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História Énouement - Expulso


Escrita por: indelikaido

Notas do Autor


Não sei nem com que cara tô vindo aqui postar isso :( mil desculpas, galere~

Boa leitura!

E não me xinguem, ok?

Capítulo 8 - Expulso


Desde que Baekhyun fora embora, ficou inquieto.

KyungSoo raramente se conectava daquele jeito a alguém, mas não conseguia  mentir e dizer que não se preocupava com aquele garoto. Usou sua conexão com a terra, sempre acompanhando os passos dele — ou tentando, porque tudo era uma grande incógnita quando se tratava dele; não fazia sentido ver Baekhyun voltar para o acampamento, e morria de vontade de aparecer e ouvir suas conversas, mas pensou que seria o cúmulo da invasão de privacidade. —.

Acordou no meio da noite, em sua pequena casinha, sentindo-se vazio.

Vazio. Havia um grande buraco em sua mente, algo que não lhe deixava cair no sono da maneira correta, e isso se devia ao fato de que não conseguia mais, por um instante, sentir Baekhyun.

Antes que sequer pudesse pensar em ir atrás dele, seu cérebro fez todo o trabalho, o carregando pela terra até o último lugar em que sentira aqueles sinais vitais.

Aquelas viagens sempre lhe davam uma dor de cabeça infernal! Não poderia fazer um teletransporte mais legal? Haviam inúmeras restrições, e uma delas era não poder chegar em lugares longes da terra. Terra de verdade. Por isso quase nunca aparecia na cidade.

Fez uma careta ao se dar conta de que estava na Academia. Se lembrava vagamente de algumas pessoas dali, que tentaram capturá-lo uma vez. Parecia ter sido há séculos, e só agora a lembrança retornava. Poucos tinham a boa sorte de escapar das garras dos homens de uniforme e ternos ridículos.

Estava bem na entrada, e sentia que algo estava muito errado ali.

Seus devaneios foram interrompidos por um rapaz alto, segurando um galho fininho de árvore em sua direção.

— Não se mova! Eu estou armado. — sua voz era grossa, e a cena era uma verdadeira piada. KyungSoo achou graça naquela altura toda, proporcional ao medo que o grandão parecia sentir.

— É? E o que você vai fazer com esse galho? Assar um marshmallow?

Ele abaixou o galho, visivelmente constrangido, e passou a fitar KyungSoo com um olhar atônito.

— Me desculpe. É, hm, olha, eu vou passar, tá bom? Já passou da hora de você estar em casa. — disse, sem saber o que dizer ao certo.

Yifan, por outro lado, estava impressionado com as cores nos olhos do outro. Queria ver de perto, se certificar de que realmente podia ver alguns pontinhos amarelos no meio da infinitude marrom. Pareciam pequenas flores.

— Eu estou esperando meu amigo sair daí. — explicou, sentando-se no solo mais uma vez.

KyungSoo observou ele por um tempo, tentando descobrir quem era. Não ia conseguir fazer aquilo tão rápido e imediato, mas estava curioso.

— Escuta, eu preciso ajudar um amigo também. Você vai ficar aí né? Você é humano. Bom, eu te vejo na saída.

Olhou para o outro, surpreso.

— Como você pode afirmar com tanta certeza que vamos nos ver de novo?

Sorriu antes de desaparecer por entre as grades.

— Oras, porque eu quero.

 

«»

 

Baekhyun odiava tomar choque. Principalmente se fosse por motivos estúpidos, como quando era menor e enfiou um garfo na tomada porque achou que era uma boa ideia.

E, bem, tocar em alguém estava em seus motivos estúpidos. Talvez fosse o número um agora.

Doía como poucas coisas doíam, como se seu corpo fosse tomado por um formigamento que persistia, e mesmo que por milésimos de segundo, pareciam ser anos. Acabou perdendo a consciência, e com razão, e mergulhou em um sono sem sonhos. Parecia estar se distanciando um pouco do próprio corpo, e podia ouvir e sentir tudo o que acontecia, conseguia pensar. Talvez fosse culpa daquele poder maldito dentro de si.

Conseguia sentir, sobretudo, as mãos protetoras de Chanyeol em seus ombros, abraçando eles de uma maneira que jamais haviam lhe abraçado. Em outra ocasião, provavelmente teria se esquivado, mas não estava em posição de fazer aquilo.

Queria saber mais sobre ele, bem longe dali, porém sentia que jamais poderia descobrir mais sobre o rapaz de cabelos azuis.

Cada vez mais sentia o peso daquela benção em forma de maldição, retardando seus movimentos e decisões.

 

Abriu os olhos para encontrar as orbes avermelhadas de Chanyeol sobre si, que demorou um tempinho para perceber que ele havia voltado à consciência e pigarreou, subitamente tomado por uma vergonha imensurável.

— Voltei. — disse, rindo, arrancando um sorrisinho gentil dele.

— Você se chama Baekhyun, né? Obrigado… — ouviu uma voz melodiosa ao seu lado, e virou o rosto para dar de cara com um rapaz de lábios puxadinhos nos cantos e um cabelo de dar inveja em qualquer um.

— É, acho que sim. Não foi nada, você parecia estar bem mal lá em cima.

— Não consigo nem andar, minhas pernas doem… se esse amigo de vocês — apontou para Sehun — Não tivesse pego água do rio aqui de baixo e me dado para beber eu também já teria me desidratado. Foi uma cena incrível! Ele faz umas manobras iradas com a água, você tinha que ver.

Baekhyun sorriu, tentando encontrar Sehun. Em um instante, estava pertinho deles, mas agora havia sumido!

— Acho que estamos em apuros. — voltou apressado, havia ouvido um barulho no corredor que lhe chamara a atenção. Seu coração quase saiu pela boca ao ver a quantidade de médicos e pessoas armadas descendo as escadas na direção do pátio.

Chanyeol soltou Baekhyun para que pudessem ficar de pé, em volta de Jongdae.

— Eu queria poder ajudar, mas…

— Fica quietinho, Jongdae. — Chanyeol o censurou, fitando Sehun com seriedade. Também conseguia ouvir a movimentação.

 

O primeiro a aparecer foi Minseok.

Marchava à frente do grupo em passos largos e de queixo erguido, pronto para enfrentar o que fosse.

Não esperava encontrar, no entanto, um rostinho conhecido.

Parou de andar, longe do pequeno grupo de quatro pessoas. Um deles era seu prisioneiro, incapacitado no chão, cujos olhos julgadores logo encontrou. O outro era um rapaz de cabelos azuis — dessa parte não se lembrava — e olhos que ardiam como carvão em brasa.

Park Chanyeol.

O coração falhou uma, duas, muitas batidas. Sempre se imaginou o reencontrando, talvez tomando um cafézinho e conversando sobre amenidades. Mesmo que fosse parte daquela raça que tanto odiava, inclusive era o motivo de seu ódio existir, não conseguia se imaginar matando Chanyeol.

— Jamais imaginaria que você estaria envolvido nessa arruaça. — arriscou dizer, olhando com desgosto para um rapaz que estava bem pertinho do mais alto. Ele parecia brilhar ali no ambiente escuro, e sua proximidade com Chanyeol irritava Minseok. Quase podia ver os dedos mindinhos se tocando, um gesto que ele mesmo não compreendia.

— Minseok. Faz tempo. — cumprimentou, por educação. Na realidade, estava suando frio só de ter que encarar ele uma outra vez. Queria pedir desculpas pelo que havia feito, mas não sabia ao certo por que deveria fazer isso. Nada daquilo era culpa sua, e Minseok fez centenas sofrerem por um descuido dele mesmo.

— Eu diria que o tempo te fez bem, mas não gosto do teu cabelo azul. — olhou para trás, para seu pequenino exército. — Crianças, divirtam-se. Sei que quatro é pouco, mas garanto boa diversão.

Sehun olhou para ele, chocado, estava mesmo cogitando mandar aqueles soldados para cima dos quatro? Quatro não, três e meio, porque Jongdae não podia andar.

— Tenho certeza de que podemos chegar a algum meio-termo… — Sehun murmurou, trêmulo.

— Que meio-termo, escória? Vocês deveriam agradecer por poderem viver no mesmo lugar em que a gente. Não há meio-termo algum — Minseok rebateu, cruzando os braços.

Chanyeol, Baekhyun e Sehun não eram uma boa combinação. Os três, mesmo com poderes distintos, eram esquentadinhos demais. Com isso, deve-se dizer que estavam quase todos entrando em combustão quando o primeiro grito de guerra foi dado por Minseok.

Baekhyun tinha medo, medo de usar seus poderes e as coisas saírem do controle, e por isso não foi o primeiro a partir pra luta corporal. Pelo contrário, se surpreenderam ao ver Sehun correndo em direção à multidão, se jogando no meio deles e usando o que podia ao seu alcance. Observou por um tempo o mais novo usar o vento para confundir os soldados e jogá-los no rio, porém aquilo era pouco efetivo, porque o número de soldados apenas aumentava.

Então, sua atenção foi roubada por Chanyeol.

Ouvira dizer que ele era um pouco diferente dos outros, que era um pouco precoce demais, e entendeu o significado daquilo quando asas enormes de fogo e cinzas se abriram, saindo de suas costas e engolindo tudo ao seu redor, ou pelo menos tudo o que podia. Era verdadeiramente fascinante.

Não queria sair de perto de Jongdae, que também tentava defender o lugar onde estavam com raios, e encontrava dificuldade pois estavam todos muito longe do vão aberto. Baekhyun tomou as rédeas, então, deixando eles se aproximarem o suficiente para cegar os que se atrevessem a encostar um dedo nele.

Não contavam com esse tipo de luta. Esperavam que em algum ponto o resto do acampamento viesse em seu auxílio, mas era visivelmente impossível. Sehun já começava a dar sinais de cansaço, e aos poucos arranhões iam aparecendo em vários cantos de seu rosto e braços. Chanyeol ainda segurava e aguentava bem, mas precisa parar aquilo se algum jeito. Não tinham a ilusão de que, em quatro, dariam conta de todos.

Baekhyun levantou, como em um transe. Pelo canto do olho, Chanyeol pôde ver o que fazia, e quase se deixou cair por conta daquilo.

— Baek, o que está fazendo? Volta pra perto do Jongdae! — gritou por cima do ombro, sentindo as unhas de um dos soldados se cravarem na pele de suas costas.

— Eu sei como terminar isso. — murmurou, olhando para eles. Sehun ainda tentava fazer com que as coisas dessem certo, usando seus poderes à exaustão, tudo em vão.

— Baekhyun, volta! Não faça nada. — suplicou Chanyeol, notando o brilho intenso que emanava do menor.

— Promete que vai me tirar daqui, aconteça o que acontecer.

— Não, o que você vai fazer…?

— Promete, Chanyeol! — gritou, impaciente.

O mais alto se calou, com vontade de chorar. Não sabia de onde vinham aqueles sentimentos, mas em poucos segundos descobriu que não queria que nada acontecesse ao Byun.

— Eu… prometo. — Chanyeol cedeu, por fim, as asas de fogo ainda trabalhando para afastar o máximo de soldados que podia. Sentia o olhar de Minseok sob si, como se analisasse seu comportamento.

Baekhyun sorriu de maneira gentil, e por um momento o tempo parou.

Ao mesmo tempo em que Sehun se ajoelhou, preso em uma chave de braço dada por outro homem que quase lhe sufocava — estava entrando em pânico; não conseguia se concentrar o suficiente para usar seus poderes —, Baekhyun abria os braços como se estivesse prestes a voar.

Seu corpo pareceu brilhar como um pequeno Sol, calando todos que lutavam e gritavam ali, e por milésimos aquela luz toda se expandiu, expandiu e tomou conta da sala inteira. Chanyeol pensou que estivesse cego para sempre, que aquele branco insuportável fosse dar lugar a uma escuridão eterna.

Quando a luz se extinguiu, convergindo toda em apenas um ponto dentro do peito de Baekhyun, que caiu de costas no chão, imóvel. Assim como todos os outros soldados, deixando de pé apenas Sehun, Chanyeol e Jongdae.

— O-o que foi isso? — Sehun indagou, sem saber o que fazer.

— Não… — apenas murmúrios saíam de Chanyeol, ainda com as asas abertas, que correu até o corpo do menor com lágrimas nos olhos.

Abraçou-o como havia feito antes, evitando chorar. Não sabia o que sentia por dentro naquele instante, porque para olhos de fora ele mal conhecia Baekhyun. Mas ali era o rapaz que via em seus sonhos constantemente, que o fez sair de casa.

— Baekhyun! — uma voz desconhecida gritou, fazendo o chão estremecer um pouquinho, e assim que Chanyeol viu um baixinho moreno entrar em seu campo de visão, fechou as asas em torno de si e Baekhyun, soltando algumas faíscas.

— Não! Não chega perto dele. — gritou, apertando ele contra seu peito.

— Chanyeol, tá tudo bem. — Sehun tentou, chegando perto e sentando ao lado do maior.

— Ele morreu…? — o baixinho perguntou, hesitante. — Quem é você? Deixa eu ver meu amigo!

As exigências dele não faziam o menor sentido para o Park, que não arredou o pé e continuou com Baekhyun para si.

— Solta ele! — gritou, rachaduras se abrindo no chão. KyungSoo estava possesso, havia corrido até ali para ver ele, e não seria um idiota qualquer que lhe impediria.

Isso foi o suficiente para fazer Chanyeol soltá-lo, mesmo que ainda chorasse por causa daquilo.

KyungSoo pegou o corpo do quase amigo nos braços, tremendo de medo. Não havia visto o que acontecera; apenas entrou no lugar quando aquela luz intensa cedeu.

— Ele está vivo. — determinou, sentindo na ponta dos dedos a força vital dele retornar aos poucos.

— O que vai acontecer agora? — Jongdae indagou, engatinhando para perto dos três. Sehun ainda olhava um pouco de longe, não sabia como lidar com aquela situação. Aliás, não sabia lidar com muita coisa.

Um silêncio constrangedor reinou entre os cinco, onde ninguém se arriscava a dizer qual era a consequência do que Baekhyun havia feito.

— Acho que… ele expulsou o anjo do corpo dele para matar todos os soldados. Não sei como funciona, mas enquanto eu estudava sobre, hm, nós, vi algo do tipo. É difícil, mas possível. — KyungSoo disse, tirando alguns fios de cabelo da frente dos olhos de Baekhyun.

— Como se faz isso? — Sehun perguntou, subitamente interessado.

O moreno negou com a cabeça, sinalizando que não era uma boa ideia.

— Exige uma força descomunal.

Murchou em seu lugar, abraçando os próprios joelhos. As pálpebras de Baekhyun tremulavam, como se mexesse os olhos, e isso deixou Chanyeol um pouco esperançoso.

Talvez tudo ficasse bem.



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