Dois meses depois - casa da Aline
Posso dizer com toda a certeza do mundo: minhas férias foram as melhoras até agora!
Fizemos tanta coisa nesses últimos meses que cheguei em Porto Alegre, que se fosse contar tudo passaria um dia inteiro e não teria terminado de falar. Fomos à uma boate gay e pregamos o evangelho pra aquelas pessoas, Jesus nos deu palavras de conhecimento sobre várias pessoas, abraçamos elas, até curamos enfermidades, desde dores de cabeça à ossos quebrados; fomos à um orfanato, fizemos um culto espontâneo no meio da rua, no meio de um luau onde geral estava fumando drogas etc, e eu preguei! Isso foi a maior loucura que já fiz até hoje.
Léo criou uma banda com outros três amigos dele e agora recebem vários convites para ministrar em cidades vizinhas, ele está tão feliz com tudo isso. E eu me tornei líder do ministério de células das escolas e universidades, entrei para o ministério de dança, louvor e às vezes prego.
_ Quando você vai viajar pra São Paulo mesmo? _ perguntei ao Léo que estava deitado ao meu lado no chão da sala. A família dele veio almoçar na minha casa hoje, e mesmo depois que o restante foi embora, ele ficou.
_ Final de semana que vem. _ ele respondeu tirando o olhar da TV e se direcionando à mim _ Por quê?
_ Nada... _ dei de ombros me virando para ele para acariciar seu cabelo _ Vou sentir sua falta... _ Léo abriu um sorriso enorme e beijou minha testa.
_ Vou ficar longe só três dias minha querida! Logo estarei de volta... Mas enquanto isso, a gente curte juntinho. _ assenti sorrindo e encostei minha cabeça em seu peito.
Olhar pra tudo o que tem acontecido em minha vida ultimamente chega a ser assustador. Desde aos ministérios que estou engajada, o quão envolvida estou nos trabalhos de Deus, até meu relacionamento com Léo.
Semana passada, quando a avó dele ainda estava aqui, ele me levou pra jantar e lá me pediu em compromisso. Não é namoro nem oração! Estávamos orando antes de começarmos a se gostar verdadeiramente, e decidimos não namorar agora para poder "gastar" mais tempo trabalhando pra Jesus, mas estamos num compromisso. Parece confuso, eu sei!
_ Vou beber água, já volto... _ disse me soltando dos braços do Léo e me levantando, indo em direção à cozinha. Peguei um copo no armário, assim que girei o botão do bebedouro o Espírito Santo falou ao meu coração algo muito legal. Ele disse: Aline você é como esse copo, a água sou eu, e quem gira o botão é Deus. Desliga a água! E assim fiz. A água estava quase na borda do copo, então o Espírito Santo voltou a falar: nós dois estamos assim. Você está cheia, Deus te encheu até aqui, nisso inclui todos os ministérios que você está exercendo, e todo o trabalho que está fazendo, mas Deus quer mais! Sabe até onde Deus quer? Ligue a água novamente. Girei o botão e a água voltou a encher o copo, e agora transborda derramando ao redor. Deus quer fazer isso! Te usar até transbordar a glória dele. Ele quer usar você para transbordar sobre a vida de muitas pessoas. Continue, não pare! Vai chegar o tempo certo. Não consegui me manter mais de pé e me sentei no chão e chorei. Ouvi Léo começar a cantar lá da sala a música És meu Tudo e voltei para a sala me sentando ao seu lado.
_ A escuridão não pode resistir à tua luz, prisões foram quebradas ao subir o cruz, teu grito foi a chave que me libertou... Pai consumado está! Livre eu sou... _ Léo chorava cantando, e comigo não era diferente. Ele estava sentado no sofá enquanto dedilhava as cordas do violão carinhosamente, seus olhos estavam fechado com força e as lágrimas escorriam até pingar no chão. Eu que estava o seu lado senti um desejo enorme de dançar, e então me levantei indo para o meio da sala dançando e cantando. _ Se eu me perder És minha salvação, se um cair tu me estendes a mão, és meu tudo... És meu tudo! Se no mais profundo abismo eu chegar, o seu olhar de amor me encontrará... És meu tudo, és meu tudo! _ ficava na ponta dos pés e erguia minhas mãos ao alto com leveza como pedia a canção e o espírito santo. Não conseguia parar de sorrir, a presença do meu amado era real ali, e não estou falando do Léo, estou falando de Jesus!
***
Léo foi embora de casa eram quatro horas da tarde.
As meninas me chamaram para irmos ao shopping comer alguma coisa. Este é o melhor programa para uma terça-feira.
Íamos de carro com a Juliana, que acabou de tirar a carteira e quer nos fazer de experiência. Estavam no banco de trás do carro eu, Fernanda e Carine, Ana e Juliana iam na frente.
_ Misericórdia, ainda bem que tenho salvação! _ Ana exclamou fazendo todas nós gargalhar.
_ Eu tô sendo barbeira, gente? _ Juliana perguntou e nós negamos. No momento em que ela parou no semáforo Jesus ministrou algo em meu coração muito forte: isto não é para a morte, mas para a glória de Deus. Fiquei paralisada por alguns instantes e olhei para Fernanda que tinha a mesma expressão que eu, sussurrou que Deus havia dito algo pra ela, depois iria me contar.
O sinal abriu e assim que cruzamos ele, só pude ver tudo girar muito rápido, vidros estilhaçados e ouvir barulhos estrondantes e de repente parou.
As buzinas do carro ecoavam distantes, tudo parecia muito borrado, só consegui focalizar tudo novamente ao escutar meu nome sendo chamado por uma voz doce e calma: Aline, acorda! E assim fiz.
Olhei ao redor e percebi que estava dentro do carro, na verdade, a carcaça de um carro. Ao meu lado Fernanda estava saindo pela janela lateral que estava quebrada, assim que ela saiu eu saí atrás.
_ Carine! _ gritei para ela que estava dentro do carro ainda. Ela abriu os olhos de repente e começou a chorar.
_ Meu Deus me tira daqui! _ ela batia no teto carro, pois ele estava de "cabeça para baixo".
_ Amiga, calma! _ Fernanda gritou para ela que nos encarou assustada _ Sai por aqui, vem! _ estendi a mão para Carine que a segurou, assim conseguindo sair.
_ Meninas já ligamos para o SAMU, eles já estão vindo. As outras meninas não estão acordadas, mas estão respirando, então não podemos mexer nelas, OK? _ o homem de estatura baixa disse chegando ao nosso lado. Concordamos.
Olhei para Juliana e ela estava muito machucada, ensanguentada, e quando me dei por conta o mundo voltou a girar rápido, as vozes ecoavam longe e tudo ficou desfocado, a única coisa que conseguia ouvir perfeitamente era uma voz que dizia: eu estou aqui, segurando sua mão! Então senti minha mão ser apertada levemente e tive a certeza: meu Salvador está aqui para me salvar.
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