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História Engano Irresistível (Saida - G!P) - Capítulo 13


Escrita por: minartozaki

Capítulo 13 - Capítulo 13


SANA

Concordei em jantar com Tzuyu, apesar do mau humor com que estava lidando nos últimos dias. Ou, talvez, não tivesse feito isso apesar de mim mesma, mas mais provável apesar de outra pessoa. Porque me certifiquei de que essa outra pessoa soubesse que eu tinha planos para aquela noite. Havia secado e alisado o meu cabelo naturalmente grosso, colocado um vestidinho sexy de verão e sandálias de salto alto que tinham laços amarrados nas pernas. O conjunto fazia minhas pernas parecerem compridas e a saia, ainda mais curta. Perfeito. 

Todo o esforço adicional para me arrumar havia valido a pena. Dahyun não conseguiu tirar os olhos de mim durante a aula inteira. Eu estava sentada na primeira fileira daquela vez, no assento da ponta, para que pudesse cruzar casualmente as pernas. Os olhos dela me aqueciam, e eu conseguia sentir o seu toque na minha pele. Mas, ao fim da aula, percebi que estava ficando excitada e me importando com uma mulher antes do meu encontro com outra. Era falta de respeito com Tzuyu, mesmo se ela nem tivesse ideia do que acontecia.

Então, quando a aula acabou, resolvi não ficar para conversar com Dahyun, como fazia normalmente. Não era obrigatório que a auxiliar ficasse depois da aula, a menos que tivesse plantão. Havia subido três degraus em direção à saída quando a voz de Dahyun me fez parar.

─ Srta. Minatozaki, posso falar com você um minuto, por favor?

Não podia ignorá-la. Respirando fundo, me virei e desci até a frente do auditório. Alguns alunos estavam se aproximando para entregar trabalhos que eram para aquela aula. Esperei ao lado, de maneira obediente. Dahyun falou brevemente com cada aluno e, depois, começou a guardar os papéis na maleta, me ignorando enquanto o fazia.

Em certo momento, fiquei impaciente.

─ Queria falar comigo?

Ela olhou para cima e observou os últimos alunos saírem da sala de aula. Assim que a porta se fechou, ela finalmente se dirigiu a mim.

─ O que está fazendo?

Fiz-me de inocente, fingindo que não tinha entendido.

─ Estou parada aqui esperando que me diga o que queria conversar comigo. Não é óbvio?

Dahyun franziu o cenho.

─ Você sabe o que eu quis dizer, Sana.

─ Acho que não.

A resposta dela não foi verbal. Em vez disso, os seus olhos começaram a me medir dos pés à cabeça. Foi um olhar lento, intenso e quente, que me fez querer me contorcer. Mas não o fiz. De alguma forma, consegui ficar ereta e até coloquei os ombros para trás, para que meus seios ficassem mais proeminentes.

Quando seus olhos finalmente encontraram os meus, encarei-a, sem ceder nem um centímetro. Eu estava orgulhosa demais de mim mesma.

─ Você não pode vir à aula vestida assim.

Olhei para baixo.

─ O que tem de errado com o que estou vestindo?

─ Distrai os alunos.

Arqueei uma sobrancelha.

─ Os alunos?

Ela cruzou os braços à frente do peito.

─ Há algum problema aqui?

Minhas mãos foram para os quadris em um gesto de não brinque comigo. 

─ Não há nada de errado com o que estou vestindo. É um vestido de verão e sandálias. Não estou nem usando decote.

Os olhos de Dahyun pairaram em meu peito. Eu podia não estar usando decote, mas o vestido era fino, e senti meus mamilos ficarem rígidos.

─ Consigo ver a linha dos seus mamilos.

─ Está frio aqui. ─ Minha reação inicial foi querer me cobrir, mas… foda-se ele. Empinei mais um pouco o peito. ─ Sabe de uma coisa? Suas calças estavam tão justas algumas semanas atrás que eu conseguia ver a sua linha. Por que isso não tem problema, mas ver a minha tem?

Os olhos de Dahyun subiram até os meus. Sua voz ficou rouca.

─ Você ficou olhando para a linha do meu pau?

─ Estava bem na minha cara. Não pude deixar de olhar.

Ela deu um passo para a frente, com as narinas inflando.

─ Gostou do que viu, srta. Minatozaki?

Não tenho ideia de onde estava vindo, mas eu queria continuar balançando um tecido vermelho na frente do touro raivoso. Em vez de responder, passei a língua por meu lábio superior. Lentamente. Seus olhos a seguiram. Da forma como o peito dela estava subindo e descendo, pensei que fosse explodir. Fez que me sentisse destemida e poderosa. Não quer ficar comigo? Que bom. Mas é isso que está perdendo, professora Kim. 

─ Não peça por algo que não quer, Sana. Estou te avisando. ─ Ela se aproximou mais, invadindo meu espaço.

Suas pupilas estavam dilatadas, e ela parecia mais brava do que nunca. Mas havia algo escondido logo atrás de seu olhar obscuro: desejo.

Curvei a cabeça timidamente e me inclinei.

─ Quem disse que não quero? Eu vi a linha.

O maxilar de Dahyun ficou tenso, enquanto eu aguardava com meu coração martelando dentro do peito. Prendi a respiração quando ela me tocou, o sangue rodopiava dentro dos meus ouvidos fazendo um barulho tão alto que nem consegui escutar minha própria arfada quando sua mão segurou meu quadril.

Preparei-me para isso... Esperava uma gama de xingamentos que eu jurava que viriam antes de sua boca encostar na minha.

Mas, em vez disso, não foi a voz de Dahyun que ouvi.

─ Professora Kim?

Estranhamente, tinha escutado a porta se abrir na parte de cima do auditório, meu cérebro só não registrou até alguns segundos mais tarde, quando a realidade caiu sobre a minha cabeça.

Dahyun se afastou. Foi até sua mesa e limpou a garganta.

─ Momo... Professora Hirai. Posso te ajudar em alguma coisa?

Ela olhou para mim e para Dahyun.

─ Achei que poderíamos conversar em particular... sobre um aluno. Mas vim em uma hora ruim? ─ Ela apontou para a porta que estava atrás dela agora. ─ Posso voltar mais tarde.

─ Não. Tudo bem. ─ Dahyun me olhou, séria. ─ A Srta. Minatozaki e eu terminamos.

Por um instante, eu permaneci em choque com a mudança rápida dos acontecimentos. Mas não demorou muito para se transformar em raiva. Olhei para ela com desgosto e falei baixinho para que a professora Pink não conseguisse ouvir.

─ É sério?

Ela ergueu a maleta. O desejo que estava tão nítido há apenas dois minutos tinha sido rapidamente desfeito. Ela falou baixinho.

─ Terminamos aqui, Sana.

A desgraçada tinha me dispensado. Bom, vá se danar, Kim Dahyun. 

Subi as escadas, com Dahyun a uma distância segura atrás de mim, e passamos pela Professora Pink, só que naquele dia ela estava com um terno verde-água. Aparentemente, GINGER gostava de cores. Meu palpite era que ela gostava de se destacar em um mar de mulheres vestidas de preto em Nova York.

Quando cheguei ao topo das escadas, ela sorriu para mim.

─ Adorei suas sandálias. Mas deve ser difícil andar pelo campus com esses saltos.

Dei um sorriso amplo e falso em resposta.

─ Obrigada. Mas eu só tinha essa aula hoje. Estou usando para meu encontro. ─ Virei para Dahyun, ampliei meu sorriso e lhe dei uma chance de ver meus dentes. ─ Vejo você na sexta, professora Kim. Não quero deixar Tzuyu esperando.

Não lhe dei a satisfação de um segundo olhar antes de passar pela porta.

 

[...]

 

Meu humor estava definitivamente arruinado. Vá se ferrar, Kim Dahyun, vou me divertir com Tzuyu mesmo que doa fisicamente. Esperei alguns minutos no carro para me recompor antes de entrar no restaurante. Olhei para a placa na entrada do lugar e percebi que Tzuyu tinha escolhido um restaurante aonde tínhamos ido juntos durante o nosso curto período como casal. O restaurante de Jennie tinha uma comida incrível e era romântico, com um estilo antigo. Imaginei que Tzuyu tivesse escolhido um lugar com aquelas lembranças de propósito.

Lá dentro, olhei em volta e a vi sentada a uma mesa no canto, ao fundo. Era exatamente onde sentamos da última vez que fomos ali. Se havia alguma dúvida de que Tzuyu estava tentando recuperar o clima que uma vez tivemos, a mesa pela qual ela chegou cedo para guardar confirmou suas intenções. Era, na verdade, meio fofo da parte dela lembrar de tantos detalhes de onde jantamos.

Essa era Tzuyu... fofa e cuidadosa. O total oposto de Dahyun, que era amarga e descuidada.

Eu nem sabia por que estava comparando as duas. Não parecia justo com Tzuyu, embora ela fosse ganhar em quase todas as categorias se eu colocasse no papel e analisasse. O problema era que Dahyun me fazia sentir alguma coisa que não poderia ser inserida em uma categoria – alguma coisa que eu nem conseguia descrever. E, por um motivo que eu não entendia bem, aquele sentimento idiota superava toda a maravilhosidade de Tzuyu.

Mas aquela tarde havia realmente aberto os meus olhos. Eu tinha praticamente me jogado pra cima de uma mulher que estava atraída fisicamente por mim, mas detestava estar. Não havia nada de bom em provocar uma mulher que não tinha nenhum interesse além de sexo e se arrependeria imediatamente de ceder à tentação.

Suspirei e jurei aproveitar minha noite e me concentrar na mulher que estava sentada à minha frente.

Quando me aproximei da mesa, o sorriso de Tzuyu trouxe de volta os bons tempos que tivemos ao longo dos anos. Quando cheguei perto, ela se levantou e me puxou para um abraço forte. Foi muito bom. Os braços dela envolveram minha cintura, ela enterrou o rosto no meu cabelo e inalou profundamente.

─ Senti sua falta ─ ela disse. ─ Você sempre cheira tão bem.

Não percebi o quanto sentia falta de um abraço. Sim, sentia falta da gratificação sexual de estar com alguém... mas ser abraçada e me sentir querida era muito maravilhoso. Lá no fundo, eu sabia que estava carente depois da rejeição de Dahyun, porém enterrei isso e me permiti aproveitar o abraço de Tzuyu. Ela demorou um tempo para me libertar e, quando o fez, deu um passo para trás, segurando minhas mãos e olhando para mim.

─ Uau. Você está incrível, Sannie.

─ Obrigada.

Nos sentamos, e Tzuyu apenas ficou me encarando.

Uma risada nervosa saiu.

─ Você está me encarando como se eu tivesse duas cabeças.

Havia gentileza em seus olhos quando ela sorriu.

─ Estava pensando... lembra daquela foto que tiramos na minha formatura? Aquela em que eu estava com a beca e você estava usando meu capelo torto com um sorriso bobo?

─ Acho que sim.

─ Bom, eu a revelei, e ela está na minha cômoda e... ─ ela parou.

─ O quê?

─ Nada. Não quero te assustar antes de o prato de entrada chegar.

Dei risada.

─ Não seja boba. O que você ia dizer?

Tzuyu me olhou nos olhos.

─ Eu ia dizer que às vezes acordo e olho para a foto, mas não tem comparação ver você ao vivo. ─ Seus olhos se voltaram para os meus lábios. ─ Sinto falta do seu sorriso bobo. Só isso.

Havia tanto carinho em seu olhar. Parecia ser contagioso, porque senti minhas entranhas amolecerem um pouco. Por que eu tinha pensado que aquela noite seria uma má ideia?Naquele instante, não conseguia pensar em um único motivo.

A garçonete interrompeu para anotar o nosso pedido de bebidas. Tzuyu pediu sua Tanqueray e tônica de sempre, e olhou para mim.

─ Coca diet?

Estava me sentindo rebelde.

─ Vou beber uma Tanqueray e tônica também.

Assim que a garçonete desapareceu, Tzuyu ergueu uma sobrancelha. Ela sabia da minha opinião sobre bebida. Também teve que lembrar daquela noite em que bebemos muito juntos e acabamos na cama.

─ Esta noite é uma ocasião especial?

─ Acho que sim. Não nos vemos há um tempo.

─ Há muito tempo.

Quando estava na metade da minha bebida, meus ombros tinham caído, e os músculos do pescoço estavam bem mais relaxados. Estávamos mais à vontade e nos comportando como as antigas Tzuyu e Sana. Falei para ela sobre as minhas aulas, e ela perguntou como minha irmã estava. Nunca gostei muito de falar sobre mim mesma, então joguei a conversa de volta para ela.

─ Então, o que você conta de novo?Como está seu trabalho?

─ Bom. Recebi uma pequena promoção... consegui um território maior.

─ Uau. Parabéns. Eu sabia que se sairia bem. Agora você tem um escritório grande e chique?

─ Não, passo três quartos do meu tempo na estrada. Mas eles me deram uma permissão para comprar um carro melhor, então comprei um novo divertido para curtir enquanto dirijo.

─ Qual você comprou?

─ O Audi A4. É manual. Mais divertido de dirigir em trajetos longos com montanhas.

Meu cérebro estava sendo injusto. Imediatamente trouxe à tona a lembrança de Dahyun dirigindo seu carrinho – a forma como sua mão segurava aquele câmbio. Era uma coisa tão esquisita ter me deixado excitada e ansiosa, mais esquisito ainda foi ter ficado inquieta em meu assento ao lembrar.

Dei um gole em minha bebida.

─ Você vai ter que me levar para passear um dia.

─ Gostaria muito de fazer isso. Você pode até dar uma volta dirigindo, se quiser.

─ Obrigada. ─ Zombei. ─ Dahyun não me deixaria dirigir o carro dela. Pensa que eu acabaria com seu precioso carro.

─ Dahyun?

─ Professora Kim. Minha orientadora.

Tzuyu pareceu refletir por uns segundos e, então, assentiu.

─ É verdade. Você falou sobre ela na outra noite no O'Leary. Ainda está trabalhando seis dias da semana lá?

─ Na verdade, nas últimas semanas, não. Entre dar aula e plantões, reuniões da faculdade e planejamentos de aula, tive que diminuir um pouco.

Durante o jantar, conversamos como amigas de longa data. Tzuyu era uma boa companhia, e nossa intimidade me deixava bem confortável – Tzuyu sempre me dava uma sensação de conforto. Quando havia um intervalo na nossa conversa, eu podia ver que ela estava pensativa. Parecia estar evitando dizer alguma coisa.

─ Fale ─ Eu disse.

Ela riu.

─ Você sempre sabe quando estou pensando.

─ O que está acontecendo? Está tudo bem?

Ela parou de comer e colocou o garfo no prato.

─ Você disse que não estava saindo com ninguém?

─ Não estou, não.

─ Há um motivo para isso?

─ Além de eu mal ter tempo para respirar e de que a maioria dos clientes do O'Leary serem sessentões aposentados, não. Na verdade, não.

─ Você saiu com alguém desde... você sabe... que ficamos juntas?

─ Será que conta uma idiota em quem Suho havia quase batido com um taco de beisebol?

Demos risada, mas Tzuyu logo ficou séria novamente.

─ Eu saí com uma mulher por um tempo... Jihyo. Tínhamos muito em comum e nos dávamos bem.

Senti um pouco de ciúme.

─ Ainda estão juntas?

─ Não. Terminamos.

─ O que aconteceu?

Tzuyu desviou o olhar por alguns segundos, depois voltou a me olhar.

─ Ela não era você.

Abri três vezes a boca para responder, mas fechei, percebendo que não sabia realmente o que dizer. Tzuyu flagrou minha expressão perplexa e pareceu achar graça.

─ Não precisa falar nada. Na verdade, não fale. Me deixe terminar, certo?

─ Certo... ─ Consegui dizer uma palavra... uma única palavra, mas foi suficiente.

─ Primeiro de tudo, não foi assim que havia planejado conversar sobre esse assunto com você. Meu plano era jantar esta noite, encantá-la, lembrando de como as coisas eram ótimas entre nós e, então, levar você para sair mais algumas vezes antes de pôr tudo na mesa.

─ Diria que você saiu do roteiro.

─ É... desculpe por isso. Fiquei com um pouco de ciúme e pisei no acelerador.

─ Ciúme. Do quê?

─ Nada. Foi idiota.

─ Me conte.

─ Você mencionou aquela professora algumas vezes durante o jantar na outra noite, e então falou sobre estar no carro dela há um tempo, imaginei você...

Minha mente começou a divagar. Pensei que talvez estivesse saindo com ela ou algo assim.

Zombei, negando.

─ Definitivamente, não.

Mas o tom de ênfase em minha voz fez até com que eu não acreditasse. Negação obstinada é, frequentemente, a maior confissão. Porém, Tzuyu não pareceu notar.

─ De qualquer forma, meu plano era, depois de lembrá-la como era bom ficarmos juntas, te dizer que nunca deixei de pensar em você. ─ Ela parou, olhou para mim com uma expressão tímida e vulnerável. ─ Tentei seguir em frente, mas toda pessoa com quem começo a sair, independentemente do quanto seja ótima, tem um defeito que não consigo superar. Elas não são você.

Uau. Só. Uau. Fui pega tão de surpresa por sua seriedade. Também fiquei um pouco confusa.

─ Mas não entendo. Quando paramos de nos ver, você disse que não estava pronta para um relacionamento. Entendi totalmente por causa do que você tinha acabado de passar. Precisava de tempo e espaço. Ainda assim, começou a sair com uma pessoa não muito tempo depois disso. Então você não precisava mesmo de tempo? Só precisava de um tempo sem mim?

Tzuyu passou os dedos pelo cabelo mediano. De novo, pensei em Caine. Ela sempre passava os dedos por seu cabelo grosso e indisciplinado quando eu me esforçava ao máximo para deixá-la frustrada.

─ Você tem um pouco de razão. Precisava de um tempo sem você... porque eu não sabia ir devagar. Conseguia ver um futuro com você, e isso me assustava muito, porque estava acabando de sair de um relacionamento no qual tinha visto futuro em certo momento. Enquanto namorava Jihyo por aqueles poucos meses, não conseguia ver as coisas a longo termo, não via um futuro, então me sentia confortável com ela.

─ Então ficou com uma mulher por alguns meses porque não conseguia ver um futuro com ela. Mas fugiu de uma depois de apenas algumas semanas porque conseguia ver um futuro?

A risada de Tzuyu foi de menosprezo.

─ Bem idiota. Eu sei.

Na verdade, não era. Aquilo parecia ser um mecanismo de defesa. Quando se sabe que não consegue evitar de comer o bolo inteiro, você não compra um no mercado.

─ Não é idiota. Eu entendo. Nosso timing só estava errado.

Quando Tzuyu e eu paramos de sair, fiquei chateada, embora o meu lado racional entendesse que ela estava certa. Mas sempre acreditei que ela tinha sido sincera comigo, que precisava de liberdade. Pensei que, se fosse para acontecer, algum dia voltaríamos uma para a outra. E ali estávamos.

Aquele algum dia tinha chegado. Eu não tivera nenhum relacionamento para contar, então seria fácil continuar de onde paramos. Só que... Não era fácil. Mas o amor era sempre fácil? Veja Umberto e Lydia...

 ─ Diga alguma coisa. 

Meus pensamentos estavam tão bagunçados que não percebi que tinha ficado quieta por alguns minutos.

─ Não tenho ideia do que dizer. 

─ Bom, então posso finalizar e colocar todas as cartas na mesa. 

─ Finalizar? 

Ela riu. 

─ Não se preocupe. Não tem muito mais. ─ Tzuyu pegou minha mão. ─ Cometi grandes erros na vida, mas o maior que já cometi foi te deixar. Sei que isso parece vir do nada, mas juro que não. Não passei um único dia sem que você estivesse em meus pensamentos. Eu apenas enfim admiti a verdade. 

Tudo que ela disse era exatamente o que eu queria ouvir... há quase nove meses. Só que agora não tinha certeza se Tzuyu era a pessoa certa para mim. Se era, por que não fiquei mais devastada quando tudo acabou? Por que consegui esquecer? Minha mente continuava pensando em Lydia e Umberto. Ela não o esquecia nem agora, quando ele não se lembra de quem ela é e pensa que está apaixonado por outra mulher.

Mas talvez o fato de não consumir meus dias com pensamentos sobre Tzuyu fosse meu mecanismo de defesa. Talvez eu tivesse enterrado os meus sentimentos para que não me magoassem. Quem sabe. Só me sentia sobrecarregada e confusa.

─ Não sei o que dizer. 

─ Você já disse isso ─ ela zombou, com um sorriso sapeca. ─ Que tal dizer que vai pelo menos pensar? Não diga não. Ainda não, pelo menos. Pense um pouco. 

─ Ok. 

─ Ok? ─ Ela arregalou os olhos. ─ Quer dizer que vai pensar? 

─ Vou. Mas não consigo pensar direito neste momento. Depois de beber e de tudo que você acabou de dizer, minha mente não está em seu juízo perfeito para responder de qualquer forma.

─ Isso é melhor que um não. Vou aceitar. 

De algum jeito, conseguimos voltar para a conversa normal e aproveitar o resto do nosso... encontro? Estávamos em um encontro? Tinha chamado de encontro para a professora Pink, mas só para tentar irritar Dahyun. O que realmente Tzuyu e eu estávamos fazendo? Não tinha realmente pensado nisso como um encontro ─ eu tinha ido simplesmente encontrá-la para jantar. 

Apesar de isso parecer um encontro até o fim da noite.

Quando o jantar acabou, fiquei feliz por ter ido de carro em vez de deixá-la me pegar – como ela tinha sugerido. Isso nos poupou do momento bizarro em que eu me sentia grosseira por não a convidar para subir, mas ficava desconfiada pelo que poderia parecer se eu a convidasse para entrar. No entanto, embora eu tivesse prevenido aquele momento bizarro, o momento em que ela me levou até o carro também não foi fácil. 

Tzuyu segurou minhas duas mãos. 

─ Posso te ligar daqui a uns dias? Talvez possamos combinar de tomar um café ou algo assim?

Sorri.

─ Claro. Adoraria fazer isso. 

Ela se inclinou vagarosamente, quase como se quisesse me dar uma chance de me mexer antes que ela invadisse meu espaço, e encostou os lábios suavemente nos meus. 

─ Boa noite, Sannie. 

Com a nebulosidade das últimas duas horas, entrei no carro e Tzuyu fechou a porta. Esperou que eu ligasse o carro e foi para o dela.

Precisava de alguns minutos antes de dirigir, então peguei meu celular na bolsa e verifiquei as chamadas perdidas e as mensagens de texto ainda com o carro ligado. A primeira coisa que apareceu foi uma mensagem de Dahyun. Deve ter chegado durante o jantar.

DAHYUN: Não faça nenhuma besteira para se vingar de mim.  

Que irritante! A idiota realmente pensava que o mundo girava em torno dela. A nebulosidade na qual eu estava envolvida de repente desapareceu, e a raiva que sentira mais cedo estava de volta, clara como o dia. Digitei em um frenesi.

SANA: Vá se ferrar. Nem tudo é sobre você.  

Os pontos imediatamente começaram a se movimentar.

DAHYUN: Isso é. 

Centenas de respostas cruéis passaram pela minha cabeça. Mas então vi Tzuyu esperando por mim antes de deixar o estacionamento do restaurante. Deus, eu era tão idiota. Joguei meu celular na bolsa, forcei um sorriso e acenei de novo para ela antes de entrar na rua.

O restaurante ficava a mais ou menos vinte minutos do meu apartamento. Eu faria o percurso em cinco minutos, mas, de repente, tive que enfiar o pé no freio para evitar bater na traseira de um Honda que parou no sinal vermelho. Eu estava tão brava, tão desconcentrada, que não tinha visto o grande e brilhante sinal vermelho ou as duas toneladas de ferro à minha frente obedecendo a lei. As emoções começaram a tomar conta de mim e a adrenalina subiu depois do quase acidente. Meu coração estava palpitando como louco no peito. Tive que parar por temer que meu próximo quase incidente não parasse no quase. 

Parada na rua, é claro que peguei o celular na bolsa. 

Má ideia.  

Eu deveria ter apenas recuperado a respiração, me acalmado e dirigido até em casa a uma velocidade normal. Em vez disso, quando peguei o celular, vi uma chamada perdida e uma mensagem de Dahyun. Não tinha deixado mensagem de voz, mas a mensagem de texto dizia:

Precisamos conversar. 

Fiquei furiosa. Ela não apenas pensava que tudo era sobre ela, como pensava que podia delegar comandos. Precisamos conversar.

Sabe de uma coisa? Ela estava certa. Precisávamos mesmo conversar. Mas eu que iria falar o tempo todo, e seria de acordo com os meus termos.

Meus pneus cantaram quando saí da guia e dei a volta para ir em direção a Manhattan. Aquela conversa que ela queria aconteceria naquele instante.


Notas Finais


É agora que a coisa fica boa, meus amores. 🤭 Beijos e até a próxima (só não vão morrer de tão ansiosos, hein)


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