Escrita por: lilian-evans
-- E como foi?
Tony sorria, de pé na sala. Tentou ficar sentado, mas depois dos primeiros minutos não conseguiu ficar quieto. Adiou todas reuniões, fez tudo o que podia, e quando terminou ficou andando de um lado para o outro.
Peter dormira bem essa noite. Acordou apenas duas vezes, totalmente perdido, mas logo que viu Tony o amparando voltou a dormir. Depois do amanhecer, quando viu que ele dormia profundamente, pediu o café da manhã na doceria de sempre, aproveitando para pedir que entregasse os móveis que comprara no andar de baixo, indo ele mesmo comandar o que ficaria onde. Aproveitou também para ajustar as luzes, de forma que não ficasse muito fortes, já que sabia que Peter tinha um problema com elas.
O garoto comeu pouco, mas trocou algumas palavras com Tony assim que acordou. Depois de um banho rápido e algumas peças de Tony, ele estava pronto para a terapia. Depois do almoço, a doutora Brow e Strange chegaram, ela logo indo com o garoto para baixo, deixando Strange com Tony.
É claro que ele tentou ser agradável, mas depois de cumprir todos os protocolos de recepção, como servir um café e se certificar de que ele não precisava de nada, Tony se enterrou em seu próprio mundo, com seu tablet na mão e o laptop a sua frente. Strange não tentou puxar assunto, então ficaram assim mesmo, cada um sentado em um sofá na sala, em silêncio.
Então, depois de terminar tudo, Tony passou a caminhar de um lado para o outro, se perguntando se era bom que a sessão demorasse tanto ou se era um sinal de algo estava errado. Strange parecia incomodado com seus movimentos, já que provavelmente estava o deixando nervoso também, mas Tony não se importava. Quando o garoto voltou, com a doutora o seguindo, o mais velho se sentiu aliviado. O garoto parecia bem. Não o que ele era antes de toda essa confusão, mas bem.
-- Bom? -- Peter respondeu com uma pergunta, encarando a doutora que confirmou com a cabeça, sorrindo.
-- Acho que agora é nossa vez, Tony. -- Ela o encarou, antes de desviar os olhos para Strange, com um sorriso. -- Peter é todo seu agora.
Tony se sentiu estranho com as palavras dela, com a mão de Stephen no ombro de Peter ao conduzi-lo ao seu quarto. É para o bem de Peter. Pensou enquanto descia no elevador, ao lado da doutora. Assim que chegaram na sala, Tony foi logo se sentando no sofá, esperando o que ela diria.
-- Tratamos sobre o passado dele. -- Ela disse, se sentando de frente para ele. -- Sobre os amigos dele, as atividades que ele fazia, sobre seus gostos e afins. -- Ela esfregou as mãos, uma na outra. -- Não chegamos na parte do trauma em si, já que preciso preparar o terreno para isso. Ainda preciso abordar as perdas que ele sofreu, dos pais e dos tios, então podemos demorar um pouco. Sugiro que você já tente reintegrá-lo aos poucos às suas antigas atividades, mas lentamente. Talvez voltando com as atividades que tinham. Peter me falou sobre elas. Daqui a alguns dias, uma visita dos amigos dele, quem sabe?
-- Sim. -- Tony já tinha pensado nisso. -- É uma ótima ideia.
-- Também o faça se sentir querido, Tony. Tente trazer coisas que o façam feliz, entende? -- Ela cruzou as mãos sobre os joelhos, se inclinando. -- Você é a melhor pessoa para isso, já que é o único que o conhece melhor, e ele parece ter grande estima por você, assim como você parece ter para com ele. Não precisam ser coisas grandes, já que ele sequer parecer gostar disso. Coisas simples, como o filme preferido, algum jogo.
Tony assentiu, já sabendo o que faria. Antes de se despedir, a doutora marcara a próxima consulta para Peter, e uma para Tony também, no mesmo dia. Depois que ela saiu, Tony continuou ali, pegando o celular e ativando o Protocolo Happy Day. Era um nome ridículo, ele sabia, mas o intuíto dele era bom. O criara antes do aniversário de Peter, para que Karen identificasse os padrões dele para estimar o que poderia fazer para tornar a data perfeita. É claro que como se atolou de serviço e quase perdera a data acabou fazendo um programa mais simples, e o resultado realmente agradou o garoto. E como depois daquele dia ele cortara as relações com Peter, o protocolo caiu em esquecimento. Mas agora, enquanto o reativava, se deu conta de que ele viria a servir perfeitamente.
Assim que o elevador retornou, o usou para subir de volta. O mago e o garoto não estavam na sala, então seguiu até o quarto, pegando o fim da conversa.
-- ... não acho uma boa ideia. -- Strange parecia contrariado.
-- Está tudo bem. -- Peter parecia convencê-lo de algo enquanto Tony se aproximava lentamente do quarto. Não estava bisbilhotando. Estava se aproximando mais devagar. Peter devia sentir ele andando, com seu sentido aranha. Ou não? -- Além do mais, você nem o encontrou ainda.
-- Atrapalho? -- Tony não entendeu. Eles falavam de quem?
-- Não, Stark. -- Strange tirou o medidor de pressão do braço de Peter. -- Já estava de saída. -- Antes de sair propriamente, ele lançou um olhar para o garoto que deixou Tony ainda mais intrigado.
-- Vamos assistir um filme? -- Tony tentou seu melhor sorriso. Peter respondeu com um similar.
Harry Potter não era a primeira opção que escolheria, mas foi curioso. Esperava algum Jedi e não bruxos, já que era muito mais o gosto de Peter, no entanto, assim que ele escolheu, Tony acatou. O barulho da pipoqueira se misturou com o barulho da chuva, e é claro que o maior trabalho do mais velho foi servir o refrigerante, mas mesmo assim Peter insistiu em ajudar. Como tudo foi ativado pela voz de Tony, tanto a pipoqueira quanto a televisão, o garoto apenas serviu a pipoca nos potes, Tony sorrindo agradecido a cada movimento dele.
O filme foi longo, e mesmo que Tony já o tenha assistido, assim como Peter, acreditava que ambos aproveitaram bem a tarde. O garoto parecia imerso na trama, e Tony tentou se deixar prender também, aproveitando o filme como há tempos não fazia.
Se Morgan estivesse ali, seria perfeito, mesmo que sua filha fizesse perguntas sobre tudo, como sempre. Tony conseguia imaginá-la ali, deitada com a cabeça em seu colo, apoiando os pés sobre as pernas de Peter, questionando o porquê de cada coisa, se assustando na cena do troll, mesmo que seu pai conseguisse notar cada erro da produção.
Ela também acabaria com a pipoca, diferente de Peter que comia uma a uma, mal tocando no pote. Morgan encheria a mão antes de tentar comer tudo de uma vez, e Tony com certeza pegaria no pé dela por isso. Peter, com seu jeito doce iria amenizar a situação, e logo voltariam à posição de antes.
Seria perfeito.
Mas Tony já era grato pelo que tinha, constatou ao olhar para o garoto absorto ao seu lado enquanto a chuva caía lá fora e a noite dava seus primeiros sinais.
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