História Enlace (Larry Stylinson - ABO) - Prólogo

A sala com paredes esverdeadas e cortinas brancas que cobriam a entrada do sol na mesma, tornava-se cada vez menor com a dificuldade que eu encontrava em respirar. Louis pareciam completamente despreocupado ao meu lado enquanto brincava com meus dedos entre os seus, fazendo-me suspirar pouco contente com seus afagos que só serviam para me deixar mais nervoso naquele momento.

A ideia de uma doença grave ser a principal causa dos meus enjoos e oscilação de humor nos últimos tempos deixa tudo mais assustador, como se a única coisa que o médico diria ao retornar à sala com meus exames em mãos fosse o tempo que ainda me restava. Louis tem um sorriso descansado no rosto e os olhos azuis plenamente cintilantes enquanto eu me sinto corroer aos poucos enojado com a serenidade presente em seu rosto.

— Será que você pode esconder seu sorriso inútil? — Olho perplexo para o menor ao meu lado e seu sorriso some no mesmo instante. — Eu estou nervoso.

— Você não precisa, eu já disse para você que não é nada grave. — Louis pressiona seus lábios contra as costas da minha mão ainda ligada à sua. — Eu já disse o que acho que é, mas você nem sequer me deu ouvidos.

— Eu dei sim, a questão é que isso é grave e eu não faço ideia de como você pode estar calmo com isso. — Um arrepio toma conta do meu corpo ao pensar na ideia e novamente sinto minha mente rodopiar. — É aterrorizante.

A volta do doutor Ben Winston faz com que Louis apenas dê de ombros, engolindo as palavras que cogitava dizer e eu agradeço mentalmente por isso, pois não é algo que eu queira ouvir novamente. A ideia parece assustadora quando sequer parece possível, ser real significaria simplesmente a perda automática da minha insanidade e qualquer liberdade que eu desfrute.

— Então, eu tenho aqui os exames sanguíneos e devo afirmar que fiquei um pouco surpreso ao vê-los. — O doutor arqueia as sobrancelhas.

O sorriso de Louis escorrega inconscientemente de volta aos seus lábios. Separo minha mão da sua e cruzo os braços indignado em frente ao meu corpo, implorando mentalmente para que não tenha passado de uma infecção alimentar.

— Você pode dizer logo o que está havendo? Eu estou com medo.

Tomlinson tenta acariciar meu ombro, mas eu me esquivo e o encaro de maneira que deixe claro o quão estressado eu estou. Ele recolhe a mão e a repousa permanentemente em minha coxa, ignorando meus protestos e fazendo com que eu pare aos poucos de mexe-la de maneira compulsiva, uma clara amostra do meu nervosismo.

— Eu preciso dizer que me preocupo por vocês serem jovens e ser perigoso acima de tudo, Harry tem só dezesseis anos, é um Ômega recém maduro, por assim dizer. — O doutor enrola e meu estomago se encontra embrulhado. — Eu sei que não é marcado e pelo que Louis me disse anteriormente, também não levam uma vida lado a lado, são apenas amantes, por assim dizer.

— Doutor, você pode ir direto ao ponto? — Louis questiona ao apertar minha coxa animado.

— Harry, você está gravido de seis semanas.

Naquele momento tudo ao meu redor havia sumido e tudo que me restava era o homem em minha frente me encarando com olhos piedosos enquanto eu o encarava desesperado e angustiado. Em meu interior uma mistura de excitação e desespero com uma pontada distante de algo que eu poderia distinguir como felicidade.

Louis me encarava com os olhos brilhantes e uma lágrima manchava sua pele pálida e descansava no canto dos seus lábios que estavam curvados em um sorriso enorme, quase grande o suficiente para fazer com que seus olhos sumissem em meio aos vincos que se formavam ao redor dos olhos profundamente azuis que agora me encaravam.

Eu não estava feliz e Louis não estava pensando no real significado daquelas palavras. Nós, ômegas, havíamos lutado dias e noites para que tivéssemos a tão esperada liberdade e igualdade aos Alfas e quando eu posso desfrutar da mesma, um erro tão mundano estava fazendo-me esquecer pouco a pouco de todas as coisas que eu havia planejado anteriormente. Em nenhuma delas estava envolvido um Alfa ou sequer um filhote e eu não estava pronto para ser arrancado de vez das minhas perspectivas de mundo perfeito. 

— Eu não quero isso. — Pronuncio em meio a soluços enquanto agarro a barra da minha camisa. — Eu estou de seis semanas, ainda é cedo o suficiente para que possa ser feito o aborto, não?

O sorriso de Louis havia sumido e suas lagrimas secaram, tudo que restou fora a raiva presente em seus olhos e os suspiros raivosos que vez ou outra ele soltava em meio aos rosnados impedidos por ele.