História End of the day - 2 - Long before I knew

Pov Harry

Pulei para fora do carro e agarrei a mão dela, sem sequer olhar para trás. Lauren não fazia ideia de onde iríamos enquanto eu a guiava com tanta pressa que quase sentia meus pulmões pulando dentro de mim. 

-Oh meu deus é uma arena, nós viemos a um show! 

Disse animada e com gostinho de quem estava prestes a encontrar um tesouro perdido ou algo assim.  

Gargalhei alto me espremendo no meio dos carros, naquele estacionamento que mais parecia uma pista de corrida de tão longo.  

Era fim de tarde e os raios de sol começavam a se derreter em tons alaranjados e rosados, refletindo em nós e dando luzes para toda a parte da cidade que podíamos ver dali.

Duas horas atrás eu pedi para que ela colocasse uma roupa que a fizesse se sentir bem, porque hoje nós iríamos ser felizes e ter um bom momento.

-Ok... eu vejo pessoas de todas as idades. 

Lauren disse. Eu não havia dito aonde iríamos e, agora que ela já sabia, não sabia quem iríamos ver. Lauren colocou calça jeans preta bem justa ao corpo dela, com aberturas nos joelhos, uma bota pequena preta e uma camiseta de manga listrada. Eu um jeans preto, uma camisa polo rosa e por cima uma jaqueta preta que tinha comprimento até os meus joelhos. 

Ela ria atrás de mim e eu ria de ansiedade para entrar logo e pegarmos nossos lugares. Não era sempre que momentos como aqueles batiam em minha porta de oportunidades. 

-Harry! Me fala por favor.

-Não senhora, você vai ter que adivinhar. 

Me virei para trás, sorrindo.

-Não são só pessoas jovens ou só pessoas mais velhas, já percebi. Então é uma banda das que você gosta, certo?

Sorri. Eu tentava tanto não sorrir, mas simplesmente não conseguia parar. Puxei-a com mais pressa e começamos a ultrapassar as pessoas, direto para a entrada. 

-Só pode ser Shania Twain, definitivamente ela.

-Não e não.

Neguei, vê-la adivinhar seria divertido. Lauren estava genuinamente feliz, bem feliz. Ela mal conseguia falar de tanto que ria com a situação.

-Fleetwood Mac ou Bring me the Horizon! 

-Tá longe! 

Gritei com friozinho na barriga. Esbarramos em algumas pessoas, mostramos nossas identidades e estávamos entrando. 

Eu sentia tanta ansiedade e vontade de estar ali naquele momento. Eu sentia minhas mãos geladas e minha garganta seca, mesmo sabendo que eu a usaria até que clamasse por misericórdia. 

E, no meio de toda a minha euforia, havia a garota mais bonita do mundo. As vezes eu olhava para trás e pedia para que ela viesse mais rápido; e então podia ver o cabelo longo balançando de lá para cá pelos movimentos, o sorriso curioso crescendo à proporções incríveis, os olhos atentos e o aperto em minhas mãos me dizendo que eu estava vivo. Mais vivo do que nunca. 

Como você diz à garota mais bonita do mundo que o sorriso dela é a coisa mais contagiante que você já experimentou? 

Ela fazia as substâncias químicas do meu cérebro enlouquecerem e sorrirem de volta. Toda vez. 

Como você diz à garota mais bonita do mundo que você ama as menores partes sobre ela? Como o sotaque, a risada e a ansiedade que percorria suas veias? 

Como você diz à garota mais bonita do mundo que os olhos dela eram tão iluminados naquele fim de tarde, naquela arena repleta de pessoas, enquanto a puxava euforicamente pelas mãos? 

Como você diz à ela que a ama, que a deseja e que ficaria feliz em passar o resto da vida apenas com ela?

-Leon Bridges ou Paul McCartney, você adora os dois Harry!! 

Lauren disse, me alcançando desta vez. Diminuí o passo e segurei a mão dela com mais leveza agora, deixando o ar entrar mais leve pelo meu nariz e minha asma ficar quieta no lugar dela.

Nós atravessávamos um grande corredor com nomes que me fascinavam. Ali as pessoas andavam mais devagar, contavam histórias, relembravam de seus shows. 

E eu era feliz por fazer parte daquela história. Meses atrás, naquele mesmo lugar, eu dizia “Boa noite, nos vemos em breve.” 

Meu nome estava lá também. Meu coração, minha alma e minha paixão. Memórias que eu nunca esqueceria e que não via a hora de viver de novo.

Passamos pelo último quadro e de repente um mar de pessoas tomou conta da nossa visão. 

Estávamos altos nas laterais do grande palco. De lá, podíamos ver tudo. De lá, podíamos ver todo mundo e nem todo mundo poderia nos ver. Poderíamos escolher se sentaríamos ou não também.

-Você quer algo para beber? 

Falei um pouco mais alto e com o rosto bem próximo para que ela me escutasse.

Lauren se aproximou e deixou um beijinho na minha bochecha, me fazendo corar. 

Juntei as mãos em minhas coxas e observei as pessoas lá em baixo. Haviam as que tiravam fotos, as que sorriam, as que comiam, as que gritavam, as que já dançavam, as que conversavam e as que mantinham a concentração no palco. 

Aquele lugar tinha vibes e friozinhos na barriga, expectativas, renascimentos. Era assim que se sentiam quando esperavam por mim? 

...

Pov Lauren 

Completamente do nada e nos pegando de surpresa, as luzes se apagaram, as pessoas ficaram de pé e os aplausos começaram. 

Segui Harry no momento em que ficou de pé também e meus olhos foram imediatamente para ele. Mesmo escuro, aquele sorriso era inconfundível para qualquer um adivinhar. 

Antes mesmo de olhar para baixo, eu já sabia que se tratava de Fleetwood Mac. 

E eram naqueles momentos em que eu me sentia ótima por completo: vendo ele sendo feliz, tendo o tempo de sua vida assistindo um de seus artistas favoritos, dançando, batendo palmas e cantando todas as letras. 

Era tudo o que eu queria fazer para o resto da vida: observa-lo se divertir em um show especial. Harry cantava, mantinha os braços ao alto, pulava, girava, mandava beijos para baixo quando alguém o chamava e movia seu corpo de um lado para o outro, timidamente, tentando dançar. 

Você acredita? Você acredita que Harry era tímido dançando? Ele era sempre tão tímido quanto o imaginado. Meu coração batia por ele e ele nunca entenderia o quanto eu o amava.

As músicas passavam e nós não nos sentamos nem por um minuto. Nós dois realmente dançávamos sem medo, assim como as outras pessoas, até que talvez uma das últimas músicas começasse e um ritmo mais calmo invadisse nossos ouvidos. 

-Oh eu adoro essa. 

Harry disse para mim, sorrindo docemente. Manti meus olhos no palco e Harry segurou minha cintura com as duas mãos, surpreendendo-me. 

Inclinei o corpo um pouco para trás para conseguir olhá-lo. Harry me olhava fixo, como se todas aquelas pessoas já não estivessem mais lá. Decidi colocar os braços em volta de seu pescoço até que começássemos a nos mover suavemente com a música doce que tocava no show. 

Harry não desviava os olhos dos meus. Naquele momento, o rosto dele era preenchido por cores avermelhadas, vermelho sutil. Seus olhos verdes eram quase dourados e seus lábios inconfundíveis. 

Mas o olhar dele era aquele que me mantinha de pé. Era aquele olhar intenso que me fez cair no amor por ele sentada no meio fio, com o carro quebrado, no meio da rua. 

Aquele era o momento em que eu sabia que o amava e que precisava de alguém como ele para estar perto

todos os dias. Harry nos movia devagar e nós realmente não nos importávamos com câmeras ou com quem pudesse nos ver. 

Eu segurava todos os meus sentimentos a fim de tentar não cair em um coma profundo sobre o quão adorável ele realmente era. Como eu tive a sorte de estar balançando com esse ser humano tão perfeito e imperfeito? 

E como ele poderia ter me escolhido, me feito a escolha dele? Onde antes não era nada, hoje havia algo. Ele havia me feito algo. 

Depois de algum tempo de dança, inclinei a cabeça para o peito dele. Harry estava de costas para o palco e, encostando-me ali, também perdi a visão do palco. Mas não importava. Movi meus braços devagar até que atingissem o torso de Harry.

O som se abafou um pouco. Harry soltou uma de suas mãos e, com a outra que ainda estava na minha cintura, moveu até que chegasse em minhas costas. Me abraçando. Respirei aliviada enquanto ainda nos mexíamos sutilmente, também movendo minhas mãos até o peito dele. 

Apesar da controvérsia, tudo era calmo naquele momento. Eu podia sentir o cheiro da sua colônia doce e forte, ver os detalhes de sua camisa rosa escondida pelo grande casaco. Ele nos balançava. Eu brincava com a camisa dele enquanto deitada em seu peito.

E foi aquele movimento que fez Harry depositar um beijo em minha testa. Foi nesse exato momento que Harry sabia que queria passar o resto da vida ali, e que o mesmo acontecia comigo. 

Aquele beijo em minha testa foi o sinal de que ele era o homem para mim e eu a garota para ele. Outra melodia eletrizante havia começado na arena e, junto dela, luzes coloridas por toda a parte. Era a nossa deixa para voltarmos a pular pelo resto da noite. 

Eu havia me apaixonado muito antes de conhecê-lo.