vezes em minha mente. E enquanto tentava conter os impulsos do coração, eu tomava convicção da determinação. Eu não iria deixar de tentar.

No dia seguinte (sexta-feira), a  maioria dos alunos da minha turma, e também boa parte dos alunos daquela universidade estava se preparando par mais um fim de semana de lazer. Depois de uma semana cheia de trabalhos, aulas sufocantes, tédio excruciante era finalmente o momento do lazer. O lazer universitário.

Mais uma vez o bar do Cavanhaque estaria lotado. Todos iam a aquela instituição de ensino para apenas fingir que assistir às aulas, e depois se mandarem para o bar mais famoso da universidade. Os fieis, os verdadeiros clientes daquele estabelecimento de família batiam o ponto cedo nas mesas de plástico que ficavam dispostas por aquele apertado espaço. Às 2 da tarde o bar já estava com gente, os alunos ansiosos da minha sala, sentados numa mesa “calibrando” com cerveja as suas almas universitárias cansadas. Eu particularmente estava agitado. Não sabia se iria ao bar do Cava. Eu ainda estava bem receoso para ir, ainda mais com a minha imagem do último porre naquele bar. Enfim, decidi ir porque estava numa inquietação absurda.

Cheguei às 4 da tarde e as mesas começavam lotar. Tinha aula às 7 da noite, de modo que só ficaria pouco menos de 3 horas. A minha turma estava numa daquelas mesas amarelas de plástico da Skol, sentados em meio a uma algazarra e cheiro de cigarro mentolado e pitu com coca cola. O local tinha uma amplitude de menos de 60 metros de extensão, de modo que não era um ambiente amplo, mas era aconchegante. Era uma casa que foi adaptada e que depois se tornou definitivamente um bar.

Na mesa da minha turma encontrei alguns alunos de Turismo e a habitual galera de filosofia que nos acompanhava nas festividades da vida. os alunos juntaram 4 mesas de plástico, de modo que ficasse mais ampla. Tinham mais ou menos umas 25 a 30 pessoas sentadas em volta da mesa. Kel estava lá conversando com Bianca. Era da mesma cidade, Vitória (de Santo Antão), portando elas já se conheciam, mesmo Kel sendo uma caloura naquele momento. Resumindo, as duas estavam calibradas e todos da mesa também.  

As coisas iam desandar porque que estava numa ânsia de contar a alguém sobre o que sentia. Eu era bobinho demais, mas mesmo assim fui discreto até certo ponto. Se todos estavam calibrados... De modo que já sabia que eu iria ficar alto também porque na mesa estava um colega de turma que era “fogo na roupa”.

Jota era uma yag sincera a até demais. Sem filtro, sem firulas. Mais direto do que linha, mais reto do que avenida. Tinha 1, 85 de altura, alta com um sorriso branquíssimo. Pele morena, cabelos curtíssimo rentes, brinco fixo na orelha esquerda. Vestia roupas de estilo, sapatos de camurça, bolsa de couro. Era uma yag estilosa e sincera, do tipo fogo no parquinho.

- Então quer dizer que André tá gostando de uma garota.

- É. Mas não vai dar em nada. Triste. – disse eu na mesma hora pequei um copo de coca cola.

- Deixa de ser pessimista menino! Pega! Você vai tomar uma dose pura. Todo mundo já tomou aqui. – me deu meio copo de Pitú (pinga) pura. Tomei. Desceu rasgando e queimando meu estomago. As tripas se revirando.

- Tu têm que comer uma tabaca logo! Tais com cara de donzelo demais. – disse Jota e eu arregalei os olhos. Simon, uma Yag intelectual super sensível que estava bebendo uma coca ao lado de Jota deu uma engasgada. Simon era o tipo de homem discreto, intelectual, de óculos de armação redonda e roupas arrumadinhas, estilo camisa de botão e jeans comportado.

- Para de intimidar o menino bixa! Que bixa mais invasiva!

- Calma bixa! Eu só to dando umas dicas pra André. – disse Jota num tom mais natural possível. – eu tenho experiência no assunto.

Na nossa conversa paralela, em meio às vozes naquela mesa e o som da jukebox, estava ainda Fernanda e JP. Fernanda era o tipo de garota atraente até o ultimo fio de cabelo. Tinha mais ou menos 25 anos de idade, os cabelos pintados de vermelho, com olhos verdes claros profundamente marcantes e uma atitude fortíssima, de quem jamais aceitaria um desaforo. Usava um jeans escuro, camisa xadrez em verde e preto, maquiagem forte e unhas pintadas de verde escuro. Ela era uma personagem peculiar, de andanças pelas graduações nessa vida. Tinha feito graduação em História pela Rural (de Pernambuco), mas acabou desistindo no 3° período, e depois foi fazer Gastronomia (também na rural). Desistiu de Gastronomia, fez o Enem e passou pra História (de novo), só que agora pela Federal.

- Ai Jota. Vocês são muitos brutais com André. Ele é inocente. – disse Fernanda soltando uma baforada de fumaça do seu Lucky Strike sabor cereja (nunca havia visto desse sabor). O cheio de fumaça de cigarro se misturava aos bafos de cachaça com coca cola das pessoas daquela mesa.

- Ele não é inocente. Ele sabe o que é uma xoxota, uma buceta, um priquito, uma vagina... Porra, eu tenho 24 anos e sei o que é isso. Será que ninguém sabe o que é isso? Me poupem! Não me venham bancar os moralistas de plantão.

- Então tu sabe o que é isso Jota? Tu já comeu uma xoxota? Tu gosta? – inquiriu Fernanda com uma voz meio irritada e num tom de pilheria.

- Eca! Jamais! Eu gosto é de rola cabeçuda. – Jota estava começando a ficar bêbado num nível altíssimo – uma rolona daquelas cheias de veias.

JP que estava sentado ao meu lado deu uma risada tão grande que todos da mesa perceberam. JP era um garoto da minha idade, de aparência mais velha. Ele tinha uma barba espessa, cabelo pretíssimo num topete involuntário, um sorriso discreto. Andava sempre de bermuda cor de creme, sapatos velhos ao estilo converse all-star, camiseta de banda. Tinha uma estatura mediana, 1,72 talvez, quieto, às vezes bastante piadista. Vez ou outra contava piadas sem graça, e todo mundo zoava ele. Eu começava a ficar um tanto “alto”. Bianca e Kel conversavam no seu canto, acho que sobre mim e meu interesse por Tereza, pois vez ou outra olhavam pra mim e riam. Eu já havia contado pra Kel sobre Tereza, então tava tudo bem.

- Eu gosto de rola Fernanda. Mas esses tabacudos aí precisam crescer. Tudo nas fraldas. Não sabem nem o que é uma tabaca.  Eu gosto de rola Fernanda! – disse Jota, dando uma tragada no seu Hollywood e dando uma golada no seu copo de coca com cachaça.

- Eu sei. Mas eles tão assustados né!? É muito brutal.

- Porra de brutal. Esses roludos aí. Esse aí é descendente de indígena – segurando o cigarro ele apontou para mim. Eu havia dito que o meu avô era indígena. – Os indígenas tem rolona. – arregalei os olhos e segurei a risada.

- E esse outro aí, é descendente de espanhóis – apontou pra JP  –  tem uma rolona cabeçuda. Eu sei! Fiquei com um espanhol no carnaval. Tinha uma cabeçona deste tamanho. – fez um gestual de tamanho grande com as mãos.

- Para de falar besteira. É melhor eu tirar esse copo da sua mão. – disse Simon dando um socorro ao amigo já alcoolizado.

Fernanda olhou nos meus olhos e disse para eu ser sincero com Tereza. Ela disse que eu precisava tomar uma atitude e parar de imaginar o fracasso. Eu gostei da forma com ela me deu conselhos. Ela parecia ser uma pessoa mais madura para a idade que tinha. Kel também veio falar comigo. Foi mais enérgica, pedindo para que eu tomasse coragem,

- Tu é um homem ou um rato? Vamos agilizar esse negócio aí! Você não confia no seu taco? Tá na hora de acabar com essa timidez.

- É amigo, tu precisa fazer algo. Eu já falei com as meninas, e elas vão vir hoje aqui. A gente pode conversar melhor sobre Tereza. Mas já aviso logo: não vi ser fácil. – disse Bianca num tom de voz bastante sóbrio.

- Ela tem namorado? – perguntei com a voz preocupada.

- Claro que não. Eu te falei que era tímida demais. Deixe que elas cheguem pra tu saber mais da situação.

JP já nem mais se importava com a conversa. Estava tentando flertar com uma garota de Turismo de nome Alexandra. “Xandra” era uma garota de seus 18 pra 19 anos de idade que acabou se tornando conhecida de todos nós por sua espontaneidade, muito simpática e sorridente, de forma que ela se tornou amiga de todos d minha turma. Ela tinha pele morena, olhos castanhos claros, cabelos cacheados e sorriso branquíssimo. Conversavam enquanto a música na jukebox era aumentada a níveis ensurdecedores. Eu olhava para jeito atrapalhado de JP tentando paquerar Xandra enquanto ela sacava tudo e ria alto, numa espécie de humor aceito.

“O que eu estava fazendo ali?”

 

Kel, Bianca, Jota e Fernanda se levantaram para dançar. Os estudantes de filosofia fumavam que nem caiporas e a nuvem azulada e densa penetrava na atmosfera daquele apinhado estabelecimento comercial. A jukebox explodia ao som de uma música de Kelvis Duran (um consagrado artista da cena musical brega pernambucana que tinha um visual meio parecido com Michael Jackson).

“Que tontos, que loucos somos nós dois

Estando com outro e nos amando...”

Sempre recusei os fatalismos. Fui invadido por uma visão triste. Tudo estava deslocado. Felizes, despreocupados, desinibidos. Eu estava ali olhando toda a algazarra naquele bar, sentado numa cadeira de plástico amarela, sem saber o quê dizer,  como agir. Eu estava me sentido invadido por uma tristeza e uma solidão, uma vastidão proustiana ao final de um romance épico. A desolação de uma fotografia brilhante. A imagem de Tereza, a minha vida num dilema. A paixão incerta. A vida que se rasgava, pedaços de papel que pareciam confetes voando por todos os lados. O coração apertado, na angústia, num pressentimento de desilusão. Eu destoava daquele ambiente alegre e incomum.

O Cavanhaque pegava fogo com todos dançado, nuvens de fumaça. Cheiro enjoativo de cana derramada no chão. Pessoas cantando, o ar viciado e o fim de tarde que chegava lentamente. Eu estava perdido nestes delírios ingênuos, que na época me pareciam muito difíceis do que realmente eram. Hoje posso dizer que esses delírios, esses dilemas juvenis de paixão, não passam de umas quimeras criadas pela minha mente. Eu sei, estar naquele lugar e ver todos felizes me fez refletir sobre a minha condição. Eu estava num epifania existencial.

 A paixão tem um quê de rebeldia. No fundo todos nos preferimos aderir a essa rebeldia, nessa incerteza desconfortante, num ideia que pode, ou não, dar certo. O ser humano é maior do que os mecanicismos e pensamentos pragmáticos. Pra quê usar a razão em questões em que ela não era tão necessária assim? Mas eu insistia em misturar as duas coisas. Pobre tolinho!

Sentado naquela cadeira eu refleti sobre a minha aparência. Tinha rosto de criança, magricela, me sentido feio, sem atrativos, sem papo, péssimo no flerte, tímido pra caralho. A minha “inteligência” era uma coisa relativa, posta em termos mais pragmáticos. Eu tava mal com as reflexões que fazia naquela epifania. Tereza  parecia uma mulher distante das minhas possibilidades como homem jovem e patético. Um pessimismo absurdo me invadiu, sem fronteiras. Eu deveria ter me conformado com a solidão?

Eram tantos arquétipos da minha sala que se congregavam naquele dia no bar do Cava. As yags, os certinhos cdf, a “turma dos ilícitos”, os filósofos de plantão, os militantes de partido. Todos eram verdadeiros filhos da classe trabalhadora que buscavam naquele dia um mínimo de lazer num ambiente que exigia demais da saúde mental de seus alunos. O Cava e sua magia alcoólica representava o momento de alegria instantânea. Era um verdadeiro panteão, um templo em homenagem a Baco, onde os alunos da Federal prestavam seu “culto alcoólico”.

Yuri, um dos meus colegas de turma com um visual alternativo, se aproximou percebendo a minha fisionomia desolada. Veio até mim e disse num tom exageradamente sóbrio.

- Não é momento pra ficar triste. Pega um copo de pitu e vem conversar. – disse secamente.

O visual “alternativo” de Yuri se resumia a dois alargadores, tatuagens nos seus dois braços musculosos descobertos, e calças rasgadas ao estilo grunge dos anos 90. Yuri era o típico ex-rato de academia, 1,76 de altura, pele branca, cabelos enrolados num corte curto, óculos de armação quadrada que dava um ar meio intelectual, sorriso solto e andar vagaroso. Essas qualidades davam a ele uma fama entre boa parte dos garotos e garotas daquele curso de História. Ele conversou comigo, e enquanto bebia acabei me soltando mais e contando sobre o “babado”.

- Relaxa bicho! Se ela não te quiser foi ela quem perdeu. Na vida não vale pena ficar se martirizando por ninguém. Você tem que se valorizar, e FODA-SE! – ele olhou nos meus olhos e deu um sorriso escrachado. – Ah, Andrezinho, tu é muito besta. Ficar remoendo possibilidades. Manda todo mundo se foder! Tu vai ser um escravoceta é? Para com isso bicho. – arregalei os olhos, corando com aquela afirmação de Yuri.

O som aumentava mais uma vez ao som de uma típica música de brega recifense enquanto algumas pessoas retornavam para mesa onde eu estava. O ar estava nublado. Minha mente tentava se desviar daquele ar viciado. Agora o que me sobrou disso tudo foi esse mesmo ar viciado e o resquício amargo de um doce sentimento velho, nostálgico. Outra memória preenchida pelos fumantes em minha mente. Sem explicação esses flashes e lapsos de imaginação tomam forma, e vão crescendo, formando imagens. São como essas imagens de fumaças saindo das pontas dos cigarros, e subindo, e pairando, e envolvendo-me numa nevoa sufocante.

“Só posso rememorar e tentar compor uma narrativa.”

Estava começando ficar mais do que calibrado. Yuri estava me chamando para ir acompanhar um grupo que ia comprar "caninha de vó" no beco que fica ao lado do Cava. Antes que eu respondesse uma coisa se interpôs. Eram aproximadamente 5 e meia da tarde quando Bianca levanta abruptamente da cadeira ao ver três garotas sentando na mesa ao lado.

- André, elas chegaram – avisou Bianca num ar exaltado de que ainda tentava se recuperar da dança. Ela segurou o meu braço e me puxou em direção onde haviam se sentado as três amigas de Tereza.

Eu levantei a cabeça e procurei por Tereza. Mas ela não estava ali. Particularmente não estava esperando, mas não custava nada verificar. Era estranho estar naquela situação. Diante de três garotas e um grupo de alunos veteranos de História que eu jamais havia visto na vida eu agora teria que ter uma conversa com as amigas da minha crush veterana de história. Meu senso de dramaticidade jamais esperaria esse dilema euclidiano como esse. Não teria como descrevê-lo. Mas lá estava eu, diante de um problema, nervoso, com o coração na mão tendo que explicar a paixão platônica para garotas mais velhas que eu não conhecia.

O Bar do Cavanhaque ainda prometia grandes histórias...

(continua no próximo capítulo)



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