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História Enlace (Larry Stylinson - ABO) - V. Me dê motivos pra sonhar ou deixe-me só


Escrita por: podolska e Wulfric

Notas do Autor


Olá, jovens gafanhotos <3
Vamos todos agradecer a minha namoradinha linda por ter escrito o capítulo rapidinho para vocês. Ok, não abusem.
Tenham todos uma boa leitura!

Capítulo 6 - V. Me dê motivos pra sonhar ou deixe-me só


Fanfic / Fanfiction Enlace (Larry Stylinson - ABO) - V. Me dê motivos pra sonhar ou deixe-me só

Eu estava completamente perdido. De repente, tudo nessa escola dizia respeito a mim, Louis e o feto que eu carregava. Eu repassava mentalmente todos os olhares julgadores que recebia, todos os murmúrios que me acompanhavam pelos corredores e todos os comentários acerca do que deveríamos fazer nessa situação. 

Eu fiquei debruçado sobre a carteira, totalmente alheio ao que acontecia ao meu redor, recebendo sorrisos acolhedores e esporádicos de Niall, que sentava a meu lado. Eu nem sabia que a aula de biologia já havia começado até que Peter, um dos alfas idiotas que sentava ao fundo da sala se pronunciou. 

— Desculpe, professor. Mas eu acho que deveríamos mudar o assunto da aula de hoje para que o senhor volte a nos explicar métodos contraceptivos, tem gente nessa sala que ainda não aprendeu nada. — Ele disse em um tom provocativo, arrancando risos de toda a sala e me fazendo sentir pior, me afundando ainda mais na carteira. 

— Ou talvez o senhor deva explicar a nós como funciona o cérebro. — Niall revidou. — Porque claramente algumas pessoas não sabem como usar. — Os risos tomaram conta da sala. 

— Cale a boca, ômegazinho. — Peter disse visivelmente transtornado pela afronta. — Você se sente bem corajoso por ter um alfa, não é? 

— Eu não preciso do Liam para me defender de idiotas como você, mas já que você o mencionou, ele ficará muito feliz em saber que você anda me ameaçando. Não foi ele que socou a sua cara ano passado por te ver abusando de um ômega do sexto ano? — O sorriso de Niall chegava a ser malvado, enfurecendo ainda mais o alfa que o fuzilava com o olhar. 

— Chega, meninos, antes que eu mande os dois para fora da minha sala. — O professor sentenciou, finalizando o assunto e dando início a aula. 

Tudo passou como em um vulto, um lapso temporal em minha mente. Eu continuei deitado sobre o caderno fechado, olhando para o sol acolhedor que banhava o pátio do colégio, até o clima parecia errado hoje. Eu gostaria de um dia chuvoso, cinza, frio, exatamente como eu me sentia. O que só comprovava que a única coisa errada nessa história toda era eu. 

— Harry... — Niall me chamou. — Você não vai para o intervalo? — E só então eu percebi que só restavam nós dois e o professor na sala de aula. 

— Eu vou ficar. — Disse com a voz falhada pela falta de uso. — Pode ir. — Mas ele voltou a se sentar a carteira. — Niall, você não precisa ficar, vá encontrar o Liam. 

— Eu não quero ir, quero ficar aqui com você. — Ele sorriu feliz. — O Liam irá sobreviver um dia sem mim. 

— Eu não tenho tanta certeza disso. — Ele gargalhou e eu me permiti abrir um sorriso. 

— Harry. — O professor que nos observava caminhou em nossa direção, sentando a nossa frente. — Me desculpe por isso, mas eu acabei ouvindo sua história. — E assim acabou o resquício de felicidade que havia brotado em mim há alguns segundos atrás. — Eu sei que é uma situação bem complicada e que você deve estar ouvindo de todo mundo que um filho é uma bênção e toda essa história de família feliz, mas pense bem sobre isso, você é só um garoto e Louis não é muito diferente disso. A maioria dos casais que tentam levar a vida assim acaba se divorciando mais tarde e isso piora tudo, inclusive para o filho. Talvez, abrir mão dessa gravidez não seja uma decisão tão ruim assim. — Percebi Niall se remexer na cadeira, visivelmente desconfortável. — Você estará colocando em risco a vida de uma criança inocente, é isso que você quer? — Neguei com a cabeça. — Só pense nisso, ok? Pense que tudo será muito pior e que a única pessoa que sofrerá será o bebê. 

Ele deixou um afago em meu ombro e se despediu, deixando-nos sozinhos. Deixei meu corpo cair novamente sobre o móvel a minha frente. Então essa era a minha escolha? Ou um aborto ou uma vida infeliz a meu filho? Não havia um mundo em que tudo terminasse bem e todos fôssemos felizes? 

Tudo o que eu estava pensando era em meu futuro, as minhas escolhas e a minha carreira profissional. Em nenhum momento eu ponderei o futuro do bebê. Isso me transformava em um monstro? Ou isso só comprovava que o único destino possível era condená-lo a um lar destruído, com pais divorciados e sem estabilidade? 

As lágrimas rolaram por meu rosto que eu conseguisse contê-las, molhando os papéis abaixo de mim, e eu me amaldiçoei novamente por isso, tudo o que eu não precisava agora era que as pessoas vissem que eu havia chorado. Niall acariciou meus cabelos e o ato que deveria me acalmar só me fez chorar ainda mais. 

— Você quer ir para a casa, Hazz? Eu posso te levar até lá, nós podemos caminhar ou eu posso chamar o Liam para nos levar... 

— Eu não posso te fazer perder a aula. 

— Que bobagem, é só uma aula de química. Quem liga para química? Eu serei músico. — Ele disse divertido, me fazendo encará-lo e encontrar seu sorriso característico banhando seu rosto ensolarado. 

— Você é o meu melhor amigo, o primeiro que viu os sintomas e que cuidou de mim. Você já sabia, não é? 

— Eu desconfiava. — Ele deu de ombros. 

— E por que não me disse? Você foi o único até agora que não me disse nada, que não me deu nenhum conselho. E não me diga que não tem uma opinião sobre isso porque eu sei que tem. 

— Eu não acho que deva te aconselhar. É a sua vida, Harry. Isso só diz respeito a você. Nada do que eu pense deva interferir na sua vida, eu devo aplicar isso a mim e a meu corpo, não a você. 

— Esse foi provavelmente o melhor conselho que alguém já me deu e nem foi um conselho. — Eu ri sem humor. 

— Então eu lhe darei um conselho. Não deixe que ninguém lhe diga o que fazer, é a sua escolha, sua vida e é você que sabe se coseguirá levar essa gravidez ou não, se realmente deseja um filho agora e se conseguirá suprir todas as necessidades dele. Não é porque a maioria dos casais que passam por essa mesma situação não consegue, que você não irá conseguir. É só você que sabe isso. No fim, números são apenas números, não são eles que comandam a sua vida, não são eles que darão amor a seu filho e não são eles que garantirão que o aborto é a melhor ou a pior solução. No máximo, você receberá ajuda do Louis, mas é você e apenas você que fará tudo isso. 

Abracei o loiro a minha frente e sussurrei um “obrigado” em seu ouvido. Disse a ele que iria para a casa e que gostaria de ir sozinho, eu precisava desse tempo só para mim. Fiz o caminho todo chutando as pedrinhas que encontrei pelo caminho como costumava fazer quando criança, talvez eu precisasse desse momento inocente e sem preocupações para decidir o que fazer a seguir. 
Quando já estava parado a porta de minha casa, pude distinguir a conversa que acontecia na sala, reconhecendo a voz de meu pai, minha mãe e Gemma. 

— O melhor a fazer é deixar que ele interrompa a gravidez, Anne. — Meu pai disse como uma conclusão lógica. — Eles são apenas garotos, não são atados e você mesmo disse que vivem brigando. Como você acha que será a vida deles juntos? 

— Papai tem razão, mãe. Harry nem quer um relacionamento com o Louis, isso acabaria se transtornando em um peso para você. Jay e você que acabariam cuidando desse bebê para que eles possam curtir a vida que lhes foi tirada. 

— E eu não me importo, será meu neto! E sei que a Jay também não se importará. E eu nem acho que isso acontecerá. Harry e Louis não querem um relacionamento agora, porque tudo isso caiu sobre suas cabeças, mas o que garante que não futuro não irão se juntar? Um filho une as pessoas. 

— Ou as separa de vez... — Meu pai acrescentou. — Você está agindo como a maioria dos ômegas age, Anne, guiada pelos instintos maternos. Mas é de Harry que estamos falando e ele nunca demonstrou pré-disposição a ter uma vida como a sua. 

— O que tem de errado com a minha vida? Eu trabalho e ainda faço plantões, sou atada, tenho dois filhos e os criei perfeitamente bem, ainda cuido do serviço de casa e nunca deixei faltar nada a nenhum de vocês... 

Decidi entrar logo, batendo a porta rispidamente, interrompendo a pequena discussão formada e parando na entrada da sala, encarando-os. 

— Posso saber qual o motivo de eu não ter sido convidado para a reunião familiar? 

— Nós estávamos conversando sobre a sua situação. — Meu pai tentou dizer em um tom calmo, com um sorriso no rosto.

— Sem mim? Me parece um tanto paradoxal, não acha? Por que de repente todo mundo acha que pode me dizer o que fazer? Louis, vocês, meus colegas, até meu professor. Pelo amor de Deus, me deixem pensar sobre isso! 

— É que o seu tempo está acabando, Hazz. — Gemma tentou se justificar. — Quanto mais você demorar para interromper a gravidez, pior será. 

— E quem disse que eu irei interromper a gravidez. — Todos me encararam surpresos. 

— Até ontem você estava disposto a fazer isso. 

— Eu prometi ao Louis que iria pensar e estou fazendo isso, mas não estou fazendo por ele, estou fazendo por mim. É a minha vida e fica difícil decidir sobre ela com todo mundo me dizendo o que eu tenho que fazer! 

— É muito egoísta da sua parte achar que isso só diz respeito a você, quando, na verdade, engloba a todos nós. — A alfa rebateu. 

— Ótimo, então fazer um aborto me faz ser egoísta pela visão do Louis e ter um filho me faz ser egoísta pela sua visão ou a do papai. E o que você sugere? Que eu passe a vida toda tentando agradar a todos que me cercam? Que eu tenha só metade do meu filho, porque assim eu agrado a todo mundo? É a porcaria da minha vida que está em jogo, é a porcaria do meu corpo que passará pelo procedimento abortivo, é o meu futuro que terá ou não um bebê. Então parem de falar como se vocês fizessem parte disso, porque vocês não fazem! 
As lágrimas já rolavam soltas pelo meu rosto, muito porque eu havia gritado as últimas frases, me livrando de tudo o que estava entalado em minha garganta e que me sufocava mais a cada segundo. 

Subi as escadas em direção a meu quarto e joguei minha mochila no canto assim que tranquei a porta. Cai sobre a cama e deixei que saíssem todas as lágrimas contidas em mim na esperança de que isso me aliviasse e a clareza para decidir meus próximos movimentos viesse a mim. 

Só percebi que havia adormecido quando batidas fracas foram ouvidas de minha porta, acompanhada da voz melodiosa de minha mãe. Olhei para o relógio em minha cabeceira e percebi que já era início de noite. 

— Hazz, amor, está tudo bem? Você precisa se alimentar. — A preocupação na voz da ômega era palpável. 

— Eu estou bem e já vou descer, mãe. 

— Vocês não prefere que eu traga até aqui? 

— Não, obrigado. Eu desço daqui a alguns minutos. 

Eu pude ouvi-la suspirar antes de sumir pelo corredor. Deixei minha cabeça tombar sobre o travesseiro novamente e encarei o teto, agora disposto a sair daquele quarto com uma decisão e após longos minutos peguei meu celular, discando o número tão conhecido por mim. 

— Harry? Oi! Eu estava tão preocupado com você. Niall me disse que você tinha ido embora sozinho e eu quase pirei! Olha, me desculpa por aquilo, Malik é um idiota e eu vou fazer picadinho dele quando... — Ele disse tudo em um fôlego só, sem me dar chance de dizer nada até que eu o interrompi. 

— Louis, me escute. — Ele finalmente calou a boca e eu pude continuar. — Eu tomei minha decisão e eu terei esse filho. — O alfa do outro lado do telefone começou a dizer inúmeras vezes o quanto ele estava grato e feliz com isso, até que eu o interrompi novamente. — Me escute, Louis! — Usei um tom ríspido e ele se calou novamente. — Eu ainda não quero vê-lo e não sei se um dia conseguirei de perdoar pelo que fez. Então saiba que nosso relacionamento está estrito a coisas do bebê e apenas isso. O filho é nosso, mas eu continuo a ter soberania sobre a minha vida e você não terá direito de falar nada sobre isso. Estamos entendidos? 

— Harry... 

— Essas são as minhas condições, Louis. — Disse firme e decidido. — Eu terei o filho e nós cuidaremos dele juntos, dando amor, carinho, educação e tudo o mais que uma criança precisa. Eu vou precisar da sua ajuda e eu realmente espero que você não seja um desses alfas babacas que mal liga para os filhos e só os tem como um atestado de superioridade alfa. Eu terei uma vida para além dessa gravidez, vou estudar até quando puder e depois voltarei a estudar quando eu achar que estou apto a isso e você não poderá dizer nada quanto a isso, mas precisará ficar com o bebê e ser realmente um pai para me permitir isso. Nós estamos entendidos? 

— Você sabe que eu jamais abandonaria um filho e se essas são as suas condições, eu não vou me opor. Estarei a seu lado para tudo que esteja relacionado ao nosso bebê, mas cada um de nós terá a sua vida. Eu entendi. 

— Ótimo, estou contando com você. — Sentenciei, pronto para finalizar a ligação. 

— Harry. — Louis me chamou, prendendo-me mais um pouco. — Obrigado. Eu sei que nós faremos dar certo. 

Finalizei a ligação e me permiti suspirar. Agora não havia mais volta. Eu havia selado nosso destino. Louis e eu teríamos um filho. E eu teria que me adaptar a isso e fazer um novo planejamento para meu futuro, porque eu teria um e agora isso incluía ter um lindo bebê em meus braços. 

Porque como Niall havia dito, números são apenas números e eu não deveria tomar uma decisão baseada nisso. Eu não viraria estatística, eu faria a diferença e daria uma bela lição a todos, eu seria um exemplo para meu filho.


Notas Finais


Pronto, agora que todos já aplaudimos a Jamile, vamos voltar aqui.
O que vocês acharam da decisão do Harry? Acha que ele fez o certo ou o melhor para si?
Esperamos que tenham gostado. Até mais <3


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